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CAPÍTULO VI – Conclusões e sugestões

6.2. Principais conclusões do estudo

A partir dos resultados obtidos, podemos apontar as conclusões deste estudo, tendo sempre em mente os objetivos a que nos propusemos.

Desta forma, os resultados obtidos permitem concluir que:

- A utilização da metodologia de aprendizagem cooperativa no ensino- aprendizagem das Ciências Naturais e da Biologia e Geologia refletiu-se numa melhoria do rendimento escolar dos alunos. Apesar da maior parte dos alunos ter beneficiado com a aplicação da aprendizagem cooperativa, os que revelavam maiores dificuldades, que apresentavam resultados escolares mais baixos, foram aqueles que obtiveram uma maior subida nos resultados dos mini-testes.

Pelo nosso estudo verificámos que a utilização de métodos cooperativos, em particular do método STAD, permitiu aprendizagens importantes nas aulas de Ciências Naturais e nas aulas de Biologia e Geologia, que se refletiu na melhoria do rendimento escolar dos alunos do 7.º e 11.º anos de escolaridade. Os alunos referiram que, com a aprendizagem cooperativa, aprendiam mais e melhor os conteúdos lecionados, o que se comprovou com o aumento do rendimento escolar da maior parte dos alunos.

A partir dos resultados obtidos nos mini-testes pode-se concluir que a maioria dos alunos obteve ganhos no rendimento escolar sendo a diferença de médias

estatisticamente significativa, quando se compara a nota de base com a média dos mini- testes.

Dos vinte e quatro alunos que constituíam a amostra do 7.º ano de escolaridade, dezanove aumentaram o seu rendimento escolar, verificando-se aumentos na ordem dos 20%. No 11.º ano de escolaridade, dos vinte e dois alunos que constituíam a amostra, catorze aumentaram os seus resultados de 1 a 8 valores.

Apesar das dificuldades sentidas ao longo da implementação do método cooperativo STAD, podemos concluir que a sua aplicação foi vantajosa para o processo de ensino-aprendizagem na medida em que, possibilitou a melhoria do rendimento escolar dos alunos.

Estudos efetuados por Johnson et al. (1999) demonstram que quando os alunos trabalham em ambiente cooperativo, os elementos do grupo desenvolvem maiores esforços para conseguirem um bom desempenho, assim conseguem uma maior produtividade, logo um maior rendimento escolar. As conclusões por nós encontradas, no final da intervenção pedagógica a que as amostras foram submetidas, vão de encontro a vários estudos que referem os resultados positivos da aprendizagem cooperativa ao nível do rendimento escolar dos alunos. Lopes e Silva (2009) referem que a aprendizagem cooperativa possibilita aos alunos benefícios académicos, dos quais se destaca o aumento do rendimento escolar. Também Freixo (2003) e Ribeiro (2006) realizaram estudos, onde concluíram que a cooperação permitiu aos alunos melhorarem o seu rendimento escolar.

- Os alunos valorizaram muito positivamente a utilização da aprendizagem cooperativa no processo de ensino-aprendizagem e no ganho de competências.

Ao proceder-se à análise dos dados relativos do questionário aplicado, foi possível concluir que, a globalidade dos alunos vivenciou de forma positiva esta experiência de ensino-aprendizagem, valorizando a utilização do trabalho em grupo cooperativo.

Segundo a opinião dos alunos, trabalhar em ambiente cooperativo facilitou a sua aprendizagem, motivou-os para o processo de ensino-aprendizagem, possibilitou-lhes o desenvolvimento de competências sócio-afetivas como a cooperação e a entreajuda, permitiu a troca de informações, conhecimentos e experiências e tornou-os mais responsáveis e autónomos na medida em que, desenvolveram a capacidade de planear o seu trabalho e a capacidade de estabelecer objetivos.

