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Considerando-se que a concretização dos direitos prestacionais estão intrinsecamente relacionados com as possibilidades do Estado, parece razoável propor que a utilização dos recursos não ocorra de uma só vez. O ideal seria o de que todos os direitos concretizam -se de uma só vez, mas diante da impossibilidade, a proposta de Canotilho parece ser razoável, no sentido de que se comece com pouco, fazendo com que haja um aumento contínuo das prestações sociais. Tão importante quanto fornecer (concretizar) tais direitos, é o de conferir a eles certa estabilidade, para que o cidadão possa dele depender.27

O Princípio de proibição de retrocesso social tem sua forma embrionária na obra de Konrad Hesse, de 1978, em que desenvolveu a teoria da irreversibilidade. Segundo esta teoria, o Estado ficaria vinculado à cláusula do Estado Social previsto na Constituição alemã “[...] relativas à interpretação da

26 BELTRÃO, Antonio F. G. Curso de direito ambiental. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 48.

27 CANOTILHO, José Joaquim. Direito constitucional e teoria da constituição. Coimbra: Almedina, 2006.

legislação existente, à determinação de tratamento diferenciado de certas situações em prol da igualdade e à limitação ao Poder Legislativo.”28

Por meio deste instrumento, seria possível a declaração de inconstitucionalidade das medidas legais que não regulasse de forma satisfatória o princípio.

A teoria da irreversibilidade, desenvolvida por Konrad Hesse, partiria da afirmação de que não se pode induzir o conteúdo substantivo da vinculação social do Estado diretamente da Constituição, mas uma vez produzidas as regulações, uma vez realizada a conformação legal ou regulamentar deste princípio, as medidas regressivas afetadas, destas regulações seriam inconstitucionais, ou seja, haveria uma irreversibilidade das conquistas sociais alcançadas.29

Mas, em razão da dependência dos recursos econômicos a maior parte da doutrina alemã não teria aceito a teoria.

A partir da constatação de que a flexibilização ou usurpação de conquistas legislativas obtidas no âmbito dos direitos prestacionais representaria um passo contrário, do dever concretizador da Constituição dirigente, a jurisprudência europeia desenvolveu o denominado Princípio da proibição do retrocesso social, tido como uma clausula geral de proteção dos direitos fundamentais.

O princípio de proibição do retrocesso social possui íntima ligação com a noção de segurança jurídica, própria do Estado de Direito. Segundo seu ensinamento, não é possível falar em proteção à dignidade da pessoa humana em meio a instabilidade jurídica.

Portanto, ao menos quanto ao núcleo essencial, cada direito deve estar protegido não só pela segurança, contra

medidas retroativas, mas também contra medidas retrocessivas.

Assim, impõe-se ao Estado que não viole o núcleo do mínimo existencial, independente das condições políticas, econômicas ou sociais, seja por meio de atos ou omissões, para não macular a dignidade humana.

28 NETTO, Luísa Cristina Pinto e. O princípio de proibição de retrocesso social. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 101.

29 NETTO, Luísa Cristina Pinto e. O princípio de proibição de retrocesso social. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 101-102.

Segundo Barnes30 a doutrina alemã ao tratar do princípio da proporcionalidade esclarece que é conhecida a distinção entre a proibição de excesso (Übermaßverbot), por meio do qual é vedado ao Estado meios de retrocesso, que, ainda que não atinjam direitos já concretizados, possa acarretar uma involução social pela intervenção na sociedade além do necessário; e o proibição de proteção deficiente (Üntermaßverbot), por meio do qual o Estado tem o dever de maximizar a efetividade do mínimo existencial, por meio de políticas públicas. Partindo destas premissas, seria possível explicar o princípio da proibição do retrocesso por meio da proibição de proteção deficiente e da proibição de retrocesso. Para a doutrina brasileira, a vedação do retrocesso pressupõe o cumprimento, a concretização do direito fundamental o qual se visa preservar.

Considerando a afirmação anterior de que os direitos sociais são acessíveis apenas à uma parte da sociedade, reafirma-se a intenção de que os direitos fundamentais sejam implantados de forma sustentável.

O conceito retro encontra-se em perfeita harmonia com o debate ora traçado, já que somente se pode falar na experimentação de todos os direitos fundamentais de forma plena, na medida em que forem efetivados pelo Estado de forma duradoura.

30 BARNES, Javier. Introducción al principio de proporcionalidade em el derecho comparado y comunitário. Revista de Administración Pública, Madrid, n. 135, p. 495-522, 1994.

