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Rodrigo 4 Não Sim Sim Sim Com a mãe Livros de história e revistinhas Isadora 4 Sim Sim Sim Sim Sozinha Livros de história

5 Escrita dos sons dos instrumentos e da história narrada

5.3 Sumarização das sessões

5.3.1 Primeira sessão Escola A

Ao dar início à apreciação musical, as crianças tentaram identificar a canção que estava sendo tocada (“Caranguejo/O cravo e a rosa”). Rodrigo e Alberto se manifestaram sobre o conhecimento prévio da música e todos cantaram, dançaram e pularam. A apreciação deu origem ao primeiro tema de discussão entre as crianças, se o caranguejo seria ou não um peixe. No segundo momento, sentamo-nos à mesa para a atividade de desenhar e escrever coletivamente. Os materiais disponibilizados foram tema de diálogo entre as crianças (posição, distribuição e qualidade dos lápis de colorir, tamanho da cartolina). Alberto comentou que havia um caranguejo desenhado em seu diário e o buscou em outra sala de aula para mostrar à pesquisadora e aos colegas. A tarefa foi proposta pela pesquisadora como uma atividade coletiva, entretanto, cada um fez seus desenhos individualmente. Ao serem deixados sozinhos na sala pela primeira vez, comentaram sobre suas preferências de cores e materiais escolares, deram sugestões para os desenhos dos colegas e chamaram atenção dos outros para seus desenhos. Quando retornei à sala, os participantes falaram sobre seus desenhos e criaram uma história oralmente. Eles fizeram referências a personagens de histórias previamente conhecidas durante as atividades, como a sereia “Ariel” (A Pequena Sereia), o “peixe palhaço” (Procurando Nemo) e “Siri Cascudo” (Bob Esponja). As interações e temas discutidos no momento anterior foram retomados pelos participantes e foram essenciais para a construção oral e escrita das histórias. A pesquisadora mediou a

elaboração da história oral por meio de perguntas direcionadas ao grupo e às crianças individualmente (perguntas sobre os desenhos, os nomes das personagens, o que estaria acontecendo, etc). Durante a escrita, Rodrigo e Alberto não realizaram produções próprias enquanto a pesquisadora não estava na sala, mas colaboraram com as escritas de Isadora e Igor. Além disso, no período em que ficaram sozinhos pela segunda vez, os participantes exploraram a filmadora, comentando quem estava aparecendo no visor, dançaram e mandaram beijos. Na última parte da sessão, quando retornei novamente à sala, as crianças foram solicitadas a ler as histórias que tinham escrito. Isadora e Igor fizeram a leitura das suas escritas enquanto Rodrigo e Alberto narraram oralmente as histórias de seus desenhos. Ao final, ajudei a escrita de Rodrigo que não realizara nenhuma produção individualmente.

5.3.1.1 Participação das crianças durante a sessão e produções

Rodrigo deu início à sessão informando à pesquisadora sobre o seu conhecimento prévio sobre a música cantada por todos. Respondeu prontamente às perguntas feitas pela pesquisadora com réplicas mínimas e elaboradas e pedindo informações sobre as atividades propostas. Ele propôs que todos desenhassem juntos e, quando não foi atendido, perguntou à pesquisadora se poderia desenhar a areia. “Porque todo mundo num faz, é.... junto? Um bucado de caranguejos. Quatro caranguejos! (...)”. “(...)Eu posso fazer a areia?” Durante toda a sessão Rodrigo desenhou a areia, tema de alguns diálogos com os colegas quando perguntaram sobre o seu desenho. Quando foi solicitado a criar uma história oralmente sobre o que desenhara, afirmou que não era possível fazê-lo, uma vez que seu desenho só tinha areia. “Eu não consigo porque eu não vou conseguir contar uma história só com areia”. Chamou a atenção dos colegas para o seu desenho, fez comentários, perguntas e pediu esclarecimentos sobre os desenhos dos outros, expressou suas opiniões sobre o uso de cores e sobre o que os demais deveriam desenhar e escrever. Participou da narração oral e da escrita

