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Efeito da intensidade do treino de força nas respostas hemodinâmicas após sessão de exercícios em homens normotensos treinados

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS

RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE EXERCÍCIOS

EM HOMENS NORMOTENSOS TREINADOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO:

ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE

FÍSICA

MAURÍCIO DE ASSIS SALDANHA

HELOISA THOMAZ RABELO

JOSÉ MANUEL MAIO VILAÇA ALVES

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS

RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE

EXERCÍCIOS EM HOMENS NORMOTENSOS TREINADOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO:

ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA

ATIVIDADE FÍSICA

Maurício de Assis Saldanha

Professora Doutora Heloisa Thomaz Rabelo

Professor Doutor José Manuel Maio Vilaça Alves

Composição do Júri:

Professor Doutor Franscisco José Félix Saavedra

Professora Doutora Catarina Isabel Neto Gavião Abrantes

Professor Doutor José Manuel Maio Vilaça Alves

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FICHA CATALOGRÁFICA

Saldanha, Maurício de Assis.

Efeito da intensidade do treino de força nas respostas hemodinâmicas após

sessão de exercícios em homens normotensos treinados / Maurício de Assis

Saldanha. Vila Real: [s.n], 2013.

Orientadora: Doutora Heloisa Thomaz Rabelo

Orientador: Doutor José Manuel Maio Vilaça Alves

Dissertação (Mestrado) Universidade de Trás-os-Montes e Alto D’ouro.

PALAVRAS-CHAVE: treino de força, hipotensão pós-exercício, adultos treinados.

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Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciência do Desporto: Especialização em Avaliação e Prescrição na Atividade Física sob a orientação da Professora Doutora Heloisa Thomaz Rabelo e co-orientação do Professor Doutor José Manuel Maio Vilaça Alves.

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AGRADECIMENTOS

“A vida me ensinou a nunca desistir, nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir... dias de luta, dias de glória”. Concluir um programa de mestrado, exige além de muito estudo e dedição, um comprometimento para com todos aqueles que acreditam na realização de um sonho, carregando também o luxo de poder estar contribuindo com a comunidade científica.

Foram inúmeras as pessoas que contribuiram para que este trabalho fosse realizado, contribuições das mais variadas formas, de uma simples sala de aula, a um pequeno abraço e ouvido amigo nas horas de tensão. Precisava de muitas folhas e espaço para agradecer as pessoas queridas e relatar a minha extrema felicidade. Foram momentos de alegria, mas também momentos de tristeza e desespero, noites de sono mal dormidas, finais de semana ocupados de trabalho, ausência temporária de contato com a familia e com os amigos, entre outras mais, mas tudo isso é recompensado com a conclusão deste. E se me pergunta-se se faria de novo? Responderia que sim, faria tudo de novo.

Como falado anteriormente, várias pessoas fizeram parte desta conquista, sendo assim gostaria de prestar os meus sinceros agradecimentos aos presentes.

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela força, e pela oportunidade de viver, de poder, e fazer das minhas ações, possíveis contribuidoras para um mundo melhor. À minha orientadora Professora Heloisa Thomaz Rabelo, pela disponibilidade, competência e seriedade na condução deste estudo. Saiba que sou eternamente grato, desde o primeiro momento em que acreditou na minha pessoa.

Ao meu co-orientador Professor José Manuel Maio Vilaça Alves, pelo conhecimento, pelo suporte, e por permitir que uma simples idéia torna-se uma tese de mestrado. À Universidade de Trás-os-Montes e Alto D’ouro (Portugal) que me concedeu esse período de aprendizado e conhecimento. Aos amigos e amigas que ganhei em Portugal. Uma oportunidade única de aprendizado, conhecendo valores e culturas diferentes.

Ao Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Ipatinga-MG), pelo espaço e pelo apoio concedido desde o primeiro contato. Em especial ao coordenador do curso de Educação Física Tasso Guerra, e aos alunos da FAPEMIG que nos auxíliaram na

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aplicação da coleta de dados. Nesse sentido, não poderia deixar de agradecer os voluntários que participaram desta investigação, permitindo que esta fosse realizada. Aos meus pais, por me ensinarem os melhores valores morais e éticos na construção de um caráter, e a simplicidade de se viver. Em especial, à minha mãe Maria das Dores de Assis Saldanha por me estimular e ensinar desde pequeno a ser um profissional de Educação Física. Saiba que sou eternamente grato, pelas oportunidades que me foram oferecidas.

Aos meus irmãos Marcelino e Marcone de Assis Saldanha, pelo companheirismo e pelos momentos de risadas.

A toda minha familia, pelo apoio incondicional.

A minha namorada e amiga Bárbara Sampaio Lage Moreira, pela paciência, pela compreensão e pelo amor concedido, sendo sempre o meu porto seguro.

Aos meus amigos e amigas que sempre estiveram do meu lado, em especial ao “Bloco do Wilsão”. Sem vocês, eu não seria a mesma pessoa. Obrigado por fazerem parte da minha vida e constituirem a minha familia.

Aos meus queridos alunos e alunas, pela compreensão e paciência nos dias mais díficeis, onde o cansaço prevalecia.

Aos meus colegas de trabalho, em especial companheiros da Academia Korpus, estrutura que me concedeu um crescimento, e um apoio para desempenhar com eficiência minhas ações.

E a todos que de alguma forma colaboraram para que este sonho se tornasse realidade.

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ÍNDICE GERAL

INDICE DE TABELAS...viii INDICE DE FIGURAS...ix LISTA DE ABREVIATURAS ... x RESUMO ... xi ABSTRACT ... xii INTRODUÇÃO ... 1 1.1. OBJETIVOS ... 4 1.1.1. OBJETIVO GERAL ... 4 REVISÃO DE LITERATURA ... 5

2.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL E EXERCÍCIO FÍSICO ... 6

2.1.1. REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ... 6

2.2. TREINAMENTO DE FORÇA ... 8

2.2.1. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO TREINAMENTO DE FORÇA ... 9

TREINAMENTO DE FORÇA DINÂMICO ... 9

ALTERNADO POR SEGMENTO ... 10

INTENSIDADE DO TREINAMENTO DE FORÇA ... 10

VOLUME DO TREINAMENTO DE FORÇA ... 10

2.3. HIPOTENSÃO APÓS EXERCÍCIO E MECANISMOS ... 11

2.4. HIPOTENSÃO APÓS SESSÃO DO TREINO DE FORÇA ... 12

MATERIAIS E MÉTODOS ... 15

3.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO ... 16

3.2. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 16

3.3. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA ... 17

3.3.1. MEDIÇÕES ... 18

MASSA CORPORAL ... 18

ESTATURA ... 18

PERCENTAGEM DE GORDURA ESTIMADA ... 18

MEDIÇÃO DE 8RM ... 19

MEDIDAS HEMODINÂMICAS... 20

3.3.2. SESSÃO DE EXERCÍCIOS ... 20

3.3.3. PROCEDIMENTO ESTATÍSTICO ... 22

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DISCUSSÃO ... 31

CONCLUSÃO ... 39

LIMITAÇÕES E INVESTIGAÇÕES FUTURAS ... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 43

