• Nenhum resultado encontrado

Fatores da cultura organizacional na aceitação de métodos ágeis no desenvolvimento de software pelo Ministério da Defesa do Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Fatores da cultura organizacional na aceitação de métodos ágeis no desenvolvimento de software pelo Ministério da Defesa do Brasil"

Copied!
85
0
0

Texto

(1)

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação

FATORES DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA ACEITAÇÃO

DE MÉTODOS ÁGEIS NO DESENVOLVIMENTO DE

SOFTWARE PELO MINISTÉRIO DA DEFESA DO BRASIL

Brasília - DF

2014

Autora: Josane

Borges

das Neves Guimarães

(2)

JOSANE BORGES DAS NEVES GUIMARÃES

FATORES DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA ACEITAÇÃO DE MÉTODOS ÁGEIS NO DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE PELO MINISTÉRIO DA

DEFESA DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação.

Orientador: Prof. Dr. Luís Kalb Roses

(3)

7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB G963f Guimarães, Josane Borges das Neves.

Fatores da cultura organizacional na aceitação de métodos ágeis no desenvolvimento de software pelo Ministério da Defesa do Brasil. / Josane Borges das Neves Guimarães – 2014.

85 f.; il: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014. Orientação: Prof. Dr. Luís Kalb Roses

1. Tecnologia da informação. 2. Software – desenvolvimento. 3. Cultura organizacional. 4. Administração de Projetos. 5. Pesquisa de avaliação. I. Roses, Luís Kalb, orient. II. Título.

(4)

(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por suscitar em mim o desejo de aprender sempre e por permitir que eu compartilhe da compreensão e do amor de todas as pessoas aqui citadas.

À minha querida mãe, Enoi Marlene Borges das Neves. Sempre disposta a me ajudar, exemplo de energia, amor e carinho.

Ao meu pai, José Salvador das Neves, pelos estímulos de força e vontade de continuar crescendo.

Ao meu esposo Jader Borges Guimarães, por me tranquilizar nos momentos de aflição e por me ensinar a encarar a vida com otimismo, calma e generosidade.

Às minhas filhas Elisa e Helena Borges das Neves Guimarães, pelo carinho, pelos estímulos e por me fazerem crescer.

Aos meus irmãos, Valquíria, Vladimir, Marconi, Núbia, Víctor e Sara, parceiros incondicionais, pelo apoio familiar durante toda a trajetória.

Aos meus sogros, compadres e amigos, pelo apoio e exemplos de otimismo e força de vontade.

Ao meu orientador, Professor Dr. Luís Kalb Roses, pelo respeito e cuidado quando do apontamento dos meus erros e incentivo constante. Seu exemplo me inspira por meio da admiração que sinto por sua trajetória profissional e pessoal. Mais do que um orientador, conduziu-me por esta jornada, desvendando os encantos e os desencantos da vida acadêmica.

Aos professores do Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, pelos ensinamentos que possibilitaram ampliar meus horizontes e por criarem um ambiente de aprendizado sério e constante.

À Sra. Maria de Fátima e demais colaboradores da biblioteca da pós-graduação, que sempre foram atenciosos em todas as vezes que precisei de apoio para a construção do conhecimento. Também agradeço ao Alisson Almeida e Josiano Silva, que como secretários do programa sempre estiveram disponíveis e prontos para cooperar e auxiliar.

Aos colegas das turmas do Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação pelo companheirismo e inspiração de estudar.

(7)

RESUMO

Referência: GUIMARÃES, Josane Borges das Neves. Fatores da cultura organizacional na aceitação de métodos ágeis no desenvolvimento de software pelo Ministério da Defesa do Brasil. 2014. 85 p. Dissertação (Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação) Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília, 2014.

O objetivo principal deste estudo é o desenvolvimento de um modelo de aceitação de métodos ágeis por seus usuários com base em fatores da cultura organizacional, no contexto de desenvolvimento de software do Ministério da Defesa do Brasil (MD). Para isso, foi desenvolvida pesquisa bibliométrica sobre temas relacionados a esse objetivo, a partir da qual foram identificadas publicações relevantes à fundamentação teórica do modelo de pesquisa proposto. Foi realizado estudo de caso único com método misto no MD sobre a influência de fatores da cultura organizacional na aceitação dos usuários em relação ao seu método de desenvolvimento de software, através de pesquisa survey e duas entrevistas de grupo focal. A pesquisa survey avaliou a aceitação atual dos usuários sobre o referido método e fatores culturais favoráveis e prejudiciais a essa aceitação. No primeiro grupo focal foram identificados os perfis e fatores culturais de momento sobre tal método, bem como os desejados para um contexto de princípios ágeis de desenvolvimento de software. No segundo grupo focal foram identificadas as influências desses fatores desejados na aceitação dos usuários sobre o método de desenvolvimento de software sob estudo.

(8)

ABSTRACT

The main objective of this study is the development of an user acceptance model for agile methods, based on cultural organizational factors in the context of software development in Brazil’s Ministry of Defense (MD). For this, it was performed a bibliometric research on topics related, from which relevant publications were identified to the theoretical foundation of the proposed research model. One unique case study was conducted with mixed method in MD, through a survey research and two focus group interviews, about the influence of organizational cultural factors on users acceptance regarding its software development method. The survey research assessed the actual users acceptance of this method and favorable and detrimental cultural factors related, as well. The first focal group identified cultural profiles and cultural factors in the use of that method, both in the actual organizational culture and for a prefered one under the 12 agile principles. The second focus group identified the influences of the prefered cultural factors for the users acceptance about the same software development method.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Competing Values Framework ... 31

Figura 2 – Aceitação de métodos ágeis com base em fatores culturais ... 35

Figura 3 – Desenho da pesquisa ... 39

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Artigos aderentes aos eixos temáticos da primeira etapa ... 21

Quadro 2 – Dissertações aderentes aos eixos temáticos da primeira etapa ... 21

Quadro 3 – Artigos de interesse sobre o TAM ... 22

Quadro 4 Dissertações de interesse sobre o TAM ... 22

Quadro 5 – Resumo quantitativo das publicações nas duas etapas da bibliometria ... 23

Quadro 6 – Os 12 princípios dos métodos ágeis ... 27

Quadro 7 Quatro perfis da cultura organizacional... 31

Quadro 8 – Dimensões do IACO ... 32

Quadro 9 – Fatores e perfis da cultura organizacional ... 33

Quadro 10 Construtos do TAM ... 34

Quadro 11 Fatores culturais favoráveis ao Prodesis ... 49

Quadro 12 – Fatores culturais prejudiciais ao Prodesis ... 50

Quadro 13 – Perfis e fatores da cultura organizacional atual identificados na pesquisa ... 51

Quadro 14 Perfis e fatores da cultura organizacional preferida identificados na pesquisa ... 52

Quadro 15 – Diferentes fatores na cultura organizacional preferida ... 54

Quadro 16 – Categorias de fatores culturais desejados ... 55

Quadro 17 Influência dos fatores culturais desejados na aceitação do Prodesis ... 55

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Universo e amostra da pesquisa ... 46

Tabela 2 Resultados do construto AU sobre o Prodesis ... 48

Tabela 3 – Resultados dos construtos UP, FUP e ICU sobre o Prodesis ... 48

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

(13)

LISTA DE SIGLAS

APF Administração Pública Federal Brasileira

AU Atitude em Relação ao Uso

BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COBIT Control Objectives for Informatiion Technology

CVF Competing Values Framework

DEPTI Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação

DSDM Dynamic Systems Development Method

FC Fatores Culturais

FC-PA Fatores Culturais sob os Princípios Ágeis

FUP Facilidade de Uso Percebida

GESIS Gerência de Desenvolvimento de Sistemas e Inovação

GF Grupo Focal

IACO Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional

ICU Intenção Comportamental de Uso

ITIL Information Technology Infrastructure Library

MD Ministério da Defesa

OCAI Organizational Culture Assessment Instrument PMBOK Project Management Body of Knowledge

