Previsto vs Imprevisto

“Se não conheço os mapas, escolho o imprevisto: qualquer sinal é um bom presságio” (Luft, 2005, p. 33)

De facto, e que como já referi anteriormente, para que o processo de ensino e aprendizagem seja eficaz e adequado, é necessário um planeamento cuidado. O Planeamento, segundo Coaracy (1972, p. 79) é considerado um “processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e “quais as maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo”.

Contudo, por muito que o planeamento seja adequado e criado ao mais ínfimo pormenor, na passagem desta teoria para a prática existem sempre imprevistos, situações inesperadas que exigem ao professor a rápida adaptação e reajustamento ao momento.

Desta forma, o ensino prevê o inesperado, contrariamente, ao que acontece no planeamento e preparação, sendo muitas vezes essencial uma adaptação situacional por parte do docente. Logo, mesmo que a contagem e previsão detalhada das situações esteja presente no planeamento, não significa que nos consigamos desfazer do inesperado na sua totalidade. Como afirma Bento (1987), o ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e depois na realidade. Deste modo, a conceção teve de ser adaptada à realidade, sendo que o planeamento, acima presente, previamente definido necessitou de um (re) ajuste para ambas as turmas.

Assim, para a turma do 11º ano do ensino regular, efetivamente, no 1º período foram lecionadas duas aulas relativas à apresentação, duas aulas para a realização dos testes de fitnessgram, e as modalidades de basquetebol (quatro aulas), andebol (catorze aulas) e voleibol (duas aulas; modalidade com continuidade no período seguinte). Foram lecionadas ainda quatro aulas dedicadas ao trabalho de condição física sendo que as restantes vinte e quatro

aulas foram teóricas e realizadas em sala de aula, entre as quais duas foram para revisão da matéria dada e preparação para o teste escrito sumativo a acontecer nas duas aulas seguintes. O 2º período carateriza-se por ter sido maioritariamente teórico, uma vez que por razões externas à minha vontade e motivação, foram lecionadas vinte e quatro aulas em sala de aula, tendo sido duas destas dedicadas a uma revisão da matérias e outras duas para a realização do teste escrito sumativo. Duas aulas foram ainda destinadas a uma visita de estudo da turma. Houve a continuidade e término da lecionação à modalidade de voleibol, num total de doze aulas e duas aulas para a lecionação à modalidade de ténis de mesa, como desporto de raquete. O 3º período já foi mais ativo, contando apenas com quatro aulas teóricas, dada a necessidade de realização da avaliação através do teste escrito sumativo para assim ser fiel ao método de avaliação aplicado dos dois períodos anteriores e mais quatro aulas cedidas à realização dos torneios concelhios das escolas secundárias de Matosinhos. Foram, então, lecionadas as modalidade de badminton, como desporto de raquete, ao longo de dez aulas e a modalidade de futsal, como JDC, em quatro aulas. As restantes 18 aulas foram destinadas ao ensino do ténis de mesa como alternativa dinâmica às aulas teóricas, como resposta à falta de espaços físicos e de condições climatéricas favoráveis às aulas práticas.

Quanto à turma do 10º ano do curso profissional, o (re) ajuste não foi tão acentuado dado ter ocorrido um esforço global por parte do grupo de EF da escola, apesar das adversidades existentes, em garantir as condições suficientes à lecionação/realização do número mínimo obrigatório de módulos exigido pelos cursos profissionais. As adaptações ocorridas tiveram lugar apenas nas horas estipuladas para cada módulo, sendo que para o 1º período a módulo 13 foi lecionado em duas aulas bem como o módulo 16, sendo que para o módulo 10 foi necessário um aumento da carga horária para a sua realização e conclusão a fim de garantir um ensino eficaz à modalidade, valorizando assim a avaliação da mesma, com um total de dezoito aulas. Para a apresentação e fitnessgram as aulas realizadas coincidiram com as previamente definidas. Para o 2º período consideramos fundamental que o

módulo 4, no qual as dezoito aulas seriam divididas pela lecionação da ginástica de solo e a ginástica de aparelhos, fosse na sua totalidade lecionada apenas para a ginástica de solo, dadas as dificuldades apresentadas pela turma na sua aprendizagem e para que ocorresse a consolidação da matéria, tendo sido ainda necessário realizar duas aulas destinadas a atividades extras para a conclusão da avaliação a toda a turma. Relativamente ao 3º período, este decorreu conforme o definido inicialmente, não havendo carência de qualquer reorganização.

Encaro o imprevisto como um desafio às minhas capacidades e conhecimentos e acredito e esta competência me faz sempre ansiar por mais e estar em constante momento de aprendizagem, de crescimento e de aquisição de habilitações. Na verdade e como método de prevenção em cada planificação ocorrida ao longo do ano letivo, criei sempre um ‘plano b’ para cada aula, cada exercício, cada abordagem, cada intervenção, cada estratégia de ensino, cada exemplificação, etc.. Contudo, nem sempre o ‘plano b’ foi suficiente existindo a necessidade de criar um ‘plano c’ no momento, e esta busca incessante pelo reajuste, pela melhor atuação e lecionação permitiu-me evoluir bastante ao longo das aulas, numa aprendizagem mutua e extremamente rica com os alunos, talvez até mais relevante para mim do que para eles. Foi um processo contínuo de (re) educação do meu ‘Eu’ profissional em (re) construção.

Todo este trabalho de back stage, preparação e planeamento, leva a um processo de ensino e aprendizagem mais rico, mais fundamentado e por conseguinte mais eficaz e eficiente, meu propósito maioral a concretizar desde a entrada neste palco de movimentações cheio de emoções.