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CAPÍTULO 3 O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR

3.2 Travessia

3.2.1 Primeira etapa: entrevista inicial

Inicialmente pretendíamos entrevistar quatro professoras e posteriormente observar a prática docente de duas, a entrevista nos indicaria elementos de como essas professoras compreendem questões relacionadas à diferença e quais os elementos que para elas compõem essa discussão. Os dados das entrevistas seriam importantes não apenas para apreendermos os discursos sobre a diferença, mas também nos indicar elementos para as observações em sala de aula.

Nossa aproximação ao campo de pesquisa deu-se através da própria Secretaria de Educação, onde buscamos a autorização inicial para empreendermos o processo de investigação. Fomos recebidas pela Gerente de Ensino, que prontamente atendeu a nossa solicitação de autorização e nos deu algumas informações sobre como estavam distribuídos os CMEI’s.

Após a autorização, fomos encaminhadas para conversar com duas técnicas que acompanham os CMEI’s, as quais nos receberam de forma extremamente prestativa e nos deram um panorama geral da organização dos centros, bem como localização, fluxograma de atividades desenvolvidas com as crianças, entre outras. Foram essas duas técnicas que nos indicaram os CMEI’s para a pesquisa e nos acompanharam no momento inicial no CMEI Cecília Meireles, onde fomos apresentadas à gestora e falamos rapidamente sobre a pesquisa.

Esse primeiro contato com o centro citado acima foi realizado de uma maneira muita rápida, tendo em vista que toda a equipe se organizava para realizar o desfile cívico alusivo ao Dia da Independência. Mesmo assim, a gestora nos acompanhou pelas salas e pudemos observar as professoras e crianças se organizando para o desfile; enquanto andávamos pelo centro, a gestora nos explicava que as alas do desfile foram pensadas a partir dos projetos definidos pela Secretaria de Educação para os quatro bimestres.

Voltamos ao CMEI posteriormente e pudemos conversar mais tranquilamente com a Gestora e Supervisora dando mais detalhes sobre a pesquisa e esclarecendo as dúvidas, depois fomos apresentadas às professoras e conversamos sobre a pesquisa e a possibilidade de participarem da primeira etapa da pesquisa, que seria a entrevista. Ambas concordaram em participar e deixamos agendado o momento das entrevistas.

Nosso primeiro contato com o CMEI Ana Maria Machadou deu-se sem a presença das técnicas da Secretaria. No entanto, quando fomos recebidas no centro, a gestora nos informou que já estava à nossa espera, pois uma das técnicas já havia avisado da nossa visita. Após explicar para a gestora a metodologia que seria utilizada e esclarecer dúvidas, a mesma nos

apresentou a estrutura física do centro, funcionárias da secretaria, e também nos apresentou as professoras das turmas alvos da pesquisa.

Conversamos junto com a gestora com cada professora separadamente sobre a pesquisa e perguntamos se elas poderiam participar da etapa inicial através da entrevista. Ambas concordaram. No entanto, tivemos a impressão que uma das professoras estava um pouco receosa em participar, assim, deixamos claro que a participação era voluntária e que se não se sentisse à vontade para participar entenderíamos. Deixamos as entrevistas agendadas e quando voltamos para a realização das mesmas, a gestora confirmou nossa impressão comunicando que uma das professoras teria desistido de participar e nos apresentou outra professora da mesma turma que após conversar conosco aceitou participar.

Tanto gestoras como professoras, foram informadas sobre a metodologia da pesquisa e assinaram termos de consentimento informado, onde garantíamos que os nomes das instituições e das professoras seriam mantidos em caráter confidencial. Cabe ressaltar o quanto fomos bem recebidas em ambos os CMEI’s, e que as equipes gestoras se mostraram extremamente solícitas ao nos acolher e durante todo o processo.

As entrevistas foram gravadas com uso de dois equipamentos: um notebook e um aparelho celular, sendo posteriormente transcritas com o cuidado de registrar o máximo de detalhes possíveis, como ênfase na fala, pausas etc. Contabilizando o áudio das entrevistas da primeira e terceira etapa da pesquisa, tivemos seis horas e trinta e cinco minutos (6h35) de gravação.

O roteiro de entrevista23 semiestruturada foi organizado em três blocos de perguntas: o primeiro bloco com perguntas relacionadas à identificação das professoras, sua formação, tempo de atuação etc.; o segundo bloco com perguntas concernentes a identificação da percepção das professoras acerca da diferença; e por fim, o terceiro bloco com perguntas referentes à prática docente relacionada com a temática da diferença.

A organização das questões do primeiro bloco foi pensada no sentido de proporcionar o que Heloísa Szymanski chama de aquecimento; para esta autora esse é um momento de estabelecer um clima mais informal, dessa forma pudemos quebrar um pouco a tensão inicial entre entrevistada e entrevistadora, e ainda obter informações relevantes sobre as entrevistadas. Para esta autora, na fase de aquecimento quando entrevistamos professoras: “[...] é necessário saber qual a sua formação, tempo de magistério, um pequeno histórico de

seu percurso profissional e o que mais for necessário conforme os objetivos da pesquisa” (SZYMANSKI, 2008, p. 25).

O segundo bloco foi pensado com o intuito de nos fornecer elementos de como as professoras pensam sobre as questões relacionadas às temáticas da diferença, quais os elementos que elas atribuem a essas questões. Isso para que, na segunda etapa, essas informações pudessem orientar nossa observação em sala de aula, bem como pudessem proporcionar a emergência de enunciados atribuídos à diferença nos discursos das professoras.

A prática em sala de aula esteve focada no terceiro bloco de questões, onde buscamos enunciados que nos indicassem como as professoras vinham abordando as questões relacionadas à temática em suas práticas com as crianças. Tivemos também a pretensão de buscar elementos que direcionassem o olhar na etapa da observação, tendo em vista que a rotina na Educação Infantil oferece diversos momentos de interação entre professoras e crianças. Realizadas as entrevistas, combinamos com as gestoras e professoras iniciar a segunda etapa da pesquisa com observações em sala de aula, etapa esta que passamos a descrever.