ANEXOS ... 52

ANEXO A ... 53

ANEXO B ... 56

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Características antropométricas, das variáveis hemodinâmicas de repouso e de 8RM, usados no TF, da amostra do presente estudo...17 Tabela 2 - Médias e desvios padrão da pressão arterial sistólica, nas diferentes intensidades utilizadas...24 Tabela 3 – Médias e desvios padrão da pressão arterial diastólica, nas diferentes

intensidades utilizadas...25 Tabela 4 - Médias e desvios padrão da frequência cardíaca, durante e após as sessões de estudo, nas diferentes intensidades utilizadas...28 Tabela 5 - Médias e desvios padrão do duplo produto, nas diferentes intensidades

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Médias marginais estimadas da pressão arterial sistólica, nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM)...25 Figura 2 - Médias marginais estimadas da pressão arterial diastólica, nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM)...26 Figura 3 – Médias marginais estimadas da frequência cardíaca, nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM)...29 Figura 4 - Médias marginais estimadas do duplo produto, nas três diferentes intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM)...30

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LISTA DE ABREVIATURAS

Ang 1 – Angiotensina 1 Ang 2 – Angiotensina 2 bpm – Batimentos por minuto cm – Centímetros

DC – Débito Cardíaco

DM – Desenvolvimento na Máquina DP – Duplo Produto

ECA – Enzima Conversora de Angiotensina EJ – Extensão de Joelhos

FC – Frequência Cardíaca FJ – Flexão de Joelhos g – Gramas

HA – Hipertensão Arterial

HPE – Hipotensão Pós – Exercício IMC – Índice de Massa Corporal Kg – Quilogramas

LP45° - Leg Press 45° m – Metros

MAPA – Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial mmHg – Milímetro de Mercúrio

PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão Arterial Diastólica PAM – Pressão Arterial Média PAS – Pressão Arterial Sistólica

PCO2 - Pressão parcial de gâs carbônico no sangue pH – Potencial Hidrogeniônico

REP - Repouso

RM – Repetição Máxima

RSF – Remada Sentada Fechada RVP – Resistência Vascular Periférica SCC – Sistema Calicreína Cinina SNS – Sistema Nervoso Simpático SRA – Sistema Renina Angiotensina SV – Supino Vertical

TF – Treino de Força VS – Volume sistólico

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RESUMO

As alterações hemodinâmicas durante e após a execução do treino de força (TF), ainda são pouco consensuais e existindo ainda, poucas informações na literatura sobre o real efeito de diferentes intensidades, na execução dos exercícios do TF, nessas variáveis. Para o efeito, o presente estudo teve como objetivo observar as respostas hemodinâmicas após sessão de exercícios do TF com diferentes intensidades. Assim, 10 sujeitos, do sexo masculino, com 25,40 ± 6,90 anos de idade, 179,10 ± 6,90 de estatura e com uma percentagem de gordura estimada de 12,89 ± 5,05%, efetuaram 3 sessões experimentais de forma randomizada, que consistiam na execução de 6 exercícios do TF, 3 séries por exercício, 2 minutos de intervalo entre séries e exercícios, e 8 repetições por exercício. As sessões diferiram entre si na percentagem de carga utilizada, que foi de 100, 80 e 60% de 8RM. Foi analisada a frequência cardíaca (FC) antes, durante e após 60 minutos dos exercícios e a pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e o duplo produto (DP), antes e após exercício. Para a análise inferencial foi usado uma Anova para medidas repetidas com

post-hoc de Bonferroni. O nível de significância adotado foi de 5%. Foram observadas diferenças

significativas entre intensidades, na variável FC e DP (F=13,468; p<0,001; p2=0,499 e F= 4,344;p=0,023; µp2=0,102, FC e DP, respectivamente), entre a utilização da intensidade de 100% de 8RM e a utilização de 60% e 80% de 8RM. Na PAS e na PAD não se observou diferenças significativas entre as diferentes intensidades utilizadas, sendo encontrado, na PAS, um efeito hipotensor (HPE) em ambas as intensidades. A PAS apresentou valores significativamente menores, em relação aos de repouso, reduzindo mais cedo na intensidade de 100% de 8RM, em relação às outras intensidades. Podemos com base nestes dados concluir que a intensidade afeta, significativamente, a FC e o DP, influenciando também o início da HPE na PAS em adultos treinados, normotensos.

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ABSTRACT

The hemodynamic alterations during and after the execution of strength training (ST) are still showing little consensus, with sparse information in literature on the real effect of different intensities in the execution of ST exercises with these variables. To this effect the present study had the goal of observing the hemodynamic responses after the execution of ST exercises with different intensities. Thus, 10 male subjects with the age of 25,4 ± 6,9 years, 179,1 ± 6,9 cm height and an estimate fat percentage of 12,89% ± 5.05 executed 3 experimental sessions in a randomized form, which consisted of 6 ST exercises, 3 sets of each exercise, 2 minutes-intervals between the sets and exercises and 8 repetitions of each exercise. The sessions were different from each other in the percentage of weight used, which were 100, 80 and 60% of 8RM. The heart rate (HR) was analyzed before, during and after 60 minutes of the exercises, as well as the systolic blood pressure (SBP), diastolic blood pressure (DBP) and the double product (DP) before and after the exercise. For the inferential analysis the repeated measures Anova and the Bonferroni post-hoc test were used. The adopted significance level was 5%. Significant differences were found between the intensities of HR and DP (F=13,468; p<0,001; p2=0,499 e F= 4,344;p=0,023; µp2=0,102, HR and DP, respectively), between the use of intensity of 100% of 8RM and the use of 60% and 80% of 8RM. No significant differences was observed in SBP and DBP between the intensities. In the case of SBP a hypotensive effect (HTE) was observed in both intensities. The SBP showed significantly lower values in relation to those of the resting periods, decreasing earlier with the intensity of 100% of 8RM in relation to the other intensities. Based on this data we can conclude that the intensity affects the HR and DP significantly, influencing also the beginning of HTE in SBP in trained and normotensive adults.

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EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE EXERCÍCIOS EM HOMENS

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1. INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial (HA) é considerada uma das disfunções crónicas que mais tem crescido entre as sociedades modernas. Tal patologia está associada a um aumento da incidência de causas de mortes por doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, doença coronariana, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica, e insuficiência renal (VI Diretriz Brasileira de Hipertensão, 2010; Santos & Abreu-Lima, 2009; Mancia et al., 2007; Pescastello et al., 2004; Barreto-Filho & Krieger, 2003).

