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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EDNA APARECIDA ZACCHI OLIVEIRA DIREITO AMBIENTAL: PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EDNA APARECIDA ZACCHI OLIVEIRA

DIREITO AMBIENTAL:

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Palhoça 2017

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DIREITO AMBIENTAL:

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Jorge Luiz de Lima, MSc.

Palhoça 2017

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O DIREITO AMBIENTAL:

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 04 de Setembro de 2017.

JORGE LUIZ LIMA Prof. e orientador

Universidade do Sul de Santa Catarina

SUELE DE SOUZA Profa.

Universidade do Sul de Santa Catarina

GABRIEL HENRIQUE COLLAÇO Prof.

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DIREITO AMBIENTAL:

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia. Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Palhoça, 04 de Setembro de 2017.

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“Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come.”

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Meu primeiro agradecimento é a Deus, que plantou em mim um sonho que hoje se materializa e diante de toda beleza, a natureza se transforma.

Agradeço imensamente à minha família, minha mãe, por ser uma supermulher; meu pai (in memória);

Agradeço de todo o meu coração a amiga Luiza, que também me incentivou a fazer este curso tão lindo;

Aos meus filhos do coração, Anna Paula e Renan, minha neta Anna Maria, que iluminaram meus pensamentos.

Agradeço também a Eliana, minha irmã que é atenciosa, cuidadosa e querida, muitas vezes colaborou para que eu pudesse trilhar os caminhos do conhecimento;

Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a curso, em especial aos professores Gabriel Henrique Collaço e Jorge Luís de Lima pela realização deste trabalho.

Agradeço a querida professora Suele de Souza Rosa, esta como tutora e uma pessoa muitíssimo atenciosa e carinhosa.

Agradeço a Coordenadora Dilsa Mondardo, pela organização e empenho para que possamos ter um conhecimento aprimorado.

Com orgulho digo: Eu sou aluna, eu estudei, eu continuando estudando nessa Universidade chamada Unisul.

Meu marido Anatalino, o que dizer a você? Agradeço pelo carinho, dedicação, paciência e incentivo. Valeu a pena a distância, todo esforço, todas as renúncias...

Valeu a pena chegar aqui... Hoje, amanhã e sempre iremos colher juntos os frutos de nosso sucesso!

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A presente monografia teve como motivação principal a necessidade principal de realizar maiores estudos referente ao Direito Ambiental e Preservação do Meio Ambiente. Inicialmente foi exposto o conceito referente ao meio Ambiente como direito difuso, visando o bem estar social. Buscando os princípios relacionados com o Direito Ambiental, trazendo a racionalização e a preservação do meio ambiente. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 em Estocolmo, na Suécia, foi a primeira Conferência global voltada para o meio ambiente, e como tal é considerada um marco histórico político internacional, decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental, direcionando a atenção das nações para as questões ambientais. Essa nova visão culminou com proposições que demandaram o engajamento comprometido dos Estados, com a cooperação internacional em matéria de meio ambiente, resultando em uma nova ordem incorporada no seio do sistema jurídico nacional dos Estados, gerando verdadeiro Direito Ambiental. A Poluição como risco ao meio ambiente e do ser humano, conscientizando a minimizar a poluição ambiental, preservando o meio ambiente, trazendo amostra do dano ambiental para que concerne a sua proteção e necessária valorização. Também, aborda o impacto ambiental, devido as alterações das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio, no qual modifica o meio ambiente envolvendo reações adversas ou benéfica num todo ou em parte no Planeta. A sequência do estudo trouxe a reparação do dano como ponto essencial para o alcance do objetivo da preservação do meio ambiente, bem como os maiores óbices e as mais pertinentes sugestões alternativas propostas para a reparação. Entre as considerações finais podem destacar-se a constatação de que a o meio ambiente tem recebido maior atenção nos últimos anos, conforme o direito ambiental dentro das Leis, encontram-se alternativas relevantes para os problemas de preservação e reparação ambiental.

Palavras-chave: Direito Ambiental. Meio Ambiente. Direito Difuso. Preservação do

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BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento CRFB/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento EA – Educação Ambiental

EIA – Estudos de Impactos Ambientais

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente MMA – Ministério do Meio Ambiente

PCA – Plano de Controle Ambiental

PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradas PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente

PNUMA – Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente RCA – Relatório de Controle Ambiental

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

SEMAN – Secretária Municipal do Meio Ambiente

SEMAR – Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ONO – Organizações das Nações Unidas

OMS – Organização Mundial as Saúde

ORTNs – Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional TCFA – Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental UNEA – Assembleia Ambiental das Nações Unidas

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INTRODUÇÃO ... 10

1 O MEIO AMBIENTE COMO DIREITO DIFUSO ... 12

1.1 A CONVENÇÃO DE ESTOCOLMO DE 1972 COMO MARCO MUNDIAL DE DISCUSSÃO DO TEMA MEIO AMBIENTE... 14

1.2 A POLITICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ... 18

1.3 O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ... 21

2 OS PRINCÍPIOS INERENTES AO DIREITO AMBIENTAL ... 23

2.1 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 25

2.2 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO ... 27

2.3 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ... 30

2.4 PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR ... 32

2.5 PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR ... 33

2.6 PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO ... 35

3 DEFINIÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL ... 38

3.1 CAUSAS DA POLUIÇÃO AMBIENTAL ... 41

3.2 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ... 41

3.3 CAUSAS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ... 41

3.4 POLUIÇÃO DO SOLO... 41

3.5 POLUIÇÃO DA ÁGUA ... 42

3.6 IMPACTOS NA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ... 42

3.7 O TRATAMENTO DOS RESÍDUOS E REJEITOS SÓLIDOS ... 44

3.8 PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AO MEIO AMBIENTE ... 46

3.9 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ECOLÓGICA ... 49

4 PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ... 52

4.1 PRESERVACIONISMO E CONSERVACIONISMO ... 54

4.2 A TUTELA AMBIENTAL – A TRÍPLICE SANÇÃO E A IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ... 55

4.3 DIREITO AMBIENTAL... 56

4.4 RESPONSABILIDADE CRIMINAL ... 57

4.5 PENALIDADE ADMINISTRATIVA ... 59

4.6 PROTEÇÃO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE E OS TRATADOS INTERNACIONAIS RECENTES ... 60

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INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, a preocupação com o meio ambiente ocupa lugar de destaque entre aquelas de maior importância para toda a sociedade.

