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DAS PRIMEIRAS AULAS COM IAIAZINHA AOS ESCRITOS NO CURSO CLÁSSICO DO ATHENEU SERGIPENSE: O ALUNO BONIFÁCIO FORTES

2 “DEU OS PRIMEIROS PASSOS E D’HAÍ CONTINUOU A CAMINHAR”: NAS TRILHAS DE “LINHAS FRAGMENTADAS”

3 MEMÓRIAS DOS “MESTRES DE TUDO”: ITINERÁRIOS ESTUDANTIS NAS TERRAS SERGIPANAS DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO

3.5 DAS PRIMEIRAS AULAS COM IAIAZINHA AOS ESCRITOS NO CURSO CLÁSSICO DO ATHENEU SERGIPENSE: O ALUNO BONIFÁCIO FORTES

Nascido em Aracaju em 1926, José Bonifácio Fortes Neto teve as suas primeiras lições com a Professora Iaiazinha Maia, docente da cidade de Laranjeiras que veio residir na capital de Sergipe. De lá, foi para o Jardim de Infância Augusto Maynard Gomes, sendo que seu nome consta na Lista de Matrícula dos alunos do citado Jardim de Infância no seu primeiro ano de funcionamento com o número 51 (LEAL, 2004).

A Casa da Criança, implantada em 1932 com o Jardim de Infância, e a Inspetoria de Higiene Infantil foi uma inovação em Sergipe, tendo em vista que poucas instituições no país tinham os ideais educativos aliados aos cuidados com a saúde e a higiene infantil (LEAL, 2004). Deste modo, aquela instituição nasceu da conjunção de forças da sociedade civil e das normalistas que fizeram com que as práticas educativas no Jardim, durante a primeira década de funcionamento, considerassem: “[...] a formação da criança como sujeito social, enfatizando os aspectos psicológicos, morais e intelectuais, na medida em que se voltava para a sua preparação para a vida em sociedade e cotidiana, e para o ingresso nas escolas primárias” (LEAL, 2004, p. 99).

Segundo Souto (2003a e 2003b), por meio da análise do programa do Jardim de Infância Augusto Maynard, de 1934, enviado ao Diretor da Instrução Pública pela primeira diretora, a professora Penélope Magalhães dos Santos114, pode-se constatar que praticamente

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Segundo Vilas-Bôas (2000), Penélope Santos Magalhães (1886-1982), nasceu na cidade de Laranjeiras-SE e ali estudou na Escola Americana, instituição protestante, onde começou seu interesse pela música, inclusive aprendendo a tocar piano. Tempos depois seguiu para a Califórnia nos Estados Unidos para continuar os estudos. Lá permaneceu por doze anos, inclusive começou a vida na docência. De volta ao Brasil trabalhou por algum tempo no Colégio de Ponte Nova na Bahia e depois retornou a Sergipe. Assumiu a cadeira de Inglês da Escola

diretora do Jardim, a professora Ernestina Varela.

Por meio dos seus estudos, Souto (2003a e 2003b) esclarece que as semelhanças entre os programas das escolas ocorrem tanto no tocante aos seus objetivos gerais, como também à sua forma de organização, por exemplo: os exercícios de linguagem; trato com os dons froebelianos, como as esferas, os cubos, cilindros; trabalhos manuais; trabalhos com números; ginástica; músicas, entre outros. A utilização dos jogos de Decroly e a distinção das formas, nas 1ª e 2ª séries de cartões Montessori também exerceram forte alcance nestes programas pedagógicos. A partir do cotejo dos programas, o autor defende a ideia de uma influência dos moldes pedagógicos oriundos do centro-sul do país no funcionamento do primeiro Jardim da Infância público sergipano, aspectos que refletiram na formação e na posição social dos alunos oriundos dessa instituição, entre eles, Bonifácio Fortes.

Dentro dessa perspectiva, Leal (2004) salienta que os ideais de inovações educativas para a formação da criança, principalmente com as ideias de Friedrich Froebel sobre Jardim de Infância, kindergarten, fundamentaram-se as propostas e a atuação do Jardim de Infância em Sergipe. Cabe salientar ainda que a sua primeira diretora, Penélope de Magalhães, foi designada para estudar a organização do Jardim de Infância no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1931, e lá, observou e trouxe para Sergipe, as ideias expostas em relatório divulgado no

Diário Oficial do Estado, em 13 de janeiro de 1932.

Vilas-Bôas (2000) esclarece que as visitas da professora Penélope aos citados estados contribuíram para a criação do Jardim, que não seguiu os modelos tradicionais nem ao menos com relação ao espaço. A instituição contava com módulos que ofereciam recreação, teatro, dança, desenho e música, contando ainda com um auditório em formato de concha para a comemoração das datas festivas e um busto de Augusto Maynard Gomes logo na entrada.

