• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 SURGIMENTO DOS STOCK OPTIONS

1.3 Requisitos para a Concessão de Opção de Compras de Ações

1.3.2 Previsão Expressa no Estatuto de Aumento do Capital Social e da Outorga de Opção

Em relação ao segundo requisito, qual seja, a previsão expressa no estatuto de aumento do capital social e da outorga de opção de compra de ações desde que

exclusão, conclui-se que as companhias fechadas são aquelas cujos valores mobiliários não são negociáveis na bolsa ou no mercado de balcão. Por outro lado, a Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976, entrou em vigor 60 (sessenta) dias após a sua publicação – cabe-nos ressaltar que a entrada em vigor depois de decorridos 60 dias da sua publicação se deu para as sociedades já constituídas se adaptarem a nova lei, entretanto para as companhias que se constituírem após 15 de dezembro de 1976, a lei entrará em vigor na data de sua publicação – em seu art.4º, caput, conceituou as companhias abertas e fechadas, vejamos “para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.

43 O conceito legal de valores mobiliários está previsto no art. 2º, IX da Lei 6.385 de 1976 onde, além dos

tipos de valores mobiliários previstos nos incisos I a VIII do artigo supracitado, aduz que quando os valores mobiliários são ofertados publicamente, podem assumir a forma de quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. Logo, podemos entender por valores mobiliários as formas de atrair novos recursos para as sociedades por ações, por meio da capitalização ou autofinanciamento, com a emissão de títulos que possibilita ao subscritor ou adquirente uma opção de investimento. A capitalização é a emissão de ações pelas sociedades por ações, na qual o subscritor ou adquirente se torna sócio, e permite, ainda, o aumento do patrimônio acionário se já é acionista da sociedade. Já essa, é a emissão dos demais valores mobiliários previstos na lei, diversos das ações, onde o investidor possuirá alguns direitos perante a sociedade emissora (Cf. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 158- 159). Os valores mobiliários mais comuns no ordenamento jurídico brasileiro são as ações, debêntures, bônus de subscrição, cupons, certificados de depósitos, partes beneficiárias e o commercial paper. Entretanto a lei prevê outros tipos de valores mobiliários (Cf. art.2º, incisos I-IX, da Lei 6.385 de 07 de Dezembro de 1976).

44 Apesar de não ser o objetivo principal deste trabalho, cabe-nos conceituar, de forma sintética e de fácil

compreensão, a bolsa de valores e mercado de balcão. Em um primeiro momento, é necessário saber que para que as sociedades por ações possam negociar seus valores mobiliários em bolsas de valores ou mercados de balcões é fundamental que a sociedade seja aberta, ou seja, que seus valores mobiliários possam ser negociados no mercado de balcão ou bolsa de valores. Dito isso, verifica-se a necessidade de as sociedades por ações possuírem autorização da Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda dotada de personalidade jurídica e patrimônios próprios, ou seja, sem a autorização da Comissão de Valores Mobiliários as sociedades por ações, mesmo que abertas, não poderão comercializar seus valores mobiliários. Os conceitos de bolsas de valores e mercado de balcão estão expostos na cit. 08 do presente texto.

45 Neste sentido, Cf. COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.

limitado ao capital autorizado. O estatuto da companhia é a norma regulatória da sociedade, no qual deverão estar contidos os preceitos pelos quais a companhia será regida, bem como estabelecidas suas relações internas e externas.

Por se tratar de instrumento que rege a vida societária da companhia, faz-se necessário a previsão no estatuto acercado aumento do capital social para que a empresa não perca a competitividade no mercado, bem como para que a mesma seja valorizada. Ora, se a companhia não prevê o aumento de capital, perde uma das principais formas de capitalização econômica e, consequentemente, os meios de consecução de seu objeto.

A intenção em regular as normas atinente ao aumento de capital social devem observar dois objetivos: i) buscar ao menor custo e de forma mais rápida, a capitalização da sociedade através de emissão de ações; e ii) proteger de forma adequada os direitos de seus acionistas46.

Outro requisito essencial para a outorga da opção de compra é o limite do capital autorizado. O aumento de capital social só poderá ser realizado até o limite previsto no capital autorizado.

O capital autorizado é uma modalidade de constituição de capital de uma sociedade anônima e é regido pelo art. 45 e s., da Lei 4.728/65. Por sociedade anônima de capital autorizado, deve-se entender a possibilidade de as companhias se constituírem com capitais subscritos inferiores ao autorizado pelo estatuto social. Entretanto, a integração de uma sociedade de capital autorizado não acaba só pela possibilidade de subscrição de capital inferior ao previsto no estatuto. Deve ser complementado, por expressa disposição estatutária, pelo montante final a ser alcançado por números de ações ou valor máximo predeterminado.

Dessa forma, pode-se compreender o capital autorizado por ser o limite existente para o aumento do capital social sem a necessidade de reformar o estatuto. Contudo, a competência para aumentar o capital social sem a necessidade de reforma estatutária pertence a assembleia geral ou ao conselho de administração. Este limite pode ser fixado em valor monetário ou em número de ações.

A competência para aumento do capital autorizado pode ser da assembleia geral ou do conselho de administração, logo, conclui-se pela existência de uma

competência excludente. Assim, o órgão que irá ser responsável pelo aumento do capital deverá ter estipulação estatutária e sua escolha deverá ser respeitada.

Via de regra, o estatuto prevê a competência para deliberar sobre aumento de capital sem reforma estatutária ao Conselho de Administração, pois a capitalização de recursos mediante ações/opções de ações é mais ágil. Se, por acaso, o estatuto prevê a assembleia geral como a responsável pelo aumento do capital, deverá ser deliberado pela assembleia geral extraordinária, por não se tratar de reforma estatutária47.

O intuito da existência do capital autorizado é a facilidade em captar novos recursos/investimentos de maneira mais célere, sem a necessidade de alterar o estatuto da empresa. A intenção da norma foi a de facilitar o aumento do capital social da companhia, retirando a inconveniência de solicitar autorização da assembleia geral toda vez que se anseie aumentar o capital e, consequentemente, podem ser evitadas constantes alterações no estatuto.

A partir do momento em que a companhia, através de seu estatuto, possui autorização para aumentar o seu capital social, independentemente de reforma estatutária, passa a aproveitar as “janelas de mercado” para captação de novos recursos, independentemente, também, da observância das formalidades para o aumento de capital social.

Por outro lado, ao alcançar um valor determinado ou os números de ações estabelecidos no estatuto, a figura do capital autorizado se tornará ineficaz por exaurimento do objeto. Assim, se desejar evitar todas as formalidades para aumentar o capital social da companhia, deverá requisitar à assembleia geral uma nova autorização de capital social48.