Desta forma emergem algumas problemáticas relativas ao surgimento de Poluição Ambiental e suas Consequências – Com a imensa quantidade de carros, indústrias, e outros poluentes, tem ficado cada vez mais difícil respirar sem inalar uma quantidade absurda de substâncias tóxicas. Atualmente, os prejuízos causados pela poluição na nossa saúde são inúmeros e, tem sido cada vez mais difícil controlar isso.

O Direito ambiental, também chamado Direito do meio ambiente, surgiu na sociedade com uma finalidade definida, um objetivo claro: tendo em vista que o ambiente encontra - se grave e permanentemente ameaçado, colocando em risco as condições de ideais de vida, tornando-se necessária uma reação, devendo o Direito imaginar e pôr em prática sistemas de prevenção e de reparação adaptados a uma melhor e mais eficaz defesa contra as agressões oriundas do desenvolvimento da sociedade moderna.A preocupação com o meio ambiente atingiu, nos últimos anos, um nível no qual somente com a inclusão, nos ordenamentos jurídicos, de dispositivos destinados a reger a conduta das pessoas quanto a suas ações capazes de afetar de alguma maneira a natureza e, em uma visão mais completa, o ambiente, incluindo-se tudo aquilo em que o homem participou modificando-o através de suas obras e construções.

Por ser o meio ambiente imprescindível para o ser humano e os demais seres vivos do nosso planeta, surge a necessidade de protegê-lo efetivamente, erigindo-se o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como indispensável à sadia qualidade de vida, à categoria de direito fundamental. Além da proteção, a recuperação e a preservação dos bens ambientais passam a ser dever do Estado e também da população.

O trabalho foi elaborado através de pesquisas bibliográficas, explicativas por meios de levantamentos, exploração de documentos para poder identificar objeto da pesquisa, buscando Leis e descobrindo novos conhecimentos e soluções sobre a poluição ambiental.

Está crescendo, em todo o mundo, uma inadiável atitude em defesa do meio ambiente. Centenas de movimentos estão surgindo, políticos estão se

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mobilizando, e várias iniciativas, partindo dos mais diversos segmentos da sociedade, estão sendo adotadas para a proteção do meio ambiente. Milhões de pessoas estão se conscientizando da necessidade de se manter o equilíbrio ecológico, sob pena da mais completa deterioração da qualidade de vida.

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1 O MEIO AMBIENTE COMO DIREITO DIFUSO

A Constituição brasileira de 1988 reconheceu o meio ambiente como sendo um interesse difuso, ou seja: interesse que pertence a todos os homens, independentemente do grupo, órgão ou associação a que pertença. Prova disso é o local de inserção das normas atinentes ao meio ambiente na Constituição da República. Para esta classe de direitos/interesses (os metaindividuais), justamente por serem manifestação da vontade geral, o legislador infra - constitucional já havia criado, anteriormente à Constituição de 88, instrumento de defesa dotado de singular poder para a sua proteção, e que atribuía legitimidade para o seu exercício a todas as entidades que, de uma forma ou de outra, representassem a vontade da coletividade.

Trata-se da AÇÃO CIVIL PÚBLICA, recepcionada pela Constituição da República, em especial, no artigo 129, inciso III, que atribui ao Ministério Público a função institucional de promover a Ação Civil Pública, para a proteção do meio ambiente e de outros interesses difusos.1

Por se tratar de categoria de direitos relativamente recente em nossa história nacional, os interesses metaindividuais são vistos, pela maioria dos cidadãos comuns, de forma distorcida e, por que não dizer, equivocada. Via de regra, o cidadão comum não se vê titular de um interesse metaindividual. No que diz respeito, especificamente aos direitos coletivos, ideia que vigora no senso comum é a de que estes interesses devem ser defendidos e exercidos por associações de classe, sindicatos, associação de moradores, Ministério Público, etc.,

Enfim, entes despersonificados, que não o indivíduo ou o Estado, mas jamais pelo cidadão comum. Tal ponto de vista, inegavelmente, se constitui em álibi perfeito para encobrir a natural acomodação do cidadão comum no que tange à proteção de seus interesses/direitos. Ora. Se esta acomodação, em alguma medida, tem o fundamento de sua existência na natureza dos interesses coletivos (pelo fato de que a legitimidade do exercício e da defesa destes direitos está ligada a ideia de

1 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5

de outubro de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 17 out. 2017.

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entes coletivos organizados), a mesma acomodação não pode viger no que diz respeito aos direitos/interesses difusos.

Estes, por sua própria natureza, são direitos em que o fim específico perseguido não se encontra vinculado a qualquer grupo determinado de pessoas, mas, ao contrário, encontra-se difuso; espalhado, entre todos os brasileiros.

Este fim específico, portanto, poderá ser perseguido por várias pessoas, individual ou coletivamente, sem que tenha de haver, para tanto, qualquer vinculação a este ou aquele grupo, órgão ou associação.

Felizmente, há alguns anos vem crescendo em nosso país a conscientização do cidadão de que, exigir os seus direitos individuais constitui-se no próprio exercício da cidadania. E, quanto mais pleno é o exercício da cidadania, mais forte se constitui o Estado. Entretanto, o exercício da cidadania plena encontra obstáculo na noção deficiente que o cidadão comum possui da largueza de seus direitos, que os entende apenas enquanto na órbita individual. O conceito de Direitos Difusos sequer é conhecido pelo cidadão comum.

Entender, portanto, o que vem a ser um interesse difuso e saber como exercê-lo, constitui passo imprescindível para o fortalecimento do próprio Estado por mãos de seu povo. No que tange, especificamente ao meio ambiente, é absolutamente necessário que este seja compreendido como sendo um direito de todos, que deve ser defendido por qualquer cidadão, independentemente de grupos ou associações, distribuindo entre a sociedade o peso do trabalho que, hoje em dia, recai apenas nos ombros do Ministério Público. Não por ser o único legitimado a exercer a proteção do Meio Ambiente, mas por simples ausência de sujeitos que também chamem para si tal prerrogativa. É absolutamente necessário que se crie a consciência de que a defesa do Meio Ambiente se constitui na defesa de nosso maior patrimônio e de nosso próprio Estado e que, por isto mesmo, a sua proteção se constitui em direito-dever irrenunciável de cada um. Afinal, como dispõe o artigo 225 da Constituição da República:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.2

2 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5

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Há nisso, então, um poder-dever do Estado e dos cidadãos, cooperativamente. A Ação Popular e Ação Civil Pública não podem constituírem em instrumentos poderosos de combate às mazelas da sociedade, de uso exclusivo do Ministério Público. Urge a necessidade da população brasileira acordar de sua letargia secular, arregaçarem suas mangas e, efetivamente, defender o nosso maior patrimônio: o nosso meio ambiente.