Segundo Leal (2004), é com base nessas experiências da pioneira diretora, juntamente com outros sujeitos, como Helvécio de Andrade, que o Jardim é criado e Bonifácio Fortes lá estava na sua primeira turma sendo aluno da professora Marita Vilas Boas. Do Jardim de Infância, Bonifácio Fortes seguiu para o Colégio Nossa Senhora da Glória, onde realizou o curso primário. Tal escola funcionava na Rua de Maruim, entre Itabaiana e Santa Luzia, o

Normal e teve atuação marcante em algumas escolas particulares do estado, inclusive no Jardim de Infância Augusto Maynard. De acordo com Nunes (2008, p. 267) a partir de uma fala de Maria Rita Soares de Almeida no ano de 1929, Penélope Magalhães “[...] no momento ‘a mulher mais culta de Sergipe. Educada no centro fértil central que é a América do Norte, trouxe para seu estado, vasto cabedal, que aqui transfunde altruisticamente a quantos buscam ensinamentos em seu talento e cultura’”.

Freire, conhecida como Dona Clarita, e estudou lá de 1933 a 1936 (SANTOS, 1992).

Ainda segundo a mesma fonte, seu curso ginasial foi realizado no Colégio Tobias Barreto. Todavia, no secundário migrou para o Atheneu Sergipense, concluindo-o em 1944. No Boletim Geral da Terceira Série de 1940 do Colégio Tobias Barreto, consta o nome de Bonifácio Forte tendo cursado as disciplinas de Português, Francês, Inglês, História da Civilização, Geografia, Matemática, Física, Química, História Natural e Desenho (LIVRO DE NOTAS DE ALUNOS DO TOBIAS BARRETO (1933 a 1941) – DIESP/SE).

A saída de Bonifácio do Colégio Tobias Barreto ocorreu por conta de uma punição injusta recebida por ele, naquele estabelecimento de ensino, conhecido pela rigidez e militarização. Sobre a fase de estudante no Tobias Barreto, afirma ter sido uma experiência trágica: “Tinha um tal de boletim diário, de araque, umas guardas, uma prisão, onde você fazia qualquer coisa em sala de aula e um bedel reclamava, prendia a gente” (FORTES NETO, 1992, p. 9).

Bonifácio Fortes não aprofunda o assunto da expulsão daquele estabelecimento de ensino. Não obstante, é preciso ressaltar que um acontecimento como este possivelmente repercutiu no meio estudantil e mesmo no magistério daquela e de outras escolas, do seu entorno. Bonifácio Fortes era filho de um secretário do Estado, dentista da cidade, seu irmão mais velho, Lélio Fortes, frequentou a mesma escola e, além disso, era um discente, com publicações em jornais de circulação local e ativa participação em associações estudantis.

A expulsão pode estar ligada às atividades no grêmio estudantil, ou mesmo a um não enquadramento de Bonifácio Fortes às regras da escola – quiçá liderou um grupo de discentes que ameaçavam a ordem da instituição educacional. Tais induções podem ser extraídas do trecho registrado por Bonifácio na entrevista exposta sobre a existência de uma “prisão”: “[...] onde você fazia qualquer coisa em sala de aula e um bedel reclamava, prendia a gente” (FORTES NETO, 1992, p. 9). O fato de apresentar uma experiência na “prisão” da escola e relatar as reclamações do bedel mostram que possivelmente a expulsão não foi a primeira vez de embates entre o aluno Bonifácio Fortes e a direção daquele estabelecimento de ensino, pelo contrário, pode ter sido a culminância de um processo de divergências.

Mesmo assim, relembrou das qualidades do seu diretor, tendo “Zezinho Cardoso como um grande educador” e salientou que o sustentáculo do colégio, além do proprietário, estava nas mãos do professor José Barreto Fontes, o Barretão, e da professora Estelita Dias. Nesse colégio, foi aluno dos mais renomados professores à época, tal como consta no Quadro 7:

Colégio Tobias Barreto (1938-1942)

CADEIRA PROFESSOR

Geografia Luiz Figueiredo Martins

História Natural Garcia Moreno

História José Calazans Brandão da Silva

Matemática Abdias Bezerra

História Arthur Fortes

Português Santos Melo

Física e Química Lucilo da Costa Pinto

Ciências José de Alencar Cardoso

Física Tavares Bragança

João Alfredo Montes

Português Acrísio Cruz

Fonte: Quadro elaborado pelo autor com base no depoimento de Bonifácio Fortes publicado no Jornal da Cidade (1992), Breve Biografia de Bonifácio Fortes (s/d) e os estudos de Mangueira (2003).

