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Principais tipos de dislexia

No documento 2013CailaLanfredi (páginas 62-65)

2 DISLEXIA: NOVOS OLHARES

2.2 Principais causas, sintomas e tipos de dislexia

2.2.3 Principais tipos de dislexia

A partir de estudos relacionados à dislexia, descobriu-se que ela pode ser classificada de várias formas, de acordo com os critérios utilizados para sua classificação. Buscando corroborar com esse pensar, trago as lições Oliver (2008) para este estudo, a fim de que seus achados contribuam com outros elementos importantes para essa temática. Sendo assim, Oliver afirma que para a Psicopedagogia, a dislexia pode ser subdividida em:

– Dislexia cognitiva ou inata: é a dislexia que nasce com o indivíduo, podendo ter as mais variadas causas e características próprias. Uma das causas pode ser a comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-se com tamanhos invertidos ou em tamanhos exatamente iguais, quando o considerado normal é que o esquerdo seja maior que o direito. No caso do indivíduo ter esta dislexia, terá pouca ou nenhuma habilidade para a aquisição da leitura/ escrita, geralmente não chega a ser alfabetizado, e quando chega, tem sérios problemas de compreensão textual. Este tipo de dislexia, geralmente é incurável e este disléxico

deve ser tratado e acompanhado por uma equipe multidisciplinar de forma sistemática e contínua para assim, serem amenizados os sintomas provenientes. – Dislexia adquirida: é a dislexia que vem por consequência de algum trauma, por

exemplo, anóxias (falta de oxigenação no cérebro), acidente vascular cerebral (derrame) e outros acidentes que podem afetar o cérebro. Nesse caso, o indivíduo que antes lia e escrevia normalmente, passa a ter períodos e fases de dislexia, nos quais a dificuldade para ler e para escrever será nítida, bem como os problemas de lateralidade e falha de memória. Esse tipo de dislexia requer um acompanhamento e habilidades de adaptação, tem grandes possibilidades de cura ou boa melhora, já que essa dislexia não envolve alterações hemisféricas.

– Dislexia ocasional: como o próprio nome diz, esta dislexia aparece em ocasiões, sendo causada por fatores externos. Alguns fatores apontados são o estresse, excesso de atividades, e raramente por TPM (Tensão Pré Menstrual) e hipertensão. Nesse caso, não são precisos grandes tratamentos. O indivíduo deverá detectar o fator que causa sua dislexia e, se necessário, é possível mudar seus hábitos e tudo voltará ao normal. Psicoterapia é uma boa indicação.

Pertinente, ainda, recorrer aos apontamentos de outro pesquisador para dialogar com este estudo, dessa forma, destacam-se as classificações feitas por Moojen (apud ROTTA, 2006), que subdivide a dislexia em três tipos:

– Dislexia fonológica: sua principal característica está na dificuldade para operar a rota fonológica, apresentando um funcionamento aceitável da rota lexical. Sendo assim, a maior dificuldade está em ler palavras não familiares, sílabas sem sentido ou pseudopalavras, mostrando maior desempenho na leitura de palavras familiares. Encontram-se, também, dificuldades em tarefas que envolvam memória e consciência fonológica, acarretando dificuldades de compreensão do que foi lido. –Dislexia lexical: as principais dificuldades estão na rota lexical, apresentando a rota

fonológica relativamente preservada, afetando fortemente a leitura de palavras irregulares. Assim, os disléxicos deste tipo, leem lentamente e errando com frequência.

–Dislexia mista: a via lexical e a via fonológica estão comprometidas. São situações mais graves e requerem um esforço maior e sistemático.

Esses autores trouxeram importantes constatações sobre a dislexia, bem como, formas de identificar diferentes casos desse transtorno. Agora, recorro aos ensinamentos de duas

estudiosas para aprofundarem os conhecimentos deste estudo, tratando-se das autoras Ianhez e Nico na obra Nem sempre é o que parece: como enfrentar a dislexia e os fracassos escolares(2002) que propõem as seguintes subdivisões:

– Dislexia disfonética: dificuldades de percepção auditiva na análise e síntese de fonemas. Maior dificuldade na escrita do que na leitura.

– Dislexia diseidética: dificuldades na percepção visual, apresentando leitura silábica. Maior dificuldade na leitura do que na escrita.

– Dislexia visual: deficiência na percepção visual, não visualiza cognitivamente o fonema.

– Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, não audiabiliza o fonema. – Dislexia mista: combinação de mais de um tipo de dislexia.

Outro autor já mencionado nesta pesquisa e que também classifica a dislexia de acordo com sua origem é Topczewski (2010):

– Primária ou constitucional: o indivíduo nasce com as características geneticamente determinadas e com o passar do tempo, tornam-se mais evidentes as dificuldades. Tem caráter neurobiológico e é permanente, podendo apresentar melhoras parciais ao longo da vida desde que submetidos a um bom tratamento. Os disléxicos primários ou constitucionais podem cursar uma faculdade, com sucesso, no entanto, isso demandará um esforço particular maior, pois necessitará encontrar atalhos para tornar sua aprendizagem mais efetiva. Esse tipo de dislexia é encontrado na literatura com o nome de dislexia do desenvolvimento, dislexia específica ou dislexia de evolução.

– Secundária: quando as causas determinantes são lesões, acidentes vasculares cerebrais, traumatismos, quadros degenerativos, processos infecciosos ou inflamatórios cerebrais. Ou seja, a dislexia atinge, neste caso, indivíduos que já estavam alfabetizados, mas que por essas causas passam a apresentar alterações que comprometem a leitura e a escrita. “Acredita-se, também, que o quadro de hipoxia neonatal (redução da concentração de oxigênio) possa estar relacionado à dislexia, pois alteram os circuitos neuronais e comprometem, sob aspecto funcional, as áreas do cérebro responsáveis pela leitura e escrita.” (TOPCZEWSKI, 2010, p. 17).

– Transitória: quadro relacionado ao período inicial do aprendizado, no qual a criança apresenta dificuldades individuais momentâneas na aprendizagem. São vários os fatores, como não adaptação ao sistema de ensino, falta de recursos

linguísticos ou, até mesmo, por fatores emocionais. Destaca-se que esse tipo de dislexia é transitória, sendo superada com orientação psicopedagógica adequada, pois não há nenhuma alteração orgânica que possa interferir em seu bom aprendizado. Topczewski afirma que:

Há que se considerar, também, que as dificuldades transitórias para o aprendizado da leitura se devam a tentativas precoces de alfabetização, num momento em que as áreas cerebrais não estão ainda adequadamente maturadas para esta finalidade. Esta ânsia prematura dos pais e das escolas, sem respeitar as características individuais e o processo maturacional, pode interferir negativamente no desenvolvimento emocional da criança e, consequentemente, na aprendizagem (2010, p. 17).

O que afirma Topczewski na citação acima vem ao encontro com o meu pensamento desde o início de minha profissão, pois muitas vezes me deparei com pessoas ansiosas para que seus filhos e educandos fossem alfabetizados precocemente – preocupação já referida na introdução deste estudo. Essa vontade de adiantar a alfabetização pode acarretar uma inibição futura, ou seja, pode vir a ser prejudicial à criança que foi obrigada a se alfabetizar antes de estar apta para isso.

Contudo, é importante ressaltar aqui a importância de que qualquer disléxico, independente do tipo de dislexia, procure auxílio para desenvolver seu raciocínio, agilidade, coordenação motora, lateralidade. Uma boa opção são os esportes: a natação e os esportes com bola são bastante úteis e prazerosos.

No documento 2013CailaLanfredi (páginas 62-65)