1.1 A CONVENÇÃO DE ESTOCOLMO DE 1972 COMO MARCO MUNDIAL DE DISCUSSÃO DO TEMA MEIO AMBIENTE

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, iniciada em cinco de junho de 1972, marcou uma etapa muito importante na ecopolítica mundial. Dela resultaram inúmeras questões que continuam a influenciar e a motivar as relações entre os atores internacionais, colaborando para a notável evolução que eclodiu após a Conferência. De acordo com o posicionamento de Philippe Le Preste foram quatro os principais fatores que motivaram, à época, a decisão de realizar uma conferência mundial sobre a proteção do meio ambiente:

a) O aumento da cooperação científica nos anos 60, da qual decorreram inúmeras preocupações, como as mudanças climáticas e os problemas da quantidade e da qualidade das águas disponíveis;

b) O aumento da publicidade dos problemas ambientais, causado especialmente pela ocorrência de certas catástrofes, eis que seus efeitos foram visíveis (o desaparecimento de territórios selvagens, a modificação das paisagens e acidentes como as marés negras são exemplos de eventos que mobilizaram o público);

c) O crescimento econômico acelerado, gerador de uma profunda transformação das sociedades e de seus modos de vida, especialmente pelo êxodo rural, e de regulamentações criadas e introduzidas sem preocupação suficiente com suas consequências em longo prazo;

d) Inúmeros outros problemas, identificados no fim dos anos 1960 por cientistas e pelo governo sueco, considerados de maior importância, afinal, não podiam ser resolvidos de outra forma que não a cooperação internacional. São exemplos destes problemas as chuvas ácidas, a poluição do Mar Báltico, a acumulação de metais pesados e de pesticidas que impregnavam peixes e aves.3

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 17 out. 2017.

3 LE PRESTE, Philippe. Ecopolítica internacional. Tradução Jacob Gorender. 2. ed. São Paulo:

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Procurando, portanto, uma solução eficaz para tais questões, a Conferência de Estocolmo originou uma nova dinâmica por meio do desenvolvimento de ‘atitudes novas’, ou seja, o reconhecimento pelos Estados da existência daqueles problemas e da necessidade de agir, sem contar que desempenhou um papel decisivo na sensibilizaçãodos países em desenvolvimento para suas responsabilidades na questão.

Para tanto, foram votadas questões como a Declaração de Estocolmo4, a

qual traz em seu Preâmbulo sete pontos principais, além de vinte e seis princípios referentes a comportamentos e responsabilidades destinados a nortear decisões relativas à questão ambiental, com o objetivo de “[...] garantir um quadro de vida adequado e a perenidade dos recursos naturais”.5

As questões principais, proclamadas em virtude da Declaração de Estocolmo, são as seguintes: o homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma; a proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.

As duas primeiras questões apresentadas no preâmbulo da declaração asseveram que tanto o meio ambiente natural, como o artificial são essenciais para a fruição dos direitos humanos e para que se tenha uma qualidade de vida saudável. Desta mensagem pode-se perceber uma forte relação de dependência entre a qualidade da vida humana e a qualidade do meio ambiente; o homem deve fazer

4 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Declaração da Conferência

de ONU no Ambiente Humano. Estocolmo, 5-16 de junho de 1972. Disponível em:

<www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc>. Acesso em: 20 out. 2017.

5 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Declaração da Conferência

de ONU no Ambiente Humano. Estocolmo, 5-16 de junho de 1972. Disponível em:

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constante avaliação de sua experiência e continuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua existência.

Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso redor vemos multiplicarem-se as provas do dano causado pelo homem em muitas regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências, nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e trabalha; nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais está motivada pelo subdesenvolvimento.

Milhões de pessoas seguem vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para uma existência humana digna, privada de alimentação e vestuário, de habitação e educação, de condições de saúde e de higiene adequadas. Assim, os países em desenvolvimento devem dirigir seus esforços para o desenvolvimento, tendo presente suas prioridades e a necessidade de salvaguardar e melhorar o meio ambiente. Com o mesmo fim, os países industrializados devem esforçar – se para reduzir a distância que os separa dos países em desenvolvimento. Nos países industrializados, os problemas ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o desenvolvimento tecnológico; o crescimento natural da população coloca continuamente, problemas relativos à preservação do meio ambiente, e devem-se adotar as normas e medidas apropriadas para enfrentar esses problemas. De todas as coisas do mundo, os seres humanos são a mais valiosa. Eles são os que promovem o progresso social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a tecnologia e, com seu árduo trabalho, transformam continuamente o meio ambiente humano.

Com o progresso social e os avanços da produção, da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de melhorar o meio ambiente aumenta a cada dia que passa; chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos atos em todo o mundo com particular atenção às consequências que podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem nossa vida e

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nosso bem-estar. Ao contrário, com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do homem.

As perspectivas de elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas e para se chegar a esta meta será necessário que cidadãos e comunidades, empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as responsabilidades que possuem e que todos eles participem equitativamente, nesse esforço comum.

Homens de toda condição e organizações de diferentes tipos plasmarão o meio ambiente do futuro, integrando seus próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações locais e nacionais, e suas respectivas jurisdições, são as responsáveis pela maior parte do estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem os países em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número cada vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção de medidas para as organizações internacionais, no interesse de todos.

A Conferência encarece aos governos e aos povos que unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do homem e de sua posteridade.

