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3.3. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

3.3.3. PROCEDIMENTO ESTATÍSTICO

A análise de todos os dados foi efetuada utilizando o software de tratamento e análise estatística “StatisticalPackage for the Social Sciences, SPSS Science, Chicago,

USA” versão 20,0. Foi efetuada uma análise exploratória de todos os dados para

caracterizar os valores das diferentes variáveis em termos de tendência central e dispersão. Dessa forma, todas as variáveis foram sujeitas a uma observação gráfica com o objetivo de detectar a existência de outliers e possíveis introduções incorretas dos dados. Foram, calculadas, na análise estatística descritiva, as médias e os respectivos desvios padrão de cada variável em estudo e em todos os contextos de análise planejados.

Foi usado o Coeficiente de Correlação Intraclasse para testar a fiabilidade da medição de 8RM nos exercícios LP45º, SV, FJ, RSF, EJ e DM. Com o objetivo de realizar a análise estatística inferencial, foi necessário avaliar a normalidade da distribuição dos dados recolhidos. Desta forma, e tendo em conta a natureza biológica das medidas que foram efetuadas, foi realizada uma análise do tipo de distribuição através do teste de Shapiro-Wilk, a homogeneidade pelo teste de Levene e, igualmente, assegurado e testado a esfericidade através do teste de Mauchly. Feitos os procedimentos referidos, verificados os pressupostos da utilização de testes paramétricos, foi utilizado para comparar médias dos valores iniciais das variáveis em estudo, entre grupos, foi usado um t-test para medidas emparelhadas. Após este procedimento, e não se tendo verificado diferenças, significativas, nos valores iniciais, entre grupos, foi usado uma ANOVA de medidas repetidas (GLM), com o modelo (32 momentos X 3 intensidades), para a frequência cardíaca, e com o modelo (8 momentos X 3 intensidades) para as variáveis pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e duplo produto. O nível de significância foi mantido em 5%

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EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE EXERCÍCIOS EM HOMENS

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4. RESULTADOS

Foi observada uma fiabilidade, nos testes de medição de 8RM, nos exercícios do TF de: 96% para o LP45º; 97% para o SV; 83% para o FJ; 91% para o RD; 80% para o EJ; e de 90% para o DM.

Em relação às variáveis hemodinâmicas, PAS, PAD e DP foram observados um efeito, significativo, entre momentos na PAS e no DP (F=10,845; p<0,001; p2=0,287 e F=43,967; p<0,001; p2=0,620, PAS e DP, respectivamente).

Em relação à PAS foi observada uma redução significativa, (p<0,05), nos momentos: 40 minutos após em relação aos 10 minutos antes; e valores, significativamente (p<0,05), superiores, nos momentos logo após a execução dos exercícios em relação ao momento 10 minutos antes e todos os demais momentos após execução de exercícios. Não foram observadas diferenças entre intensidades nesta variável. Embora não encontrada diferença entre intensidades, observa-se um efeito momento (efeito hipotensor): na intensidade de 60% a partir do minuto 40 após, quando comparado com o momento pré-exercício; no minuto 30 após quando comparado com o momento pré-exercício, na intensidade de 80%; e a partir do minuto 20 após quando comparado com o momento pré-exercício na intensidade de 100%. Podemos observar estes resultados na tabela 2 e na figura 1.

Tabela 2 – Médias e desvios padrão da pressão arterial sistólica (PAS), nas diferentes intensidades utilizadas.

Variáveis 60% da 8RM 80% da 8RM 100% da 8RM

PAS 10 min antes 123,10±11,01 123,10±11,01 125,80±11,06 PAS Logo após 135,70±14,15** 132,50±17,08** 129,70±11,63** PAS 10 minutos após 122,70±6,54 120,90±10,28 119,50±8,45

PAS 20 min após 120,50±5,99 119,30±5,50 118,70±12,44*

PAS 30 min após 120,40±8,62 118,20±14,63* 118,70±10±69* PAS 40 min após 118,00±7,83* 118,60±5,85* 117,00±7,73*

PAS 50 min após 121,90±3,28 117,50±9,57* 112,80±8,04*

PAS 60 min após 121,50±6,74 117,00±7,38* 115,80±13,82*

Valores dos resultados para as análises nas diferentes intensidades. * - diferença significativa em relação aos 10min antes (p<0,05)

Maurício Saldanha 25 Figura 1 – Médias marginais estimada da pressão arterial sistólica nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM).

