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3 PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL: UMA PROPOSTA DE APRIMORAMENTO

3.2 DETALHAMENTO DAS AÇÕES PROPOSTAS

3.2.1 Primeira etapa: criação de uma Comunidade de Prática

Partimos do princípio de que uma comunidade de prática se trata da inter- relação entre os membros de um grupo que compartilham de interesses comuns, participando ativamente na solução de problemas na troca de experiências em determinado ambiente com o intuito de realizar alguma mudança. Quanto a isso, Andréia Ferreira e Bento Silva (2014, p. 42) afirmam que “[o] conceito de

comunidade prática implica uma perspectiva da aprendizagem como atuação social, e não individual”; logo, torna-se imprescindível o envolvimento ativo dos atores no processo de mudança, de maneira que os mesmos construam e reconstruam “uma identidade de pertencimento à comunidade” (FERREIRA; SILVA, 2014, p. 42).

A sensação de pertencimento a um grupo empreende mudanças significativas na cultura escolar e na prática profissional de cada um. Certamente, a opção pela criação de uma Comunidade de Prática é uma estratégia de envolvimento dos professores e demais atores presentes na escola, possibilitando, conforme os argumentos de Pâmela Mason (2011), uma transformação na cultura escolar. Essa ideia também é postulada por Michael Fullan (2009) ao afirmar que é necessário empreender mudança nas crenças e cultura dos professores para que uma inovação siga rumo à eficácia e ao sucesso.

A criação de uma Comunidade de Prática precisa possuir algumas características essenciais: o domínio, a comunidade, a prática e o desenvolvimento da identidade. Ferreira e Silva (2009), com base nos estudos de Wenger, afirmam que o domínio está fundamentado no compartilhamento de interesses pelas pessoas do grupo; por sua vez, a segunda característica é a comunidade, na qual os participantes aprendem e constroem juntos relações associadas à tarefa; nessa etapa, o envolvimento nas tarefas, o compartilhamento de informações e a ajuda mútua são fundamentais para a construção dessas relações. A terceira característica é a prática, baseada principalmente no desenvolvimento de um “repertório compartilhado de recursos” com foco no aprimoramento de uma tarefa e/ou na solução de problemas. A quarta característica é a identidade, embora nos estudos de Ferreira e Silva (2014) não apareça como uma característica e sim como um resultado. Quanto a essa última característica, Guilherme Moura (2009) afirma que as características anteriores desenvolvem a identidade, ou seja, o processo de aprendizagem transforma cada membro do grupo nos seus contextos de atuação. Assim, a construção da identidade ocorre quando aprendemos.

Diante disso, por ter uma identidade própria fundada nos interesses e na prática de um grupo em uma determinada comunidade, a Comunidade de Prática perfaz-se em uma estratégia adequada para a implementação da educação em tempo integral na escola objeto deste estudo.

Sugerimos, nesta e nas demais etapas, que a gestora, a Coordenadora Pedagógica e os Coordenadores de Área atuem como equipe líder da Comunidade

de Prática, conduzindo tanto o percurso formativo permanente quanto as ações práticas, de modo a incentivar os membros do grupo a interagirem e colaborarem ativamente com a Comunidade de Prática. Por conta disso, faz-se necessário que, antes mesmo de cada etapa, o grupo líder empreenda esforços para estudo do material proposto, pesquisas, planejamentos e outas indicações de leitura que auxiliem no processo de discussão e formação da comunidade.

O objetivo desta ação é proporcionar à equipe um processo de formação permanente, relacionando teoria e prática, a fim de viabilizar a implementação da política de tempo integral, tendo como apoio um currículo significativo atrelado ao PPP da escola e à utilização dos diversos tempos e espaços educativos.

A cada etapa do projeto a equipe escolar deverá avaliar as ações daquele período e finalizar as atividades propostas para cada ação. Por isso, ao final de cada etapa deve-se: (i) elaborar relatórios para o registro de cada etapa proposta; (ii) entregar um produto ao final cada atividade prática proposta; (iii) elaborar um instrumento avaliativo para a verificação do envolvimento do grupo nas atividades propostas e (iv) apresentar relatos de experiência sobre as atividades desenvolvidas ao longo da Comunidade de Prática.

No Quadro 11, apresentamos a proposta para a primeira etapa, sendo que essa etapa se subdivide em 12 encontros no decorrer de um bimestre, perfazendo uma carga horária de 12 horas. O primeiro encontro seria específico para a criação da Comunidade de Prática e a explanação dessa estratégia à equipe; na sequência seriam realizados o 2º ao 10º encontro, destinados aos estudos da proposta de tempo integral; a seguir a equipe gerencial da Comunidade de Prática deve organizar o 11º encontro para a sistematização do material estudado e a definição de temas a serem aprofundados em outras pesquisas; o 12º encontro servirá para a equipe produzir os relatórios e registros em atas das atividades desenvolvidas, bem como avaliar as ações realizadas destacando os pontos fortes e os possíveis desafios a serem superados.

Assim, o Quadro 11 apresenta o resumo das ações a serem empreendidas com a equipe escolar nessa primeira etapa.

Quadro 11 – Ações relacionadas à equipe gestora, pedagógica e docente da escola

O quê? Por quê? Onde? Quando? Quem? Como? Quanto?

Criação da Comunidade de Prática Conhecer a política educacional em voga na instituição Na escola Período de 2 meses Equipe Gestora

e pedagógica 1 encontro no planejamento bimestral Sem custos Encontros mensais entre a equipe gestora, pedagógica e docente Para estudar a proposta de Educação de Tempo Integral Na escola Decorrer do bimestre Coordenadores

de área. mensais por área, 9 encontros nos HTP’s Sem custos Definição e proposição de temas a serem aprofundados em outras pesquisas essenciais para entender a educação em tempo integral Para aprofundar os pontos principais da proposta definidos pela própria equipe

Na

escola Encontro bimestral Equipe Gestora e pedagógica 1 encontro com toda a equipe escolar, inclusive Conselho Escolar e APMC para a sistematização das informações Sem custos Monitoramento e Avaliação dos Encontros Para acompanhar as atividades e verificar a percepção dos atores e das possíveis melhorias Na

escola Encontro bimestral Equipe escolar 1 encontro com a equipe escolar custos Sem