da história de Isadora, comentando com a colega que uma parte da história narrada por ela não havia sido escrita. Colaborou com a narração da história de Alberto fazendo adições aos seus enunciados e dando continuidade aos fatos narrados pelo colega. Discutiu com ele sobre a soletração da escrita de seu nome real e travou disputa sobre a ocupação por cada um do espaço no papel. As produções escritas de Rodrigo foram um desenho com um caranguejo e areia. Escreveu o nome que deu para o caranguejo que desenhara “João” (Quadro 9, no1) com a ajuda da pesquisadora e dos colegas. Observamos MMIs na fala social (Episódio “Pinça”) mediando a construção de conhecimentos semântico-lexicais e na fala egocêntrica externalizada e relevante (escrita da palavra “João”) mediando a construção de conhecimentos sobre as relações grafema-fonema com variações rítmicas do som do /ã/ e MME no Episódio “Batuque” (Quadro 7).

Isadora conversou com os colegas sobre a direção dos desenhos de cada um de acordo com a sua percepção de posição no espaço mediando por meio da musicalidade implícita para fazer a proposição do problema sobre a relação do posicionamento no espaço (Quadro 8, no1). Suas interações com a pesquisadora se deram com réplicas mínimas e elaboradas às perguntas dirigidas a ela e ao grupo e também fez perguntas sobre o desenho da pesquisadora. Isadora produziu um desenho com as personagens que descrevera na narração oral da história que criou e escreveu a história em seguida, indicando com uma seta os nomes das personagens. Os nomes das personagens desenhadas resultaram do episódio “Batuque” (Quadro 7) que levou à reestruturação silábica e gerou nomes diferenciados dos desenhos. Observamos associação de MMI com aumento da velocidade de fala (Quadro 8, no1) e leitura cadenciada de sua história, Quadro 7) e MME na fala egocêntrica (vocalização com variação de altura para manutenção da atenção – Quadro 9, no 2).

Alberto participou da narração oral da história de Isadora completando os enunciados da colega. Respondeu à pesquisadora e aos colegas com réplicas mínimas e elaboradas sobre

perguntas feitas sobre o seu desenho. Elaborou uma narração oral da sua história quando solicitado, mas não a escreveu. Sua única produção escrita foi o seu próprio nome. Fez perguntas sobre os desenhos dos colegas e sobre a escrita de Igor e colaborou com a escrita de Rodrigo, soletrando para o colega e sugerindo que Igor ensinasse a Rodrigo como se deveria escrever. Houve MMI na fala social (Episódio “Pinça”) e na fala egocêntrica (MMI com variação rítmica sobre a palavra laranja ao procurar um lápis de colorir da mesma cor, Quadro 9, no 5). Ele cantou a música trabalhada na sessão (MME) em resposta à pergunta direcionada à ele pela pesquisadora (Quadro 8, no3).

Igor pediu esclarecimentos sobre a tarefa e comentou o desenho da pesquisadora. Fez comentários e perguntas sobre o desenho dos colegas, sobre os materiais escolares e sugeriu nome para o caranguejo de Rodrigo. Colaborou com a história contada por Isadora, dando continuação à narração da colega. Durante a escrita, cobriu com uma das mãos, buscando esconder dos colegas o que estava produzindo e pediu ajuda à Isadora, que colaborou com o colega soletrando, fazendo correções e perguntas sobre a produção do colega (letras que estavam faltando). Ele fez um desenho e escreveu a história que elaborou oralmente dando também nome às suas personagens. Houve MMI na fala social com aumento de intensidade para exemplificação de contrastes (Quadro 8, no6). Igor bateu com as mãos na mesa ritmicamente na maior parte das vezes que interrompeu as atividades que estava realizando, seja ao desenhar ou ao escrever. Observamos a presença das batidas em momentos de tomada de decisão (escolha da cor do lápis), de atenção direcionada ao colega (quando o outro estava falando ou contando história), durante e ao final da realização das atividades de desenho e escrita. Ele cantou um uma música conhecida, tema de uma novela da época ao gravador e também a música trabalhada na sessão (MME) em complementação à resposta à pergunta direcionada à ele pela pesquisadora (Quadro 8, no3).