• Nenhum resultado encontrado

Princípio da progressão complexa

2. Revisão da Literatura

2.2. Necessidade de uma nova preocupação

2.2.4 Pressupostos básicos da operacionalização do treino: modelos

2.2.4.4 A “forma desportiva” dentro de uma certa forma de

2.2.4.5.1 Princípio da progressão complexa

Na ideia de Amieiro et al. (2006) este princípio diz respeito a uma hierarquização dos principios e sub-princípios de jogo. Nada tem a ver com a uma progressão do geral para o específico, do volume para a intensidade e nem do aeróbio para o anaeróbio. Estamos, portanto, a falar de uma progressão como pano de fundo duma aquisição de uma determinada forma “jogar”, que acontece, pelo menos, em três níveis diferentes: ao longo da época, ao longo da semana (tendo em conta o jogo passado e o próximo) e por fim ao longo de cada unidade de treino, tornando-se assim, uma progressão complexa onde cada nível tem relação com os demais.

Revisão da Literatura

Após a desintegração dos princípios em sub-princípios e sub-princípios dos sub-princípios do modelo de jogo, torna-se necessário reintegrá-los, sempre dentro de uma dinâmica do processo, de uma vivência hierarquizada dos princípios de jogo (Amieiro et al., 2006), porém, para perceber a lógica estrutural do padrão semanal na sua totalidade é necessário associar ao princípio da progressão complexa o principio da alternância horizontal em especificidade.

2.2.4.5.2 Princípio da alternância horizontal em especificidade

“A estruturação da semana de treino e do que fazer em cada dia não está apenas relacionada com os objectivos tácticos, mas também com o «regime físico» a priveligiar, na medida em que tenho de ter em conta, por exemplo os aspectos da recuperação, nomeadamente no que diz respeito à proximidade ou não do jogo anterior e do próximo. Portanto, num determinado dia o trabalho táctico-técnico incide mais sobre a recuperação do último jogo, noutro dia, sobre aquilo que eu, para simplificar, chamo de «força técnica», e assim sucessivamente.” (Mourinho citado por Amieiro et al., 2006)

O principio metodológico acima referido é fundamental na concretização da Periodização Táctica, funcionando como que um guia processual, pois para além da aquisição hierarquizada do modelo de jogo criado e dos princípios que lhe dão corpo, é necessária uma preocupação em manter uma regularidade semanal no que diz respeito à alternância dos diferentes padrões de desempenho- recuperação (Amieiro et al., 2006). Isto remete-nos para o tema da dinâmica das cargas, onde Bondarchuk (1992) defende uma utilização, ao longo de toda a época, de uma percentagem muito elevada de exercícios específicos com intensidade elevada e volume constante. De acordo com esta ideia, Court (1992) salienta que os exercícios específicos só produzem resultados positivos se trabalhados a altas intensidades durante toda a época desportiva.

Para Carvalhal (2001), tudo é feito em alta intensidade, ou seja, velocidade em concentração. O treino específico requer intensidades máximas, então o volume deverá ser o das intensidades máximas acumuladas. Neste ponto, o mesmo autor refere que a recuperação deve estar sempre presente entre os exercícios. Segundo Silva (1993, citado por Vieira, 1993), devemos trabalhar fundamentalmente acções de máxima intensidade instantânea, que tem a vantagem de não ser tão desgastante assegurando, assim, uma fácil recuperação, pois será importante estabilizar também as recuperações (Carvalhal, 2001). Assim, Amieiro et al. (2006) referem que a recuperação se processa alternando o padrão de contracção muscular dominante, realizando treinos mais descontínuos e treinos menos descontínuos ao longo da semana (alternância horizontal), sempre subordinados ao princípio da especificidade. Assim, estes autores concluem que a lógica de distribuição dos conteúdos pelas diferentes unidades de treino é assegurada pelo princípio da progressão complexa e da alternância horizontal em especificidade, sempre tendo em consideração a recuperação e o desgaste global, onde podemos inserir o “físico” e o “mental-emocional”, resultante do grau de complexidade dos desempenhos.

2.2.4.5.2.1 – O desgaste “mental-emocional”. Efeitos da concentração

Como ponto de introdução, seria interessante procurar um entendimento daquilo que é concentração; Silvério e Srebro (2002) defendem que a definição de concentração comporta duas dimensões: por um lado, a capacidade de prestar atenção à informação pertinente e ignorar a irrelevante e os estímulos perturbadores e, por outro, a capacidade de manter essa atenção durante um longo período de tempo. Assim sendo, e, para Freitas (2004), as informações pertinentes para um jogador seriam as suas funções em campo, a posição da bola

Revisão da Literatura

e a posição e os movimentos dos seus colegas e adversários. As informações irrelevantes e perturbadores seriam o ruido do público, fotógrafos, jornalistas e pensamentos negativos e de insegurança.

A concentração tem, por isso, a ver com os mecanismos de atenção selectiva, que pode ser interna ou externa (Cruz, 1996). O mesmo autor refere que o elevado número de estímulos a que um jogador está sujeito no decorrer de um exercício de treino ou num jogo propicía a que a eficiência das acções esteja altamente dependente da capacidade de concentração, para que para que possa assimilar e consolidar os comportamentos inerentes às suas funções em campo (Lopes, 2005). Assim sendo, a concentração surge, segundo Frade (1990, citado por Freitas, 2004), do agir em função de um propósito e é isso que faz crescer o investimento emocional e a concentração – a verdadeira especificidade. A esta perspectiva, Mourinho (2002b) acrescenta que uma das coisas que faz com que o seu treino seja mais intenso é a concentração que exige, associado portanto a um desgaste em termos emocionais (Fernandes, 2003). Ora, reconhecendo a importância desse desgaste, resultante do jogar concentrado, impõe-se a necessidade de um conceito de recuperação diferente do tradicional, ou seja, daqueles que se reporta apenas à dimensão físiológica dos jogadores (Lopes, 2005). O mesmo autor, complementa referindo que desta forma importa que durante a organização e gestão do processo de treino, na distribuição semanal dos conteúdos, haja respeito pelas consequências que dimanam do facto de os jogadores terem de estar concentrados (Lopes, 2005).

A este desgaste “mental-emocional”, Frade (2004) dá o nome de “fadiga táctica” enquanto tradução da incapacidade de os jogadores estarem concentrados nas acções que caracterizam a forma de jogar da sua equipa.

Documentos relacionados