3 DEFINIÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL

O conceito de poluição possui definição legal, segundo a lei federal 6938 de 1981 (lei que institui a Política Nacional de Meio Ambiente) poluição é

[...] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.31

A mesma lei apresenta a definição de outros conceitos importantes em poluição ambiental: Poluidor: “[...] a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.32

A poluição surge como o resultado da utilização dos recursos naturais pela população e, na prática, pode ser entendida como qualquer alteração indesejada nas características do ambiente que possa causar prejuízo às atividades dos seres vivos ou ainda deteriorar materiais. As fontes poluidoras podem ser classificadas em: pontuais ou localizadas (lançamento de esgoto doméstico ou industrial, efluentes gasosos industriais, aterro sanitário); difusas ou dispersas (agrotóxicos aplicados na agricultura e dispersos no ar ou carregados pelas chuvas para rios ou lençol freático, gases expelidos de veículos). É importante diferenciarmos a poluição da contaminação. Muitas vezes, os dois conceitos são entendidos como iguais, entretanto há diferenças entre as duas coisas.

Não é possível consumir a matéria até seu esgotamento implica a geração de resíduos em todas as atividades dos seres vivos, resíduos esses indesejáveis a quem os eliminou, mas que podem se reincorporados ao meio, para

31 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

32 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

serem reutilizados posteriormente. Esse processo denomina-se reciclagem e ocorre na natureza por meio dos ciclos biogeoquímicos (que serão estudados em outro componente) que tornam os resíduos aproveitáveis em outra forma. Quando não existe um equilíbrio entre consumo e reciclagem, podem sofrer consequências desastrosas ao meio ambiente. O meio aquático Água A água pura (H2O) é um líquido formado por moléculas de hidrogênio e oxigênio. Na natureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio, dissolvidos entre as moléculas de água. Também fazem parte desta solução líquida sais, como nitratos, cloretos e carbonatos; elementos sólidos, poeira e areia podem ser carregados em suspensão. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à água. Íons podem causar uma reação quimicamente alcalina ou ácida. As temperaturas apresentam variação de acordo com a profundidade e com o local onde a água é encontrada, constituindo-se em fatores que influenciam no comportamento químico.

Subentende-se água como sendo um elemento da natureza, recurso renovável, encontrado em três estados físicos: sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido. As águas utilizadas para consumo humano e para as atividades sócios-econômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aqüíferos, também conhecidos como águas interiores. Origem geológica e biológica A vida surgiu no planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos. Desde então, a biosfera modifica o ambiente para uma melhor adaptação. Em função das condições de temperatura e pressão que passaram a ocorrer na Terra, houve um acúmulo de água em sua superfície, nos estados líquido e sólido, formando-se assim o ciclo hidrológico.

Os continentes representam a litosfera; a água existente na Terra forma a hidrosfera; cada um dos polos (Ártico e Antártico) e os cumes das montanhas mais altas apresentam uma cobertura de gelo e neve denominada criosfera; a massa de ar que cobre a Terra é chamada de atmosfera, e a vida existente no planeta forma a biosfera. O oxigênio tem por propriedade ser reativo, ou seja, unir-se a quase todos os outros tipos de átomos: o hidrogênio, o carbono e um grande número de metais e metalóides. Em consequência a este fato, quando a Terra se formou, não havia oxigênio livre na atmosfera primitiva, mas somente óxidos voláteis, como gás carbônico, água e outros compostos de hidrogênio, como metano e amoníaco.

Volume de água A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira: 97,5% de oceanos e mares; 2,5 de água doce; 68,9% (da quantidade geral de água doce) formam as calotas polares, geleiras e neves eternas

que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra; 29,9% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas 0,9% respondem pela umidade do solo e pela água dos pântanos Características da água A caracterização da água começa a se compor ainda em seu trajeto atmosférico. As partículas sólidas e os gases atmosféricos de várias origens são dissolvidos pelas águas que caem sobre a superfície da Terra em forma de chuva, neblina ou neve. Contudo, muitas destas características são alteradas mesmo que inconscientemente pelo homem.

O uso intensivo de insumos químicos na agricultura, a poluição gerada pelas indústrias e pelos grandes centros urbanos concentram alguns gases na água das chuvas, resultando na chamada chuva ácida, causadora de danos ao ambiente natural e antrópico. Isso ocasiona também a escassez de água para consumo, fazendo com que os aspectos qualitativos da água sejam cada vez mais preocupantes nas regiões muito povoadas. As fontes hídricas são abundantes, porém mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis. Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos. Os recursos hídricos são de fundamental importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. A água pode representar até 90% da composição física das plantas; a falta de água pode destruir lavouras. Na indústria, as quantidades de água necessárias são superiores ao volume produzido.

A utilização de métodos para o tratamento da água é viável; porém, podem produzir problemas cujas soluções são difíceis, pois que afetam a qualidade do meio ambiente, a saúde pública e outros serviços. Por sua vez, as águas das bacias hidrográficas não são confiáveis e recomendáveis para o consumo da população por não possuírem as características padrões de qualidade ambiental. As fontes hídricas são abundantes, porém, mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis. Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos.

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