A interdependência positiva, a responsabilidade individual e a presença de competências sociais foram três dos elementos essenciais dos grupos cooperativos que estiveram presentes na grande maioria das situações de aprendizagem e que motivou a entreajuda entre os demais elementos do grupo. O aumento da responsabilidade individual permitiu que os alunos fossem responsáveis pela sua própria aprendizagem e pela dos seus colegas. No decorrer do estudo, os alunos deram mais importância aos esforços de grupo para a realização das tarefas do que aos individuais, melhoraram a sua aprendizagem considerando as opiniões sobre o trabalho dadas pelos seus colegas e tornaram-se mais capazes de ajudar os seus colegas, especialmente os que revelavam maior dificuldade, demonstrando um aumento da interdependência positiva entre eles.

A utilização da aprendizagem cooperativa, na opinião dos alunos, permitiu-lhes, ainda, que os mesmos fossem adquirindo ou melhorando determinadas competências sociais, tais como a cooperação, a entreajuda, a ser mais paciente e tolerante, a aceitar as diferenças, a comunicar de forma clara e a desenvolver o espírito de grupo e a capacidade de ouvir as ideias dos outros colegas.

Os alunos mostraram-se, ainda, recetivos em aplicar a aprendizagem cooperativa noutras disciplinas, o que demonstra, sem dúvida, as vantagens que percecionaram relativamente a esta metodologia de ensino-aprendizagem.

Desta forma, os nossos resultados, ainda que decorrentes de uma amostra reduzida e portanto, sem possibilidades de generalização, permitiram-nos concordar com Sanches (1994) e Fraile (1998), quando referem que a aprendizagem cooperativa apresenta vantagens sobre outros modelos de ensino-aprendizagem, nomeadamente a motivação para aprender e o aumento da responsabilidade individual. Segundo Iqbal (2004) e Willis (2011) se compararmos a cooperação, a competição e a aprendizagem individualista, verifica-se que os alunos ao cooperar aprendem mais matéria e retêm melhor e durante mais tempo o conhecimento. Também Lopes e Silva (2009) mencionam que a aprendizagem cooperativa estabelece um clima de cooperação, cria um sistema de apoio social mais forte e melhora a satisfação do aluno com as experiências de aprendizagem. De acordo com os mesmos autores, estes resultados apontam para a importância da implementação da metodologia de aprendizagem cooperativa em que todos os alunos são chamados a participar diretamente em todas as atividades.

- A utilização da aprendizagem cooperativa revelou-se importante no ensino- aprendizagem das Ciências Naturais e da Biologia e Geologia, dos alunos da amostra.

Estes resultados e o facto de esta estratégia de ensino-aprendizagem se integrar nos princípios orientadores da reorganização curricular do Ensino Básico e na revisão curricular do Ensino Secundário é, sem dúvida, um fator favorável da utilização da aprendizagem cooperativa, quer pelos professores de Ciências Naturais quer pelos professores de Biologia e Geologia.

Segundo as indicações do Departamento de Educação Básica do Ministério da Educação (2001), patentes no documento Currículo Nacional do Ensino Básico - Competências Essenciais, bem como as indicações do Departamento de Educação Secundária do Ministério da Educação (2001;2003) notórias nos documentos Currículo Nacional do Ensino Secundário – Programa de Biologia e Geologia, 10ºano e Currículo Nacional do Ensino Secundário – Programa de Biologia e Geologia, 11º ou 12ºanos, a escola deve promover experiências de aprendizagens diversificadas que permitam que os alunos assumam um papel mais ativo na sua aprendizagem e que alcancem um maior sucesso académico. A escola, considerado um espaço privilegiado de educação para a cidadania, deve permitir o desenvolvimento integral do aluno.

A aplicação desta metodologia no ensino das Ciências estimula o raciocínio e ajuda a desenvolver as competências de comunicação e os processos do pensamento científico. Ao usar técnicas de aprendizagem cooperativa na sala de aula, os professores de Ciências podem aumentar a compreensão das normas da Ciência para os seus alunos.

Em suma, aos alunos, a aprendizagem cooperativa poderá proporcionar claros benefícios ao nível do rendimento escolar, enquanto que aos professores, poderá constituir um método de trabalho para todos aqueles que sentem esgotado o modelo tradicional de aprendizagem (Bessa & Fontaine, 2002).

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