Além da Declaração, foi votado um Plano de Ação para o Meio Ambiente composto por 109 recomendações, que, segundo Guido Fernando Silva Soares, são centradas em três grandes tipos de políticas: as relativas à avaliação do meio ambiente mundial, o denominado Plano Vigia’ (Earthwatch); as de gestão do meio

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ambiente e as relacionadas às medidas de apoio (como a informação, educação e formação de especialistas).6

Foi posta em votação, também, aResolução sobre aspectos financeiros e organizacionais no âmbito da ONU, bem como a instituição de um organismo institucional especialmente dedicado a coordenar as atividades da ONU no âmbito do meio ambiente, chamado Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA), o qual deverá agir como catalisador e zelar pela implementação do programa de ação. Essas iniciativas refletem a relevância da Conferência de Estocolmo, afinal, representa ela a primeira tentativa de aproximação entre os direitos humanos e o meio ambiente. Desde então, o tema qualidade ambiental passou a integrar as discussões e agendas políticas de todas as nações, de tal modo que passou a ser considerado como um direito fundamental, essencial para a melhoria da qualidade da vida humana.

1.2 A POLITICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) foi estabelecida pela Lei 6938 no ano de 1981. Nela consta os objetivos, instrumentos e diretrizes da política e ainda criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) bem como sua estrutura básica e também o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

Em 2010, a PNMA foi alterada (artigo 2º da Lei nº 6.938/81), com acréscimos de artigos e outros foram vetados, tal mudança é focada na servidão florestal, hoje bastante detalhada pela Lei. No primeiro momento da lei em questão trata-se do objetivo geral da Política, mencionada no caput do art. 2°: "[...] a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...]".7

Ainda encontram os princípios, alguns termos necessários para o entendimento da lei e os objetivos específicos ficam arrolados no art. 3°. A Política

6 SOARES, Guido Fernando Silva. Dos anos 60 à Conferência da ONU de 1972 (Estocolmo). In:

_____. Direito internacional do meio ambiente: emergências, obrigações e responsabilidades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 54.

7 GALVÃO, Jéssica da Silva. Resumo descritivo da política nacional de meio ambiente: lei 6938/1981.

Portal Educação, 13 dez. 2012. Disponível em:

<http://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/resumo-descritivo-da-politica-nacional-de-meio-ambiente-lei-6938-1981/23871>. Acesso em: 28 out. 2017.

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Nacional do Meio Ambiente instituiu, no art.6°, o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Encontra-se nos incisos do mesmo artigo a estrutura do órgão: Órgão superior: Conselho do governo; Órgão consultivo e deliberativo: CONAMA, também instituído pela Lei 6938; Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) destaca-se que na lei, no inciso III, o MMA ainda é chamado de Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República; Órgão executor: IBAMA; Órgãos Seccionais: órgãos ou entidades estaduais. Como exemplo na esfera estadual tem-se no Estado do Piauí a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR); Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais. Como exemplo na esfera Municipal tem-se a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMAN).8

Fica instituído pela presente lei o CONAMA, órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA, que possui algumas de suas competências descritas no artigo 8° e outros ainda no artigo 7° do Decreto 99274 de 6 de junho de 19909 que

regulamenta a Lei 6938/81. Ainda no Decreto mencionado podem-se encontrar detalhes de sua composição. Vale mencionar ainda que no artigo 9° ficam expressos os instrumentos necessários para atingir os objetivos, são eles: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a avaliação de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e

8 GALVÃO, Jéssica da Silva. Resumo descritivo da política nacional de meio ambiente: lei 6938/1981.

Portal Educação, 13 dez. 2012. Disponível em:

<http://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/resumo-descritivo-da-politica-nacional-de-meio-ambiente-lei-6938-1981/23871>. Acesso em: 28 out. 2017.

9 BRASIL. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de

1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1990. Disponível em:

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Instrumentos de Defesa Ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; (Sob a administração do IBAMA) e instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Sob a administração do IBAMA).10

É a partir do artigo 9° onde se encontra as significativas mudanças nesta Lei. Com acréscimos, a servidão florestal, dada como um importante instrumento da PNMA trouxe detalhamento de como aplicar este instrumento. Devidamente expresso no artigo 9° - A redação é bastante clara: O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. A Política traz consigo o que deve incluir no termo administrativo citado no artigo 9°-A: memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos um ponto de amarração georreferenciado; objeto da servidão ambiental; direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor e prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental. Sobre os deveres proprietário do imóvel serviente, a Lei em questão, os traz expressamente, no parágrafo segundo do Art. 9°-C: manter a área sob servidão ambiental; prestar contas ao detentor da servidão ambiental sobre as condições dos recursos naturais ou artificiais; permitir a inspeção e a fiscalização da área pelo detentor da servidão ambiental e defender a posse da área serviente0, por todos os meios em direito admitidos. No parágrafo terceiro ainda do mesmo artigo encontra-se arrolados os deveres detentor da servidão ambiental: documentar as características ambientais da propriedade; monitorar periodicamente a

10 GALVÃO, Jéssica da Silva. Resumo descritivo da política nacional de meio ambiente: lei

6938/1981. Portal Educação, 13 dez. 2012. Disponível em:

<http://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/resumo-descritivo-da-politica-nacional-de-meio-ambiente-lei-6938-1981/23871>. Acesso em: 28 out. 2017.

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propriedade para verificar se a servidão ambiental está sendo mantida; prestar informações necessárias a quaisquer interessados na aquisição ou aos sucessores da propriedade; manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades da área objeto da servidão e defender judicialmente a servidão ambiental.

Assim, sobre a temática servidão florestal a Lei traz alguns termos e ações que são necessárias para sua execução, dentre elas destaca-se: A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária (prazo mínimo de 15 anos) ou perpétua (equivale para fins creditícios e tributários); (Art. 9°-B) O contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel; (Artigo 9°-C). Sem prejuízo das penalidades cabíveis as infrações ambientais (previstas no código penal, mas também na Lei 9605/1998, Lei de crimes Ambientais), a PNMA trouxe algumas descritas, no art. 14: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs), agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.

Com a finalidade de controle de fiscalização das atividades potencialmente poluidoras, a Politica institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA).