No Brasil observa-se uma prevalência variando de 23,3% a 43,9% de hipertensos (VI Diretriz Brasileira de Hipertensão, 2010; Santos & Abreu-Filho, 2009; Informe Epidemiológico do SUS, 2001). Pode-se destacar como as principais causas para o estabelecimento do quadro hipertensivo, fatores genéticos e ambientais. Contudo, os fatores ambientais tais como, nível reduzido de atividade física habitual, hábitos alimentares inadequados, e o excesso de gordura corporal são aqueles que parecem ser mais susceptíveis de alterar (Mancia et al., 2007; Barreto-Filho & Krieger, 2003; Carneiro et al., 2003; Hagberg, Park, & Brown, 2000). Assim, modificações no estilo de vida, como a prática de bons hábitos alimentares, e a prática regular de exercício físico, são recomendados como uma importante ferramenta não medicamentosa para a prevenção e tratamento da HA (Powers & Howley, 2009; Monteiro & Sobral-Filho, 2004; Pescastello et

al., 2004; American College of Sports Medicine, 2002; American Hearth Association, 1990).

Um dos mecanismos de ação não farmacológica para a redução da pressão arterial (PA), através do exercício físico, é a Hipotensão Pós – Exercício (HPE) (Polito & Farinatti, 2006). Trata-se de um fenômeno de grande relevância clínica, no qual se caracteriza pela redução dos níveis da pressão arterial sistólica (PAS) e/ou da pressão arterial diastólica (PAD), abaixo dos níveis de repouso (pré - exercício), após uma única sessão de exercício, podendo esta redução durar por alguns minutos ou horas, subsequentes (Pescastello et al., 2004; Kenney & Seals, 1993).

De fato, inúmeros estudos têm constatado tal fenômeno, especialmente em exercícios aeróbios (Cassonato & Polito, 2009; Tomasi, Simão, & Polito, 2008; Alderman, Arent, Landers, & Rogers, 2007; Lizardo, Modesto, Campbell & Simões, 2007; Syme et al., 2006; Forjaz et al., 2004; Senitko, Charkoudian, & Halliwill, 2002; Vriz et al., 2002; Taylor-Tolbert et al., 2000; Forjaz, Matsudaira, Rodrigues, Nunes, & Negrão, 1998a; Brown, Clemons, He, & Liu, 1994; Pescatello, Fargo, Leach, & Scherzer, 1991). A existência deste efeito após exercício aeróbio, é influenciada pela duração (Pescastello et al., 2004; Ishikawa-Takata, Ohta, & Tanaka, 2003; MacDonald, MacDougall, & Hogben, 2000; Forjaz,

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Santaella, Rezende, Barretto, & Negrão, 1998b), pela intensidade (Pescastello et al., 2004; Smelker, Foster, Maher, Martinez, & Porcari, 2004; Forjaz et al., 1998a) e pela freqüência semanal na resposta hipotensora (Pescastello et al., 2004; Rondon & Brum, 2003; Ishikawa-takata et al., 2003). Outros aspectos, tais como o nível de treinamento individual (Senitko et

al., 2002), e se o indivíduo já está ou não com certa patologia (Cornelissen & Fagard, 2005;

Fisher, 2001; Taylor-Tolbert et al., 2000; Cle´ roux, Kouame´, Nadeau, Coulombe, & Lacourcie, 1992; Hannum & Kasch, 1981) podem influenciar o mecanismo e a magnitude da resposta hipotensora, podendo os efeitos dessa redução persistirem em até 13 horas (Pescastello et al., 2004; Kenney & Seals, 1993).

Em relação à utilização dos exercícios do treino de força (TF), foi igualmente observado, em estudos científicos, um idêntico efeito hipotensor, após sessão de exercícios deste tipo (Mutti, Simão, Dias, Figueiredo, & Salles, 2010; Costa, Gerage, Gonçalves, Pina, & Polito, 2010; Salles et al., 2010; Maior et al., 2009; Maior, Azevedo, Berton, Gutiérrez, & Simão, 2007; Simão, Fleck, Polito, Monteiro, & Farinatti, 2005; Mediano, Paravidino, Simão, Pontes, & Polito, 2005; Polito, Simão, Senna, & Farinatti, 2003). Contudo, também existem na literatura, estudos que contradizem os resultados dos estudos anteriormente referidos (Canuto et al., 2011; Santos, Simão, & Novaes, 2005; Roltsch, Mendez, Wilund, & Hagberg, 2001; Focht & Koltyn, 1999; O’Connor, Bryant, Veltri, & Gebhardt, 1993). Vale destacar que diversos fatores podem contribuir para estas contradições, entre as quais, o uso de diferentes protocolos e formas de controlar os valores de PA, utilizados nos diferentes estudos, podendo dificultar assim, a análise e interpretação dos diferentes resultados (Gurjão et al., 2010; Polito & Farinatti, 2006).

Importantes reduções, principalmente para PAS, foram verificadas após uma sessão de TF, independente das variáveis de prescrição do exercício, como intervalos de recuperação (Salles et al., 2010), intensidade (Werneck, Lima, Polito, Coelho, & Ribeiro, 2011; Moreno et al., 2009; Rezk, Marrache, Tinucci, Mion, & Forjaz, 2006; Forjaz et al., 1998), e forma de execução (Simão et al., 2005). Contudo, Gurjão et al. (2010), Simão et al. (2005) e Polito et al. (2003) observaram influência da intensidade na resposta da HPE. Por outro lado, poucos foram os estudos que se propuseram investigar a influência isolada da intensidade da carga sobre a HPE (Rezk et al., 2006; Simão et al., 2005; Polito et al., 2003; O’Connor et al., 1993), e resultados divergentes foram observados. O estudo de O´Connor

et al. (1993), no qual foi proposto observar o efeito do TF, executado com diferentes

intensidades e mesmo volume de trabalho (40%, 60%, 80% de 10 repetições máximas (RM)) sobre o estado de ansiedade e nas respostas agudas de PA em mulheres normotensas treinadas, não foi observado reduções significativas na PA e frequência

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cardíaca (FC) pós-exercício. Contrariamente, Simão et al. (2005), e Polito et al. (2003) observaram reduções significativas (p<0,05) principalmente na PAS, após sessão de exercícios do TF executados com diferentes intensidades. Nos estudos anteriormente referidos, foram utilizados duas sessões de TF, em jovens normotensos, com diferentes intensidades, mas com igual volume de treinamento (3 séries de 6 repetições com uma carga de 100% de 6RM versus 3 séries de 12 repetições com uma carga correspondente a 50% de 6RM). A única diferença entre o estudo de Polito et al. (2003) e Simão et al. (2005), foi a utilização do método de treino em circuito, no estudo de Simão et al. (2005). Contudo, em ambos os estudos a intensidade da carga não influenciou a magnitude da resposta hipotensora, e ambos os autores sugerem que a intensidade do TF não influencia a magnitude da resposta hipotensora, mas sim a duração desse efeito hipotensivo após o término da sessão de exercícios.

Deste modo, parece existir, uma relação entre, a execução dos exercícios do TF com uma alta intensidade e uma queda mais duradoura da PAS. Igualmente, o mesmo efeito, parece existir em relação, à utilização de baixas intensidades e uma diminuição da PAD pós – esforço (Rezk et al., 2006; Simão et al., 2005; Polito et al., 2003; Focht & Koltyn, 1999; Kenney & Seals, 1993).