Além dos mestres ilustrados no Quadro, Bonifácio citou também o Padre Jackson e o professor Jacinto sem fornecer maiores detalhes. Mangueira (2003) mostra que dos 15 professores do Colégio Tobias Barreto, no ano de 1934, 9 também eram professores do Atheneu Sergipense. Já no ano de 1939, podem-se localizar nomes como os de Felte Bezerra, que também lecionava nas duas instituições.

Em outro registro, acerca do seu período do Ginásio, Bonifácio destacou a figura de José Rollemberg Leite como seu professor de Física no Tobias Barreto, entre 1941 e 1942, sublinhando: “[...] o valor didático de suas aulas, a segura competência e exatidão no cumprimento do dever, seu respeito pelo aluno e a justiça do seu julgamento” (FORTES NETO, 1981, p. 14).

Um significativo elemento para compreender a formação intelectual de Bonifácio Fortes no Colégio Tobias Barreto trata-se da matéria “Cidade berço de Sergipe”, publicada pelo estudante da 4ª Série B no jornal O Nordeste. O texto escrito por Bonifácio traz um relato do discente após uma viagem para a cidade de São Cristóvão/SE conduzida pelo professor de História do Brasil, José Calasans Brandão da Silva115. Na publicação, Bonifácio aponta o objetivo da excursão e outros detalhes daquela aula que figurou na imprensa sergipana:

A finalidade da excursão era a mais útil possível.

Íamos aprender a História de Sergipe no mesmo local do seu nascimento e ouvir o professor José Calasans, talento moço e sadio, notável pesquisador

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Santos (2015) explora a referida matéria com um olhar voltado para a cidade de São Cristóvão, a figura de José Calasans e o patrimônio histórico sergipano dentro da problematização da tese acerca dos caminhos da Romaria do Senhor dos Passos em Sergipe.

objetivo: - Aprender – fomos conhecer de perto a relíquia dadivosa, a joia mais preciosa. [...] São Cristóvão é uma cidade antiga, seu estilo é colonial e lembra Salvador. É uma cidade monumento onde tudo é História, recordações de Sergipe de outrora (FORTES NETO, 1941, p. 3).

O texto bem escrito, com elogios ao docente, pode ter passado tanto pelo crivo de José Calasans, como pelo pai de Bonifácio, Arício Fortes, que à época trabalhava com o professor de História do Brasil na Diretoria Geral do Ensino. O fato de um jovem com 15 anos de idade, aluno do ensino secundário, publicar na imprensa local também merece ser ressaltado, além de comparar São Cristóvão a Salvador – possibilitando inferir que, possivelmente, Bonifácio já conhecia a capital da Bahia, pois o irmão dele já estudava no vizinho estado e os laços com aquela cidade já existiam antes mesmo da sua mudança para cursar o ensino superior.

O trato com os conteúdos de História, a valorização dos elementos arquitetônicos da cidade como uma “relíquia dadivosa”, possivelmente, expressões ouvidas do próprio professor, assim como o fato de fazer referência ao estilo colonial de São Cristóvão e, mais que isso, o uso da expressão “cidade monumento” são elementos que apontam para as práticas educativas efetivadas dentro ou fora da sala de aula e indicam o cotidiano da formação de Bonifácio. Outra passagem da matéria ajuda no entendimento do que foi ensinado naquela aula, na primeira capital de Sergipe:

[...] Calazans reunindo os seus alunos dirigiu-se à igreja Matriz, onde à porta fez demorada preleção. A igreja Matriz também chamada Igreja de Nossa Senhora da Vitória é um belo templo, tem seu aspecto novo e, passa, por ser exteriormente a mais bela da cidade. Conta-se que é a Igreja mais velha de São Cristovam, mas esse fato não tem confirmação precisa. Narra-se que fora construída por ordem dos Felipes da Espanha (1590 1640) e até o século passado ostentava ainda os brasões desses monarcas. Atualmente há em sua fachada 3 datas : 1687 – 1845 – 1855 - que nos deixam em dúvida acerca de sua construção. A Igreja está pintada de nova e tem as torres cobertas de azulejo. Sob o ponto de vista artístico o interior não impressiona. Nela acha- se enterrado o Comendador Sebastião Gaspar de Almeida Boto e o célebre orador Padre José Gonçalves Barroso, que foi o seu reconstrutor (FORTES NETO, 1941, p. 3).

