• Nenhum resultado encontrado

Principais benefícios do segurado especial: uma análise do benefício da

Os benefícios trazidos aos segurados especiais não diferem muito daqueles oferecidos as demais classes de segurados. O artigo 39 da Lei nº 8.213/91 assegura ao segurado especial a concessão de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio- reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo e, ainda, de auxílio-acidente. Entretanto, destacar-se-ão apenas os benefícios da aposentadoria, que garantem ao segurado especial o seu sustento na velhice.

Ao segurado especial é garantida a aposentadoria por idade, sendo devida ao segurado que completar 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, observada a carência exigida por lei e a redução desses limites em 05 anos para os trabalhadores rurais. Com tal redução, já se pode evidenciar que o legislador pensou no desgaste físico e mental que o trabalhador sofre durante os anos, pois, além do esforço físico, também está exposto às intempéries do clima. Martins (2016, p. 500) destaca que:

A Constituição, de certa forma, melhorou a situação do homem do campo, pois no regime anterior havia dois sistemas, um urbano e outro rural, e o atual sistema é igual para ambos, ainda assegurando pelo menos um salário mínimo ao trabalhador rural, o que não ocorria no sistema anterior em que podia perceber valor inferior. Entretanto, não mais se justifica conceder aposentadoria ao trabalhador rural sem nunca ter contribuído, apenas porque essa pessoa comprove o exercício de atividade rural em número de meses igual à carência do benefício, mesmo que de forma descontínua (art. 143 da Lei n. 8.213/91). Há o inconveniente também de que se arrecada pouco no campo para o volume de benefícios em valor que se paga. Castro e Lazzari (2016, p. 657) se opõem ao autor citado, dizendo que “o sistema, hoje, já deixou de ser não contributivo: assim é, desde novembro de 1991, mês em que passaram a ser exigidas as contribuições previstas na Lei n. 8.212/91.”

Martins (2016, p. 500) aponta ainda a ocorrência de fraudes para a concessão do benefício, ao referir que:

As aposentadorias dos trabalhadores rurais sem contribuição têm trazido muita fraude, como se tem verificado, porém nada impede que o trabalhador rural recolha normalmente a sua contribuição para ter direito a uma aposentadoria comum e igual à do trabalhador urbano.

[...] Se o sistema para o trabalhador rural continuar em parte não contributivo, já que há a possibilidade de opção, é claro que o referido trabalhador vai optar por não contribuir, daí a necessidade de modificação do referido sistema.

Contrariamente ao entendimento de Martins, Castro e Lazzari (2016, p. 657) rebatem, dizendo que:

[...] às fraudes, existem, mas não apenas nas aposentadorias concedidas aos rurais como também nas pagas aos excombatentes e aos anistiados, e mesmo no meio urbano. Ademais, como bem assinala o doutrinador, o regime vigente é único, donde se torna inócua a discussão a respeito de a “arrecadação no campo” ser menor que no meio urbano.

Inobstante os doutrinadores divergirem acerca do tema, está garantida ao segurado especial a aposentadoria por idade, devendo ser respeitada esta categoria conforme dispõe a Constituição Federal, observadas suas peculiaridades, pois, ainda que aconteça fraudes, o sistema garante, ao menos, o mínimo de assistencialismo a esta gama de segurados. Diferentemente do que previa a legislação de 1971, fazem jus à aposentadoria por idade todos aqueles que estão inseridos no grupo familiar.

Para fazer jus ao beneficio da aposentadoria por idade, o segurado especial precisa cumprir os requisitos do artigo 48, Lei nº 8.213/91, que exige:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei.

§ 3º Os trabalhadores rurais de que trata o § 1º deste artigo que não atendam ao disposto no § 2º deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. (BRASIL, 1991a).

Destarte, a lei conceder a redução de 05 anos para a concessão da aposentadoria, ela exige que a atividade rural seja comprovada, conforme § 2º do artigo 48, citado anteriormente.