Desta forma, e devido à falta de um consenso na literatura em relação a real influência da intensidade da carga, na realização dos exercícios do TF, nas respostas agudas dos valores de PA após sessão de exercícios, torna-se pertinente a realização do presente estudo, que teve como objetivo observar as respostas hemodinâmicas, após sessão de exercícios do TF realizados com diferentes intensidades.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. OBJETIVO GERAL

Observar as respostas hemodinâmicas, após sessão de exercícios do treino de força, realizados com diferentes intensidades.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL E EXERCÍCIO FÍSICO

A HA é considerada um grave problema de saúde pública pela organização mundial de saúde (WHO, 2013). Devido a ser, uma doença assintomática nas suas fases iniciais, torna o acesso ao seu tratamento mais dificil. Segundo os dados do World Health

Organization (WHO, 2013), a prevalência de HA no mundo, em individuos com mais de 25

anos de idades, é de 35%, variando de região para região do globo, sendo o continente africano, aquele que apresenta valores superiores de HA.

A HA está associada a um aumento da incidência de causas de mortes por doença cardiovascular, acidente vascular cerebral, e outras demais, podendo ser entendida como uma síndrome multifatorial, de patogênese pouco definida, devido a interações entre fatores genéticos e ambientais (Powers & Howley, 2009; Mancia et al., 2007; Pescastello et al., 2004; Monteiro & Sobral-Filho, 2004; Rondon & Brum, 2003; Barreto-Filho & Krieger, 2003). Em cerca de 90% a 95% dos casos de HA não existe etiologia conhecida ou cura, podendo o controle e o tratamento da HA ser obtido através de tratamento farmacológico e de mudanças no estilo de vida, tais como a prática de bons hábitos alimentares e de exercício físico (Powers & Howley, 2009; Monteiro & Sobral-Filho, 2004; Barreto-Filho & Krieger, 2003; Carneiro et al., 2003; Hagberg et al., 2000).

O efeito do exercício sobre os níveis de repouso da PA de graus leve a moderado é especialmente importante, uma vez que o paciente hipertenso pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos, ou até ter a sua PA controlada, sem adoção de medidas farmacológicas (Monteiro & Sobral-Filho, 2004; Rondon & Brum, 2003). O exercício aeróbio tem sido amplamente recomendado para o tratamento da HA, tendo sido mesmo considerado o principal agente não farmacológico no seu tratamento e prevenção. Atualmente o TF, é igualmente recomendado como componente adjunto do exercício aeróbico para o controle e prevenção da HA (Battagin et al., 2010; Cassonato & Polito, 2006; Monteiro & Sobral-Filho, 2004).

2.1.1. REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

A PA é a força exercida pelo sangue nas paredes arteriais, e é determinada pela quantidade de sangue bombeado e pela resistência ao fluxo sanguíneo, sendo dividida em

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PAS, PAD, e pressão arterial média (PAM), variável importante por determinar a velocidade do fluxo sanguíneo através do circuito sistêmico (Powers & Howley, 2009).

A regulação da PA depende de ações integradas dos sistemas cardiovascular, renal, neural e endócrino (Campagnole-Santos & Haibara, 2001). Diferentes mecanismos de controle estão envolvidos não só na manutenção, como na variação momento a momento da PA, regulando: o calibre e reatividade vascular; a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos; e o débito cardíaco (DC) (Campagnole-Santos & Haibara, 2001).

Realizado pelo sistema nervoso simpático (SNS), o controle barorreflexo é efetuado por pressorreceptores arteriais, denominados barorreceptores, e localizados nas artérias carótidas e na aorta, sendo estes altamente sensíveis a alterações da PA. Um aumento da pressão ativa esses receptores, que por sua vez enviam essas informações ao centro de controle cardiovascular (núcleo trato solitário), que por sua vez, responde diminuindo a atividade simpática, desencadeando bradicardia reflexa e vasodilatação periférica. A redução da atividade simpática desencadeia uma diminuição da PA, através da diminuição do DC e/ou da resistência vascular periférica (RVP). Por outro lado, a queda da PA acarreta uma redução do estímulo dos barorreceptores ao encéfalo, fazendo com que o centro de controle cardiovascular responda aumentando o fluxo simpático, desencadeando taquicardia reflexa e vasoconstrição periférica, permitindo que a pressão retorne ao seu estado normal (Powers & Howley, 2009; Negrão & Rondon, 2001; Campagnole-Santos & Haibara, 2001).

O sistema renina-angiotensina (SRA), tem também um importante papel no controle da PA e no equilíbrio hidroeletrolítico do organismo, permitindo além de uma ação direta sobre o músculo liso vascular e sobre a regulação do volume por meio da aldosterona, ações centrais e periféricas decisivas no controle da atividade simpática (Oliveira, Alves, & Barauna, 2003; Irigoyen, Consolim-Colombo, & Krieger, 2001; Oigman & Neves, 2000; Ribeiro & Florência, 2000). Em uma definição clássica o SRA mantém a pressão arterial por meio da angiotensina 2 (Ang 2), gerada na circulação em uma cascata enzimática iniciada pela renina que é secretada pelas células justaglomerulares do rim, em resposta à diminuição da PA. A renina cliva o angiotensinogênio produzido no fígado, gerando o decapeptídeo inativo-angiotensina 1 (Ang 1), que dá origem a Ang 2 pela ação da enzima conversora de angiotensina (ECA). A Ang 2 exerce atividade vasoconstrictora arterial e venosa estimulando receptores do tipo Ang 1. Essas reações ocorrem no plasma e em vários tecidos como rins, cérebro, glândulas adrenais, ovários, músculo liso vascular, e células endoteliais (Carvalho, Nigro, Lemos, Tostes, & Forte, 2001; Irigoyen et al., 2001; Oigman & Neves, 2000; Ribeiro & Florêncio, 2000; Loureiro-Silva & Borges, 1999).

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O sistema calicreína – cinina (SCC) é composto de prostalicreínas, calicreínas (tecidual e plasmáticas), cininogênios, cininas, cininases e enzimas conversoras de cininas. As procalicreínas, que dão origem às calicreínas, agem sobre os cininogênios, que, por sua vez, liberam cininas e aminopeptidases, convertendo-se os precursores de bradicinina em bradicinina. As cininases degradam tanto a bradicinina quanto os seus precursores. As cininas são hormônios peptídeos de ações biológicas mediadas por dois tipos diferentes de receptor, denominados B1 e B2. Através da estimulação dos receptores endoteliais B2, as cininas produzem vasodilatação nas artérias e arteríolas, com subseqüente liberação de óxido nítrico e prostaglandinas. Estas hormonas podem exercer uma influência, significativa na regulação da PA, na homeostase do sódio e no tônus vascular (Morais, Molina, Borges, & Kouyoumdjian, 1999; Amorim & Reis, 1998).

Os sistemas SRA e SCC interagem-se em vários níveis. Nomeadamente, no aumento das concentrações séricas da ECA, podendo resultar numa maior síntese de Ang 2 e uma desativação das cininas. Por sua vez, a Ang 2 que age estimulando a reabsorção de quantidades elevadas de sódios, aumenta a PA, contrapondo o papel das cininas, que regulam o balanço de água e sódio, diminuindo, assim a PA (Morais et al., 1999; Amorim & Reis, 1998).