A descrição do estudante da quarta série do ensino secundário sobre a aula de História aparece marcada pelos detalhes e acontecimentos que ligam São Cristóvão à História da colonização do Brasil de forma mais ampla. Aspectos como o nome da Igreja Matriz e a crítica de que “Sob o ponto de vista artístico o interior não impressiona” são contundentes e mostram opinião diante do que viu na cidade e ouviu de José Calasans.

funcionavam essas aulas para além do espaço escolar. Preleções e observação do espaço visitado acompanhado de mais informações do professor da cadeira, como deve ser o caso de Bonifácio saber que a construção da matriz está vinculada ao reino da Espanha ou mesmo atentar-se para as três datas figuradas na fachada da igreja matriz.

Provavelmente ouviu do seu professor de História do Brasil, de quem se tratava as figuras ali enterradas, um dos políticos de maior atuação em Sergipe no século XIX e o vigário que reconstruiu a Igreja visitada. As aulas em São Cristóvão, possivelmente, faziam parte do programa de História da Civilização do curso fundamental, pois a cadeira de História do Brasil, de forma separada da Universal, surgiu com a Reforma de Gustavo Capanema em 1942.

A aula na antiga São Cristóvão prosseguiu pela Igreja e Ordem Terceira do Carmo; passou pelo claustro e pelo “Pateo dos Milagres”. Logo depois, seguiram para o claustro do convento das carmelitas, o palácio onde foram recebidos pelo prefeito da cidade, e ouviu-se por volta de mais trinta minutos as falas de José Calasans sobre a história da cidade, dos ataques holandeses e a visita do Imperador D. Pedro II. Para completar a aula, ouviram histórias sobre João Bebe Água, foram à igreja da Misericórdia e aos templos do Amparo e do Rosário. Dali, deslocaram-se para a fábrica “Pedreiras”, sendo recebidos pelo engenheiro e ex-interventor de Sergipe, Leandro Maynard Maciel, que os guiou pela usina, vila operária e outras partes da obra. Para finalizar sua descrição, Bonifácio escreve: “[...] com os corações cheios de alegria e deslumbrados com este São Cristovam de hoje moça velha, feliz, rica, industrial e progressista” (FORTES NETO, 1941, p. 4).

No programa da cadeira referente à 4ª série do curso fundamental, expostos por Freitas (2006, p. 198 – 199), observam-se conteúdos como a “Extensão do poderio português: capitanias e governo geral”, “As vilas e cidades brasileiras; as câmeras municipais”, ou mesmo “A Igreja no Brasil: sua organização e influência”. Pontos do programa de ensino que facilmente poderiam ser explorados naquela aula ministrada em São Cristóvão, narrada nas palavras do aluno de Bonifácio Fortes.

O professor responsável pela viagem foi José Calasans Brandão da Silva116, à época, um jovem docente, como descrito na reportagem que já se dedicava ao universo das pesquisas. Em Sergipe, Calasans atuou como professor no Atheneu Sergipense (1938-1944), Escola Normal Rui Barbosa (1939-1947), Colégio Nossa Senhora de Lourdes (1940) e no

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A respeito de José Calasans Brandão da Silva (1915-2001) no magistério em Sergipe ver Costa (2011), já sobre a vida do sergipano na Bahia consultar Nascimento (2004).

Barreto, ou no Atheneu Sergipense com Oscar Nascimento e Arthur Fortes podem ter contribuído no gosto pela História de Bonifácio Fortes, sendo que já no final da década de 1940 e ao longo de 1950 lecionou História do Brasil nas duas escolas onde cursou seu ensino secundário, Atheneu Sergipense e Tobias Barreto, além de se aventurar pelos caminhos do magistério no Colégio Jackson de Figueiredo e na Escola Normal Rui Barbosa.

Em 1943, quando ingressou no Atheneu Sergipense, este atendia às deliberações da Reforma de Gustavo Capanema117 e alterava novamente a estrutura do ensino, sendo Bonifácio aluno da primeira turma do curso clássico. Neste momento, o estabelecimento de ensino secundário encontrava-se sob a direção do professor Joaquim Vieira Sobral.

Segundo Souza (2008), a Reforma do Ministro Gustavo Capanema, em 1942, denominada Lei Orgânica do Ensino Secundário (Decreto-lei n. 4.244, de 9 de abril de 1942), conseguiu, em certa medida, recuperar algumas das tradições nesse ramo do ensino, retiradas na Reforma de Francisco Campos, em 1931: “[...] especialmente a formação humanista e a concepção do ensino secundário como educação das elites (SOUZA, 2008, p. 171)118.