PR Perfil do Respondente

PRODESIS Processo de Desenvolvimento de Sistemas

PU Perfil de Uso

RUP Rational Unified Process

SCIELO Scientific Electronic Library Online

SI Sistemas de Informações

TAM Technology Acceptance Model

TI Tecnologia da Informação

UAS Uso Atual do Sistema

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 16

1.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 18

1.1.1 Bibliometria ... 19

1.1.1.1 Linha de pesquisa ... 20

1.1.1.2 Eixos temáticos, palavras-chave e etapas da pesquisa ... 20

1.1.1.3 Publicações da primeira etapa ... 21

1.1.1.4 Publicações da segunda etapa ... 22

1.2 PROBLEMA E QUESTÃO DA PESQUISA ... 23

1.3 OBJETIVOS ... 24

1.3.1 Objetivo Geral ... 24

1.3.2 Objetivos Específicos ... 24

1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ... 24

1.5 RELEVÂNCIA DA PESQUISA ... 25

2 MÉTODOS ÁGEIS ... 26

2.1 ORIGEM ... 26

2.2 CARACTERÍSTICAS ... 26

2.3 VALORES E PRINCÍPIOS ... 27

2.4 PRINCIPAIS MÉTODOS ... 28

2.5 BENEFÍCIOS E DESAFIOS ... 29

3 CULTURA ORGANIZACIONAL ... 30

3.1 COMPETING VALUES FRAMEWORK ... 30

3.1.1 Os quatro perfis culturais ... 31

3.1.2 Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional – IACO ... 31

3.2 FATORES CULTURAIS AOS MÉTODOS ÁGEIS ... 32

4 MODELO DE ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA ... 34

4.1 CONSTRUTOS ... 34

4.2 MODELO E PROPOSIÇÕES DE PESQUISA ... 34

5 METODOLOGIA ... 36

5.1 CLASSIFICAÇÃO, PROPÓSITO E MÉTODO ... 36

5.2 ESTRATÉGIA DE ESTUDO DE CASO ÚNICO ... 36

5.2.1 Local da pesquisa e o Prodesis ... 37

5.2.2 Unidade de análise e Protocolo de pesquisa ... 38

5.3 DESENHO DA PESQUISA ... 38

5.3.1 Pesquisa survey ... 38

5.3.2 Primeira entrevista com grupo focal ... 41

5.3.3 Segunda entrevista com grupo focal e encerramento da pesquisa ... 43

5.4 QUALIDADE DA PESQUISA ... 44

(15)

6.1 PESQUISA SURVEY ... 46

6.1.1 Análise demográfica dos respondentes ... 46

6.1.2 Aceitação do Prodesis ... 47

6.1.3 Fatores culturais favoráveis e prejudiciais ... 49

6.2 ENTREVISTAS COM GRUPO FOCAL ... 51

6.2.1 Cultura atual e preferida ... 51

6.2.2 Influência dos fatores culturais na aceitação do Prodesis... 55

6.2.3 Modelo de influência de fatores culturais na aceitação de métodos ágeis ... 57

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 59

REFERÊNCIAS ... 62

APÊNDICE A – PROTOCOLO DE PESQUISA ... 69

APÊNDICE B – INSTRUMENTO DA PESQUISA SURVEY ... 70

APÊNCIDE C – INSTRUMENTO DE PESQUISA – PRIMEIRO GF ... 75

APÊNDICE D – INSTRUMENTO DE PESQUISA – SEGUNDO GF ... 77

APÊNDICE E – ANÁLISE DO PERFIL DOS RESPONDENTES ... 78

APÊNDICE F – PESQUISA SURVEY– RESPOSTAS ÀS QUESTÕES ABERTAS ... 79

APENDICE G – PRIMEIRO GF – PERFIS E FATORES CULTURAIS ... 81

(16)

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, as organizações estão cada vez mais respaldadas pela Tecnologia da Informação (TI), que é composta, de forma geral, pelo conjunto de softwares apoiados por recursos computacionais utilizados para acesso, processamento, armazenamento e uso de dados (WINDMÖLLER, 2012, p. 19). Segundo Sommerville (2007, p. 4), software é mais que um programa de computador, pois envolve, também, todos os dados de documentação e configuração associados e que são necessários para que o programa opere corretamente.

Muitos softwares são desenvolvidos para dar suporte a processos internos de negócio, atrelando-se o uso aos sistemas de informações (SI) da própria organização, que assim faz uso importante da TI para apoiar as suas decisões. Nesse sentido, neste estudo, software tem a amplitude conceitual de SI, tido como o conjunto de componentes inter-relacionados para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informações com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e a tomada de decisões nas organizações (REZENDE; ABREU, 2009, p. 76).

A utilização de processos de engenharia de software no desenvolvimento de SI vem ao encontro da padronização e do nivelamento do conhecimento da equipe, no que tange ao desenvolvimento de software com qualidade. Quando não há padronização, etapas e processos bem definidos, os projetos de desenvolvimento de software correm o risco de não atingirem essa qualidade, de acordo com os requisitos, custo e prazo definidos. Kitchenham e Pfleeger (1996) chamam a atenção para o valor da qualidade da TI nos negócios e a dependência deles dos softwares como fator corporativo.

Assim, para o êxito no desenvolvimento de software com qualidade é necessária a utilização de métodos com processos e procedimentos definidos, já que tal desenvolvimento envolve diversas etapas e recursos. Silva, Machado e Hein (2006) afirmam que os métodos de desenvolvimento de software devem apresentar dinamicidade, além de possibilitar a interatividade, viabilizando a todo instante um retorno ao processo anterior. Para Taniguchi e Correa (2009), esses métodos devem primar pelo controle e ter como objetivo transformar o desenvolvimento em algo previsível e mais eficiente, através de processos detalhados e com ênfase no planejamento e na documentação.

(17)

ágeis, que buscam inovação e rapidez, mas não enfatizam o controle e documentação excessiva. O método ágil, também conhecido como método “leve”, traz a perspectiva de agilidade e desenvolvimento de softwares de forma mais rápida, eficiente e eficaz, utilizando-se de um conjunto de técnicas e utilizando-sem deixar de documentar o projeto (TANIGUCHI; CORREA, 2009), no que seja realmente útil.

Contudo, há organizações com diferentes metas e objetivos, que lidam com os processos de acordo com seus valores. Por esse motivo, há que se decidir qual método seguir no desenvolvimento dos seus softwares, conforme suas necessidades, estrutura e cultura organizacional. Nesse sentido, Sommerville (2007, p. 23) assevera que “[...] a aquisição, a compra, o desenvolvimento e o uso desses softwares são influenciados pelas políticas e procedimentos da organização e pela sua cultura de trabalho”.

Muitos fatores ambientais podem impactar no desenvolvimento ágil de software (MOE; DINGSOYR; DYBÅ, 2010), destacando-se entre eles a cultura organizacional (STRODE; HUFF; TRETIAKOV, 2009; SHEFFIELD; LEMÉTAYER, 2012), um sistema de crença compartilhada que permeia uma organização ou suas subunidades, influenciando as ações de pessoas e grupos de trabalho (STRODE; HUFF; TRETIAKOV, 2009).

Tolfo et al. (2011) confirmaram a influência da cultura organizacional na adoção de métodos ágeis. Segundo esses autores, pode-se dizer que a percepção dos níveis culturais é “[...] um complemento importante para uma abordagem mais crítica, que propõe a verificação da receptividade ou repulsa da cultura organizacional nos valores ágeis e seus princípios.” (TOLFO et al., 2011). Afinal, a implantação de um método ágil de desenvolvimento de software provoca mudanças no ambiente organizacional e nas rotinas de trabalho, que podem acarretar grande desinteresse por parte dos seus potenciais usuários.

Nesse contexto, Tolfo e Wazlawick (2008) afirmam que para um determinado tipo de método ágil é exigido um contexto cultural muito peculiar em organizações de desenvolvimento de software, as quais devem identificar aspectos da cultura organizacional que podem influenciar tanto favoravelmente quanto desfavoravelmente. Disso conclui-se que a cultura organizacional pode impactar no sucesso ou insucesso da implantação de um método de desenvolvimento de software (TOLFO; WAZLAWICK, 2008) como o ágil.

(18)

1993; LUFTMAN; LEWIS; OLDACH, 1993), o que a caracteriza como um instrumento de mudanças organizacionais (KEEN, 1993). Disso decorre a necessidade da gestão adequada à implantação de um método como o ágil.