O endotélio, que funciona como sensor das alterações hemodinâmicas, dos sinais humorais, e de outros estímulos químicos da corrente sanguínea, desempenha um importante papel na regulação do tónus vascular. Admite-se que as interações e a potência relativa dos mediadores vasodilatadores e vasoconstritores, dependentes do endotélio, sejam fundamentais na regulação do fluxo sanguíneo e da PA (Batlouni, 2001).

2.2. TREINAMENTO DE FORÇA

O TF, também conhecido como treinamento resistido, ou treinamento com pesos, tornou-se uma das formas mais populares de exercício para melhorar a aptidão física de um indíviduo, sendo bem reconhecido e recomendado por organizações de saúde importantes como o American College of Sports Medicine and the American Heart Association (Fleck & Kraemer, 2006; Kraemer et al., 2002), melhorando a saúde, e o condicionamento físico daqueles que o praticam. Em definição, o TF tem sido descrito, como um tipo de exercício que exige que a musculatura do corpo promova movimentos (ou tente mover) contra a oposição de uma força, geralmente exercida por algum tipo de equipamento (Fleck & Kraemer, 2006).

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Os principais benefícios de um programa de TF bem elaborado é o aumento da força muscular, aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal, e melhoria do desempenho físico em atividades esportivas e da vida diária (Fleck & Kraemer, 2006).

As adaptações através deste tipo de treinamento parecem ser moduladas pela intensidade, que vai depender do grau de condição física e objetivo do praticante. Exercícios submáximos de 45 a 50% de 1RM são usados para o aprendizado do movimento, melhora da coordenação motora (Fleck & Kraemer, 2006; Kraemer et al., 2002), e resistência muscular (Fleck & Kraemer, 2006; Kraemer et al., 2002). Cargas de 70% a 80% de 1RM são utilizadas para hipertrofia muscular, enquanto aquelas mais intensas, acima de 80% de 1 RM, são as mais adequadas para o aumento da força muscular máxima (Fleck & Kraemer, 2006; Kraemer et al., 2002).

As variações no volume e na intensidade de treinamento são extremamente importantes nas adaptações fisiológicas.

2.2.1. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO TREINAMENTO DE FORÇA

Segundo Fleck and Kraemer (2006), a eficácia de um programa de TF é dependente das variáveis do treinamento, incluindo frequência, tipos de exercício, volume (séries e repetições), intensidade e duração dos períodos de recuperação.

TREINAMENTO DE FORÇA DINÂMICO

Os programas de TF podem ser dos seguintes tipos: treinamento isométrico, treinamento dinâmico, treinamento isocinético, treinamento excêntrico, e treinamento pliométrico (Fleck & Kraemer, 2006). Em razão do tipo de treinamento utilizado no presente estudo, e por ser esse comumente utilizado na literatura científica, discutiremos apenas o treinamento de força dinâmico.

O TF dinâmico, também conhecido como treinamento dinâmico com resistência externa constante, é composto, normalmente por aparelhos de musculação e pesos livres (Fleck & Kraemer, 2006). De fato, podemos considerar o treinamento com peso livre mais técnico do que os aparelhos de musculação, haja vista a necessidade maior de habilidade e coordenação para a realização dos movimentos. Entretanto, os aparelhos de musculação têm sido considerados, seguros e fáceis de aprender a executar (ACSM, 2002), além de ajudar a estabilizar o corpo (Siqueira & Oliveira, 2006).

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ALTERNADO POR SEGMENTO

Sendo, um dos sistemas de ordem dos exercícios, a ordem alternada por grupos musculares, ou alternado por segmento, trata-se do método no qual o atleta, alterna os exercícios de diferentes segmentos do corpo, como exemplo: ora um exercício de membro inferior, ora um exercício de membro superior (Fleck & Kraemer, 2006). Além de ser considerado um método seguro e recomendado para praticantes iniciantes do TF, o método alternado por segmento é sugerido para praticantes hipertensos, ou cardiopatas (Janning, Cardoso, Fleischmann, Coelho, & Carvalho, 2009). Segundo Janning et al. (2009), parece que ao realizar os exercícios com alternância de membros, ocorra maior mobilização vascular, fazendo com que haja vasodilatação sistêmica, com pouco resposta vasoconstritora.

INTENSIDADE DO TREINAMENTO DE FORÇA

A intensidade de um exercício pode ser estimada como o percentual de 1RM ou a carga máxima deslocada para um determinado número de repetições (ex: 10RM). Esta variável caracteriza-se como o nível de tensão aplicada a sinergia muscular envolvida no movimento segmentar, e pode ser modulada pela carga de trabalho e pela velocidade de execução do movimento (Fleck & Kraemer, 2006).

VOLUME DO TREINAMENTO DE FORÇA

O volume de treinamento é o somatório do número total de repetições executadas durante uma sessão de treinamento multiplicado pela resistência usada, ou seja, é a medida da quantidade total de trabalho realizada em uma sessão, em uma semana, um mês, ou algum outro período de treinamento (Fleck & Kraemer, 2006).

Conforme o ACSM (2002), a alternância no volume total de treino (séries x repetições x carga) pode ser realizada, pela mudança no número de exercícios executados por sessão, pelo número de repetições por série, ou pelo número de séries por exercício. Fleck and Kraemer (2006) afirmam que a frequência (número de sessões de treinamento), a duração da sessão de treinamento, o número de séries, o número de repetições, e o número de exercícios realizados por sessão têm impacto direto no volume de treinamento.

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2.3. HIPOTENSÃO APÓS EXERCÍCIO E MECANISMOS

Os efeitos fisiológicos do exercício podem ser divididos em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos (Monteiro & Sobral-Filho, 2004). Os efeitos agudos ou agudos imediatos, denominados respostas, são aqueles que acontecem em associação direta com a sessão de exercício (Monteiro & Sobral-Filho, 2004).

A HPE é um fenômeno de grande relevância clínica, sendo entendida como uma estratégia de ação não farmacológica para a redução da PA (Polito & Farinatti, 2006). Ela se caracteriza pela redução dos níveis de PAS e/ou PAD abaixo dos níveis de repouso (pré – exercício), após uma única sessão de exercício, durante minutos ou até horas subseqüentes à sua prática (Pescastello et al., 2004; Kenney & Seals, 1993). Embora, vários estudos tenham investigado a resposta da HPE em exercícios aeróbios e de contra resistência, ainda sim, uma padronização das variáveis de execução destes exercícios, necessitam de ser mais bem clarificadas, e estabelecidas, quando este efeito é pretendido (Cassonato & Polito, 2009; Rondon & Brum, 2003).