1.3 O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar do meio ambiente. Anteriormente a sua promulgação, o tema estava abordado somente de forma indireta, mencionado em normas hierarquicamente inferiores. Edis Milaré registra:

A Constituição do Império, de 1824, não fez qualquer referência à matéria, apenas cuidando da proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão (art. 179, n. 24). Sem embargo, a medida já traduzia certo avanço no contexto da época. O Texto Republicano de 1891 atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as suas minas e terras (art. 34, n. 29). A Constituição de 1934 dispensou proteção às belezas naturais, ao

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patrimônio histórico, artístico e cultural (arts. 10, III, e 148); conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 5º, XIX, j). A Carta de 1937 também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, artísticos e naturais, bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza (art. 134); incluiu entre as matérias de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 16, XIV); cuidou ainda da competência legislativa sobre subsolo, águas e florestas no art. 18, ‘a’ e ‘e’, onde igualmente tratou da proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos.11

A Constituição de 1967 insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico (art. 172, parágrafo único); disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da saúde, sobre jazidas, florestas, caça, pesca e águas (art. 8º, XVII, ‘h’). A Carta de 1969, emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico (art. 180, parágrafo único). No tocante à divisão de competência, manteve as disposições da Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que ‘a lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades’ e que o ‘mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do Governo’. Cabe observar a introdução, aqui, do vocábulo ecológico em textos legais. A partir da Constituição Federal de 1988 o meio ambiente passou a ser tido como um bem tutelado juridicamente. Como bem coloca José Afonso da Silva “[...] a Constituição de 1988 foi, portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental”, trazendo mecanismos para sua proteção e controle, sendo tratada por alguns como “Constituição Verde”.12

11 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 5. ed. rev., atual. e ampl.

São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2007. p. 183.

12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2004. p.

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2 OS PRINCÍPIOS INERENTES AO DIREITO AMBIENTAL

A principiologia de Princípios Ambientais obteve sua amplitude mundial com a Declaração de Estocolmo de 1972 e com a ECO-92, basicamente informando aos Estados que adquirissem tais princípios em suas Cartas Magnas e seguissem um padrão de constitucionalização da proteção do meio ambiente, por ser tal assunto de cunho global e fundamental de todos os povos.

No Brasil, podemos destacar a Lei 6938/81, que delineou vários aspectos de Direito Ambiental (até 1981, o Direito Ambiental nacional era apenas uma matéria do Direito Administrativo), e seguidamente, a Constituição Federal de 1988, que adentrou ao sistema mundial de proteção ambiental, formalizando vários Princípios ambientais em seu texto, assim, não apenas formalizando, mas materialmente explicitando uma nova era de Direitos Fundamentais do Homem, assegurando um meio ambiente ecologicamente equilibrado, a chamada de Constituição “Verde”.13

A positivação de Princípios Ambientais na CF/88 seguiu, assim, o novo paradigma mundial, onde o meio ambiente é único, todos os Estados, sem exceção, devem protegê-lo com o máximo rigor e a máxima efetividade, corroborando uma estrutura jurídica sem conflitos e com finalidades inerentes, positivando formalmente em suas Constituições os Princípios Fundamentais de Proteção do Meio Ambiente, como o Princípio da Equidade Intergeracional e o Desenvolvimento Sustentável, princípios basilares do Direito Ambiental.

O homem busca a se garantir (antropocentrismo- o homem é o centro versus biocentrismo) um padrão mínimo de existência, das presentes e futuras gerações, sem se perder de vista o desenvolvimento sustentável, sempre correlacionando-se com o desenvolvimento social e econômico, dentro de uma condição, que seja sustentável, ou seja, que não ponha em risco o extermínio de todos os recursos naturais, mas sim que use-os, de forma equilibrada e sustentável, sempre em conformidade com o Princípio da Equidade Intergeracional, que é a preservação para as futuras gerações.

“Desenvolvimento Sustentável, segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas, é

13 MOTTA, Alan da. Desenvolvimento sustentável e a equidade intergeracional. 29 mar. 2008.

Disponível em: <http://www.direitoambiental.wordpress.com/2008/03/29/desenvolvimento-sustentavel-e-a-equidade-intergeracional>. Acesso em: 29 out. 2017.

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aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.14

Desta forma, o Estado hoje deve preservar o meio ambiente, mas não pode deixar de se desenvolver economicamente, isto leva a premissa de que devemos sim desenvolver economicamente, mas preservando o meio ambiente, de forma que sejam passadas, da mesma forma que encontramos, os recursos naturais, para as futuras gerações, onde as mesmas façam o mesmo, numa corrente lógica e sustentável de desenvolvimento. O desenvolvimento econômico não pode dilapidar os recursos naturais

Não é fácil a aplicação de tais políticas públicas e participação do meio social para que seja implementada rapidamente um desenvolvimento sustentável afim de se tornar um modo eficaz de combate a agressão ambiental. Porém, já temos uma estrutura jurídica e fiscalização eficaz, e ainda, várias ONGS que, através do Princípio da Participação, ajudam no mesmo. Podemos destacar uma questão ainda pouco difundida, mas que vale a pena expor, que é o caso do “consumismo exagerado” que ganhou relevo no último século, e neste século é o ponto central de todo mercado mundial. Sabemos que o consumo de bens, contemporaneamente, é altíssimo, levando-se em conta o número de habitantes de todo o planeta. Sabemos também que o consumismo é uma das facetas da destruição dos recursos naturais, por óbvio que seja, mas, o consumismo desnecessário aumentou velozmente neste século, devido a publicidade esmagadora dos meios de comunicação, “a propaganda é a alma do negócio”, mas também está criando uma nova conduta humana, o consumo desnecessário, onde pessoas consomem sem necessidade real, o que vai contra o desenvolvimento sustentável.

No entanto, o desenvolvimento sustentável e a equidade intergeracional, inerentes e basilares do Direito Ambiental, são princípios constitucionais fortes do Direito Ambiental, que dá base para tantos outros subprincípios ambientais. Mas, devemos enaltecer, que, além de serem princípios constitucionais, notadamente, que já os tornam especiais, são também princípios não meramente formais, regras

14 MOTTA, Alan da. Desenvolvimento sustentável e a equidade intergeracional. 29 mar. 2008.

Disponível em: <http://www.direitoambiental.wordpress.com/2008/03/29/desenvolvimento-sustentavel-e-a-equidade-intergeracional>. Acesso em: 29 out. 2017.

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não apenas positivadas e sem cunho materialmente constitucional, mas regras e normas totalmente materiais no âmbito constitucional, pois são vertentes do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, e do próprio Princípio do Direito à Vida.

Com isto, os Princípios Ambientais são princípios Fundamentais do Homem, que, embora não estejam no capítulo formalmente adequado, figuram como fundamentais pela sua lógica jurídica e social, e pela sua importância relevante nos dias de hoje, pois a vida nasce da Terra, do meio ambiente, mas sem meio ambiente, não há vida, não há nada, leia-se, o meio ambiente precede a própria vida. Devemos nos desenvolver sustentavelmente para que as futuras gerações possam usufruir de nosso habitat e suas vidas, como nós, assegurando a boa qualidade de vida.