Nesse contexto do método ágil como instrumento de mudanças organizacionais, conjugado à importância da cultura organizacional a sua implantação, desperta o interesse deste estudo sobre a aceitação desse método por seus usuários – desenvolvedores (programadores de computador, analistas de sistemas, testadores de sistemas) e gerentes/coordenadores de equipes – no desenvolvimento de software, a partir da influência de fatores da cultura organizacional. Para avaliar essa aceitação, o Modelo de Aceitação de Tecnologia, conhecido e doravante identificado neste estudo por TAM (Technology Acceptance Model), foi escolhido neste estudo.

Desenvolvido por Davis, Bagozzi e Warshaw (1989), o TAM tem o potencial de auxiliar na explicação de fatores determinantes à aceitação da TI, além do comportamento dos usuários finais e de populações de usuários por meio de seus construtos. A partir do uso do TAM na avaliação da aceitação do método ágil por seus usuários no desenvolvimento de software, o tema objeto deste estudo é o de identificar os fatores da cultura organizacional relacionados a essa aceitação.

1.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A busca por fontes documentais ou bibliográficas possibilita perceber determinados posicionamentos de diversos autores, além de evitar eventual apontamento de ideias que já existem por parte do pesquisador no âmbito científico. Na medida em que essas buscas foram facilitadas por meio da Internet, percebe-se que além da função de organizar e reunir as publicações, também se busca formas de avaliar a qualidade das produções científicas em todo o mundo (RAVELLI et al., 2009).

(19)

pesquisa – ou palavras-chave – em artigos para, num segundo momento, ser identificada a produção científica relevante ao desenvolvimento da fundamentação deste estudo.

1.1.1 Bibliometria

Para Araújo (2006), a utilização de métodos quantitativos na busca por uma avaliação objetiva da produção científica é o ponto central da bibliometria. A bibliometria propõe-se a medir a difusão do conhecimento científico e o fluxo da informação sob enfoques diversos, com aplicações de estatística na bibliografia, também chamada de bibliotecometria (VANTI, 2002). Ferreira (2010) salienta que os estudos bibliométricos são mais complexos do que apenas um levantamento estatístico puro e simples, ampliando-se para análises mais profundas e também diversificadas, o que os torna uma ferramenta de grande utilidade para a ciência.

Vanti (2002) descreve sobre o uso de técnicas bibliométricas que contribuem de forma decisiva em épocas de recursos escassos, mediante identificação e indexação do conteúdo relativo à produção, através de três leis que levam o nome de seus autores: a) Lei de Lotka ou Lei do Quadrado Inverso, que aponta para a medição da produtividade dos autores, por meio de um modelo de distribuição tamanho-frequência dos diversos autores em um conjunto de documentos; b) Lei de Zipf, também conhecida como Lei do Mínimo Esforço, que mede a frequência do aparecimento das palavras em vários textos, gerando uma lista ordenada de termos de uma determinada disciplina ou assunto; e c) Lei de Bradford, ou Lei de Dispersão, que permite, a partir da medição da produtividade das revistas (periódicos), estabelecer o núcleo e as áreas de dispersão sobre um determinado assunto em um mesmo conjunto.

(20)

1.1.1.1Linha de pesquisa

Conforme o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ, 2013, p. 4), a linha de pesquisa representa “[...] temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre si”. Ela pode ser entendida, segundo Andrade (2003), como a prática de alguma atividade referente à investigação e aos estudos, por meio do recolhimento sistemático de dados ou elementos.

Neste estudo, identificou-se a engenharia de software como linha de pesquisa para a bibliometria realizada a partir do Portal da Capes (CAPES, 2013a), nas áreas das Ciências Sociais Aplicadas (Administração/Administração de setores específicos - da Tecnologia da Informação) e das Ciências Exatas e da Terra (Ciência da Computação/Metodologia e Técnicas da Computação / Engenharia de Software). Nos portais da Scielo e Google Acadêmico não é possível a restrição da pesquisa a uma linha específica.

1.1.1.2Eixos temáticos, palavras-chave e etapas da pesquisa

A pesquisa bibliométrica se desenvolveu em duas etapas sequenciais, visando explorar os seguintes eixos temáticos de interesse deste estudo: 1) método ágil; 2) desenvolvimento de software; 3) cultura organizacional; e 4) Modelo de Aceitação de Tecnologia. Na primeira etapa foram pesquisadas publicações aderentes concomitantemente aos três primeiros eixos temáticos, através das seguintes palavras-chave (termos de pesquisa), tanto em português como em inglês, para o alcance abrangente e relevante da pesquisa que relacionasse método ágil, desenvolvimento de software e cultura organizacional: desenvolvimento de software (software development); desenvolvimento de sistemas (systems development); método ágil (agile method); metodologia ágil (agile methodology); cultura organizacional (organizational culture); e fatores culturais (cultural factors).

(21)

Em ambas as etapas, não foram localizados artigos diferentes daqueles localizados na pesquisa com os termos em inglês.

1.1.1.3Publicações da primeira etapa

Na primeira etapa da pesquisa bibliométrica, conforme o Quadro 1, foram selecionados sete artigos aderentes concomitantemente aos três eixos temáticos para ela definidos, através das respectivas palavras-chave. Na confirmação dessa aderência foi feita uma pré-seleção por meio da leitura dos resumos e palavras-chave, além de ser observado o conceito dos respectivos periódicos no Estrato Qualis Capes (CAPES, 2013c) ser entre A1 e B2 para a garantia da qualidade das publicações.

Quadro 1 - Artigos aderentes aos eixos temáticos da primeira etapa

Título Referência Estrato Qualis Capes

Cultura organizacional e dependências de poder: a mudança

estrutural em uma organização dos ramos de informática. Feuerschütter (1997) A2

The relationship between organizational culture and the deployment of agile methods.

Iivari, J. e Iivari, N.

(2011) A2

A influência da cultura organizacional no desenvolvimento de um

software de informações analisado pelos números áureos. Silva, Machado e Hein (2006) B1

The impact of Organizational Culture on Agile Method Use. Strode, Huff e

Tretiakov (2009) A1

The influence of organizational culture on the adoption of extreme programming.

Tolfo e Wazlawick

(2008) A2

Agile Methods and Organizational Culture: Reflections about

Cultural Levels. Tolfo et al. (2011) B2

Overcoming Barriers to self-management in software teams. Moe, Dingsoyr e Dybå (2009) A1

Fonte: A Autora, a partir dos portais Capes (2013b), Scielo (2013) e Google acadêmico (2013).

Além desses artigos, foram selecionadas duas dissertações com aderência concomitante aos três eixos temáticos desta etapa da pesquisa, conforme o Quadro 2, após filtragem com base nos respectivos resumos e textos completos.

Quadro 2 – Dissertações aderentes aos eixos temáticos da primeira etapa

Título Referência Instituição

Integração de padrões organizacionais e de processo ao método

ágil scrum. Costa Filho (2006) UFSCar

Cultura organizacional e adoção de práticas ágeis: uma análise

exploratória. Soares (2011) UFRGS

(22)

1.1.1.4Publicações da segunda etapa

Na segunda etapa da pesquisa bibliométrica não foram encontrados artigos, dissertações ou teses que tratassem de forma concomitante os eixos temáticos envolvidos, a partir das respectivas palavras-chave definidas. Por outro lado, isoladamente sobre o TAM, foram considerados dois artigos e três dissertações de interesse sobre o TAM para subsidiar a fundamentação teórica deste estudo, conforme os Quadros 3 e 4, seguindo a premissa de bom conceito no estrato Qualis Capes para os periódicos dos artigos.

Quadro 3 – Artigos de interesse sobre o TAM

Título Referência Estrato Qualis Capes

User acceptance of computer technology: a comparison of two theoretical models.

Davis, Bagozzi e

Warshaw (1989) B2

ModeloTechnology Acceptance Model –TAM aplicadoaos Automated Teller Machines –ATM’s.

Costa Filho, Pires e

Hernandez (2007) B1

Fonte: A Autora, a partir dos portais Capes (2013b), Scielo (2013) e Google acadêmico (2013).

