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2.2 Evolução do Estudo da Legibilidade

2.2.2 Primeiro Período

De acordo com [305] o primeiro período de estudos de legibilidade, dita clássica, iniciou- -se por volta de 1920. No entanto, [79] situa os estudos mais antigos sobre legibilidade no final do século XIX, como se viu na secção 2.2.1 no caso das escolas primárias. Ambos estarão correctos na medida em que [305] considera apenas a altura a partir da qual os estudos sobre legibilidade começaram a ser realizados de forma mais sistemática.

Ao longo dos séculos, escreveu-se muito sobre as diferenças entre os estilos do inglês or- namentado e simples [79, p.10]. Em 1880, Lucius Adelno Sherma, professor de Literatura Inglesa da Universidade do Nebraska, começou a ensinar literatura a partir de pontos de vista históricos e estatísticos e no seu livro, em 1893, “Analytics of Literature, A Manual for the Objective Study of English Prose and Poetry” mostrou como o tamanho das frases se tornavam mais pequenas ao longo dos tempos.

No início do século XX, existia uma grande preocupação com a dificuldade de compre- ensão dos conteúdos de livros de texto e outros materiais escritos [304]. Surge assim a investigação de métodos práticos que associassem os textos às competências dos leitores, estudantes e adultos [79, p.11]. Mais especificamente, a principal finalidade dos estudos sobre legibilidade clássica era desenvolver métodos práticos que pudessem ser usados em materiais de leitura de estudantes e adultos, no sentido de determinarem o seu nível de legibilidade.

Neste período, a investigação da legibilidade decorreu essencialmente em duas verten- tes, que correspondiam às preocupações existentes [304]:

• Estudo do controlo do vocabulário; • Estudo de medição da legibilidade.

Ambas as vertentes (áreas de investigação) tiveram o seu início por volta da mesma altura, embora os estudos de controlo de vocabulário tenham prevalecido durante os primeiros anos.

Através de estudos de controlo do vocabulário pretendia-se avaliar qual o vocabulário mais eficaz para se aprender a ler a partir da leitura de livros de texto. Nesses estudos eram estudadas as novas palavras de cada livro, o número de vezes que apareciam e a sua dificuldade. Estes estudos centraram-se ao nível do ensino primário.

Em 1921, Thorndike publicou “The teacher’s Word Book” [275], um livro que fornecia uma forma de medir a dificuldade das palavras. Para isso, tabulou as palavras de acordo com a frequência do seu uso na literatura em geral, assumindo que as palavras que eram encontradas mais frequentemente pelos leitores eram de menor dificuldade de compreensão que as que apareciam mais raramente. O livro de Thorndike foi a primeira lista extensiva de palavras em inglês apresentada pela frequência.

Entretanto apareceram outras listas indicando a dificuldade das várias palavras e houve mesmo diversas lições para ensino da leitura que foram adaptadas tendo em atenção a dificuldade de cada palavra.

A segunda vertente consistiu em estudos de medidas de legibilidade. Nesse sentido concentraram-se esforços de modo a criar fórmulas de legibilidade que os professores e bi- bliotecários pudessem usar [79, p.11]. Esta área de investigação deu grande importância

2.2. Evolução do Estudo da Legibilidade Isabel Sampaio aos materiais para graus de ensino mais elevados, incluindo o universitário e o ensino de adultos. Os estudos mais antigos sobre legibilidade eram conduzidos através de questio- nários a alunos, livreiros, bibliotecários e professores sobre o que achavam que tornava os textos legíveis [305]. Em 1920, a população da escolaridade júnior e sénior foi alterada. Anteriormente a população completava a sua escolaridade formal nos graus elementares. Nesta nova geração, os estudantes já frequentavam o secundário [79, 305].

Em 1921, o psicológo Kitson publicou “The Mind of the Buyer” [153, p.77] onde mostra como e porque é que os leitores das diferentes revistas e jornais são diferentes uns dos outros. Na sua teoria, o tamanho da frase e da palavra, medidas pelas sílabas, são bons indicadores de legibilidade. Ele confirmou as suas teorias através de análises de jornais e revistas. Mais tarde Catalano confirmou esta teoria [47].

Ao longo do século XX foram desenvolvidas várias fórmulas de legibilidade com di- ferentes propósitos e que englobavam documentos governamentais, artigos de jornal, do- cumentos médicos, livros escolares, entre outros [20]. O desenvolvimento de fórmulas de legibilidade foi feito inicialmente com base na língua inglesa. A segunda língua para a qual foram realizados trabalhos de legibilidade foi o espanhol. Seguiram-se outros tra- balhos similares em outras línguas. Em 1980, existiam cerca de 200 fórmulas e mais de mil estudos publicados sobre testes das fórmulas de legibilidade, da sua validade teórica e estatística [79, 22].

Em 1923, Bertha A. Lively e Sidney L. Pressey tiveram dificuldade em escolher livros de texto científicos para os alunos de escolaridade júnior. Os livros tinham muitas palavras técnicas e com isso teriam de gastar muito tempo das aulas a ensinar o vocabulário. No seu artigo é apresentada a primeira fórmula de legibilidade para crianças. O estudo de Lively-Pressey teve grande influência nos estudos de legibilidade que se seguiram.

Entre 1928 e 1945 realizaram-se estudos que mostraram quais as fórmulas de legibili- dade mais adequadas para aplicar à literatura infantil com o propósito de determinar a compreensibilidade de material escrito nessa área [130].

A fórmula de “Flesch Reading Ease Readability” publicada em 1948 [120] terá também sido uma das primeiras. Este índice de legibilidade é baseado no número médio de sílabas por palavra e palavras por frase. A taxa de facilidade de leitura de textos da fórmula de legibilidade de Flesch é dada numa escala de 100 pontos, em que quanto maior a

pontuação, mais fácil é entender o texto. Em 1952, Gunning [305, 79, 120] publicou uma fórmula de legibilidade desenvolvida para adultos, o Índice de Fog (Gunning Fog

Index), a qual se tornou muito popular devido à sua facilidade de utilização. tualiz Com

a publicação das fórmulas de Flesch e de Dale-Chall também em 1948 e Gunning em 1952 entre outras, terminou o primeiro período de desenvolvimento dos estudos da legibilidade [305, p.45]. Já [79] considera que este período terminou na década de 40 com a publicação das fórmulas de Flesh e de Dale-Chall. Dada a importância da fórmula de Gunning parece mais aceitável a posição de [305].

Em síntese, por volta de 1920, os educadores descobriram uma forma de usar a difi- culdade do vocabulário e o comprimento da frase para prever o nível de dificuldade de um texto. Embeberam este método nas fórmulas de legibilidade, mostrando o seu valor em mais de 80 anos de aplicação [79]. Até aos anos 50 do século XX, a investigação das fór- mulas eram uma espécie de segredo e as fórmulas eram usadas tipicamente em jornalismo, investigação, saúde, direito, seguros e indústria [79].

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