• Nenhum resultado encontrado

4 2 Primeira Parada: educación iInicial no sistema educacional da República Oriental do Uruguai No Brasil, a LDB reconhece a educação infantil

(faixa etária de zero a cinco anos) como a primeira etapa da educação básica, dividindo-a em duas modalidades: creches e pré-escolas. Enquanto a creche é um direito da criança, opção da família, e dever do estado na oferta e garantia de vagas, a pré-escola é obrigatória para todas as crianças de 4 e 5 anos.

Na Argentina, acontece o mesmo. A educación inicial é dividida em jardins maternais e jardins de infância, e abrange as crianças de 45 dias a 5 anos, sendo que as classes de 4 e 5 anos são obrigatórias.

No Uruguai, a educación inicial contempla as crianças de 3, 4 e 5 anos, sendo obrigatória a matrícula aos niños e niñas de 4 e 5 anos:

Es obligatoria la educación inicial para los niños y niñas de cuatro y cinco años de edad, la educación primaria y la educación media básica y superior. A tales efectos, se asegurará la extensión del tiempo pedagógico y la actividad curricular a los alumnos de educación primaria y media básica. (URUGUAY, 2008, art. 7º).

O país reconhece que a Primeira infância compreende

desde o nascimento do bebê até os 36 meses de idade, e que se constitui como a primeira etapa do processo educativo, tendo criado inclusive, um Conselho Coordenador com competências especifícas:

La Educación en la Primera Infancia, definida en el artículo 38 de la presente ley, estará a cargo, según sus respectivos ámbitos de competencia, del Instituto del Niño y del Adolescente del Uruguay (INAU), de la Administración Nacional de Educación Pública y del Ministerio de Educación y Cultura. El INAU regirá la educación de niños y niñas de entre cero y hasta 3 años que participen en programas, proyectos y modalidades de intervención social bajo su ámbito de actuación, en consonancia con lo establecido por la Ley Nº 15.977, del 14 de setiembre de 1988, y del artículo 68 de la Ley 17.823, del 7 de setiembre de 2004. La ANEP supervisará la educación en la primera infancia que ofrezcan las instituciones privadas habilitadas por el Consejo de Educación Inicial y Primaria. El Ministerio de Educación y Cultura autorizará y supervisará la educación de los centros de educación infantil privados definidos en el artículo 102, según lo establecido por la presente ley. (URUGUAY, 2008, art. 96).

Capítulo 4

A lei de educação reconhece a “primeira infância como a primeira etapa da educação ao longo de toda a vida”, preceituando no artigo 38:

La educación en la Primera Infancia comprenderá el ciclo vital desde el nacimiento hasta los tres años, y constituirá la primera etapa del proceso educativo de cada persona a lo largo de toda la vida. Tendrá características propias y específicas en cuanto a sus propósitos, contenidos y estrategias metodológicas, en el marco del concepto de educación integral. Promoverá la socialización y el desarrollo armónico de los aspectos intelectuales, socio- emocionales y psicomotores en estrecha relación con la atención de la salud física y mental. (URUGUAY, 2008).

Existem diferentes modalidades de atendimento gratuito às crianças pequenas, mas constata-se que a cobertura pública é praticamente nula à faixa etária de zero a um ano (INEEd, 2014, p. 56). Enquanto isso, no âmbito privado, encontramos turmas para

essa faixa etária, tanto em jardins de infância privados regulados pelo MEC, como em colégios com turmas infantis regulados pela ANEP. Foi o caso do Colégio Y Liceo San José de la Providencia, o qual visitei durante minha estadia na cidade.

A cobertura pública para as crianças de 2 anos também é escassa. Em 2013, o Ineed indicou que apenas 102 crianças garantiram vagas em jardins públicos coordenados pela ANEP, e 541 matrículas nos centros diurnos administrados pelo INAU. Já nos CAIFs, o número de crianças matriculadas ultrapassou as 12 mil vagas, e na rede privada, as matrículas se mantiveram na faixa dos 10 mil (INEEd, 2014).

Quadro 10: Matrículas por idade, segundo oferta (ano 2013).

INSTITUIÇÃO IDADE 0 e 1 ano 2 anos Públicas Jardins de infância 0 102 Diunos INAU 527 541 Privados Jardins de infância

regulados pela ANEP 807 1.262 Colégios com classes de

Jardins de infância

regulados pela ANEP 1.372 3.412

4.333 6.116

Privados com financiamento público

CAIF 17.928 (uma vez por semana, acompanhados de familiares)

12.106 (4, 6 ou 8 horas, se segunda a sexta)

Quadro organizado pela autora. Fonte: INEEd, 2014, p. 56 Imagem 40

A priorização de políticas educacionais para educação inicial encontra-se destinadas às crianças de 4 e 5 anos de idade, tanto que o atendimento dessa faixa etária já foi universalizado. Enquanto isso, as políticas para a faixa etária de zero a 2 anos assumem caráter assistencial, dirigidas à educação das famílias que vivem em situação de pobreza.