Quanto aos mecanismos fisiológicos da HPE, a literatura científica ainda não fornecem dados consistentes, diferentemente dos procedimentos de ação farmacológica (Polito & Farinatti, 2006). Uma das hipóteses, para a HPE, é a redução da atividade nervosa simpática. Esta redução foi observada, principalmente quando a amostra desses estudos, era composta por indivíduos hipertensos (Polito & Farinatti, 2006). De fato, alguns resultados com humanos verificaram redução no DC durante a HPE, descrita primeiramente pela redução no volume de ejeção, e posteriormente por redução da FC (Rondon et al., 2002; Negrão & Rondon, 2001) em concordância com Kenney & Seals (1993), observando também em outros estudos queda do DC, sem alterações do volume sistólico (VS) (Negrão

et al., 2001). Por outro lado, estudos, igualmente com amostra composta por indivíduos

hipertensos, identificaram durante a HPE, o aumento (Cleroux et al., 1992) ou nenhuma alteração no DC (Legramante et al., 2002).

Outro possível mecanismo apontado é a diminuição da RVP (Monteiro & Sobral-Filho, 2004; Legramante et al., 2002; Negrão et al., 2001; Kenney & Seals, 1993; Cleroux et

al., 1992). Portanto, pelo fato de o SNS e o DC não explicarem completamente a HPE,

sugere-se uma interação entre esses dois mecanismos, de origem central, e periférica, provocando um aumento ou diminuição da RVP (Monteiro & Sobral-Filho, 2004; Kenney & Seals, 1993). Essa redução da RVP pode ser explicada pela ação de substâncias vasodilatadoras endoteliais, como as prostaglandinas, e o óxido nítrico. Ambas são liberadas pelo endotélio e apresentam uma produção aumentada em decorrência do

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exercício, ou seja, essa liberação pode ser provocada por estresse de cisalhamento, bem como da estimulação elétrica dos músculos, devido ao aumento do fluxo sanguíneo, induzindo vasodilatação (Kenney & Seals, 1993; Cleroux et al., 1992).

Diversos estudos observaram a HPE e os seus mecanismos, após uma sessão de exercícios aeróbios em humanos (Cassonato & Polito, 2009; Tomasi et al., 2008; Lizardo et

al., 2007; Alderman et al., 2007; Syme et al., 2006; Forjaz et al., 2004; Bermudes, Vassallo,

Vasquez, & Lima, 2004; Vriz et al., 2002; Senitiko et al., 2002; Fisher, 2001; Macdonald et

al., 2000; Taylor-Tolbert et al., 2000; Forjaz et al., 1998a; Brown et al., 1994; Cleroux et al.,

1992; Pescatello et al., 1991). Contudo, em menor proporção, alguns estudos, igualmente, comprovam a influência do TF na HPE após uma sessão de exercícios (Mutti et al., 2010; Salles et al., 2010; Costa et al., 2010; Maior et al., 2009; Maior et al, 2007; Mediano et al., 2005; Simão et al., 2005; Polito et al., 2003), embora ainda existam estudos com resultados contraditórios em relação aos referidos anteriormente (Canuto et al., 2011; Santos et al., 2005; Roltsch et al., 2001; Focht; Koltyn, 1999; O’Connor et al., 1993).

2.4. HIPOTENSÃO APÓS SESSÃO DO TREINO DE FORÇA

Desde a década de 60, as respostas cardiovasculares do TF têm sido discutidas. Até o início dos anos 90, o TF, não era contemplado nas diretrizes internacionais de prática de exercícios para hipertensos. Este fato, estava principalmente associado a uma possível elevação da PA de repouso, originada pela ideia de que os exercícios do TF proporcionam maiores aumentos pressóricos durante o exercício, devido a estes exercícios com cargas elevadas, possuírem um maior componente isométrico (Umpierre & Stein, 2007). É sabido, que a utilização de cargas elevadas no TF pode aumentar o componente isométrico do movimento, aumentando, consequentemente os níveis de PA. Desta forma, dependendo da intensidade da realização dos exercícios do TF, as respostas hemodinâmicas, durante a execução dos mesmos, podem se assemelhar aquelas em que são usadas contrações isométricas (estáticas), devido assim, ser evitado, alto componente isométrico em individuos hipertensos (Battagin et al., 2010; Mancia et al., 2007; Umpierre & Stein, 2007; Brum et al., 2004). Igualmente, estudos sugerem que intensidades elevadas promovem o aumento da RVP momento, refletindo no aumento da PAD (Umpierre & Stein, 2007; Brum et al., 2004; Polito & Farinatti, 2003).

Contudo, e embora se tenha que ter cautela na forma de manipulação das suas variáveis, nos últimos anos, o TF passou a ser considerada como uma estratégia, não medicamentosa, para prevenção de diferentes cardiopatias, apresentando efeitos favoráveis

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em diferentes aspectos da saúde (força muscular, capacidade funcional, bem estar psicossocial), além de impactos positivos sobre fatores de risco cardiovascular, bem como a queda sustentada dos níveis pressóricos pós – esforço. Sendo assim, considerado uma boa forma de exercício físico, conjuntamente, com o exercício aeróbio, no tratamento da HA (Umpierre & Stein, 2007).

A manipulação das variáveis do TF pode ser um fator importante e explicativo da controvérsia dos estudos que se debruçaram sobre o efeito do TF na HPE (Polito et al., 2006). Por exemplo, no estudo de Veloso et al. (2010) foi relatado uma redução, significativa, apenas para PAD, após o uso de intervalos entre séries de 1 minuto, e de 3 minutos, com duração total de 30 e 15 minutos respectivamente. Por outro lado, importantes reduções, principalmente na PAS, foram observadas em alguns estudos após uma sessão aguda de exercícios do TF, independente dos intervalos de recuperação usados (Salles et

al., 2010), da intensidade dos exercícios (Rezk et al., 2006 & Polito et al., 2003), e das

diferentes formas de execução, dos mesmos (Simão et al., 2005). No entanto, os diferentes protocolos e formas de controles experimentais utilizados, dificultam as análises e interpretações dos variados resultados (Gurjão et al., 2009 & Polito et al., 2006).

Quanto ao estudo da variável do TF, intensidade, de forma isolada, sobre a HPE, ainda pouco se foi estudada (Polito et al., 2006), sendo ainda sim os seus resultados divergentes. No estudo de O’Connor et al. (1993), no qual teve como objetivo examinar o estado de ansiedade e as respostas da PA, de mulheres normotensas treinadas, durante a recuperação ambulatorial a partir do TF, executados com diferentes intensidades e o mesmo volume de trabalho (40%, 60%, 80% de 10RM), não observou reduções significativas na PA e FC pós-exercício. Por outro lado, Simão et al. (2005) e Polito et al. (2003), observaram reduções, significativas, principalmente na PAS, em ambos os grupos que utilizaram diferentes intensidades. Ambos os estudos, utilizaram diferentes intensidades, mas volumes idênticos e uma população de jovens normotensos, para observar o efeito do TF na PAS. Os estudos de Focht and Koltyn (1999), e Brown et al. (1994), apresentaram efeitos contraditórios aos estudos de Simão et al. (2005), e Polito et al. (2003), sugerido, pelo fato de o volume dos exercícios do TF não serem constantes, podendo assim, ter influenciado os resultados obtidos (Polito et al., 2006). Fato este, reforçado que, quando o delineamento experimental mantém constante o volume de trabalho, investigando a intensidade de forma isolada, parece haver maior probabilidade de se observarem resultados semelhantes aos obtidos com o exercício aeróbio (Polito et al., 2006).