Em suma, para fazer jus à aposentadoria por idade, o segurado especial precisa comprovar o tempo de atividade rural e não o tempo de contribuição, como é exigido dos trabalhadores urbanos, além de ter a idade mínima exigida em lei.

Diante de todas as inovações legislativas que alcança o segurado especial, há que se falar na aposentadoria por idade “mista” ou “híbrida”, que foi instituída pela Lei nº 11.718/08. Berwanger (2016, p. 43) trata essa inovação como uma evolução para com a sociedade rural ao mencionar que:

As leis previdenciárias, assim com a legislação em geral, evoluem com a sociedade. Novas realidades fazem surgir outras normas, superando as antigas. No que se refere à Previdência Social, benefícios antigos dão lugar a novos, mais adequados às necessidades sociais atuais. O direito deve evoluir junto com a sociedade.

Diante de tal premissa, surgiu o parágrafo 3º no artigo 48, da Lei nº 8.213/91, que normatiza a concessão da aposentadoria por idade híbrida.

De acordo com Berwanger (2016, p. 44),

[...] a Lei 11.718/08, reconhecendo o grande êxodo rural que provocou a migração de milhões de pessoas do campo para as cidades em busca de outras oportunidades, permitiu que o segurado somasse, para fins de aposentadoria por idade, tempo de atividade rural e urbana, a qual vem sendo chamada de aposentadoria híbrida. Porém, para este novo benefício, a lei voltou a exigir a idade mínima de 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher, a mesma exigida para os trabalhadores urbanos, deixando a redução de 05 anos exclusivamente para aqueles que desenvolveram, integralmente, a atividade rural. Dessa forma, essa nova espécie de aposentadoria serviu para amparar o trabalhador rural quando este não pudesse comprovar o efetivo exercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, em período anterior ao cumprimento dos requisitos para requerer o benefício da aposentadoria por idade prevista na Lei nº 8.213/91. A lei, então, passou a permitir a soma do tempo de contribuição rural com o urbano. Entretanto, muito se discute sobre a possibilidade de somar tais períodos, que vem sendo restringido pelo INSS, sendo permitido por este a soma dos períodos, desde que a última atividade seja na área rural.

Nota-se que o § 3º, artigo 48, da Lei nº 8.213/91, em nenhum momento especificou que a última atividade deveria ser a rural, além do mais, a tendência que se tem, na atualidade, com o êxodo rural, é que a última atividade seja a urbana e, de nada adiantaria ser esse o entendimento, pois, logo-logo, tal norma se tornaria ineficaz.

Berwanger (2016) diz que tal entendimento é uma afronta ao princípio da isonomia, pois se ao trabalhador rural é permitido a soma da atividade urbana, também deve ser permitido ao trabalhador urbano somar o período de atividade rural.

O período de carência também deve ser objeto de abordagem, segundo Berwanger (2016, p. 57):

Um questionamento frequente, quando se fala da aposentadoria híbrida, é como superar a exigência legal da carência. Efetivamente, o segurado tem que comprovar 180 contribuições mensais, ou quando atingiu a idade antes de 2011, de acordo com a tabela de transição. E quando se trata de segurado especial, tem que comprovar período de atividade rural equivalente à carência.

Entende-se que o § 3º do art. 48 relativiza esta exigência, tanto se a última atividade for urbana, quanto se for rural. Caso a exigência seja de 180 contribuições, em sentido estrito, a norma tem eficácia extremamente limitada, pois se aplicaria apenas aos empregados rurais – caso no qual sequer precisaria existir, pois já se reconheceria o direito, uma vez que fossem comprovadas as contribuições mensais. Assim, é de se reconhecer que, implicitamente, passa a se admitir o período de atividade rural como se carência fosse.

Em suma, é possível a soma dos períodos de atividade urbana e rural, podendo ser somado o período de contribuições mensais com o período de atividade rural, devendo o resultado dessa soma ser de 180 meses de contribuições/atividade.

Encerrada a abordagem acerca da aposentadoria por idade, passa-se a discorrer sobre as mudanças legislativas visando adaptar-se às novas realidades.

Documentos relacionados