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Principais Riscos Naturais e Mistos

Capítulo III – Importância de Geografia Física, Ordenamento e Planeamento na

6. Principais Riscos Naturais e Mistos

O ―Guia para a Caracterização de Risco no Âmbito da Elaboração de Planos de Emergência de Proteção Civil ―(ANPC, 2009) cit. Abreu et al. (2014) realça os principais riscos naturais existentes na Ilha da Madeira (quadro 4): os sismos (risco moderado), o movimento em massa (risco elevado), os aluviões e outros riscos, nomeadamente, os riscos mistos e os incêndios florestais (risco extremo).

Embora exista uma probabilidade média baixa de sismos, como refere Abreu et al. (2014), há uma severidade moderada na ocorrência deste fenómeno, por causa da maior aproximação física da falha Açores - Gibraltar. Os sismos ocorridos na ilha da Madeira são de magnitude baixa. Na sua não são sentidos por parte da população (a nível geral inferiores a 4 de escala de Richter), portanto, não foi incluído este risco natural no SIDS.

Relativamente aos movimentos em massa, existe um risco elevado, atendendo à existência de uma probabilidade média-alta e uma severidade acentuada, tendo em conta, a respetiva geomorfologia, ou seja, o acentuado relevo, que favorece a ação da gravidade e materiais muito alterados, sobretudo, na costa norte e a montante da costa Sul, com existência de CVI e CVM.

Quanto às aluviões, a probabilidade da ocorrência deste risco é elevado acompanhado de uma severidade critica, por causa das bacias hidrográficas de dimensão pequena com declive acentuado, aumentando assim a velocidade do curso de água com uma forma de funil (maior escoamento superficial de forma rápida e maior probabilidade de acumulação da drenagem) e também devido aos cursos de água geralmente jovens, resultantes da erosão diferencial, do tipo detrítico, com vales estreitos e profundos (com perfil transversal em V, sendo característico em maciços rochosos), por causa das características físicas existentes nesta área e alteradas perante a ação humana ali residente.

Nesta década, perante a DROTA cit. Jornal Oficial da RAM, do dia 27 de outubro de 2017, Serie I, número 187, existiram 6 aluviões. O primeiro ocorreu a 2 de fevereiro de 2010, em particular no Município de Santana. Embora este não tenha registado nenhuma vítima mortal, danificou várias habitações, redes rodoviárias e infraestruturas sociais. Dezoito dias depois, a 20 de fevereiro de 2010, ocorreu outra aluvião, com maior severidade (o maior após o de 1803), provocando 48 mortos, 250 feridos e 600 desalojados, ocorreu sobretudo nos Municípios do Funchal e R. Brava, mas também em Câmara de Lobos e Santa Cruz. Este fenómeno provocou destruição não só em infraestruturas, habitações e redes rodoviárias, mas também no sistema de abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, entre outros. Caetano (2014). Ainda no mesmo ano, a 21 de outubro de 2010, no Município do Funchal aconteceu outra aluvião, embora sem vítimas mortais e feridos constatados, registaram-se habitações destruídas (5 desalojados) e danificação de algumas redes rodoviárias. Praticamente, dois meses depois, a 20 de dezembro de 2010, sobretudo no Município do Funchal e também na freguesia do Curral das Freiras (Câmara de Lobos) houve outra aluvião, provocando 2 feridos e habitações distribuídas. A 6 de Novembro de 2012, no Município de Porto Moniz e S. Vicente, houve uma aluvião, provocando 6 feridos e 71 desalojados. A 29 de Novembro de 2013, no Município de Machico aconteceu o último aluvião registado nesta década, provocando 5 feridos e 6 famílias desalojadas. A maioria das aluviões registaram-se no Município do Funchal (3 das 6 aluviões), por causa da

concentração populacional e vulnerabilidade face ao risco natural existente, nomeadamente edificações no interior do leito de inundação.