2.1 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A expressão desenvolvimento sustentável é utilizada para designar um modelo econômico que busque conciliar desenvolvimento econômico à preservação e manutenção dos recursos naturais disponíveis.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 1987), desenvolvimento sustentável é definido como: “[...] aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.”15

Este conceito foi apresentado ao mundo em um estudo realizado pela ONU em 1987, chamado “Nosso futuro comum”. Entre dezenas de recomendações, apresenta duas preocupações fundamentais:

a) A preservação do meio ambiente para as futuras gerações – garantindo recursos naturais para a subsistência da espécie humana e demais seres vivos.

b) A diminuição da fome e da pobreza – que segundo o estudo, é causa, mas também é provocada pelo desequilíbrio ecológico e pelo alto padrão de consumo.16

15 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL (ONU). A ONU e o meio ambiente. [2017].

Disponível em: <https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente>. Acesso em: 29 out. 2017.

16 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL (ONU). A ONU e o meio ambiente. [2017].

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Aqui compreendemos que o conceito de desenvolvimento sustentável não se limita apenas à noção de preservação dos recursos naturais. Para construir sociedades sustentáveis é necessário ter por princípio, a equidade econômica, a justiça social, o incentivo à diversidade cultural e defesa do meio ambiente.

O entendimento que existe uma ligação entre pobreza e degradação ambiental, é uma das bases do conceito de desenvolvimento sustentável. A promoção da melhoria da qualidade de vida das populações pobres, a evolução nas políticas de saneamento, saúde e combate à fome são tão importantes para as gerações futuras quanto a disponibilidade de recursos naturais.

O princípio da sustentabilidade propõe que o crescimento econômico não deve provocar a degradação ambiental ou o esgotamento dos recursos naturais. Dentro do sistema atual, em que a base está na sociedade de consumo, este conceito parece ser inviável do ponto de vista prático, pois o crescimento econômico teria que ser limitado para alcançar o objetivo proposto.

Os entusiastas da sustentabilidade, no entanto, argumentam que a efetivação da proposta depende do investimento no desenvolvimento de novas técnicas de produção, com menores impactos ao meio ambiente e a adoção de novos hábitos de consumo, que tivessem como foco o desenvolvimento sustentável.

O princípio de desenvolvimento sustentável está contemplado na Constituição Brasileira de 1988, que vigora até a atualidade. A carta magna do país dedicou, pela primeira vez um capítulo inteiro ao tema Meio Ambiente. Em seu artigo 225, institui que:

Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.17

A qualidade de vida dos cidadãos e a necessidade de preservação dos recursos para o futuro não foram esquecidos, estando assim em consonância com o conceito global de desenvolvimento sustentável.

17 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5

de outubro de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 17 out. 2017.

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No entanto, o efetivo estabelecimento de um modelo econômico dentro dos princípios do desenvolvimento sustentável pressupõe a participação ativa em ações individuais e coletivas nas esferas local, regional e mundial.

A promoção desse modelo demanda a participação do Estado, é claro, no entanto, empresas e indivíduos devem colaborar para a redução da exploração de matérias primas, uso racional de recursos como água potável e energia, sempre buscando evitar o desperdício.

2.2 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

O Princípio da Precaução traz consigo a grande preocupação em que o Meio Ambiente seja sempre protegido, sua inserção em nosso ordenamento, surge de forma implícita com o advento da Constituição de 1988, quando em seu artigo 225, traz a preocupação com as gerações presentes e futuras. Todavia, sua criação iniciou-se na década de 70, sendo aplicado nas políticas de gestão ambiental, vindo a ser sedimentado somente como texto escrito, de forma explícita em 1987 na 2a Conferência Internacional para a proteção do Mar do Norte. Inicialmente, era apenas usado no direito internacional. Com o passar dos anos, o princípio começou a ser trazido para o direito interno dos países, sendo na França o primeiro lugar a ganhar um valor jurídico de norma legal, com a Lei Barnier, de 02 de fevereiro de 1995. Essa lei inseriu o artigo L.200-1 ao Código Rural Francês que assim dispõe: a ausência de certeza, levando em conta os conhecimentos científicos e técnicos do momento, não deve retardar a adoção de medidas efetivas e proporcionais visando a prevenir o risco de danos graves e irreversíveis ao meio ambiente, a um custo economicamente aceitável.

Após o surgimento de forma efetiva do Princípio da Precaução, vários Países aderiram ao seu escopo, todavia os maiores poluidores não se submeteram ao seu texto, por argumentarem que prevalecendo o seu conteúdo, este fere o comércio entre os Estados, por sua interpretação ocorrer de forma totalmente subjetiva, deixando margem para interpretações que podem ferir o comércio internacional, razão está que nem os Estados Unidos nem o Canadá não pactuaram sobre o Princípio da Precaução. Na Declaração do Rio conhecido como ECO-RIO, encontro, realizado no Rio de Janeiro, contou com a participação de 178 Governos e a presença de mais de 100 Chefes de Estado ou Governo. Além de buscar uma

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consciência ambiental, foi marcante pela busca de proteção jurídica ao meio ambiente. Neste Congresso foi criado um estatuto, sendo intitulado de Declaração do Rio, no qual foi reconhecido o Princípio da Precaução, sendo este inserido no artigo 15, contendo o seguinte texto:

Quando haja perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para postergar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do ambiente.

Como se pode verificar o intento deste princípio tão somente é que antes do dano se efetivar, mesmo por falta de elementos que subsidiem que o dano ocorrerá, possa ser aplicado à pena, seja a proibição, seja a multa ou qualquer outra medida que venha coibir a efetividade do dano, motivo este que vem na contramão do que se espera do comércio internacional, pois o capitalismo globalizado espera um comércio livre de subjetividades, conforme a OMC, vem se pronunciando.

Em relação a semelhança do Princípio da precaução com o Princípio da Prevenção, aquele se efetivará antes do dano ocorrer ou seja no momento em que as evidências levam a crer que irá ocorrer um dano pode-se aplicar o Princípio da Precaução, já o Princípio da Prevenção somente se efetivará após a realização do dano, ou seja comprovado o dano se aplicam as medidas ensejadoras do Princípio da prevenção.