Como estudante secundarista, a vida de Bonifácio Fortes foi intensa. No Diário Oficial

do Estado de Sergipe de 10 de agosto de 1943, localizei a instalação da Associação dos

Estudantes Secundários de Sergipe, que tinha como norma defender a classe estudantil e eleger seus membros para participar do I Congresso Interestadual de Estudantes Secundários

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Para explicar a Reforma Capanema, o Atheneu Sergipense publicou no Diário Oficial do Estado de Sergipe em 30 de Dezembro de 1942 uma matéria intitulada “Colégio Estadual de Sergipe – Curso clássico e curso científico” e prossegue “Afim de que seus pais e alunos tenham conhecimento do segundo ciclo do ensino secundário, a diretoria do Colégio Estadual de Sergipe publica as seguintes observações: 1- Terminado os estudos do curso ginasial (os quatro primeiros anos), o aluno que desejar consolidar a educação recebida no curso ginasial e assim fizer jus ao ingresso nas faculdades ou escolas superiores, terá de optar por um dois cursos, clássico ou científico. 2- Qualquer desses cursos dará direito, sem necessidade de exames vestibulares, à matricula em qualquer faculdade ou escola superior, ao contrário do que ocorria com o curso complementar da legislação anterior o qual era divido em secções (pré-jurídica, politécnica e médica), cada uma das quais especializava o aluno para determinada profissão. 3- No curso clássico prepondera a formação literária; no curso científico haverá um estudo maior da ciência. 4- Quem tiver penhor para letras, língua e filosofia deverá preferir o curso clássico. Aquele, porém, cuja vocação levar de preferência aos estudos de matemática, física, química e biologia, escolherá o curso científico. 5- Serão disciplinas do curso clássico: português, latim, grego (facultativo), francês, inglês, espanhol, matemática, história geral, geografia geral, física, química, biologia, história do Brasil, geografia do Brasil e filosofia. Não haverá desenho no curso clássico. Serão disciplinas do curso científico: português, francês, inglês, espanhol, matemática, física, química, biologia, história geral, geografia geral, desenho, história do Brasil, geografia do Brasil e filosofia. Não haverá latim no curso científico. 7- As disciplinas comuns aos cursos clássico e científico serão ensinadas de acordo com o mesmo programa, salvo a matemática, a física, a química e a biologia, cujos programas terão maior amplitude no curso científico de que no curso clássico, e a filosofia que no curso clássico terá mais amplo programa do que no científico. 8- É conveniente, antes da matrícula, em caso de dúvida, conversar o aluno com o diretor do estabelecimento” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, 30 de dezembro de 1942).

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Sobre os reflexos da Reforma Capanema em Sergipe ler a monografia de conclusão de curso em História Licenciatura de Almeida (2009), intitulada: “A Reforma Gustavo Capanema: vislumbrada no currículo do Atheneu Sergipense (1940-1944)”.

Aloisio Sampaio, vice presidente; José Medeiros Costa, segundo secretário; José Bonifácio Fortes Neto, tesoureiro; Evandro Soares Carvalho e Isaac Zukerman, diretores de publicidade.

Já no próprio Atheneu Sergipense, Bonifácio fez parte do Grêmio Cultural Clodomir Silva na gestão de 1944, sendo ela composta pelo professor Joaquim Vieira Sobral, como presidente de honra; Pedro Ribeiro, presidente efetivo; Valter Felizola Soares, vice- presidente; José Bonifácio Fortes Neto, primeiro secretário; Antonio Clodomir de Souza e Silva, segundo secretário; Abelardo Monteiro, tesoureiro; Florival Ramos, José Oliveira Lima e Aloisio Sampaio, membros do conselho fiscal, além de Isaac Zuckeman, diretor de publicidade (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, 30 de maio de 1944).

Ressalto que os nomes dos estudantes da Associação e do Grêmio muitas vezes se repetem o que demonstra certo domínio daqueles que se dedicavam à política estudantil ou às atividades culturais propostas pelo Grêmio Cultural Clodomir Silva. Observo também que, apesar de Bonifácio participar das duas entidades, seu nome não consta no ápice da direção – ocupou constantemente cargos intermediários, nos quais teve uma atuação efetiva, principalmente, nos discursos e publicações nos jornais estudantis que era sua especialidade.

Do período de estudante do Atheneu Sergipense, Bonifácio relembra que havia “[...] uma turma da ponta dos cascos”, composta por Aloisio Sampaio, Florival Ramos, Pedro Ribeiro, Valter Felizola, Clodomir de Souza e Silva e Joaquim Calda (FORTES NETO, 1992). Pela repetição dos nomes, os amigos de Bonifácio que mais aparecem nas suas