Quanto à variável pressão arterial diastólica não foi observado efeitos significativos entre momentos, entre momentos x intensidades e entre intensidades. Podemos observar os valores médios e as médias marginais estimadas, desta variável, na tabela 3 e na figura 2, respectivamente.

Tabela 3 – Médias e desvios padrão da pressão arterial diastólica (PAD), nas diferentes intensidades utilizadas.

Variáveis 60% da 8RM 80% da 8RM 100% da 8RM

PAD 10 min antes 72,30±3,68 72,30±3,68 73,40±4,70

PAD Logo após 73,90±9,90 75,70±14,34 69,90±10,20

PAD 10 minutos após 72,10±4,75 68,90±6,94 70,00±11,52

PAD 20 min após 71,00±5,72 68,80±5,25 69,20±6,21

PAD 30 min após 70,60±4,88 72,40±6,15 73,10±8,97

PAD 40 min após 71,10±4,86 72,90±5,23 69,60±7,56

PAD 50 min após 72,80±8,28 72,20±6,61 69,30±8,54

Maurício Saldanha 26 Figura 2 – Médias marginais estimada da pressão arterial diastólica nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM).

Em relação a variável FC foi observado o efeito momento, significativo, (F=235,843; p<0,001; p2=0,897). Observaram-se valores, significativamente (p=0,002), superiores, de FC em todos os registros até 10 minutos após, quando comparados com 10 minutos antes. Do mesmo modo, são observados valores significativamente (p<0,05), superiores, até o final da 3ª série do exercício DM, em relação aos valores logo antes do exercício LP 45º. Nos valores de FC, logo após o final da 1º série do exercício LP 45º, são significativamente (p<0,001), superiores, do que os observados nos momentos anteriores à realização do conjunto de exercícios, de cada exercício e após o conjunto de exercícios. O mesmo comportamento se observa na 2ª e 3ª séries do exercício de LP45º e de todas as séries de todos os exercícios executados. Havendo, no entanto: valores de FC, significativamente (p<0,05), superiores: nas 2ª e 3ª séries do exercício LP45º e da RSF e nas 1ª, 2ª e 3ª séries do DM, em relação à 1ª série do exercício SV; na 2ª e 3ª série do DM em relação à 1ª e 2ª séries do FJ; no momento logo antes o inicio, da 1ª série do RSF, em relação ao logo antes o inicio do LP45º e do SV; nas 2ª e 3ª séries dos exercícios EJ e DM em comparação com a 1ª série do exercício de EJ; as 2ª e 3ª séries dos exercícios de RSF e DM em relação à 2ª série do EJ; a 2ª e 3ª séries do exercício de DM em relação à 3ª série do exercício de EJ; a 1ª série do DM em relação à 1ª série de SV e a 3ª série do DM em relação à sua 1ª série; a 2ª série do DM em relação à 1ª série do SV, à 2ª e 3ª séries do FJ e às 1ª, 2ª e 3ª séries de EJ; e a 3ª série do exercício DM em relação à 1ª série de SV, à 2ª de FJ, e à 1ª e 2ª série de EJ.

Em relação aos períodos pós-exercícios, o momento logo após, e 10 minutos após exercícios apresentam valores significativamente (p<0,05), superiores, ao momento 10

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minutos antes, e inferiores nos momentos durante o exercício, com exceção aos momentos logo antes a 1ª série dos exercícios LP45º e SV. No período 20 minutos após exercícios apresenta valores de FC, significativamente (p<0,05), superiores, aos valores de 10 minutos antes dos exercícios e a 60 minutos após exercícios, e inferiores aos valores durante a execução de todas as séries de exercícios, em todos os momentos logo antes da 1ª série dos exercícios, com a exceção no momento logo antes à 1º série do exercício SV, logo após a última série do exercício DM e 10 minutos após exercícios. No momento 30 minutos após exercícios são observados valores de FC, significativamente (p<0,05), inferiores, aos valores durante a execução dos exercícios, nos momentos logo antes a 1ª série de execução de todos os exercícios e logo, 10 minutos e 20 minutos após execução dos exercícios, com a exceção do momento logo antes a execução do exercício SV. O momento 40 minutos após exercício apresenta valores significativamente (p<0,05), inferiores, a todos os momentos durante e logo antes da execução dos exercícios e os momentos até 20 minutos após. De igual forma, no momento 50 minutos após apresenta valores significativamente (p<0,05), inferiores, a todos os momentos durante e logo antes da execução dos exercícios e os momentos até 30 minutos após. Igualmente, o momento 60 minutos após apresenta valores significativamente (p<0,05), inferiores, a todos os momentos durante e logo antes da execução dos exercícios e os momentos até 30 minutos após.