Cabe salientar que o Princípio da Prevenção, estando inserido no texto da Declaração do Rio, em seu artigo 15, vem se efetivando e isso é muito importante, pois conforme assevera o artigo 225, que de forma muito clara ressalta a preocupação com as gerações presentes e futuras, isto posto, não se pode aguardar que o dano se efetive para se tomar as medidas, pois o que se pode observar com a inclusão deste princípio é que dependendo do dano pode acontecer que não se tenha como reverter o mal proporcionado ao meio ambiente ou ao próprio ser humano, razão que legitima a sua inserção em nosso ordenamento.

A União Europeia, conforme já mencionado, adota o princípio da precaução de forma veemente. Todavia, essa atitude precaucionista adotada pela União Europeia vem sendo aplaudida por uns e severamente criticada por outros, principalmente porque uma de suas consequências é a restrição ao comércio de produtos que não se enquadram nos padrões exigidos pelas normas de proteção sanitárias dos países que o consagram.

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O que se espera é que os países onde o Princípio da Precaução tem recebido certa relutância em sua aplicabilidade se sensibilizem quanto à preservação do Meio Ambiente e se adapte aos anseios da população mundial referente à preservação do nosso planeta e assim uma conscientização para um futuro mais benéfico.

A busca pela efetivação do Direito Ambiental Internacional passa pelo enfrentamento das questões comerciais. A evolução desse novo ramo do Direito traz consigo implicações diretas e decisivas para as Relações Internacionais, especialmente no que se refere à prática de medidas de proteção ambiental em confronto com o livre comércio. O aumento no número de tratados e convenções internacionais demonstra que a preocupação em regulamentar tanto o comércio internacional como os mecanismos de proteção ambiental são um objetivo almejado mundialmente. Porém, esses mesmos textos normativos podem trazer consigo instrumentos que geram dúvida e incerteza sobre como devem ser aplicados.

O princípio da precaução, instrumento legítimo de preservação dos interesses ambientais, é um exemplo dessa incompreensão. Sua lógica está muito além das noções de responsabilidade que se possuía até bem pouco tempo. Os questionamentos acerca das práticas comerciais em detrimento dos interesses ambientais são de difícil absorção por uma sociedade que visa, em especial, a obtenção de lucro rápido e fácil. A consciência ecológica ainda não se manifestou plenamente, de forma a tornar mais tranquila, à adoção de medidas restritivas ao comércio como pressupõem certos casos analisados sob a ótica do princípio da precaução.

Todavia, para que sua compreensão seja alcançada, se faz necessário questionar certos elementos, a começar pelo próprio termo princípio. Sob a ótica do Direito, o mesmo não é preciso, e pode significar norma jurídica ou regra jurídica obrigatória. A incerteza quanto ao significado do termo aumenta ainda mais quando associada à palavra precaução, a qual, da mesma forma, não possui uma definição precisa. Outro ponto que precisa ser compreendido, pois pode ser considerado um entrave na sua aplicação, se refere à dificuldade em encontrar um nexo de causalidade entre o dano e sua causa, já que existe apenas uma presunção, muitas vezes fundada em indícios insuficientes.

Devido a isso, sua normatividade é questionada, mesmo no direito ambiental, onde se consagrou mundialmente. Por isso, certos países, como Estados

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Unidos e Canadá, não reconhecem o princípio da precaução como norma cogente, mas como mero princípio proclamatório e sem caráter sancionador. Em contrapartida, há de se buscar compreendê-lo sob uma ótica mais ampla, abordando noções científicas, políticas e jurídicas. As especulações e estudos que podem surgir em função disso levam a questionamentos sobre a natureza jurídica do princípio; se o mesmo seria um princípio moralizador, político, jurídico, um princípio geral de direito ou simplesmente uma expressão da Soft Law.

2.3 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

O Direito Ambiental, enquanto ciência de origem recente, encontra como um dos maiores obstáculos para seu estudo sistemático, a legislação esparsa que trata da proteção do meio ambiente. Apesar desta dificuldade, verifica-se claramente no ordenamento jurídico nacional a existência de inúmeros princípios que conferem autonomia científica a esse ramo do Direito. Dentre os vários princípios norteadores do tema, destaca-se o princípio da prevenção do dano ambiental. Tal direcionamento fundamental consiste no comportamento efetuado com o intuito de afastar o risco ambiental. Antecipam-se medidas para evitar agressões ao meio ambiente.

Este preceito encontra-se previsto no artigo 225, caput, da Constituição Federal, quando se incumbe ao Poder Público e à coletividade o dever de proteger e preservar o meio ambiente às presentes e futuras gerações.

Ao se mencionar a ideia de proteção, esta engloba tanto atividades de reparação, como de prevenção. Consoante ensina Marcelo Abelha Rodrigues sobre o princípio da prevenção:

Sua importância está diretamente relacionada ao fato de que, se ocorrido o dano ambiental, a sua reconstituição é praticamente impossível. O mesmo ecossistema jamais pode ser revivido. Uma espécie extinta é um dano irreparável. Uma floresta desmatada causa uma lesão irreversível, pela impossibilidade de reconstituição da fauna e da flora e de todos os componentes ambientais em profundo e incessante processo de equilíbrio, como antes se apresentavam.18

18 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de direito ambiental: parte geral. 2. ed. São Paulo:

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Para que sejam tomados os procedimentos adequados à proteção do meio ambiente, torna-se necessário existir permanente sistema de informação e séria pesquisa para resolver os problemas ambientais já na sua origem.

Constata-se, portanto, que a noção de prevenção diz respeito ao conhecimento antecipado dos sérios danos que podem ser causados ao bem ambiental em determinada situação e a realização de providências para evitá-los. Já se verifica um nexo de causalidade cientificamente demonstrável entre uma ação e a concretização de prejuízos ao meio ambiente.

Encontram-se, no sistema normativo brasileiro, alguns instrumentos de tutela ambiental, seja para pesquisa, seja para ação de prevenir, no âmbito administrativo, como o licenciamento ambiental e respectivo estudo prévio de impacto ambiental, zoneamento administrativo, tombamento e as sanções administrativas. Especialmente nesta hipótese de sanções administrativas, o Direito Ambiental, ramo do Direito Público, permite ao Estado impor multas ao poluidor que inibem futuras agressões ao meio ambiente.

