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Sinais e sintomas da dislexia

No documento 2013CailaLanfredi (páginas 59-62)

2 DISLEXIA: NOVOS OLHARES

2.2 Principais causas, sintomas e tipos de dislexia

2.2.2 Sinais e sintomas da dislexia

Seria muito bom se todas as crianças que apresentassem dificuldades na alfabetização no que tange à leitura fossem “testadas” para detectar se sofrem ou não de dislexia. Ainda, se fossem diagnosticadas como disléxicas, que essa descoberta não fosse encarada como um “problema”, mas como uma nova forma de aprender e consequentemente, de ensinar, fazendo com que educadores, educandos e pais – ou seja, a comunidade educacional como um todo – estudassem e auxiliassem essas crianças para que estas não pensem que não têm possibilidades de aprender.

Contudo, a deficiência nos sistemas educacionais e a falta de recursos na maioria das escolas impede a realização desta utopia. Por isso, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais da dislexia. É preciso observar o processo de aprendizagem da criança, caso ela demonstre grandes dificuldades de assimilação do que já foi ensinado, poderá estar demonstrando um sinal de alerta. A criança pode ser inteligente e, mesmo assim, sofrer de dislexia. Esta, que não é o único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é um dos mais comuns. É necessário que profissionais qualificados a examinem e apurem cada caso, para uma posterior confirmação da dislexia.

A dislexia pode ser identificada já nos primeiros anos escolares, sendo que a primeira condição para o diagnóstico é que a criança já tenha sido alfabetizada. Conforme Topczewski (2010), o que mais se aceita é que o indivíduo já tenha tido uma vivência com a leitura e escrita de, pelo menos, dois anos para que seja possível a caracterização das dificuldades disléxicas.

Espera-se que a base da linguagem oral e da escrita já deva estar desenvolvida em torno dos oito anos de idade. Isso acontece, de modo geral, quando a criança está cursando o segundo ano do ensino fundamental, fase onde a leitura já deve estar mais fluente. O que se observa nos disléxicos é que a leitura continua sendo bastante precária, sofrida, entrecortada, quase silábica, como se estivesse nos primeiros momentos de aprendizagem. Sendo assim, esses indivíduos demandam um tempo bem mais longo para a leitura, porque têm dificuldades

para reconhecer as palavras e para lê-las. Por vezes, essa falta de fluência afasta o indivíduo da leitura, porque a “lerdeza” interfere no processo de compreensão e, consequentemente, na capacidade de memorizar o que foi lido.

É indispensável que o professor dê uma atenção especial aos alunos na fase de alfabetização, mais ainda àquelas consideradas de risco, que apresentam defasagem e dificuldades significativas na linguagem, especialmente quando há histórico de dislexia na família. Daí a importância e a necessidade de conhecer e de entender, nem que seja minimamente, a história da criança e o contexto onde ela está inserida.

São vários os sinais que identificam a dislexia. Ianhez, Nico (2002) e Santos (1987) listam vários sinais e sintomas decorrentes da dislexia, dentre os quais podemos destacar: desempenho inconstante com relação à aprendizagem da leitura e da escrita; dificuldade em associar os sons das palavras e, consequentemente, com a soletração; escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas; resistência para escrever; confusão entre letras de formas vizinhas, como “m” e “n” e “p” e “q”; confusão entre letras foneticamente semelhantes, como “t” e “d”, “p” e “b”, “g” e “c”; omissão de letras e/ou sílabas; adição de letras e/ou sílabas; união de uma ou mais palavras e/ou divisão inadequada de vocábulos, leitura e de escrita em espelho.

Ianhez (2002) ainda cita outros sinais importantes de dislexia na idade escolar: lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e da escrita; trocas ortográficas; dependendo do tipo de dislexia, problema para reconhecer rimas e alterações; desatenção e dispersão; desempenho escolar abaixo da média, em matérias específicas, que dependem da linguagem escrita; melhores resultados nas avaliações orais do que nas escritas; dificuldade de coordenação motora fina (para desenhar, escrever e pintar) e grossa (é descoordenada), dificuldade de copiar as lições do quadro, ou de um livro, problema na lateralidade (confusão entre esquerda e direita, ginástica); dificuldades de expressão: vocabulário pobre, frases curtas, estruturas simples, sentenças vagas; dificuldades em manusear mapas e dicionários; esquecimento de palavras; problema de conduta: retração, timidez excessiva e depressão, desinteresse ou negação da necessidade de ler; leitura demorada; sílabas com erros; esquecimento de tudo o que lê; salto de linhas durante a leitura; acompanhamento da linha de leitura com o dedo; dificuldade em matemática, desenho geométrico e em decorar sequências; desnível entre o que ouve e o que lê.