Foi igualmente observado um efeito momento x intensidades para a variável FC (F=219,599; p<0,001; p2=0,204). Foram observadas diferenças, significativas, na interação momento x intensidades: logo antes o exercício de LP45º e a 1ª série do exercício LP45º; 2ª série do SV e a 3ª série do SV; 3ª série do SV e logo antes o exercício FJ; 3ª série do FJ e Logo antes o exercício RSF; e 3ª série do DM e 1 minuto após.

Foi observado diferenças significativas, (F=13,468; p<0,001; p2=0,499), na variável FC entre a intensidade 100% de 8RM e as intensidades 60% e 80% de 8RM. Os valores, anteriormente referidos, podem ser observados na tabela 4 e na figura 3 que representa as médias marginais estimadas.

Maurício Saldanha 28 Tabela 4 – Médias e desvios padrão da Frequência Cardíaca, (FC), durante e após as sessões de estudo, com as diferentes intensidades utilizadas.

Variáveis 60% da 8RM 80% da 8RM 100% da 8RM $

10 min antes 69,60±8,75 69,60±8,75 74,20±12,89

Logo antes a 1ª série

de LP45º 80,70±9,04*# 81,30±10,34*# 80,80±10,61*#

1ª série de LP45º 118,00±10,94*# 122,30±10,65*# 136,50±15,32*# 2ª série de LP45º 119,00±14,16* 123,50±9,66* 138,40±14,18* 3ª série de LP45º 119,30±11,51* 124,80±11,24* 138,40±14,18* Logo antes a 1ª série

de SV 81,20±8,80* 83,90±6,17* 92,80±12,78*

1ª série de SV 103,10±17,24* 117,40±15,28* 131,80±15,53* 2ª série de SV 109,10±15,91*# 121,20±15,66*# 137,00±17,48*# 3ª série de SV 108,50±14,83*# 121,20±15,66*# 137,00±17,48*# Logo antes a 1ª série

de FJ 85,00±11,22*# 89,00±5,91*# 96,20±12,22*#

1ª série de FJ 111,50±10,01* 121,90±9,73* 137,10±11,39* 2ª série de FJ 110,70±10,34* 121,30±10,69* 137,60±13,87* 3ª série de FJ 113,10±11,14*# 122,60±13,78*# 137,60±13,87*# Logo antes a 1ª série

de RSF 87,00±5,01*# 91,40±5,50*# 102,50±13,54*#

1ª série de RSF 112,70±8,19* 123,20±11,66* 141,00±12,50* 2ª série de RSF 113,10±12,36* 123,90±10,64* 144,60±13,72* 3ª série de RSF 114,90±11,55* 126,00±12,22* 143,10±14,65* Logo antes a 1ª série

de EJ 83,60±7,29* 92,60±8,14* 103,80±12,53*

1ª série de EJ 109,60±11,15* 118,70±11,97* 135,80±11,67* 2ª série de EJ 109,70±11,09* 117,60±16,73* 137,40±13,28* 3ª série de EJ 110,80±11,60* 117,60±16,73* 137,40±13,28* Logo antes a 1ª série

de DM 85,10±7,98* 94,60±9,03* 102,80±9,60*

1ª série de DM 113,20±14,23* 124,70±16,95* 143,50±12,51* 2ª série de DM 115,00±13,21* 131,00±14,82* 144,60±13,59* 3ª série de DM 117,20±15,35*# 129,30±13,89*# 144,70±13,59*# 1 minuto Logo após 79,50±11,16*# 86,80±8,50*# 102,80±11,49*#

10 minutos após 77,10±7,20* 80,40±8,68* 90,30±6,13* 20 minutos após 74,70±±7,02* 77,60±6,88* 84,80±5,29* 30 minutos após 72,20±9,99 77,00±10,53 85,10±6,62* 40 minutos após 71,60±6,08 73,20±9,78 82,00±7,13* 50 minutos após 70,00±7,06 72,60±9,41 82,70±11,62* 60 minutos após 68,50±8,21 71,60±10,22 80,50±8,44

Valores dos resultados para as análises nas diferentes intensidades.

