• Nenhum resultado encontrado

2 ENSINO E APRENDIZAGEM NAS DISCIPLINAS

3.6 Discussão geral

4.4.5 Resultados das seleções

4.5.3.3 Problemas de escalabilidade e infraestrutura

O tópico problemas de escalabilidade e infraestrutura está relacionado ao número de alunos em sala, diversidade e perfis cognitivos, e envolve vários aspectos: heterogeneidade dos alunos [B04, B07, B09, B16, B18, B41, B47, B54, B61, B62, B64, B70], limitações de recursos da equipe e tamanho das classes [B08, B11, B22, B23, B47, B49, B64, B67, B73, B74, B75, B82], ensino personalizado [B16, B54, B62, B64, B74] e problemas de infraestrutura [B69, B82].

A heterogeneidade dos alunos, citada por doze publicações, é um tópico abrangente que lida com questões como diferentes perfis cognitivos, diversidade e a dificuldade dos professores de acompanhar todos os alunos com feedback rápido e eficiente como relatado pelas diversas publicações: “Ao professor precisam ser oferecidas possibilidades para lidar com diferentes estilos de aprendizagem em uma turma de natureza heterogênea e de permitir um sistema de avaliação que aponte as barreiras que vão se estabelecendo no processo de aprendizagem, para que estas não se transformem em elementos que limitem o interesse do aluno em continuar estudando. As experiências que vêm sendo desenvolvidas mostram que o acompanhamento individualizado dos iniciantes em programação é um dos fatores decisivos para que possam aprender a superar desafios, reconhecer a sua

capacidade de aprender conceitos novos e de melhorar a sua autoestima, já que em algum momento eles se questionam sobre a sua capacidade cognitiva. ” [B07, p. 08]; “A diversidade de tipos de personalidades dos estudantes e seus impactos na compreensão e resolução dos desafios de aprendizagem. ” [B18, p. 1639]; “os grupos de estudantes costumam ser grandes e heterogêneos e também porque é difícil desenvolver estratégias gerais que capturem as necessidades de diversos perfis de alunos” [B41, p. 552]; “falta de consideração por parte do docente de que a turma é heterogênea e por isso as formas de aprender são também heterogêneas” [B59, p. 1296]; "Um fator limitante é a difícil tarefa do professor em identificar, em uma turma, as dificuldades individuais de cada aluno, tornando-se o aprendizado passível de falhas. A não identificação dos níveis de dificuldade dos educandos pode implicar em muitas dificuldades futuras, pois à medida que se iniciam atividades mais complexas envolvendo programação, ou conteúdos de alguma forma relacionados (modelagem de Software, Redes, Estrutura de Dados, etc.), a dependência de boa desenvoltura nos conceitos básicos aumenta significativamente. " [B61, p. 02]; e por último, na publicação B47 tem um comentário que os professores têm dificuldade em realizar acompanhamento individualizado com os alunos devido ao grande número de alunos por turma e pela heterogeneidade da turma, em disparidade de conhecimento e ritmo de aprendizagem, e por possuírem apenas avaliações escritas ou trabalhos individuais, que, segundo os professores, não promove uma evolução gradual da aprendizagem. Os autores da publicação B82 reforçam o problema de infraestrutura que os professores passam, quando tem muitos alunos nos laboratórios para se monitorar e acompanhar dando feedbacks a cada um de maneira individualizada. Nesse caso faltam monitores ou até mesmo mais professores de introdução à programação para a divisão das turmas e diminuir a quantidade de alunos por professor. Já em B69 os autores reforçam que a instituição pode influenciar no resultado insuficiente do aluno ao não prover a infraestrutura mínima necessária como sala de aula informatizada e biblioteca.

As limitações de recursos da equipe foi um dos tópicos citados por doze publicações. Sobre esse problema os professores lidam com a falta de tutores e monitores, a quantidade de alunos nas turmas e impossibilidade da realização do ensino personalizado, como podemos ver nos trechos das publicações: “O desenvolvimento de programas por estudantes em cursos introdutórios de programação é uma das atividades que mais pode contribuir na aprendizagem desta

disciplina. Entretanto a avaliação destes programas e o consequente feedback dado ao aluno, demanda muito trabalho do professor. Por essa razão, professores têm optado por diminuir a quantidade de programas/exercícios propostos para os alunos. ” [B08, p. 384]; “avaliar e diagnosticar os problemas de aprendizagem e dar feedback são tarefas difíceis para os professores, a começar pelo esforço de corrigir exercícios manualmente das muitas atividades de turmas com muitos alunos. (…)” [B11, p. 779]; “Nas turmas geralmente existe uma quantidade muito grande de alunos, o que impossibilita o professor de acompanhar individualmente cada um. ” [B22, p. 02-03]; “Destaca-se que turmas numerosas, em disciplinas que exigem grande envolvimento dos estudantes e que algumas explicações individuais são necessárias, e que muitas vezes o professor não consegue dar a devida atenção a todos, pode contribuir para a desmotivação dos estudantes. ” [B67, p. 09]; “Um dos problemas que o professor enfrenta no seu dia a dia é o de conseguir acompanhar efetivamente as atividades dos estudantes. Idealmente, os professores e demais mediadores (monitores, tutores) devem ter uma visão global do desempenho e do andamento da turma nas atividades planejadas, sem deixar de ter uma visão do progresso e das dificuldades individuais dos estudantes. É fato conhecido que mediadores capazes de perceber rapidamente dificuldades dos alunos têm maior chance de interceder em tempo hábil para maximizar a oportunidade de aprendizagem oferecida numa sessão de estudo. ” [B74, p. 204].