O Uruguai é um país independente e laico, com alta incidência de educação pública e políticas estatais de apoio e atenção social. Desde o final do século XX, tem promovido ações focalizadas na primeira infância em situação de risco e vulnerabilidade social, de forma a igualar oportunidades, melhorar condicições de vida e assegurar o desenvolvimento das potencialidades das crianças pequenas.

Através do Instituto del Niño y Adolescente del Uruguay (INAU), foram desenvolvidos programas, projetos e modalidades de intervenção social com objetivo de contribuir para a qualidade de vida e o desenvolvimento das crianças de zero aos três anos, segundo a Convención de los Derechos e do Código de la Niñez y Adolescencia (Ley 17.823/2004), em espaços coletivos destinados à proteção, ao cuidado e à educação. Diante da perspectiva dos direitos da criança, a

proteção da saúde dos pequenos é objeto de múltiplas ações institucionais, principalmente na primeira infância. Embora o país tenha incorporado o direito das crianças pequenas à educação, seu provimento fica a cargo de organizações sociais, de natureza privada, que atuam sob a chancela do poder público, prestando serviço à comunidade. Como disse Campos no texto “Política pequena para criança pequena” (2012), a pressão por suprir a demanda de vagas na pré- escola levou muitos governos a diminuirem as matrículas nas instituições públicas para

a faixa etária de 0 a 3 anos, reorientando sua ação para a ampliação dos convênios.

Desde a promulgação da lei de educação, o INAU regula os Centros de Atención Integral a la Infancia y las Familias (CAIF) e os centros diurnos. Esses centros de

atendimento às crianças pequenas surgiram

a partir de um convênio com o Unicef, visando atender tanto as crianças, como as mulheres e as famílias em

Imagem 41

Capítulo 4

situação de pobreza, devido à

[...] presencia de elevados y crecientes índices de pobreza em hogares com niños entre 0 y 6 años y sus efectos en el desarrolho infantil y el estado nutricional; la falta de servicios en las zonas donde residen estas famílias; la ineficiência del gasto público social, assignado a los programas destinados a enfrentar las situaciones de pobreza junto a la alta burocratización del funcionamiento institucional (CERUTTI et al, 2008, p. 2).

O INAU também financia (com fundos públicos e privados), e supervisiona os CAIFs e os centros diurnos. Estes últimos oferecem o Programa de Experiencias Oportunas: para os bebês menores de 2 anos são proporcionadas atividades psicomotoras uma vez por semana; e para as crianças de 2 e 3 anos são oferecidas jornadas diárias de 4, 6 ou 8 horas.

Os CAIFs são centros de atenção à infância e à família. Têm caráter misto devido às diversas alianças com instituições públicas e privadas. Através de convênios (INAU x associação civil), o governo transfere recursos econômicos para essas associações, que se responsabilizam em prover o serviço no CAIF.

O Ministerio de Educación y Cultura (MEC), autoriza e supervisiona a educação dos centros de educação infantil

privados: “institución que desarrolle actividades de educación de niños y niñas, entre cero y cinco años de edad, en forma presencial, por períodos de doce horas o más semanales” (INEEd, 2014, p. 55). Também regula o Programa Nuestros Niños, centros privados com financiamento e supervisão pública. Segundo o INEEd,

El MEC no constituye estrictamente un órgano de gobierno de nuestro sistema educativo, fundamentalmente si se lo compara con sus pares de la región, aun cuando regula algunas áreas particulares como la educación de la primera infancia, la terciaria privada y la no formal. (INEEd, 2014, p. 54).

A Administração Nacional da Educação Pública

(ANEP64), por meio do Consejo de Educación Inicial

y Primaria (CEIP) regula a educação obrigatória. Ela supervisiona a educação inicial (3, 4 e 5 anos) nas escolas públicas e privadas; e a educação da primeira infância (zero a 3 anos) oferecidas pelas instituições privadas habilitadas65.

A ANEP oferece educação inicial (EI) em:

• jardins de infância – escolas infantis que atendem crianças de 3, 4 e 5 anos;

funcionam nos dois turnos;

• jardins de infância e ciclo inicial – escolas que atendem crianças de 3, 4, 5 (EI) e do primeiro e segundo ano da educação primária;

• centros educativos da primeira infância (CEPI) – ex guarderías; • escolas urbanas públicas com classes de jardins (turnos de 4

horas);

• escolas rurais públicas (5 horas);

• escolas de práticas ou práticas habilitadas – são escolas que recebem estudantes de magistério para realizarem os estágios de docência;

• escolas de Aprender (turnos de 4 horas, em zonas socioculturais desfavoráveis);

• escolas de tempo estendido (7 horas); • escolas de tempo completo (8 horas).

A educação inicial atende crianças de 3, 4 e 5 anos, e é obrigatória a partir dos 4 anos. Ela está sob responsabilidade da ANEP, do MEC e do INAU. Tem como objetivo “estimular el desarrollo afectivo, social, motriz e intelectual de los niños” (URUGUAY, 2008, art. 24).

Capítulo 4