$ - diferença significativa (intergrupo) em relação ao grupo 60% e 80% (p<0,05); # - diferença significativa (momento x grupo, p<0,05);

Maurício Saldanha 29 Figura 3 – Médias marginais estimada dos valores de Frequência Cardíaca, nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM).

Em relação à variável duplo produto foi observado um efeito momento, significativo (F=43,967; p<0,001; p2=0,620). Foi observado um aumento significativo, dos valores de DP, logo após a execução dos exercícios, em relação ao período de repouso pré – exercício. Observa-se uma diminuição, significativa (p<0,05), em todos os momentos pós- exercício, avaliados, em relação ao período logo após os exercícios. Foi observado nesta variável, valores significativamente menores: no momento 10 minutos antes em relação aos momentos logo e 10 minutos após; no momento 10 minutos após em relação ao momento logo após; no momento 20 minutos após em relação aos momentos logo e 10 minutos após; no momento 30 minutos após em relação aos momentos logo, 10 e 20 minutos após; no momento 40 minutos após em relação aos momentos logo, 10 e 20 minutos após; no momento 50 minutos após em relação aos momentos logo, 10 e 20 minutos após; e no momento 60 minutos após em relação aos momentos logo, 10, 20 e 30 minutos após. Foi, também, observado valores, significativamente, superiores: no momento logo após em relação a todos os momentos observados; no momento 10 minutos após em relação aos momentos 10 minutos antes, 20, 30, 40, 50 e 60 minutos após; no momento 20 minutos após em relação aos momentos 40,50 e 60 minutos após; e no momento 30 minutos após em relação ao momento 60 minutos após;

Foi observada uma interação, significativa (F=1,783; p=0,035; µp2=0,204), momento x intensidades, na variável DP, nos momentos: 10 minutos antes em relação ao logo após. Foram observadas diferenças, significativas (F=4,344; p=0,023; µp2=0,102), entre

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intensidades para a variável DP, apresentando a intensidade 100% de 8RM, valores significativamente (p<0,05), superiores, em relação à intensidade 60% de 8RM, nos momentos logo e 10 minutos após exercícios. Podemos observar os valores médios e as médias marginais estimadas, desta variável, na tabela 5 e na figura 4, respectivamente.

Tabela 5 – Médias e respectivos desvios padrão do Duplo Produto (DP), nas diferentes intensidades utilizadas. Variáveis 60% da 8RM 80% da 8RM 100% da 8RM $ DP 10 min antes 8570,60±1397,51 8462,30±1913,80 9419,00±2230,40 DP Logo após 10816,30±1983,17#* 11528,50±2063±08#* 13333,90±1855±55#* DP 10 minutos após 9469,50±1124,11* 9862,60±964,70* 10809,00±1209,44* DP 20 min após 8995,20±887,32 (1) 9261,60±1183,80 (1) 10088,30±1407,34 (1) DP 30 min após 8716,70±1577,23 (2) 9081,40±1579,56 (2) 10138,50±1461,06 (2) DP 40 min após 8449,90±943,95 (2) 8683,90±943,95 (2) 9620,70±1289,91 (2) DP 50 min após 8540,80±970,39 (2) 8500,90±1125,81 (2) 9319,60±1383,69 (2) DP 60 min após 8286,80±727,68 (3) 8382,60±1354,75 (3) 9345,70±1595,11 (3)

Valores dos resultados para as análises nas diferentes intensidades. * - diferença significativa em relação aos 10min antes (p<0,05);

# - diferença significativa em relação ao momento antes e após esforço (p<0,05);

$ – diferença significativa (intergrupo) em relação a 60% de 8RM nos momentos Logo, e 10 minutos após (p<0,05)

2 – diferença significativa em relação aos momentos Logo, 10min, e 20min após (p<0,05);

3 – diferenças significativas em relação aos momentos Logo, 10min, 20min e 30min após (p<0,05);

Figura 4 – Médias marginais estimada da variável duplo produto nas três intensidades de carga utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM).

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EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE EXERCÍCIOS EM HOMENS

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5. DISCUSSÃO

Desde a última década, o TF passou a ser considerado como uma possível estratégia não medicamentosa para prevenção de diferentes cardiopatias, apresentando efeitos favoráveis em diferentes aspectos da saúde (força muscular, capacidade funcional, bem estar psicossocial), além de impactos positivos sobre fatores de risco cardiovascular, bem como a queda sustentada dos níveis pressóricos pós – esforço, portando, passível de ser utilizado como um componente adjunto do exercício aeróbio no tratamento da HA (SBC, 2013; Umpierre & Stein, 2007).

