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2.5. MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP)

2.5.2. PRIORIZAÇÃO (ESTIMAÇÃO DAS PRIORIDADES)

O passo após a criação da hierarquia é a priorização, onde o AHP pede para o tomador de decisão realizar comparações. Por meio de comparações paritárias (pairwise) é expresso o grau de preferencia, ou dominância, de um elemento com relação ao outro, que pode ser um critério ou alternativa (SAATY, 1990; HANDFIELD et al., 2002). Na prática, são as respostas obtidas para uma série de perguntas que, normalmente, possuem a forma geral: “Qual é a importância do critério 1 em relação ao critério 2?” (MARCHEZETTI; KAVISKI; BRAGA, 2011). Segundo Gomes e Gomes (2014), serão utilizadas a experiência, intuição e o conhecimento específico sobre o problema como subsídios para o julgamento. Cordeiro e Cordeiro (2011) advertem que a eficácia dos resultados está associada à competência dos avaliadores em emitir os julgamentos de valor.

“O ser humano tem a habilidade de perceber as relações entre as coisas que observa, comparar pares de objetos similares à luz de certos critérios e discriminar entre os membros de um par através do julgamento da intensidade de sua preferência de um elemento sobre o outro (SAATY, 1990).”

Saaty e Vargas (2013) acreditam que os indivíduos são capazes de julgar suas respostas de forma qualitativa em três categorias: alta, média e baixa. Portanto, são feitas várias comparações par-a-par das diversas alternativas, considerando cada critério ou subcritério, gerando diversas matrizes de julgamento. Para comparação é utilizada uma escala linear própria, ou escala razão, que varia de 1 a 9, conhecida como a Escala Fundamental de Saaty (SAATY, 1990), conforme Tabela 16.

Tabela 16 – Escala Fundamental de Saaty

Valor Escala Desvantagens

1 Igualmente preferido Dois elementos têm importância igual considerando o elemento em nível mais alto

3 Moderadamente preferido Experiência e julgamento favorecem ligeiramente um elemento

5 Fortemente preferido Experiência e julgamento favorecem fortemente um elemento

7 Muito fortemente preferido Elemento fortemente favorecido. A dominância de um elemento é provada na prática

9 Extremamente preferido A evidência favorece um elemento em relação a outro com grau de certeza mais elevado

2, 4, 6 e 8

Valores intermediários entre os valores adjacentes

Quando se deseja maior compromisso. É necessário acordo.

Fonte: Saaty (1990)

O uso dos números pares só deve ser adotado quando existir a necessidade de negociação entre os avaliadores e quando o consenso natural não for obtido, gerando a necessidade de determinação de um ponto médio como solução negociada (compromise) (VARGAS, 2010).

Os valores das comparações paritárias são agrupados em matrizes de julgamento genéricas (1), conforme representação abaixo:

= 1 ⋯ 1 1 ⋮ ⋮ ⋯ ⋮ 1 1 1 (1)

Os elementos ! são definidos pelas seguintes condições:

! > 0 : positiva (todos os elementos positivos)

! = 1 : todos os elementos da diagonal principal iguais a 1 ! = #$% : reciprocidade dos elementos

& = ! ∙ ! : reciprocidade dos elementos

O AHP transforma os julgamentos, muitas vezes empíricos, em valores numéricos que são processados e comparados. O peso de cada um dos elementos permite a avaliação dentro da hierarquia definida. Essa capacidade de conversão de

dados empíricos em modelos matemáticos é o principal diferencial do AHP com relação a outras técnicas comparativas (VARGAS, 2010).

De acordo com Gomes e Gomes (2014), existem dificuldades na atribuição de pesos no momento das comparações, onde destacam:

• A atribuição de pesos pode ser influenciada pela composição e/ou propriedades das alternativas que compõem o conjunto de alternativas factíveis;

• Existe uma dificuldade natural no ser humano de expressar suas preferencias por pesos (ZELENY; STARR, 1977 apud GOMES; GOMES, 2014).

O próximo estágio, após obter as matrizes de julgamento, é providenciar a normalização dos dados contidos nelas. As escalas de razão normalizadas e proporcionalidades são essenciais para gerar a síntese de prioridades no AHP, por possibilitar a integração de medidas de comparação com sua própria escala (MACIEL; MURUYAMA; ÁVILA, 2008; COSTA; BENTO; SANTOS, 2014). Gomes e Gomes (2014) observam que a normalização critério a critério é necessária para que eles possam ser comparados. E, que a escolha do procedimento de normalização deve ser cuidados para não acarretar em problemas de reversão de ordem (troca de posições de algumas alternativas).

Segundo Saaty e Vargas (2013), o cálculo do vetor de prioridades pode ser aproximado por um de três métodos: 1) Média das colunas normalizadas; 2) Médias das linhas normalizadas; 3) Médias geométricas das linhas normalizadas.

A seguir é apresentado o desenvolvimento composto por três passos para melhor compreensão de como utilizar o AHP e o método de estimação da média das colunas normalizadas.