Esse aluno, notadamente, aproveita o que ouve, mas não o que lê, demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa, não gosta de ir à escola, apresenta “picos de aprendizagem”. Nuns dias parece assimilar e compreender os conteúdos, e, noutro, parece ter

esquecido o que tinha aprendido anteriormente, pode evidenciar capacidade acima da média em áreas como: desenho, pintura, música, teatro, esporte, etc. Pode-se observar, também, na obra Dislexia: como lidar? de Topczewski, que:

A combinação de sintomas e a intensidade em que se apresentam em níveis que variam entre o sutil ao severo, varia de disléxico para disléxico, de modo absolutamente pessoal. “É importante ressaltar que não há dois pacientes disléxicos apresentando comprometimentos iguais, mas sim semelhantes, pois cada um tem características particulares, além de apresentarem as diferentes dificuldades associadas” (2010, p.33).

Como afirma esse autor, em alguns disléxicos são observados facilmente vários sintomas e sinais, em outros, são observados somente algumas características, que inclusive podem ser confundidas com outras patologias e/ou dificuldades de aprendizagem. Os sintomas disléxicos não são regras. É importante observar se os sinais se apresentam somente quando a criança é pequena ou se alguns dos sintomas aparecem somente em algumas vezes pois isso nem sempre significa que pode se tratar de dislexia, pois se sabe que há crianças que atingem uma maturação neurológica mais lentamente, vindo a atingir um quadro satisfatório do processo pessoal e do aprendizado mais tardio.

Além desses sinais tão evidentes e fáceis de serem observados sob um olhar atento do professor e dos pais, a dislexia, de acordo com seu tipo, ainda sugere outras possíveis dificuldades nos processos de construção do objeto escrito. De acordo com Farrel, na obra Dislexia e outras dificuldades de aprendizagem específicas: guia do professor:

Dado que as definições de dislexia são frequentemente condicionais e dada a natureza complicada da aquisição das habilidades e o entendimento do letramento, não surpreende que exista um debate sobre os possíveis fatores causais, que podem variar em relação à natureza e à extensão específicas da dificuldade de letramento. Nas chamadas definições excludentes, a dislexia não seria causada por uma deficiência intelectual geral, daí sua designação como dificuldade específica, e não geral. Também não se considera que seja desencadeada por limitações socioculturais ou por fatores emocionais (2008, p.32).

Seguindo as constatações desse autor, são observadas possíveis dificuldades que podem apresentar-se em indivíduos disléxicos, contribuindo para as dificuldades de letramento, tais como: dificuldades fonológicas, dificuldades de percepção auditiva e de

processamento auditivo, dificuldades visuais e de processamento visual, dificuldades de coordenação motora, dificuldades de memória verbal de curto prazo (memória de fixação), dificuldades de sequencialização (ordem temporal).

Assim, verificou-se que os disléxicos, em alguns casos, apresentam também um déficit temporal que leva às representações fonológicas deficientes. Segundo Farrel (2008), a identificação de dificuldades de sequencialização envolve a presença de dificuldades para sequenciar informações (por exemplo, letras do alfabeto, palavras quando lê, letras quando escreve, números) e dificuldades para sequenciar eventos cronológicos(por exemplo, os dias da semana e os meses do ano).

Já a primeira avaliação, aquela que é feita em sala de aula, durante atividades, requer um olhar bastante crítico e conhecedor por parte do professor, para traçar o perfil da criança juntamente com suas dificuldades, porque algumas crianças podem ser capazes de seguir sequências, embora solicitem apoio. Cada caso é um caso e, por isso, faz-se necessário contar com professores habilitados para reconhecer alguns sinais que podem servir de alerta.

No documento 2013CailaLanfredi (páginas 59-62)