Um dos benefícios gerados pelo TF é a HPE, este relatado em estudos com diferentes protocolos experimentais (Mutti et al., 2010; Costa et al., 2010; Salles et al., 2010; Maior et al., 2009; Maior et al., 2007; Simão et al., 2005; Mediano et al., 2005; Polito et al., 2003). Diante da relevância do propósito do presente estudo, e das divergentes informações a cerca das intensidades utilizadas nos diferentes exercícios do TF e o seu efeito nas variáveis hemodinâmicas estudadas, o objetivo desta investigação foi observar as respostas hemodinâmicas após sessões agudas de exercícios do TF em diferentes intensidades.

Alguns estudos não demonstraram efeito hipotensivo decorrente desse tipo de atividade, independentemente, do estado de saúde, estado de treinamento, e do sexo (Canuto et al., 2011; Santos et al., 2005; Roltsch et al., 2001; O’Connor et al., 1993). O’Connor et al. (1998), por exemplo, verificaram aumento na PAS até 15 minutos após uma sequência realizada por mulheres, com uma carga correspondente a 80% de 1RM. Em seguida, Roltsch et al. (2001) não observaram alterações importantes nos valores da PA, após a realização de exercícios do TF em homens e mulheres normotensos, tanto sedentários, quanto treinados. Diferentes protocolos e controles experimentais foram utilizados nestes estudos, sugerindo talvez certa dificuldade de análise e interpretação dos resultados.

Em relação aos objetivos do presente estudo, e contrapondo as afirmações anteriormente referidas, foi observada uma redução significativa (p<0,05), na PAS, em ambas as intensidades, sendo esta redução mais duradoura (20°minuto – 60°minuto), no grupo que utilizou uma maior intensidade (100% de 8RM), embora não encontrada diferenças significativas entre intensidades. Resultados estes, que por sua vez vão ao encontro aos achados de Simão et al. (2005), e Polito et al. (2003), que não verificaram maior magnitude de redução na PAS do grupo de maior intensidade, mas observaram influência da intensidade da carga, na duração do efeito HPE. Estudos anteriores que compararam diferentes intensidades do TF, não mostraram diferenças significativas entre a

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magnitude ou duração da HPE quando presentes em intensidades variando de 40% a 80% de 1RM (Focht & Koltyn, 1999; Brown et al., 1994; O’Connor et al., 1993). A possível razão para esta contradição com o presente estudo, não é clara, mas pode estar relacionada com a utilização de percentuais na determinação da intensidade do exercício, repetições definidas a partir de estimativas de 1RM (Simão et al., 2005), enquanto no presente estudo foi utilizado em relação à 8RM. Em utilização de resistências máximas, como no presente estudo (8RM), a intensidade do TF aparenta estar mais próxima do real limite para aquela condição imposta ao individuo, permitindo então, uma maior intensidade de esforço. Sendo assim, em consequência a um número maior de metabólitos acumulados, acredita-se que estes, possam influenciar a duração do efeito HPE.

Por sua vez, Oliveira et al., (2011), ao conduzirem um estudo em um grupo de idosos hipertensos, com o intuito de se observar o efeito hipotensivo de diferentes intensidades (80% e 100% de 10RM), encontraram uma PAS, significativamente (p<0,05), mais baixa, com a utilização de uma intensidade de 80% de 10RM quando comparada com a intensidade de 100% de 10RM, contrapondo assim, o observado no presente estudo. Embora, tal como no presente estudo, foi observado um efeito HPE em ambas as intensidades utilizadas. As diferenças entre a presente investigação e o estudo de Oliveira et

al., (2011), pode estar na amostra do estudo de Oliveira et al., (2011), no qual foi constituída

por idosos hipertensos, contrariamente a presente investigação que foi com adultos normotensos. A população idosa hipertensa possui estrutura vascular alterada e geralmente mais danificada, causando um menor retorno venoso e um aumento da RVP, diferente de adultos normotensos, aparentemente saudáveis. Este fato pode levar a valores de PAS superiores com a utilização de intensidades maiores (Umpierre & Stein, 2007; Forjaz et al., 1998ª).