Conforme ressalva Celso Antonio Pacheco Fiorillo,

[...] não se quer com isso inviabilizar a atividade econômica, mas tão-somente excluir do mercado o poluidor que ainda não constatou que os recursos ambientais são escassos, que não pertencem a uma ou algumas pessoas e que sua utilização encontra-se limitada na utilização do próximo, porquanto o bem ambiental é um bem de uso comum do povo. 19

Ainda, junto ao Poder Judiciário, o ajuizamento de remédios heróicos como ação civil pública e ação popular, permite a tutela mais adequada a esses direitos difusos, visando impedir danos ao bem ambiental, sem excluir a possibilidade de utilização de instrumentos de tutela de urgência, como liminares antecipatórias e medidas cautelares.

Conclui-se que a aplicação do princípio da prevenção configura um complexo sistema de conhecimento e vigilância da biota, em que a atualização constante de informações permite a implementação e modernização das políticas ambientais.

19 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 11. ed. rev., atual. e

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2.4 PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR

Trata-se do uso dos recursos naturais, no qual podem ser gratuitos, ou, ainda poderá ser oneroso, este último, todavia, tem como escopo principal prevenir de forma contenciosa e preventiva a utilização dos recursos naturais. Além disso, é notório que a necessidade humana de sobrevivência muitas vezes torna-se desregrada ao consumir as fontes do meio ambiente Natural e, também, seus aspectos artificiais e culturais colocando de maneira incomensurável em risco a própria existência e de muitas espécies. Para tanto, criaram-se regras contenciosas, e entre elas, o princípio do Usuário-pagador, tal norma é valiosíssima ferramenta de contenção preventiva, muito embora, por vezes, o simples pagamento não tem a capacidade de apagar os estragos feitos ao meio ambiente, quando ocorrem impactos ou acidentes ambientais.

Faz-se necessário destacar o posicionamento do Supremo tribunal federal sobre a Norma suscitada: A corte reconheceu a existência do Princípio, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 3.378 de 09/08/2008. A corte, além de reconhecer o princípio como norma basilar, em questão Ambiental, concluiu que ela não atenta contra a legalidade. Trata-se, este princípio, de uma luz doutrinaria e jurisprudencial no contexto da difícil tarefa de preservação em fase do progresso tecnológico devidamente regrado, porém, com grandes riscos ao meio Ambiente. É tarefa desta ferramenta evitar a privatização dos lucros, pois busca a internacionalização dos custos econômicos diretamente ligados ao detentor do proveito.

O princípio do poluidor/usuário-pagador, não se deixa enganar pela aparente simplicidade da expressão: o postulado sintetiza um dos mais importantes valores do Direito Ambiental. Não obstante a primeira leitura da expressão poder gerar uma ideia equivocada deste princípio, a verdade é que, a despeito das críticas semânticas, o seu conteúdo é dos mais sérios e nobres, refletindo uma real esperança de salvaguarda do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Porquanto a expressão tenha sido pioneiramente associada “a movimentos estudantis ideológicos” no final da década de 1960, a grande verdade é que hoje este princípio possui um importante e variadíssimo alcance, de modo a não existir, nem de perto, uma correspondência entre o sentido aparente da expressão e seu real espectro de abrangência.

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O Superior Tribunal Federal citado por Bernardi e Razzines, decidiu que o princípio usuário-pagador significa:

[...] Um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. O usuário-pagador não é uma punição, pois mesmo não existindo qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado. Assim, para tornar obrigatório o pagamento pelo uso do recurso ou pela poluição não há necessidade de ser provado que o usuário e o poluidor estão cometendo faltas ou infrações. O órgão que pretenda receber o pagamento deve provar o efetivo uso do recurso ambiental ou a sua poluição a existência de autorização administrativa para poluir, segundo as normas de emissão regularmente fixadas, não isenta o poluidor de pagar pela poluição por ele efetuada.20

2.5 PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR

O Princípio do Poluidor-Pagador surgiu em 1972, com a Conferência de Estocolmo (Suécia), proveniente da necessidade de se primar pelas parcerias públicas privadas na busca pela defesa do meio ambiente. Por este Princípio é cobrado dos poluidores todos os danos causados ao meio ambiente, com o fim de manter os padrões de qualidade desejados. Tal princípio encontra-se amparado no artigo 225, § 3º, da CF/1988, haja vista que o texto dispõe que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.21

Na seara das leis infraconstitucionais, a Lei nº 6.938, de 31.08.198122,

conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente, estabeleceu em seu artigo 4º, inciso VII, ao tratar de seus objetivos, “imposição, ao poluidor e ao predador, da

20 BRASIL apud BERNARDI, Yuri V. N.; RAZZINES, Marta M. O princípio do usuário pagador.

Egov.Ufsc, Florianópolis, [201-?]. Disponível em: <www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/1652-1381-1-pb.pdf>. Acesso em: 03 nov. 2017.

21 TAKEDA, Tatiana de O. Princípio do poluidor-pagador. Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 13, n. 78,

jul. 2010. DIpsonível em:

<www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8138>. Acesso em: 03 nov. 2017.

22 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

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obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”23. Mais adiante, no artigo

14, § 1º, determina que

[...] sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá responsabilidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.24

Antes, o Código de Águas, em seu artigo 109 - Decreto nº 24.643 de 10 de Julho de 193425, Autoriza o Poder Executivo a abrir ao Orçamento Fiscal da

União, em favor do Ministério Público da União, crédito suplementar no valor de R$75.000.000,00, para os fins que especifica. Art. 109. A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consome, com prejuízo de terceiros. introduziu a noção de poluidor-pagador, estabelecendo que a ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consome, com prejuízo de terceiros. O artigo 110 aduzia que os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à custa dos infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas perdas e danos que causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos regulamentos administrativos.

Destarte, apesar de as normas ambientais brasileiras oferecerem amparo legal para a efetivação do caráter econômico do Princípio do Poluidor Pagador, a sua manifestação expressa se dá na aplicação da responsabilidade ambiental objetiva. Ademais, saliente-se que o pagamento não dá ao usuário o direito de poluir. Como bem ensina Antônio F. G. Beltrão,

[...] o pagamento pecuniário e a indenização não legitimam a atividade lesiva ao ambiente. O enfoque, pois, há de ser sempre a prevenção;

23 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

24 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

25 BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Código das águas. Brasília: Casa Civil, 1934.

Referências

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