Quadro 4 – Dissertações de interesse sobre o TAM

Título Referência Instituição

Fatores críticos na aceitação de um ERP por seus usuários. Pereira (2013) UCB

Fatores críticos de sucesso como antecedentes da aceitação de um sistema de

informação em uma universidade federal Yoshino (2010) UFRN

Identificação de fatores que influenciam a decisão de aquisição de software em

um contexto profissional. Costa (2006) UFRGS

Fonte: A Autora, a partir dos portais Capes (2013d) e IBICT (2013).

(23)

Quadro 5 – Resumo quantitativo das publicações nas duas etapas da bibliometria

Eixos Temáticos Qtd. de Artigos Dissertações Qtd. de Qtd. de Teses

Desenvolvimento de Software, Método Ágil e Cultura

Organizacional 7 2 0

Desenvolvimento de Software, Método Ágil e TAM 0 0 0

Fonte: A Autora, a partir dos portais Capes (2013b), Scielo (2013), Google acadêmico (2013), Capes (2013d) e IBICT (2013).

1.2 PROBLEMA E QUESTÃO DA PESQUISA

Além da importância do processo formal dos métodos de desenvolvimento de software, cabe ressaltar que a implantação desses métodos, conforme descrito anteriormente, está diretamente associada ao ambiente organizacional. Nesse sentido, ao serem analisados os artigos pertinentes ao tema deste estudo, observou-se que o problema de pesquisa baseia-se no fato de projetos de desenvolvimento de software com o uso de métodos ágeis serem impactados por fatores culturais da organização.

Portanto, para que esses projetos tenham êxito, tais fatores devem ser observados, pois na implantação de métodos ágeis é necessário o comprometimento de todos e o envolvimento por parte dos clientes, o que remete diretamente à cultura organizacional (SILVA; MACHADO; HEIN, 2006; IIVARI, J.; IIVARI, N., 2011). Cabe destacar que há referências no meio científico sobre o uso de método ágil no desenvolvimento de software, porém poucas publicações que exploram a sua relação com a cultura organizacional; menos ainda ou inexistente, de acordo com a bibliometria deste estudo com o eixo temático TAM sobre a avaliação da aceitação de tais métodos como uma tecnologia por seus usuários.

(24)

incluído o método ágil para esse desenvolvimento, que neste estudo foram explorados no Ministério da Defesa do Brasil.

Face ao exposto, as seguintes questões de pesquisa guiaram este estudo, no âmbito do desenvolvimento de software no Ministério da Defesa do Brasil: Quais fatores da cultura organizacional favoráveis aos métodos ágeis? Qual é a influência desses fatores na aceitação de tais métodos pelos seus usuários?

1.3 OBJETIVOS

Na busca de propor solução para as questões definidas à pesquisa, foi estabelecido um objetivo geral e cinco respectivos objetivos específicos.

1.3.1 Objetivo Geral

Desenvolver um modelo de aceitação de métodos ágeis por seus usuários com base em fatores da cultura organizacional, no contexto do desenvolvimento de software do Ministério da Defesa do Brasil.

1.3.2 Objetivos Específicos

Na busca do objetivo geral apresentado, os seguintes objetivos específicos foram estabelecidos, no âmbito do desenvolvimento de software:

a) Avaliar a aceitação de usuários de método ágil com o uso do TAM; b) Identificar os perfis da cultura organizacional;

c) Identificar os fatores dessas culturas; e

d) Identificar a influência dos fatores da cultura preferida em construtos do TAM.

1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

(25)

implantação dos métodos ágeis continua a falhar de alguma forma (MOE; DINGSOYR; DYBÅ, 2010).

Nesse contexto, Soares (2011, p. 4) destaca que a adoção de métodos ágeis tem se provado uma atividade sensível à cultura das organizações que as aplicam. Assim, observou-se a oportunidade de pesquisar sobre a aceitação de tais métodos nas organizações com o TAM e sob o enfoque da cultura organizacional local (TOLFO et al., 2011). O TAM é um modelo reconhecido na pesquisa sobre a aceitação de tecnologia e prevê extensões sobre fatores externos influentes em seus construtos, que neste estudo são aqueles da cultura organizacional.

1.5 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Esta pesquisa tem relevância teórica, uma vez que busca contribuir para a expansão do conhecimento acadêmico-científico existente sobre os fatores da cultura organizacional na aceitação de método ágil no desenvolvimento de software. Nesse contexto, objetiva-se a identificar a influência de fatores da cultura organizacional sobre a aceitação de métodos ágeis de desenvolvimento de software por seus usuários, a partir de construtos do TAM. Ao explorar essa influência, esta pesquisa expandirá o conhecimento sobre a implantação de métodos ágeis e sobre as variáveis que influenciam nesse processo, a partir da aceitação dos seus usuários sob o enfoque da cultura organizacional.

(26)

2 MÉTODOS ÁGEIS

Os métodos ágeis apareceram como uma alternativa para melhorar a qualidade e o desempenho nos processos de desenvolvimento de software, através de maior agilidade e leveza, impactando, sobretudo, em menores prazos e custos (TOLFO; WAZLAWICK, 2008). Eles foram fortemente influenciados pelo pensamento de desenvolvimento simples, que busca a minimização do trabalho desnecessário e com entrega de produtos que agregam valor ao negócio (DINGSOYR et al., 2012).

2.1 ORIGEM

O Manifesto de Desenvolvimento Ágil de Software – ou Manifesto Ágil -, criado em 2001, é apontada como o guia para todos os métodos de desenvolvimento considerados ágeis (BECK et al., 2001a). Esse manifesto foi lançado por um grupo de desenvolvedores experientes, consultores e líderes da comunidade de software, com o intuito de discutir ideias e procurar alternativas aos processos burocráticos e às práticas adotadas nas abordagens tradicionais de engenharia de software e gerência de projetos (WILLIAMS, 2007, p. 211; KNIBERG, 2006; MCMAHON, 2010, p. 12).

Posteriormente, algumas pessoas formaram uma organização, sem fins lucrativos, chamada Agile Alliance. Com adesão global, ela tem por objetivo a disseminação das características, dos princípios e práticas do desenvolvimento ágil, a fim de tornar a indústria de software mais produtiva, humana e sustentável (AGILE ALLIANCE, 2013). Por meio dessa aliança, é possível encontrar grupos de apoio e de pesquisas, certificação, eventos e comunidades que aplicam os valores e os princípios adotados pelo Manifesto Ágil.

2.2 CARACTERÍSTICAS

Para que seja ágil, o método deve compartilhar várias características em comum, incluindo o desenvolvimento iterativo, foco na comunicação interativa e na redução do esforço empregado em artefatos intermediários (COHEN; LINDVALL; COSTA, 2004). Isso visa tornar célere o processo de desenvolvimento de software, de forma eficiente e eficaz, sua característica principal.

(27)

funcionalidades que realmente atendam às necessidades de seus clientes, coletando suas opiniões e procurando reagir rapidamente às mudanças negociais e/ou tecnológicas ao longo do projeto de software. O compartilhamento dessas opiniões permite a elevação do nível de satisfação, já que o cliente passa a ter uma melhor visão do andamento do projeto e do sistema em desenvolvimento (ABRAHAMSSON et al., p. 48).

O desenvolvimento com método ágil é particularmente adequado para equipes que têm que lidar com mudanças rápidas ou imprevisíveis nos requisitos (COHEN; LINDVALL; COSTA, 2004). Assim, ele é reportado como funcionando bem para equipes pequenas com número inferior a 10 desenvolvedores, trabalhando com forte colaboração e com o trabalho de cada membro visível e melhor gerenciável (BOEHM, 2003). O enfoque passa a ser nas pessoas e no ambiente e apoio necessário ao desempenho delas, não em processos já que existe a preocupação de maior interação com o cliente e de gastar menos tempo com a documentação e mais com a implementação do produto (BECK et al., 2001a).

2.3 VALORES E PRINCÍPIOS

O grupo que criou o Manifesto Ágil estabeleceu valores comuns compartilhados entre os métodos de desenvolvimento de software existentes, que são (BECK et al., 2001b): indivíduos e interações, mais do que processos e ferramentas; software funcionando, mais do que documentação abrangente; colaboração do cliente, mais do que negociação de contratos; e respostas a mudanças, mais do que seguir planos. Em decorrência desses valores, os métodos ágeis são direcionados por 12 princípios, ao invés de regras rígidas (WILLIAMS, 2007, p. 212), descritos no Quadro 6.

