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CAPÍTULO 2 BERGSON E AS IMPLICAÇÕES DE SUA TEORIA PARA UMA

3.4 O PRIMEIRO CONTATO COM AS INSTITUIÇÕES

A primeira instituição procurada foi bastante receptiva em nossa acolhida, estando todos, desde a direção até a coordenação, solícitos quanto ao nosso trabalho. O mesmo ocorreu com os professores, ao cederam as suas aulas para que aplicássemos os questionários com os alunos. Essa presteza foi decisória para que pudéssemos coletar os dados nessa instituição, visto que foi a que apresentava o maior quantitativo de alunos a serem consultados; foram 165 questionários. Outro fator, para o qual foi muito importante a colaboração dos professores, foi o fato do curso de Pedagogia, nessa instituição, ser oferecido nos três turnos e muitas vezes não encontrávamos os alunos dos três últimos períodos no seu turno de origem. Ou seja, podíamos encontrar um aluno do noturno pagando disciplina no turno da manhã e vice-versa.

Mais uma vez destaco a importante colaboração de funcionários, da direção, da coordenação, que mesmo antes de começarmos a aplicação dos questionários com os alunos, já tinham nos adiantado listas com os nomes de todos os alunos que estariam, naquele semestre, matriculados nos períodos que delimitamos para pesquisa.

identidade docente. Ou melhor, o que constitui essa identidade, aqui nós pensamos dar uma pequena contribuição para os estudos desse campo.

É importante ressaltar que essa instituição teve como peso maior em sua escolha o fato de ter sido nela que fizemos o nosso curso de graduação em Pedagogia. Nesse sentido, um trabalho que se destina a uma análise a partir de abordagem biográfica, não poderia deixar de lado a instituição na qual nos profissionalizamos, até porque muito da história desta pesquisa se origina na nossa passagem por essa instituição.

Na segunda instituição, procuramos a coordenação do curso que nos encaminhou para a coordenação geral das licenciaturas. Apesar de todos os documentos terem sido preenchidos corretamente pela secretaria do programa do qual fazemos parte e entregues com antecedência, passamos 20 dias para receber uma resposta sobre a posição da instituição a respeito da autorização para realizar a pesquisa. A instituição nos informou que por problemas ocorridos anteriormente com outros pesquisadores não seria autorizada a realização da pesquisa com os alunos e professores da mesma.

A partir da resposta dessa instituição, partimos para uma terceira opção que se enquadrava nos nossos critérios de escolha, descritos anteriormente. Nessa instituição também houve, como na primeira, uma receptividade muito grande à nossa presença. Tanto professores, quanto alunos foram sempre muito disponíveis no que foi necessário desde o questionário até as últimas conversas com os professores. Nessa instituição, o quantitativo de alunos foi menor (86 alunos) e foram encontrados em apenas um turno35. Vale ressaltar que a segunda instituição escolhida possui o curso de Pedagogia há mais de 20 anos e também localiza-se na região metropolitana do Recife36.

3.4.1 PARTICULARIDADES DA INSTITUIÇÃO “A” E DA INSTITUIÇÃO “B”

Apresentamos agora reflexões advindas de nossas percepções no momento das conversas com os professores nas duas instituições. Essas reflexões têm o cuidado de não buscar caracterizar uma visão comparativa, de modo a desqualificar essa ou aquela, mas não conseguimos deixar de lado algumas dessas impressões,

35 Nessa instituição, o curso de Pedagogia só é oferecido no noturno.

36 Não detalharemos mais informações como tempo de fundação, endereço, etc..., de nenhuma das instituições a fim de poder preservar ao máximo sua identificação.

pois elas também ilustram uma paisagem que influencia os nossos professores e a nós mesmos.

Um primeiro registro importante, e porque não dizer curioso, foi que sempre quando entramos em contato com os professores colocávamos à disposição a escolha do local para o encontro, ou seja, poderia ser em locais fora das universidades. Curiosamente em nenhum dos vários encontros, e foram ao todo mais de 17 encontros, os professores cogitaram de ocorrerem fora dos seus locais de trabalho. Isso para nós, apesar de não termos uma explicação, foi um fato curioso.

Há outros aspectos que devemos refletir mais profundamente e que, a nosso ver, interferiu não nos resultados da análise, mas no comportamento de nosso sujeito e pesquisa. O fato de estarem em instituições, uma pública e outra privada, produz nos sujeitos, mesmo que eles não percebam, uma mudança na forma de se comportar diante de uma situação de entrevista. É claro que temos clareza que isso não ocorre de igual forma para todos, mas, por exemplo, os professores da rede pública apresentavam uma maior tranqüilidade e liberdade ao tratar sobre o tema. Nessa instituição, algo que talvez tenha influenciado esse clima entre os professores entrevistados deva ter sido o conhecimento anterior que os professores tinham a nosso respeito. Como já sinalizei em outro momento, essa instituição foi onde eu já havia estudado, e logo todos os professores entrevistados ficaram mais à vontade comigo.

Enquanto isso, na instituição privada, apesar da colaboração e riqueza das conversas, havia vez ou outra uma necessidade dos narradores incluírem em suas falas o que chamamos de ícones no vocabulário atual do campo pedagógico. Ou seja, o que queremos dizer é que esses professores muitas vezes tinham uma preocupação, mesmo que inconsciente, em demonstrar que dominavam o significado dos saberes, da discussão acerca da identidade docente, sobre competência, sobre organização do trabalho pedagógico. Com todo devido respeito a esses conhecimentos, o que aqui levantamos é que na maioria das nossas conversas a maior preocupação era com o que eles viveram, sentiram, vibraram etc... Pensamos que, talvez, um dos fatos que contaram para esse tipo de comportamento seja ter sido apresentada como aluna do doutorado, e enfim, não podemos negar que a presença do pesquisador, a princípio, causa certo “cuidado”

com o que se fala e qual a finalidade do trabalho que se vai fazer. Porém, e isso nós já vislumbrávamos acontecer, não interferiu na qualidade de nossas conversas.