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Por sua vez, Polito et al. (2006) sugerem que a intensidade não parece interferir na magnitude do efeito hipotensivo após os exercícios do TF, se o volume desses exercícios for mantido. Desta forma, apesar de estudos demonstrarem a ocorrência da HPE após o TF, ainda não existe um consenso sobre um protocolo ideal (freqüência, volume, intensidade) para se potencializar esse efeito (Oliveira et al., 2011; Umpierre & Stein, 2007; Polito et al., 2006).

Desta forma, torna-se pertinente o objetivo deste estudo, que é observar a influência de diferentes intensidades nas respostas hemodinâmicas, após sessão de exercícios do TF, em homens treinados, normotensos.

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EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE EXERCÍCIOS EM HOMENS

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO

O presente estudo tem como base a pesquisa aplicada, que se caracteriza como experimental, descritiva, e comparativa, de abordagem epidemiológica tranversal (Thomas & Nelson, 2002).

A metodologia agora apresentada inicia-se pela caracterização da amostra seguida da descrição dos procedimentos e instrumentos de medida utilizados e das avaliações antropométricas realizadas, bem como das variáveis obtidas através do método não invasivo oscilométrico. Posteriormente segue-se a descrição da análise estatística.

3.2. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra foi constituída por 10 homens aparentemente saudáveis e normotensos. É importante salientar a validade deste número amostral, pois este foi calculado com base no cálculo amostral de coeficiente de variação (Sampaio, 2010), exigindo um número mínimo de 10 voluntários (Anexo C). Como condição de inclusão na amostra foi estabelecida os seguintes critérios: adultos do sexo masculino, normotensos, aparentemente saudáveis, com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos, com experiência no treino de força há pelo menos 12 meses, com uma frequência semanal mínima de três vezes.

Os indivíduos avaliados apresentam idade média de 25,40 ± 6,90 anos, 179,10 ± 6,90 de estatura, 23,11 ± 1,69 de IMC, classificação “normal” segundo a Organização

Mundial da Saúde, e % de gordura estimada de 12,89 ± 5,05%, valor este, considerado

excelente (abaixo da média) de acordo com fatores como, o sexo e idade (Guedes & Guedes, 2003). Estes números, juntamente das variáveis hemodinâmicas de repouso, confirmam o alto nível de aptidão física dos voluntários (ver tabela 1).

Como condição de exclusão na amostra, os seguintes critérios foram adotados, muitos determinados através do questionário de anamnese Par-Q: doenças crônicas diagnosticadas; PAS em repouso maior ou igual a 140 milímetros de mercúrio (mmHg) e PAD maior ou igual 90 mmHg; uso de substâncias ergogênicas; medicação que afete os valores de PA e FC em repouso ou durante o exercício; comprometimentos osteomioarticulares que impeça total ou parcialmente a execução dos exercícios, e

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frequência semanal irregular (duas faltas consecutivas durante a realização do protocolo), pois os indivíduos tinham uma duração máxima de término dos protocolos de 4 semanas.

Tabela 1 – Médias e desvios padrão das características antropométricas, das variáveis hemodinâmicas de repouso e de 8RM, usados no TF, da amostra do presente estudo.

FC máx – frequência cardíaca máxima; FC – frequência cardíaca; IMC – índice de massa corporal; PAS – pressão arterial sistólica; PAD – pressão arterial diastólica; LP45º - leg press 45º; SV – supino vertical; FJ – flexão de joelhos; RSD – remada sentada fechada; EJ – extensão de joelhos; DM – desenvolvimento na máquina.

3.3. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Numa sessão prévia, foi realizada uma reunião explicativa no Laboratório de Fisiologia do Exercício do Centro Universitário do Leste de Minas, destinada a esclarecer e explicar o objetivo do estudo, bem como de todos os procedimentos da pesquisa os quais os sujeitos iriam ser submetidos, conscientizando-os da importância e seriedade do estudo. Foi permitido, aos sujeitos colocarem todas as questões relativas a todos os procedimentos inerentes ao presente estudo. Foi posteriormente avaliado os valores de PA de repouso e preenchidos uma anamnese (Anexo B) junto ao Par-Qteste (ACSM, 2006). Após se ter observado, que os sujeitos preenchiam os critérios de inclusão do presente estudo, estes

Variáveis

Média ± Desvio Padrão Idade (anos) 25,40±6,90 Estatura (cm) 179,10±6,90 Massa Corporal (Kg) 74,27±8,51 Gordura Estimada (%) 12,89±5,05 IMC (Kg.m-2) 23,11±1,69 FC máx (bat.min-1) 194,60±6,90 FC repouso (bat.min-1) 62,80±10,45 PAS (mmHg) 125±7,56 PAD (mmHg) 75,60±4,67 LP45º (Kg) 266,00±33,40 SV (Kg) 92,00±9,49 FJ (Kg) 73,00±10,33 RSF (Kg) 94,50±7,62 EJ (Kg) 98,00±4,22 DM (Kg) 46,00±8,54

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assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo A), elaborado segundo a declaração de Helsink (2008).

Em seguida, foi efetuada a medição do componente antropométrico (massa corporal, estatura e percentagem de gordura estimada) dos sujeitos da amostra. O estudo foi submetido, e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição de ensino do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, sob o protocolo de número: 61.318.12.

3.3.1. MEDIÇÕES

MASSA CORPORAL

A medição da massa corporal foi efetuada através da utilização de uma balança digital (Welmy, Santa Barbara D’oeste, São Paulo, 2002). Os sujeitos da amostra foram medidos em calções, descalços, e imóvel, colocado no centro da plataforma da balança. A leitura foi realizada após estabilização dos dígitos da balança, e a massa corporal foi expressa em quilos (kg), com aproximadamente às décimas.

ESTATURA

Para medir a estatura, foi utilizado um estadiômetro acoplado a balança (Welmy,

Santa Barbara D’oeste, São Paulo, 2002). A estatura foi definida como a distância, em linha

reta, do vértex (cranio) e o piso sobre o qual se apoiam os pês, estando os sujeitos em posição ereta, posicionado segundo o plano de Frankfurt. Este plano consiste numa linha imaginária que passa pelo ponto mais baixo do bordo inferior da órbita ocular direita e pelo ponto mais alto do lado superior do meato auditivo externo correspondente. Os sujeitos da amostra encontravam-se descalços, com os pés juntos e com os calcanhares, o cóccix, a coluna dorsal, e a parte occipital em contato com o estadiômetro. A leitura foi expressa em centímetros (cm), com aproximação às décimas.

PERCENTAGEM DE GORDURA ESTIMADA

A estimação da percentagem de gordura corporal foi efetuada através da medição das pregas cutâneas de gordura subcutânea peitoral, abdominal e coxa, com recurso a um adipômetro (Sanny AD1010, São Paulo, Brasil). Após determinação dos valores, a soma destes foi introduzida na Equação 1 utilizada para obter a densidade corporal segundo autores Jackson e Pollock, e depois convertida em percentagem segundo a Equação 2 dos mesmos autores (Jackson & Pollock, 1978).