4.5.3.4 Comunicação professor-aluno e feedback

A comunicação professor e aluno e a questão do feedback foram comentados por doze publicações. Em B08 comenta-se sobre como os professores, por conta da quantidade de alunos, acabam diminuindo a quantidade de exercícios para poder dar feedback adequado. No estudo feito em B13 os autores comentam a relação dos professores em influenciar os alunos para a realização de atividades extraclasse e indicam que há um forte indicativo que estudos diários em horários após a aula presencial representa uma forte influência no sucesso dos alunos. Já em B29 os autores comentam como o papel do professor em dar feedback é fundamental para a permanência dos alunos nos cursos “uma vez que sem feedback adequado o aluno pode acabar desistindo da disciplina ou até mesmo de todo o curso por conta de uma série de experiências frustrantes na tentativa de aprender os princípios da programação de computadores ” [B29, p. 01]. No artigo B48 os autores mostram que

“dois fatores são fundamentais para que se envolvam com a disciplina: motivação para estudar e feedback das atividades realizadas” [B48, p. 301]. Os pesquisadores em B49 reforçam a importância do papel do professor em dar confiança ao aluno durante o curso introdutório de programação: “a avaliação contínua durante um curso de programação garante que os estudantes pratiquem bastante, bem como obtenham feedback sobre a qualidade de suas soluções. Isso acontece porque a avaliação orienta a aprendizagem e serve de feedback tanto para o aluno quanto para o professor, seja de um tema em específico, seja do curso como um todo. " [B49, p. 141]. Em B54 é comentado sobre a mediação do professor sobre o erro com o aluno, em B57 sobre como a tutoria ajuda no feedback ao aluno, já em B59 sobre a relação do professor com os alunos e com os colegas: “falta do estabelecimento de uma relação dialógica entre professor e aluno ou mais que dialógica entre professor e colegas, a fim de que o conhecimento possa se dar de formas distintas ” [B59, p. 1296]. Os autores em B69 comentam sobre ferramentas para o feedback imediato dos exercícios, assim como em B73: “Entretanto, os professores muitas vezes demoram em fornecer um feedback apropriado sobre os exercícios, devido à demanda excessiva. Esse atraso no retorno pode ser frustrante aos aprendizes. Além disso, do ponto de vista do professor, realizar a correção de todos os trabalhos de programação pode se tornar uma tarefa extenuante e longa, se a demanda for representativa. Nesse caso, muitas vezes, torna-se difícil fornecer um atendimento adequado aos alunos em termos de tempo e detalhamento da correção. ” [B73, p. 46]. Já em B80 os pesquisadores discorrem como o professor tem papel fundamental na percepção do erro para o estudante com possíveis feedbacks construtivos, principalmente concordando com a visão proposta por Almeida (1999), assim como em B83: “A conduta docente relacionada ao professor para exercer a docência (conhecimento de didática, uso de elementos alternativos e diversificados de ensino, organização de materiais diversos, uso de mídias distintas, cuidado na seleção e redação de enunciados claros e objetivos, estímulo a leitura extraclasse e exemplo pela sua atitude de respeito ao aluno) podem contribuir para que mitiguemos os cancelamentos as disciplinas. Porém, isto não basta. Existem os fatores externos e as condições pessoais dos alunos que contribuem para que a evasão se estabeleça. ” [B83, p. 09]. 4.5.3.5 Escolha da linguagem de programação

cursos introdutórios de programação. Os autores em B07, baseado no trabalho de Miller (2004), sugerem que “o primeiro contato com a programação seja por meio de linguagens de sintaxe mais simples. ” [B07, p. 01]. Em B46 é comentado como a escolha de linguagem de programação pode ocorrer por várias razões no curso introdutório de programação: “A mudança da linguagem de programação pode ocorrer por decorrência das linguagens e paradigmas utilizados no comércio e indústria, de uma possível tentativa de melhorar o entendimento do aluno dos conceitos que envolvem a programação, entre outros fatores. (…).” [B46, p. 1390]. No estudo em B46 os autores complementam informando que na Universidade de São Paulo em 5 anos a linguagem de programação C foi a mais utilizada, com exceção do ano de 2013 no qual Python foi mais usada. Python ficou como a segunda mais usada, seguida de VBA (no Excel, dado para cursos da área de Humanas e Economia) e Java.

Já em B73 os autores comentam sobre como as decisões de mudança de linguagem de programação podem influenciar o processo de aprendizado dos estudantes e até mesmo a entrada no mercado de trabalho: “Existem muitas questões que são decisivas na escolha do currículo, e muitas estão relacionadas com a linguagem escolhida (…). Um exemplo é o fato de a linguagem ser orientada a objetos, pois este paradigma determinará, por exemplo, uma metodologia de ensino diferenciada. Também é possível que um currículo priorize alguns conceitos específicos, de tal maneira que estes sejam vistos de forma mais evidente durante o curso. ” [B73, p. 49-50].