No presente estudo, em ambas as intensidades (100%, 80%, e 60% de 8RM), foram observadas um efeito HPE na PAS. Este fato ressalta a importância da prescrição do TF para toda população, em especial a população adulta, diminuindo assim, a probabilidade da ocorrência de doenças cardiovasculares, portando a ser um componente essencial na prevenção e tratamento da HA. Contudo, é importante destacar, especialmente em indíviduos com alguma doença crônica não transmissivel, o cuidado em que se deve ter com a intensidade do TF, não sendo recomendado para esta população, exercícios de alta intensidade, no qual poderá levar os valores de PA, durante o esforço, a níveis elevados. Por sua vez, esse efeito HPE foi observado em momentos diferentes consoante às intensidades utilizadas, tendo sido observado um efeito HPE mais cedo quando utilizado uma intensidade de 100% de 8RM (aos 20 minutos após o TF). Sendo esta tendência,

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seguida nas diferentes intensidades utilizadas, tendo se observado um efeito HPE a partir dos 30 minutos após e dos 40 minutos após, nas intensidades 80% e 60% de 8RM, respectivamente. No estudo de Gurjão et al., (2009), foi observado um efeito HPE na PAS a partir do minuto 10 após exercício no grupo que utilizou 3 séries com uma carga correspondente de 6-8RM, não observando redução significativa no grupo que utilizou uma menor carga. Por sua vez, Simão et al. (2005), e Polito et al. (2003) observaram também um efeito HPE na PAS a partir do minuto 10 após exercício, porém em ambas as intensidades. Apesar da existência de estudos (Simão et al., 2005; Polito et al., 2003) que observaram um efeito HPE mais cedo, também em intensidades moderadas, parece que esta redução da PAS, de forma mais rápida, esteja relacionada com a intensidade da carga do TF, sugerida pela maior produção de metabólitos, ácido lático, íons de hidrogênio, opióides, e óxido nítrico, associado a uma diminuição da sensibilidade barorreflexa (Nunes, 2005). Estas substâncias, por sua vez, contribuem diminuindo a RVP.

Em nosso experimento, foi verificada redução significativa considerável (efeito momento) pós-esforço apenas para a PAS, não observado quaisquer alterações significativas para a PAD (momento; momento x intensidades; diferentes intensidades). Este fato pode estar relacionado às características da amostra, nomeadamente, sujeitos treinados, e saudáveis, em consonância aos achados de Maior et al. (2007), Simão et al. (2005) e Polito et al. (2003). Alterações mais consideráveis na PAD são principalmente encontradas em sujeitos sedentários e hipertensos (Costa et al., 2010; Mediano et al., 2005), podendo, estas alterações, estar relacionadas, aos maiores níveis pressóricos apresentados por esta população (Monteiro & Filho, 2004). Sujeitos sedentários e hipertensos possuem uma atividade simpática, e uma RVP aumentada. Em contrapartida, indivíduos fisicamente treinados apresentam importantes adaptações autonômicas e hemodinâmicas, como a bradicardia de repouso e a RVP diminuída, influenciando o sistema cardiovascular (Monteiro & Sobral-Filho, 2004). Sendo assim, justifica-se que a PAD, seja pouco ou nada influenciada pelo TF em indivíduos saudáveis e treinados após esforço. O que os estudos têm principalmente demonstrado nesta população, é a influência do TF na PAS, de fato encontrado em nosso estudo.

Polito et al. (2003), sugerem que sessões menos intensas, poderiam reduzir, a PAD, embora, por um período relativamente curto, em indivíduos normotensos e treinados, e que, a realização do TF com maiores intensidades, não alteraria suas respostas agudas. Contudo, no presente estudo não foram observadas interações, significativas (p<0,05), entre momentos, em momentos x intensidades, e entre intensidades. É importante ressaltar, que no estudo de Polito et al. (2003), apesar do volume de trabalho ter sido o mesmo para os

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dois grupos (3x 12 para 60% de 6RM, e 3x 6RM para 100% de 6RM), o número de repetições (duração do esforço) foi diferente, o que pode ter influenciado a PAD do grupo de menor intensidade e maiores repetições. Parece que o exercício de moderada a baixa intensidade, com um maior volume de repetições promove uma maior atividade vagal, e uma menor intensificação simpática, promovendo uma menor pressão intramuscular local e menor aumento da RVP momento, diminuindo em consequência a FC pós-exercício, e a RVP (Monteiro & Sobral-Filho, 2004).

Em relação à FC, Powers and Howley (2009) salientam que esta variável está relacionada com a intensidade do esforço. De fato, os resultados do presente estudo

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