Quadro 6 – Os 12 princípios dos métodos ágeis

Princípios Descrição

Satisfação do cliente

A maior prioridade é satisfazer o cliente, através da entrega adiantada e contínua de software de valor.

Mudanças de

requisitos Aceitar mudanças de requisitos, mesmo no fim do desenvolvimento, pois os processos ágeis se adequam a mudanças para que o cliente possa tirar vantagens competitivas. Entregas

frequentes Entregar software funcionando com entregas em períodos curtos numa escala de tempo em semanas e até meses.

Proximidade e motivação

Pessoas relacionadas a negócios e desenvolvedores devem trabalhar em conjunto e diariamente, durante todo o curso do projeto. Construir projetos ao redor de indivíduos motivados, dando-lhes o ambiente e suporte necessários, além de confiar que farão seu trabalho.

Comunicação

(28)

Princípios Descrição Software

funcionando Software funcionando é a medida primária de progresso. Ambiente

sustentável Processos ágeis promovem um ambiente sustentável. Ritmo constante

do projeto Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter o projeto em ritmo constante e indefinidamente. Gestão técnica e

de projeto Contínua atenção à excelência técnica e bom projeto aumentam a agilidade.

Simplicidade Simplicidade é essencial para maximizar a quantidade de trabalho que não precisou ser feito.

Equipes

auto-organizadas As melhores arquiteturas, requisitos e projetos emergem de equipes auto-organizadas. Avaliação da

performance Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como ficar mais eficaz, quando ajusta e otimiza seu comportamento.

Fonte: Mcmahon (2010, p. 11), adaptado pela Autora.

Os valores e os respectivos 12 princípios criados pelo Manifesto Ágil facilitaram sobremaneira a forma de se conduzir um projeto de desenvolvimento de software, sendo cada um desses princípios capaz de dar maior interatividade com o cliente para entregar um software com qualidade e com acompanhamento de entregas, de problemas e de soluções (BECK et al., 2001b).

2.4 PRINCIPAIS MÉTODOS

Vários métodos surgiram com esses valores e princípios, tais como a Programação Extrema (Extreme Programming - XP), o Scrum, o Dynamic Systems Development Method

(29)

Gráfico 1 – Percentual de utilização dos métodos ágeis

Fonte: VersionOne (2014), adaptado pela Autora.

2.5 BENEFÍCIOS E DESAFIOS

Ainda de acordo com a pesquisa de 2013 da VersionOne (2014), 92% das organizações pesquisadas responderam que a implantação do método ágil melhorou sua capacidade de gerenciar mudanças de prioridades e que mais pessoas estão percebendo valor em termos de visibilidade dos projetos (86%, em 2013, em comparação com 84%, em 2012, e 77%, em 2011 (VERSIONONE, 2013, 2014). Além disso, a percepção geral de agilidade tem melhorado de forma positiva.

Os métodos ágeis prometem obedecer a custo, prazo e escopo definidos no projeto e, o mais importante, fornecendo flexibilidade e qualidade (BECK et al., 2001a). Nesse sentido, eles proporcionam simplicidade, rapidez, motivação, envolvimento e colaboração no desenvolvimento de software. Segundo a VersionOne (2014), em 2013, houve um aumento de 13% em pessoas que trabalham com até dez projetos desenvolvidos com o método ágil, o que retrata maior aderência a esse tipo de método a cada dia que passa, em função dos seus benefícios.

(30)

3 CULTURA ORGANIZACIONAL

O conceito de cultura é muito complexo, com uma multiplicidade de definições (PIRES; MACÊDO, 2006). Geralmente, ela é descrita em termos de como as coisas são realizadas na organização, sendo considerada como um sistema onde os símbolos e significados são compartilhados pelos atores de um sistema social - os membros de uma cultura, envolvendo rituais, mitos, hábitos e crenças. Esse compartilhar é algo que está fora de cada indivíduo e ocorre no ambiente social (SILVA; MACHADO; HEIN, 2006; PIRES; MACÊDO, 2006; FEUERSCHÜTTER, 1997), diferenciando as organizações entre si em relação à cultura e aos valores.

Nesse sentido, Schein (2009, p. 16) considera a cultura organizacional como um padrão de suposições compartilhadas que foi aprendida por um grupo de pessoas à medida que solucionava seus problemas de adaptação externa e de integração interna. Essas suposições devem funcionar bem o suficiente para serem consideradas válidas e ensinadas aos novos membros como o modo correto de perceber, pensar e sentir em relação a estes problemas.

Sheffield e Lemétayer (2012) citam a cultura organizacional como um dos fatores que influenciam o ambiente organizacional na agilidade do desenvolvimento de software em projetos de sucesso. Porém, ela deve ser adequada a esse contexto de atividade, o que requer das organizações a promoção de mudanças culturais para a aceitação e consequente sucesso na implantação de um método de desenvolvimento de software (BRODBECK; DOTTORI; HOPPEN, 2011). Para isso, torna-se importante às organizações a identificação da cultura do seu ambiente de desenvolvimento de software e de qual seria a mais adequada às características do método adotado. O Modelo de Valores Concorrentes – ou Competing Values Framework (CVF) – serve a esse propósito, no âmbito deste estudo.

3.1 COMPETING VALUES FRAMEWORK

(31)

Foco interno e integração

Foco externo e diferenciação Flexibilidade/Dinamismo

Estabilidade/Controle

Clã Adhocracia

Mercado Hierarquia

Cada dimensão possui dois extremos contrastantes. Numa delas, um dos extremos dá ênfase na flexibilidade, mudança, espontaneidade, discrição e dinamismo, enquanto o outro dá ênfase na estabilidade, continuidade, ordem e controle. A outra dimensão tem num dos extremos uma orientação interna com foco na integração, colaboração, união e manutenção do sistema sociotécnico, enquanto no outro uma orientação externa com foco na diferenciação, competição e rivalidade (CAMERON; QUINN, 1999, p. 35).

3.1.1 Os quatro perfis culturais

Da conjugação dessas duas dimensões e respectivos extremos são identificados tipos – ou perfis – de cultura organizacional representantes dos pressupostos básicos, das orientações e dos valores principais de uma organização, que contrastam – ou competem – entre esses perfis (CAMERON; QUINN, 1999, p. 222). A Figura 1 apresenta os extremos daquelas duas dimensões e os quatro perfis da cultura organizacional decorrentes Clã, Adhocracia, Mercado e Hierarquia , descritos no Quadro 7.

Figura 1 –Competing Values Framework

Fonte: Cameron e Quinn (1999, p. 35), traduzido pela Autora.

Quadro 7 – Quatro perfis da cultura organizacional

Perfil

Cultural Características

Clã

Valorização da coesão e moral do empregado. O modelo de relações humanas é caracterizado por uma ênfase percebida na confiança, participação e trabalho em equipe, além de treinamento e desenvolvimento de funcionários.

Adhocracia Tem como meta o crescimento e aquisição de recursos. Possui inovação e desenvolvimento, meios adaptáveis e de prontidão, comunicação visionária, adaptável a tomada de decisões, dinâmica e empreendedora, crescimento e aquisição de recursos.

Mercado

Agrega valor com base na produtividade e na eficiência. Preceitua o estabelecimento de metas e planejamento, comunicação instrucional, tomada de decisão centralizada, produção orientada, busca de metas e objetivos, concorrência e conquistas.

Hierarquia Foco na estabilidade e controle, gestão da informação, comunicação precisa, tomada de decisão baseada em dados, formalizada e estruturada, aplicação de regras e políticas.

(32)

3.1.2 Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional – IACO

A partir do CVF, Cameron e Quinn (1999, p. 226) desenvolveram o Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional (IACO) – Organizational Culture Assessment Instrument (OCAI) –, composto pelas seis dimensões, caracterizadas no Quadro 8 (CAMERON; QUINN, 1999, p. 140).

