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CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Conceções dos alunos e dos pais participantes no estudo sobre os sismos

4.1.5. Previsão de um sismo

No gráfico seguinte, apresentam-se os resultados obtidos com a questão 2.14: “Será que é possível saber quando irá acontecer um sismo?”, cujo objetivo foi identificar as conceções dos sujeitos sobre a possibilidade de se poder prever a ocorrência de um sismo.

Gráfico 6. Frequência de respostas obtidas na questão 2.14.: “Será que é possível saber quando irá

acontecer um sismo?”

Perante a questão anterior, a maioria dos alunos (12; 80%) e dos pais (13; 86,7%) afirmou que “não” é possível saber quando irá acontecer um sismo, apresentando as justificações constantes da tabela seguinte:

3 1 12 13 0 1 0 2 4 6 8 10 12 14 Alunos Pais

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Tabela 12. Frequência e percentagem de justificação na questão 2.14.: “Será que é possível saber

quando irá acontecer um sismo?”

Justificações das respostas negativas Alunos (n=12) Pais (n=13)10

f % f %

A. Porque é imprevisível 10 83,3 11 84,6

B. Porque depende do clima 1 8,3 -- --

C. Só os cientistas ou quem trabalha na área -- -- 3 23,1

D. Mas há máquinas que preveem 1 8,3 1 7,7

A justificação maioritária dos alunos (83,3%) e dos pais (84,6%), que responderam negativamente à questão anterior, é coincidente e sustenta a conceção de que não é possível prever a ocorrência dos sismos, devido à sua imprevisibilidade. Exemplos:

“Não, pode acontecer de repente sem a gente dar por isso” (Cat. A; A3); Não, nunca se sabe quando vai acontecer um sismo”(Cat. A; A4); “São inesperados, se fossem esperados as pessoas preparavam-se melhor” (Cat. A: A2); “Isso era bom, mas não. São imprevisíveis” (Cat. A; P3); “São coisas que não se podem prever” (Cat. A; A15. Todavia, dois alunos (16,6%) e quatro pais (30,8%), apesar de responderem negativamente, também acabam por admitir a sua previsibilidade, com o facto de depender do clima, de existirem pessoas, os cientistas ou quem trabalha nesta área, ou ainda da existência de máquinas, que são capazes de prever a ocorrência de um sismo. Exemplos das categorias B, C e D, respetivamente:

“Acho que não, depende do clima, do estado do tempo” (Cat. B; A7); “Só se for lá os do tempo, eles é que devem ter máquinas para isso” (Cat. C; P6); “Não, mas há quem sabe, os cientistas” (Cat. C; P2); “Não, há máquinas que preveem” (Cat. D; P9). Tratam-se de justificações dotadas de alguma incoerência interna, pois se por um lado os sismos são imprevisíveis, por outro admitem a sua previsibilidade. Assim, sendo estas justificações mais acentuadas nos pais, é possível afirmar que os alunos sustentam razões mais coerentes, quanto à impossibilidade de os sismos serem antecipadamente previstos, de modo a poder-se minimizar os seus efeitos negativos, em termos materiais e humanos.

No gráfico seguinte, apresentam-se os resultados obtidos na questão 2.15: “E os animais, será que eles conseguem pressentir que vai ocorrer um sismo?”

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Gráfico 7. Frequência de respostas obtidas na questão 2.15.: “E os animais, será que eles conseguem

pressentir que vai ocorrer um sismo?”

Verificam-se conceções claramente divergentes, pois doze alunos (80%) consideram que os animais não conseguem prever um sismo, enquanto treze pais (86,7%) consideram que sim. Ora, alguns autores (Francek, 2013; Lopes & Borges, 2013) consideram que a conceção de que os animais podem prever os sismos é alternativa ao conhecimento científico e, por isso, errada. Neste sentido, ela está mais presente nos pais do que nos próprios alunos, o que pode ser explicado pelo efeito positivo das diversas ações e medidas que, nos últimos aos, têm vindo a ser implementadas em meio escolar e que os pais não têm acesso, quer na sala de aula quer, por exemplo, nos clubes de proteção civil.

