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5 METODOLOGIA

5.3 DESENHO DA PESQUISA

5.3.2 Primeira entrevista com grupo focal

O Grupo Focal (GF) é um tipo de entrevista que busca conhecer a fundo sobre determinado assunto por meio de grupos de pessoas que estejam relacionadas com o propósito da pesquisa, através de uma discussão pela qual elas se influenciam mutuamente pelas respostas às ideias, às experiências e aos eventos estimulados pelo moderador (MARTINS, 2008; MORGAN, 2013; RESSEL et al., 2008; DICK, 2003; IERVOLINO; PELICIONI, 2001). Serve para completar informações, conhecer atitudes, opiniões, percepções e comportamentos e pode ser empregado no entendimento das diferentes percepções e atitudes acerca de um fato, prática, produto ou serviço (IERVOLINO; PELICIONI, 2001), através da interação e moderação do pesquisador com os participantes do grupo com foco em tópicos específicos e diretivos. Num estudo de caso, as opiniões-síntese das discussões são registradas pelo próprio pesquisador (MARTINS, 2008).

O GF, em seu caráter subjetivo de investigação, é utilizado como método qualitativo e se caracteriza pela descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos (CRESWELL, 2010, p. 27). Os procedimentos e cuidados para a realização da entrevista com o GF devem permitir a sequência lógica das ações que possam resultar em informações importantes para a pesquisa. Nesse sentido, os aspectos a seguir são relevantes para que se alcance o sucesso com GF (MARTINS, 2008; IERVOLINO; PELICIONI, 2001; MAZZA; MELO; CHIESA, 2009):

 Planejar a entrevista, delineando de forma cuidadosa o objetivo a ser alcançado, criando um roteiro de forma lógica e ordenada;

 Formar pelo menos um grupo constituído de seis a 12 pessoas;

 Os participantes devem estar envolvidos com o propósito da pesquisa e possuírem nível sociocultural semelhante;

 Planejar o tempo necessário da reunião com o GF (em média entre 1h e 1h30min);  Registrar os dados e informações durante a entrevista;

 Preparar ambiente confortável e propício para que diferentes percepções e pontos de vista sejam expostos pelos participantes;

 Confirmar antecipadamente a participação dos membros convidados; e  Ouvir mais do que falar.

Para a realização das entrevistas com GF, os participantes escolhidos foram os usuários do Prodesis, dentre os coordenadores/desenvolvedores, analistas/desenvolvedores e analista/testador, visto serem pessoas articuladas e envolvidas com o acompanhamento do processo de implantação e uso do Prodesis no MD, o que sugeria a participação de oito entrevistados. Foram encaminhados convites de participação para eles e preparada uma sala confortável e silenciosa no MD, composta de uma mesa em forma de U e com cadeiras, quadro, notebook e projetor. Oito participaram da entrevista, sendo um Coordenador/Desenvolvedor, seis Analistas/Desenvolvedores e um Analista/ Testador.

No primeiro passo da entrevista foi apresentado o contexto da pesquisa, seu objetivo e etapas, a partir do Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional (IACO), disponível no Apêndice C. Após essa apresentação, não se admitiu mais a entrada de pessoas na sala e passou-se ao segundo passo, quando solicitado consentimento ao grupo para efetuar a gravação da entrevista - esse recurso foi mais um apoio para análise dos dados obtidos – dando-se garantia sobre o sigilo do material obtido, algo muito importante para que os participantes se sintam seguros (IERVOLINO; PELICIONI, 2001). O terceiro passo foi projetar, em planilha MS Excel, o CVF/IACO para dar início à entrevista, quando foi apresentado aos participantes as dimensões do instrumento e suas respectivas quatro assertivas (A, B, C, D), que foram colocadas à discussão deles sobre os fatores culturais nelas contidas em negrito, em relação ao que percebem na cultura organizacional de momento no contexto de uso do Prodesis na GESIS.

Os fatores considerados pelos participantes como presentes nessa cultura foram destacados pelo pesquisador na própria assertiva, dimensão a dimensão, através de cores que identificassem unanimidade entre os respondentes (azul); ao menos 50% do GF (laranja) ou 4 respondentes; e menos que 50% do GF (vermelho). Os fatores não percebidos na cultura permaneceram da forma escrita no instrumento. O significado das cores nos fatores foi compartilhado com o GF. A cada finalização da discussão dos fatores das assertivas, dimensão a dimensão, os participantes do GF foram convidados a distribuírem, de forma

consensuada, 100 pontos entre as assertivas, na coluna Atual, considerando as cores atribuídas aos fatores.

Na sequência, após a distribuição de pontos nas assertivas de cada dimensão foram compartilhados pela pesquisadora os 12 princípios dos métodos ágeis, quando o significado deles foi debatido com o GF. Feito isso, novamente, os fatores das assertivas foram discutidos com o GF em relação à conformidade com uma cultura desejada sob aqueles 12 princípios, quando foram destacados os fatores no instrumento, de acordo com as mesmas cores e critérios usados na discussão sobre a cultura organizacional de momento. Também foi solicitada a distribuição consensuada pelo GF de 100 pontos nas assertivas de cada dimensão, na coluna Preferida, com base nas cores dos respectivos fatores.

Foram somados os pontos das assertivas de mesma letra (A, B, C ou D) de cada uma das seis dimensões, em cada coluna – Atual e Preferida. O total de cada uma dessas somas, em cada letra de cada coluna, foi dividido por seis (dimensões) e representou a pontuação do perfil cultural correspondente à letra, em cada coluna, sendo predominante(s), em cada dimensão, o(s) perfil(is) cultural (is) da(s) assertiva(s) com maior pontuação (CAMERON; QUINN, 1999), o que foi compartilhado com os participantes como atividade final do GF. A conclusão da pontuação distribuída, tanto para a cultura atual como para a desejada, indicou os perfis culturais de destaque ao GF.

Os fatores de destaque identificados nas assertivas com a cor azul – consenso dos participantes – sobre a cultura desejada foram objeto de categorização por análise de conteúdo temática por acervo, que define as categorias no decorrer da análise dos dados (BARDIN, 2005, p. 147). As categorias decorrentes foram avaliadas na segunda entrevista com GF, visando à identificação de influências sobre os construtos Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida do TAM.

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