Quadro 8 – Dimensões do IACO

Dimensões Características

Características

dominantes Aspectos da cultura organizacional, que envolve o ambiente de trabalho e o considera como pessoal, dinâmico, empreendedor, controlado e estruturado. Liderança

organizacional A liderança pode ser considerada facilitadora, estimuladora, inovadora, agressiva, eficiente, organizada e voltada a resultados. Gestão de

pessoas O estilo gerencial pode ser caracterizado por trabalho em equipe, participante, inovador, competitivo, exigente, previsível e estável nas relações.

Coesão organizacional

A manutenção da coesão da organização pode ser caracterizada por lealdade, confiança, comprometimento, desenvolvimento, ênfase nos resultados, realização de objetivos, regras formais e políticas.

Ênfase

estratégica Os aspectos da cultura organizacional podem enfatizar o desenvolvimento humano, novos recursos e desafios, competitividade estabilidade.

Critérios de sucesso

A organização define sucesso com base no desenvolvimento das pessoas, compromisso com elas, trabalho em equipe, produtos novos e diferenciados, mercado competitivo, cumprimento de prazos e eficiência.

Fonte: Cameron e Quinn (1999, p. 20) e OCAI (2013), adaptado pela Autora.

A utilização do IACO envolve avaliar a cultura de momento da organização. Para, após, ser projetada a cultura desejada à mesma para um contexto específico almejado (CAMERON; QUINN, 1999, p. 25), como, por exemplo, aquele referente à adoção dos 12 princípios dos métodos ágeis. Esses autores chegaram à conclusão de que nenhuma organização reflete um único perfil cultural, podendo, assim, chegar a uma ou nenhuma associação entre eles. A dominância de um ou mais perfis se refletirá nos quadrantes do CVF.

3.2 FATORES CULTURAIS AOS MÉTODOS ÁGEIS

(33)

Strode, Huff, e Tretiakov (2009) utilizaram-no em estudos de casos múltiplos, que mostraram correlação entre fatores específicos da cultura organizacional e o uso efetivo de um método ágil. Esses fatores são de interesse deste estudo e estão identificados em negrito no Quadro 9, juntamente com os respectivos perfis da cultura organizacional, elencados por Cameron e Quinn (1999).

Quadro 9 – Fatores e perfis da cultura organizacional

Fatores Perfis

A organização valoriza o feedback e o aprendizado. Clã

A interação social na organização é confiável, colaborativa e competente. Clã e Hierarquia O gerente de projeto age como um facilitador. Clã e Adhocracia

O estilo de gestão é de liderança e colaboração. Adhocracia

A organização valoriza o trabalho em equipe. Clã

A organização é flexível, participativa e promove a interação social. Clã e Adhocracia A organização pratica a distribuição do poder de decisão entre as pessoas. Clã, Adhocracia e Hierarquia

A organização é orientada a resultados. Mercado

A liderança na organização é do tipo empreendedora, inovadora e

tolerante ao risco. Adhocracia

A organização se baseia na lealdade, na confiançamútua e no

comprometimento. Clã e Adhocracia

(34)

4 MODELO DE ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA

O propósito essencial do TAM é prover uma base para mapear o impacto de fatores externos sobre aqueles que sejam internos ao indivíduo, tais como as suas crenças, atitudes e intenções de comportamento (COSTA FILHO; PIRES; HERNANDEZ, 2007). Ele tem sido testado e adaptado para o estudo da aceitação de diversas tecnologias, como Internet, comércio eletrônico, caixas automáticos, equipamentos, sistemas, uso de softwares livres, entre outras (COSTA FILHO; PIRES; HERNANDEZ, 2007; LIMA JUNIOR, 2006, p. 49).

4.1 CONSTRUTOS

A partir da versão original do TAM (DAVIS, 1989), Davis, Bagozzi e Warshaw (1989) criaram uma versão simplificada composta pelos construtos Utilidade Percebida, Facilidade de Uso Percebida, Atitude em relação ao Uso, Intenção Comportamental de Uso e Uso atual do sistema, descritos no Quadro 10.

Quadro 10 – Construtos do TAM

Construtos Descrição

Utilidade Percebida Intensidade em que uma pessoa acredita que o uso da tecnologia pode melhorar o seu desempenho.

Facilidade de Uso Percebida Intensidade em que uma pessoa acredita que o uso da tecnologia será livre de esforço.

Atitude em Relação ao Uso Atitude do indivíduo para usar a tecnologia. Intenção Comportamental de Uso Intenção do indivíduo para usar a tecnologia.

Uso Atual do Sistema Uso real da tecnologia pelo indivíduo.

Fonte: A Autora, a partir de Davis (1989).

4.2 MODELO E PROPOSIÇÕES DE PESQUISA

(35)

Figura 2 – Aceitação de métodos ágeis com base em fatores culturais

Fonte: A Autora, a partir de Davis, Baggozi e Warshaw (1989) e Cameron e Quinn (1999).

Com base nos fatores culturais identificados por Strode, Huff e Tretiakow (2009) como favoráveis à adoção de métodos ágeis, as seguintes proposições serviram de guia a esta pesquisa na identificação dos fatores culturais e sua influência na aceitação de um método ágil, a partir dos construtos Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida do TAM:

P1: O feedback, o aprendizado e a liderança favorecem a utilidade percebida do

método ágil pelos usuários;

P2: A confiança, a colaboração e a competência favorecem a utilidade percebida do

método ágil pelos usuários;

P3: O papel de facilitador do gerente de projeto e a delegação de poder às pessoas

favorecem a utilidade percebida e a facilidade de uso percebida do método ágil pelos usuários;

P4: A lealdade, a confiança mútua e o compromisso favorecem a utilidade percebida do

método ágil pelos usuários;

P5: O trabalho em equipe e a orientação para os resultados favorecem a utilidade

percebida do método ágil pelos usuários;

P6: A flexibilidade, a participação e a interação social da organização favorecem a

facilidade de uso percebida do método ágil pelos usuários; e

P7: O empreendedorismo, a inovação e a tolerância aos riscos favorecem a utilidade

(36)

5 METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa é a aplicação de procedimentos e técnicas à construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 14). A seguir, a caracterização da metodologia desta pesquisa.

5.1 CLASSIFICAÇÃO, PROPÓSITO E MÉTODO

Esta pesquisa é aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação na solução de problemas específicos (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20). Quanto ao propósito, ela é descritiva-exploratória. Descritiva, por descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, através de técnicas padronizadas de coleta de dados, como questionário; e exploratória, por envolver levantamento bibliográfico e entrevista com pessoas que tenham experiência prática com o problema pesquisado (GIL, 2010, p. 27).

O método adotado é misto, uma abordagem de investigação que associa as formas quantitativa e qualitativa (CRESWELL, 2010, p. 27). O método quantitativo caracteriza-se por considerar que tudo pode ser mensurável, traduzindo em números as informações e as opiniões para classificá-las e analisá-las (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20). Nesta pesquisa ele é utilizado para avaliar a aceitação de um método de desenvolvimento de software por seus usuários, bem como a cultura organizacional percebida por eles no âmbito desse desenvolvimento e na aceitação daquele método. O método qualitativo se caracteriza pela descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos (CRESWELL, 2010, p. 27), nesta pesquisa empregado para viabilizar maior profundidade e riqueza na interpretação dos fatores da cultura organizacional, no contexto de desenvolvimento de software.

5.2 ESTRATÉGIA DE ESTUDO DE CASO ÚNICO

(37)

um estudo mais profundo de objetos, de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2010, p. 118). Nesta pesquisa, a estratégia será de estudo de caso único.

O estudo de caso único refere-se a um indivíduo, um grupo, uma organização ou um fenômeno, num contexto definido (GIL, 2010, p. 118) e é adequado quando o fenômeno que se pretende estudar é indissociável do ambiente onde ele ocorre (GIL, 2010, p. 37). Além disso, Creswell (2008, p. 272) explica que são os problemas ou questões que conduzem à necessidade de um estudo e que o estudo de caso se adéqua melhor a questões de pesquisa do tipo ‘o que’ ou ‘como’ (YIN, 2010, p. 29-30), proporcionando quais os resultados que podem ser alcançados, situação desta pesquisa.