Os que respondem afirmativamente à questão 2.15., dois alunos (13,3%) e treze pais (86,7%), justificam as suas respostas com base nos argumentos apresentados na tabela seguinte:

Tabela 13. Frequência de respostas obtidas na questão 2.15.: “E os animais, será que eles conseguem

pressentir que vai ocorrer um sismo?”

Justificações das respostas afirmativas Alunos (n=2) Pais (n=13)11

f % f %

A. Alteração de comportamentos -- -- 9 69,2

B. Sentidos mais apurados 2 100 6 46,2

C. Maior ligação com a natureza -- -- 2 15,4

D. Mais inteligentes -- -- 1 7,7

A maioria desses pais (69,2%) justifica-se com o facto de os animais manifestarem, momentos antes da ocorrência de um sismo, alteração do seu comportamento (Categoria A),

11 As respostas de cinco pais foram classificadas em mais do que uma categoria.

2 13 12 0 1 2 0 2 4 6 8 10 12 14 Alunos Pais

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ficando mais “agitados”, “irrequietos”: os cães começam a latir, a ganir e a uivar; os gatos ficam com medo e procuram refúgio; as vacas começam a mugir; os pássaros deixam de cantar e começam a esvoaçar de forma errática. Tais justificações baseiam-se essencialmente em relatos que ouvem de outras pessoas mais idosas ou nas suas próprias experiências, vivenciadas durante sismos outrora ocorridos. Exemplos:

“[…] os pássaros deixaram de cantar, os cães latiam e as vacas ficam desassossegadas, ficam a mugir, ficam irrequietas” (Cat. A; P11); “Os cães começam a uivar e andar para trás e para a frente, ladram, uivam, ganem desinsofridos. O gato vai-se enroscar mesmo de dia” (Cat. A; P12); “Os cães uivam. Os gatos andam para a frente e para trás, irrequietos, mais alterados, com mais medo” (Cat. A; P13); “Começam a ficar mais irritados. Têm comportamentos diferentes, começam a ladrar” (Cat. A; P14).

Tendo a grande maioria dos pais manifestado a ideia errada de que os animais conseguem prever os sismos, é natural que utilizem argumentos semelhantes aos identificados em crianças que evidenciaram tal conceção. Por exemplo, no estudo de Kirrikkaya et al., (2011) refere-se à alteração do comportamento dos animais, como, o “latir dos cães”, para os sujeitos investigados justificarem o facto de os animais conseguirem prever os sismos. Estes autores afirmam, ainda, que, num estudo desenvolvido por Bulus et al. (2009), os estudantes consideraram que era possível prever um sismo pelo latido de cães.

Nas respostas de dois alunos (100%) e de seis pais (46,2%), que afirmaram que os animais conseguem prever os sismos, verificam-se também justificações que atribuem aos animais capacidades sensoriais mais apuradas. Exemplos da categoria B:

“[…] sentem mais do que nós. Os animais estão sempre atentos a qualquer pormenor […]” (Cat. B; A11); “têm um sentido de se aperceber dessas coisas” (Cat. B; P3); “Têm sentidos mais apurados” (Cat. B; P9); “Os animais sentem, talvez porque ouvem melhor que os humanos” (Cat. B; P14); “Os animais têm outra sensibilidade, devem ter outro sentido” (Cat. B; P15).

Relativamente aos alunos (80%) que responderam negativamente à questão anterior, apresentam uma justificação coincidente e sustentada na conceção de que os animais não conseguem prever os sismos pelo mesmo motivo que o homem não consegue, porque são imprevisíveis. Exemplos:

“Não são máquinas para adivinhar” (A9); “são seres vivos como nós” (A10); “não, porque também não são adivinhos” (A8).

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4.2. Conhecimento dos alunos e dos pais participantes no estudo sobre as medidas