Finalmente, quanto aos incêndios florestais, existe uma probabilidade elevada e uma severidade crítica na ilha da Madeira, sobretudo na costa Sul nas áreas com maior altitude, pela elevada existência de manta morta, devido à ocupação florestal densa, ao declive acentuado (dificultando o combate do incêndio) e ainda devido à baixa humidade dos combustíveis por causa da orientação das vertentes maioritariamente a Sul e Oeste. Também na costa Sul existe maior ocupação de áreas por pinhal e eucaliptal, aumentando assim o risco de incêndio florestal por serem combustíveis mais finos, facilitando na ignição e propagação do incêndio. Nesta década já se registaram três incêndios de grandes proporções na ilha da Madeira. O primeiro ocorreu no dia 13 de agosto de 2010, no parque Ecológico do Funchal e nas áreas envolventes, provocando 6000 hectares de área ardida, destruindo 95% do parque ecológico, afetando somente área florestal. (SIC- 12-8-16). Aproximadamente dois anos mais tarde, a 19 de julho de 2012, houve outro incêndio, com ignição na freguesia de S. Gonçalo (Município do Funchal), o qual se propagou até ao Município de Santa Cruz, provocando só no Município de Santa Cruz, 2150 hectares e 42 casas destruídas, pois penetrou no tecido urbano contínuo, próximo da linha de costa (Andrade,2014). Finalmente, quatro anos mais tarde, a 8 de agosto de 2016, no Município de Funchal, aconteceu outro incêndio, com ignição a montante do Município do Funchal (freguesia de S. Roque), que, atendendo ao respetivo estado do tempo, propagou-se para o interior do centro urbano do Funchal, provocando 1666 hectares de floresta ardida, 300 edifícios destruídos, três vítimas mortais e 2 feridos graves PÚBLICO – (17-9-2016).

Na ocorrência de riscos naturais surgem inúmeros impactos ambientais, como por exemplo, degradação dos solos, degradação da paisagem, problemas na rede de saneamento e no fornecimento de energia elétrica, contaminação da água potável, poluição, aspetos que prejudicam o desenvolvimento ambiental sustentável. A existência destes riscos ambientais naturais também contribuem para elevados danos materiais e monetários, para a destruição de infraestruturas e de redes rodoviárias e de comunicação e podem gerar a uma grande probabilidade de vítimas mortais. Deste modo, afetam, sem dúvida, o desenvolvimento socioeconómico sustentável.

Quadro 4 - Princiapais Riscos (Naturais e Mistos) na ilha da Madeira

Capítulo V– Estágio Curricular

Este projeto está dividido em 2 partes. A primeira parte é composta por 5 etapas, onde insere a definição de problemas e soluções apresentadas acerca do desenvolvimento sustentável, a revisão bibliográfica, a criação da metodologia com a definição de quadro conceptual, a criação da metodologia e execução da recolha e seleção, a normalização e a indexação dos indicadores, a ponderação dos domínios e objetivos estratégicos, o preenchimento da ficha de metainformação por cada indicador e as questões e assuntos para incluir numa plataforma web site. A segunda parte deste projeto elaborada após a seleção dos indicadores, consiste na criação de uma plataforma web site, com identificação e divulgação dos resultados obtidos de âmbito intermunicipal.

No estágio curricular, tive como objetivo principal a execução, por completo, da primeira parte do projeto, realizado de forma autónoma. Nesta primeira etapa procedeu-se à:

 Identificação do problema existente na ilha da Madeira e apresentação de soluções;  Criação de metodologias para elaboração de quadro conceptual, definindo dimensões,

objetivos estratégicos, domínios e subdomínios;

 Identificação das referências espaciais e temporais do projeto;

 Criação de critérios para a recolha e a seleção de indicadores para monitorização de desenvolvimento sustentável e a respetiva seleção de indicadores de monitorização e avaliação do desenvolvimento sustentável nos Municípios integrados no SIDS;

 Criação de uma ―metainformação‖, com a identificação do objetivo da integração do indicador, metodologia, formula, objetivo, limites (máximo e mínimo), estatísticas descritivas do indicador, escala do indicador (positivo/negativo), último ano de atualização de cada referência temporal, entre outros;

 Criação de uma metodologia para normalização/indexação, ponderação dos objetivos estratégicos e domínios e a criação de índices;

 Avaliação de aspetos e questões incluídas na plataforma web site;

 Avaliação da metodologia construída com a criação de um índice (Dimensão e Objetivo Estratégico).

O principal objetivo deste Relatório de Estágio foi de construir um SIDS capaz de ser operacionalizado no contexto da realidade geográfica existente na ilha da Madeira, identificando para cada domínio a respetiva importância face ao desenvolvimento sustentável.