5.2.1 Local da pesquisa e o Prodesis

O local desta pesquisa foi a Gerência de Desenvolvimento de Sistemas e Inovação (GESIS) do Ministério da Defesa do Brasil (MD). O MD é o órgão do Governo Federal a quem compete exercer a direção superior das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica. Uma de suas principais atribuições é o estabelecimento de políticas ligadas à defesa e à segurança do País.

A GESIS é integrante do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (DEPTI) e possui uma estrutura de 23 funcionários, sendo um gerente, um coordenador/desenvolvedor, oito analistas (analistas/desenvolvedores e analista/testador) e 13 estagiários/desenvolvedores. O método de desenvolvimento de software utilizado é o Processo de Desenvolvimento de Sistemas – ou Prodesis –, um método híbrido composto por práticas do método ágil Scrum e do PMBOK – ou Project Management Body of Knowledge – (PMBOK, 2013), no contexto de gerenciamento de projetos; e por atividades do desenvolvimento iterativo e incremental no desenvolvimento de software, preconizado pelo Processo Unificado1– ou Rational Unified Process – da IBM (RUP, 2013).

1 É um processo de engenharia de software criado para apoiar o desenvolvimento orientado a objetos, constituído

(38)

5.2.2 Unidade de análise e Protocolo de pesquisa

Segundo Martins (2008, p. 10), a unidade de análise se caracteriza pelo foco da pesquisa e seus limites. Para Yin (2010, p. 51), nada mais é que a definição do caso que pode ser um indivíduo, um evento, uma entidade, um processo decisório, programas, um processo de implantação ou uma mudança organizacional. Assim, a unidade de análise deste estudo corresponde à influência de fatores da cultura organizacional da GESIS na aceitação do Prodesis por seus usuários.

O protocolo de pesquisa é o documento que demonstra todas as decisões importantes ao longo do processo de pesquisa e que contém os dados de identificação do projeto de pesquisa, indicações para o trabalho de campo, questões específicas a serem usadas na coleta de dados, previsão para análise dos dados e um guia para elaboração do relatório de pesquisa (GIL, 2010, p. 120).

Esse guia possui orientações sobre como o pesquisador fará a preparação, análise e o compartilhamento dos dados, num formato de relatório básico com a apresentação das questões e hipóteses de pesquisa; da descrição do projeto de pesquisa, dos instrumentos e dos procedimentos de coleta de dados; dos resultados e da análise; e da discussão das constatações e conclusões (YIN, 2010, p. 116). O protocolo desta pesquisa foi desenvolvido a partir dessas orientações e está disponível no Apêndice A.

5.3 DESENHO DA PESQUISA

O desenho desta pesquisa está ilustrado na Figura 3, compreendendo quatro etapas – pesquisa survey, primeira entrevista com grupo focal, segunda entrevista com grupo focal e encerramento – e respectivos processos (vide retângulos) e resultados esperados (vide figuras com linha inferior ondulada).

5.3.1 Pesquisa survey

(39)

fechadas das seções III e IV, referentes aos construtos do TAM. Ele é composto das seguintes cinco seções: I) Perfil do respondente; II) Perfil de uso; III) Atitude de Uso em relação ao Prodesis; IV) Utilidade de Uso (UP-PR), Facilidade de Uso (FUP-PR) e Intensão Comportamental de Uso (ICU-PR) em relação ao Prodesis; e V) Fatores culturais.

Todas as questões das seções I, II, III e IV são fechadas, sendo as da seção I destinadas a identificar o perfil demográfico do respondente e as da seção II o seu perfil de uso do Prodesis. As cinco questões (AU-PR01 a AU-PR05) da seção III referem-se ao construto Atitude em Relação ao Uso do TAM, mensuradas através da escala diferencial semântico bipolar de sete pontos (péssima ideia – boa ideia; ideia insensata – ideia imprudente; detesto a ideia – gosto da ideia; desagradável – agradável; e inoportuno – oportuno), conforme o instrumento original de Davis (1986, p. 76).

Figura 3 – Desenho da pesquisa

Etapas da pesquisa

P ro ce ss os e re sulta do s

1. Pesquisa Survey 2. Primeira entrevista

com Grupo Focal 3. Segunda entrevista com Grupo Focal 4. Encerramento

1.2 Realizar pré-teste com o instrumento

Versão final da dissertação 1.4 Realizar teste

piloto com o instrumento

1.5 Coletar dados

1.6 Analisar resultados 4.1 Desenvolver relatório dos resultados e análises 1.1 Validar instrumento com especialista 2.1 Validar instrumento IACO com especialista

2.3 Coletar dados sobre a cultura atual

e preferida

2.4 Analisar resultados

Perfil e fatores da cultura organizacional atual

Perfil e fatores da cultura sob os princípios ágeis

3.1 Elaborar instrumento com

base nos fatores culturais sob os princípios ágeis

3.3 Coletar dados

Modelo de Influência de fatores culturais

(40)

As oito questões da seção IV relacionam-se aos construtos Utilidade Percebida (três identificadas como UP-PR01, UP-PR03 e UP-PR04), Facilidade de Uso Percebida (três identificadas como FUP-PR02, FUP-PR06 e FUP-PR08) e Intenção Comportamental de Uso (duas identificadas como ICU-PR05 e ICU-PR07) do TAM e foram contextualizadas ao Prodesis, sendo mensuradas com a escala Likert (1932) de sete pontos (1 - discordo totalmente; 2 - discordo; 3 - discordo parcialmente; 4 - indiferente; 5 - concordo parcialmente; 6 - concordo; e 7 - concordo totalmente). Assim, a mediana das respostas entre 1 e 3, incluindo esses extremos, indicou rejeição; 4, neutralidade; e entre 5 e 7, incluindo esses extremos, aceitação.

A seção V é composta por 12 questões, sendo que as 10 primeiras são fechadas e referem-se aos fatores culturais identificados por Strode, Huff e Tretiakov (2009), já apresentados na fundamentação teórica deste estudo como favoráveis à adoção de método ágil no desenvolvimento de software. Para essas questões, algumas apresentando aqueles fatores num sentido inverso para mitigar o viés de resposta numa mesma opção no instrumento das respostas essa inversão foi revertida , adotou-se a mesma escala Likert de sete pontos da seção IV. Foram considerados como importantes à aceitação do Prodesis os fatores cujos itens tiveram mediana igual a 6 ou 7. As duas últimas questões da seção V são abertas e buscam identificar a percepção dos respondentes sobre fatores gerais de ambiente de trabalho incluindo os da cultura organizacional , que favorecem ou prejudicam a aceitação deles no uso do Prodesis, apesar do interesse desta pesquisa somente sobre os culturais.

Na sua forma impressa, o instrumento passou pela etapa de pré-teste com dois respondentes para verificar eventuais oportunidades de melhoria. Isso se deu por meio de uma entrevista para que os respondentes pudessem comentar suas percepções durante o preenchimento. É importante salientar que o processo de pré-teste não visa captar quaisquer aspectos que instituem os objetivos do levantamento, não trazendo nenhum resultado referente a esses objetivos (GIL, 2010, p. 107). Posteriormente, foi realizado teste-piloto com o instrumento, já com eventuais ajustes identificados no pré-teste. Os respondentes do questionário foram os usuários do Prodesis, ou seja, os funcionários da GESIS.

(41)

foi possível identificar a aceitação ou não do Prodesis pelos seus usuários, a partir dos itens dos construtos do TAM, com base na mediana calculada.

Os dados decorrentes das duas questões abertas do instrumento foram analisados com a técnica qualitativa de análise de conteúdo temática, através de procedimento por "caixas", um procedimento no qual um elemento é categorizado com base em um conjunto - ou sistema - de categorias decorrentes da teoria desenvolvida num estudo (BARDIN, 2005, p. 147). Esse conjunto foi formado por aqueles fatores culturais identificados por Strode, Huff e Tretiakov (2009).