Dado um problema em que a meta de decisão (objetivo) está associada a critérios genéricos ( , ( , ..., ( . A prioridade de cada critério em relação ao objetivo, denotada por )(! (* = 1, 2,..., ), é obtida através do cumprimento dos seguintes passos (SUETT, 2006; TREVIZANO, 2007):

Passo 1: Somatório dos elementos de cada coluna da tabela de julgamentos;

Tabela 17 – Somatório dos elementos de cada coluna

OBJETIVO +, +- ⋯ +. +, 1 ⋯ +- 1 ⋯ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ +/ ⋯ 1 0 S1 = (1+ +...+ ) S2 = (1+ +...+ )S = ( + +...+1)

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

Passo 2: Divisão de todos os elementos de cada coluna da tabela de julgamentos

pelo somatório referente à coluna (calculado no passo anterior);

Tabela 18 – Divisão de todos os elementos da coluna pelo somatório da coluna

OBJETIVO +, +- ⋯ +/

+, 1/S1 /S2 ⋯ /S

+- /S1 1/S2 ⋯ /S

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

+/ /S1 /S2 ⋯ 1/S

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

O passo 3 mostra a determinação da contribuição de cada critério na meta da decisão, onde é calculado o vetor de prioridade ou vetor de Eigen.

Passo 3: Determinação das prioridades, através do cálculo das médias das colunas

dos quadros normalizados.

Tabela 19 – Determinação do vetor de prioridades dos critérios

OBJETIVO +, +- ⋯ +/ Prioridade

(de cada critério em relação ao objetivo)

+, 1/S1 /S2 ⋯ /S )( =(1/S1+ /S2+...+ /S )/

+- /S1 1/S2 ⋯ /S )( =( /S1+1/S2+...+ /S )/

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

+/ /S1 /S2 ⋯ 1/S )( =( /S1+ /S2+...+1/S )/

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

Procedimento análogo deve ser realizado para o cálculo das Prioridades Médias Locais das alternativas à luz de cada critério considerado. Portanto, considere um problema 2 com alternativas (A1, A2,..., A ) são avaliadas à luz de critérios (( , ( , ..., ( ). A PML (Prioridade Média Local) de cada alternativa (A ) à luz

de cada critério (!, denotada por PML(A ) (% é obtida através do cumprimento dos seguintes passos (COSTA, 2002; TREVIZANO, 2007):

Passo 1: Somatório dos elementos de cada coluna da tabela de julgamentos;

Tabela 20 – Somatório dos elementos de cada coluna

+3 A1 A2A A1 1 ⋯ A2 1 ⋯ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ A ⋯ 1 0 S1 = (1+ +...+ ) S2 = (1+ +...+ ) ⋯ S = ( + +...+1)

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

Passo 2: Divisão de todos os elementos de cada coluna da tabela de julgamentos

pelo somatório referente à coluna (calculado no passo anterior);

Tabela 21 – Divisão de todos os elementos da coluna pelo somatório da coluna

+3 A1 A2A

A1 1/S1 /S2 ⋯ /S

A2 /S1 1/S2 ⋯ /S

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

A /S1 /S2 ⋯ 1/S

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

Passo 3: Determinação das prioridades, através do cálculo das médias das colunas

dos quadros normalizados.

Tabela 22 – Determinação do vetor de prioridades dos critérios

+3 A1 A2A

Prioridade

(de cada critério em relação ao objetivo)

A1 1/S1 /S2 ⋯ /S PML(A ) (% =(1/S1+ /S2+...+ /S )/ 2

A2 /S1 1/S2 ⋯ /S PML(A ) (% =( /S1+1/S2+...+ /S )/ 2

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

A /S1 /S2 ⋯ 1/S PML(A ) (% =( /S1+ /S2+...+1/S )/ 2

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

O somatório dos valores das Prioridades Médias Locais (PMLs) obtidas para cada critério julgado, bem como o somatório dos valores das Prioridades dos

Critérios (PCs) dos critérios "folha" de cada ramo da árvore da hierarquia de critérios (SAATY, 1990).

Para obter o vetor de Prioridade Global (PG), que armazene a prioridade associada a cada uma das alternativas em relação a meta de decisão (objetivo). Seja uma alternativa genérica A avaliada à luz de critérios (( , ( , ..., ( ). A Prioridade Global da alternativa (A ), denotada por PG(A ) , é obtida pela expressão (2):

PG(A ) =

!5

(

)(! ∙PML(A ) ($

)

(2)

Onde:

)(! : é a prioridade de cada critério

(

! à luz da meta de decisão foco principal; PML(A ) ($ : é a Prioridade Média Local da alternativa (A ) à luz de cada critério

(

!.

Nesta dissertação, são utilizadas as médias geométricas das linhas normalizadas dentre os métodos de aproximação para obtenção do vetor de prioridades.

Passo 1: Produto dos elementos de cada linha elevado ao inverso da ordem da

matriz;

Tabela 23 – Determinação do vetor de prioridades dos critérios

OBJETIVO +, +- ⋯ +/ Prioridade

(de cada critério em relação ao objetivo)

+, 1/S1 /S2 ⋯ /S )′( =(1/S1* /S2*...* /S )/ /

+- /S1 1/S2 ⋯ /S )′( =( /S1*1/S2*...* /S )/ /

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

+/ /S1 /S2 ⋯ 1/S )′( =( /S1* /S2*...*1/S )/ /

Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

Passo 2: Normalização do vetor de prioridades obtido no passo anterior.

Tabela 24 – Determinação do vetor de prioridades dos critérios

Prioridade

(de cada critério em relação ao objetivo) )( = )′( /( )′( +...+)′( )

)( = )′( /( )′( +...+)′( )

)( = )′( /( )′( +...+)′( ) Fonte: elaborado pelo Autor, 2016

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