5.3.2 Primeiraentrevista com grupo focal

O Grupo Focal (GF) é um tipo de entrevista que busca conhecer a fundo sobre determinado assunto por meio de grupos de pessoas que estejam relacionadas com o propósito da pesquisa, através de uma discussão pela qual elas se influenciam mutuamente pelas respostas às ideias, às experiências e aos eventos estimulados pelo moderador (MARTINS, 2008; MORGAN, 2013; RESSEL et al., 2008; DICK, 2003; IERVOLINO; PELICIONI, 2001). Serve para completar informações, conhecer atitudes, opiniões, percepções e comportamentos e pode ser empregado no entendimento das diferentes percepções e atitudes acerca de um fato, prática, produto ou serviço (IERVOLINO; PELICIONI, 2001), através da interação e moderação do pesquisador com os participantes do grupo com foco em tópicos específicos e diretivos. Num estudo de caso, as opiniões-síntese das discussões são registradas pelo próprio pesquisador (MARTINS, 2008).

O GF, em seu caráter subjetivo de investigação, é utilizado como método qualitativo e se caracteriza pela descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos (CRESWELL, 2010, p. 27). Os procedimentos e cuidados para a realização da entrevista com o GF devem permitir a sequência lógica das ações que possam resultar em informações importantes para a pesquisa. Nesse sentido, os aspectos a seguir são relevantes para que se alcance o sucesso com GF (MARTINS, 2008; IERVOLINO; PELICIONI, 2001; MAZZA; MELO; CHIESA, 2009):

 Planejar a entrevista, delineando de forma cuidadosa o objetivo a ser alcançado, criando um roteiro de forma lógica e ordenada;

 Formar pelo menos um grupo constituído de seis a 12 pessoas;

(42)

 Planejar o tempo necessário da reunião com o GF (em média entre 1h e 1h30min);  Registrar os dados e informações durante a entrevista;

 Preparar ambiente confortável e propício para que diferentes percepções e pontos de vista sejam expostos pelos participantes;

 Confirmar antecipadamente a participação dos membros convidados; e  Ouvir mais do que falar.

Para a realização das entrevistas com GF, os participantes escolhidos foram os usuários do Prodesis, dentre os coordenadores/desenvolvedores, analistas/desenvolvedores e analista/testador, visto serem pessoas articuladas e envolvidas com o acompanhamento do processo de implantação e uso do Prodesis no MD, o que sugeria a participação de oito entrevistados. Foram encaminhados convites de participação para eles e preparada uma sala confortável e silenciosa no MD, composta de uma mesa em forma de U e com cadeiras, quadro, notebook e projetor. Oito participaram da entrevista, sendo um Coordenador/Desenvolvedor, seis Analistas/Desenvolvedores e um Analista/ Testador.

No primeiro passo da entrevista foi apresentado o contexto da pesquisa, seu objetivo e etapas, a partir do Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional (IACO), disponível no Apêndice C. Após essa apresentação, não se admitiu mais a entrada de pessoas na sala e passou-se ao segundo passo, quando solicitado consentimento ao grupo para efetuar a gravação da entrevista - esse recurso foi mais um apoio para análise dos dados obtidos – dando-se garantia sobre o sigilo do material obtido, algo muito importante para que os participantes se sintam seguros (IERVOLINO; PELICIONI, 2001). O terceiro passo foi projetar, em planilha MS Excel, o CVF/IACO para dar início à entrevista, quando foi apresentado aos participantes as dimensões do instrumento e suas respectivas quatro assertivas (A, B, C, D), que foram colocadas à discussão deles sobre os fatores culturais nelas contidas em negrito, em relação ao que percebem na cultura organizacional de momento no contexto de uso do Prodesis na GESIS.

(43)

consensuada, 100 pontos entre as assertivas, na coluna Atual, considerando as cores atribuídas aos fatores.

Na sequência, após a distribuição de pontos nas assertivas de cada dimensão foram compartilhados pela pesquisadora os 12 princípios dos métodos ágeis, quando o significado deles foi debatido com o GF. Feito isso, novamente, os fatores das assertivas foram discutidos com o GF em relação à conformidade com uma cultura desejada sob aqueles 12 princípios, quando foram destacados os fatores no instrumento, de acordo com as mesmas cores e critérios usados na discussão sobre a cultura organizacional de momento. Também foi solicitada a distribuição consensuada pelo GF de 100 pontos nas assertivas de cada dimensão, na coluna Preferida, com base nas cores dos respectivos fatores.

Foram somados os pontos das assertivas de mesma letra (A, B, C ou D) de cada uma das seis dimensões, em cada coluna – Atual e Preferida. O total de cada uma dessas somas, em cada letra de cada coluna, foi dividido por seis (dimensões) e representou a pontuação do perfil cultural correspondente à letra, em cada coluna, sendo predominante(s), em cada dimensão, o(s) perfil(is) cultural (is) da(s) assertiva(s) com maior pontuação (CAMERON; QUINN, 1999), o que foi compartilhado com os participantes como atividade final do GF. A conclusão da pontuação distribuída, tanto para a cultura atual como para a desejada, indicou os perfis culturais de destaque ao GF.

Os fatores de destaque identificados nas assertivas com a cor azul consenso dos participantes sobre a cultura desejada foram objeto de categorização por análise de conteúdo temática por acervo, que define as categorias no decorrer da análise dos dados (BARDIN, 2005, p. 147). As categorias decorrentes foram avaliadas na segunda entrevista com GF, visando à identificação de influências sobre os construtos Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida do TAM.

5.3.3 Segunda entrevista com grupo focal e encerramento da pesquisa

(44)

consensuada, na primeira entrevista com o GF – e foram explicados e discutidos os construtos Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida do TAM.

De acordo com a questão 1 do instrumento, os respondentes manifestaram as suas percepções sobre a influência das categorias de fatores identificados de forma consensuada, como relacionados à cultura organizacional desejada nesses construtos. Na sequência, a partir de uma escala Likert de sete pontos (1 - discordo totalmente; 2 - discordo; 3 - discordo parcialmente; 4 - indiferente; 5 - concordo parcialmente; 6 - concordo; 7 - concordo totalmente), buscou-se o consenso do grupo sobre essa influência. Foram consideradas válidas as influências com respostas nos pontos 6 e 7 da referida escala, após consenso.

A partir dos resultados do GF, foi proposto um modelo de influência de fatores culturais na aceitação de método ágil de desenvolvimento de software, conforme idealizado no modelo de pesquisa deste estudo. O desenvolvimento do relatório final da pesquisa se deu por meio da seção Resultados e Análises desta dissertação, que foi encerrada com a seção Considerações Finais.

5.4 QUALIDADE DA PESQUISA

Para Yin (2010, p. 63) a qualidade do projeto de pesquisa é determinada por testes lógicos, envolvendo a validade do construto, validade interna, validade externa e confiabilidade. A validade do construto permite a criação de medidas operacionais corretas para os conceitos que estão sob estudo, evitando a subjetividade na coleta de dados (YIN, 2010, p. 63-64). Nesse sentido, pressupõe-se a validade do construto neste estudo como decorrente do uso de modelos tradicionais já submetidos a essa validação na pesquisa – TAM (DAVIS, 1989; COSTA, 2006; PEREIRA, 2013; YOSHINO, 2010) e CVF/IACO (DOMENICO; LATORRE; TEIXEIRA, 2006; BARBOSA, 2011; CRUZ; FERREIRA, 2012).

Imagem

Gráfico 1  –  Percentual de utilização dos métodos ágeis
Figura 1  –  Competing Values Framework
Figura 2  –  Aceitação de métodos ágeis com base em fatores culturais
Figura 3  –  Desenho da pesquisa
+5

Referências

Documentos relacionados

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Com a mudança de gestão da SRE Ubá em 2015, o presidente do CME de 2012 e também Analista Educacional foi nomeado Diretor Educacional da SRE Ubá e o projeto começou a ganhar

Este questionário tem o objetivo de conhecer sua opinião sobre o processo de codificação no preenchimento do RP1. Nossa intenção é conhecer a sua visão sobre as dificuldades e

Stable transfected cells were then incubated with a stressing agent at different concentrations to monitor protein misfolding and the appearance of stress granules, in

A legislação da Comunidade Econômica Européia de defesa da concorrência coibiu as concentrações empresarias e o abuso de posição dominante que possam existir no mercado, pois

Bom, eu penso que no contexto do livro ele traz muito do que é viver essa vida no sertão, e ele traz isso com muitos detalhes, que tanto as pessoas se juntam ao grupo para