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EQUAÇÃO 1 – EQUAÇÃO PREDITIVA DA DENSIDADE CORPORAL PARA HOMENS (18-61 ANOS) / RAÇA BRANCA (Jackson & Pollock, 1978).

D (g/cm3) = 1,109380 – 0,0008267 x ∑3P + 0,0000016 x ∑3P2 – 0,0002574 x Idade

EQUAÇÃO 2 – EQUAÇÃO PREDITIVA DA PERCENTAGEM DE MASSA GORDA (Jackson & Pollock, 1978).

% MG = [(4,95 / Densidade) – 4,50] x 100

MEDIÇÃO DE 8RM

Os sujeitos da amostra realizaram o teste submáximo de 8RM descrito por Simão, Farinatti, Polito, Maior, and Fleck (2005), para aferir as cargas a serem utilizadas nas sessões de estudo, e que consistiu na realização de oito repetições máximas (100%) em cada exercício, sendo a ordem de realização dos testes aquele que iria ser aplicada nas sessões de estudo. Foi estipulado um intervalo de 5 minutos entre testes de cada exercício (Simão et al., 2011 & Dohoney, Chromiak, Lemire, Abadie, & Kovacs, 2002). Durante o teste, cada sujeito teve um máximo de três tentativas em cada exercício, obedecendo a um intervalo de 5 minutos entre elas. O peso considerado como carga máxima (100% de 8RM) foi aquele no qual permitiu que o voluntário realiza-se o movimento ate a ultima repetição, sem falha concêntrica em seu real limite para a velocidade estipulada. Foi mantido um movimento de realização das repetições com uma cadência de 60 bat.min-1, controlada por um metrónomo (Sanny PC1010, São Paulo, Brasil). Como condições de anulação do teste, foram estabelecidos os seguintes critérios: i) não cumprimento das 8RM como proposto; perda de velocidade dos movimentos em duas ou mais repetições; ii) e alterações nos padrões e tempos de movimentos exigido. Destaca-se, ainda, que todos os testes foram aplicados pelo mesmo avaliador treinado, e no mesmo período do dia.

Visando reduzir ainda mais a margem de erro nos testes de 8RM, foram adotadas as seguintes estratégias padronizadas: i) fornecimento de instruções padronizadas antes do teste, de modo que o avaliado tomasse ciência de toda a rotina da coleta de dados; ii) foi dada instruções ao avaliado sobre a técnica de execução do exercício; iii) rigor na atenção do avaliador quanto à posição adotada pelo praticante no momento da medida, pois pequenas variações no posicionamento das articulações envolvidas no movimento podem acionar outros músculos levando a interpretações errôneas dos escores obtidos; iv) e realização de estímulos verbais a fim de manter alto o nível de estimulação.

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Para uma maior fidedignidade na obtenção das cargas do teste de medição de 8RM, cada sujeito foi submetido a um segundo teste (re-teste) com um intervalo mínimo de 72h, sendo considerado como carga máxima de 8RM, o maior peso levantado de ambos, com um bom índice de confiabilidade interna, não havendo diferenças significativas entre os testes. Para a aplicação dos testes, os voluntários foram escolhidos de forma aleatória e com base em suas disponibilidades.

MEDIDAS HEMODINÂMICAS

A FC, PAS e PAD foram mensuradas em repouso (REP), de modo que os voluntários deveriam, inicialmente, permanecer sentados em um ambiente calmo, em repouso durante 10 minutos, logo após as sessões de exercícios do TF e nos minutos 10 (T10), 20 (T20), 30 (T30), 40 (T40), 50 (T50) e 60 (T60) minutos pós- exercício.

Para mensurações da PA e da FC foi utilizado o aparelho eletrônico (Microlife® BP

3AC1-1, China) antes e após o exercício. O aparelho é validado pelo protocolo internacional

da European Society of Hypertension (2005) de acordo com os critérios da Associação Britânica de Cardiologia para medidas de repouso (Cuckson, Reinders, Shabeeh, & Shennan, 2002). A FC também foi mensurada durante as sessões de exercícios através de um monitor cardíaco (Polar FT-1, Oulu, Finlândia). As medidas foram realizadas sempre pelo mesmo pesquisador treinado e, o valor de FC considerado foi aquele registro máximo, após as séries de exercícios do TF.

Os procedimentos para a medida da PA foram baseados no VII Joint National

Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure

(2003), que recomenda a posição sentada do indivíduo com os pés descruzados, apoiados no chão e o braço apoiado ao nível do coração, além de outras orientações segundo Alessi

et al. (2005). O duplo produto (DP) foi calculado a partir das medidas previamente realizadas

da PA e da FC, de acordo com a equação DP = PAS x FC (Mcardle, Katch & Katch, 2003). Foi permitida a ingestão de água, quando válido na interpretação do avaliador após as sessões de exercícios.

3.3.2.

SESSÃO DE EXERCÍCIOS

Antes da sessão de exercícios, os voluntários realizaram três sessões de familiarização em dias não consecutivos, no intuito de adaptarem com o programa de exercícios solicitado, familiarizando-os com os padrões de movimentos e exigências da

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pesquisa, minimizando erros, tais como: leitura incorreta da FC durante o exercício; tempo inadequado de intervalo entre séries e exercícios; velocidade de execução dos exercícios, aprimorando o conhecimento sobre o metrônomo; entre outros. As sessões de exercícios foram aplicadas utilizando o método alternado por segmento, de acordo com Janning et al. (2009), sendo composto na seguinte ordem: leg press 45° (LP45°); supino vertical (SV); flexão joelho (FJ); remada sentado fechada (RSF); extensão joelho (EJ); e desenvolvimento na máquina (DM). Previamente à realização das sessões de familiarização, foi demonstrada aos voluntários a execução correta de cada exercício, a fim de evitar erros de execução durante as sessões e testes.

Previamente as sessões de exercícios, bem como também das sessões de familiarização e testes, é importante salientar que os voluntários ao chegarem ao local do estudo, seguido da mensuração de repouso, eram submetidos a um breve aquecimento geral, de 5 minutos, em uma bicicleta ergométrica, estipulada uma FC média individual de 120 batimentos/minuto (bpm).

Seguido dos testes de 8RM, cada voluntário realizou mais três sessões não consecutivas de exercícios do TF no local de estudo. É importante referir, que para melhor homogeneidade das análises, relacionadas às variáveis hemodinâmicas, cada individuo foi comparado consigo mesmo, sendo estes, submetidos às três sessões, que utilizaram os exercícios do TF descritos anteriormente e pela mesma ordem, diferindo entre si, na carga utilizada. A ordem de aplicação das sessões do TF foi randomizada. As sessões do TF foram divididas em: i) intensidade 100% de 8 RM; ii) intensidade 80% de 8 RM; iii) intensidade 60% de 8 RM.

Foi utilizado em cada exercício 3 séries de 8 repetições, com intervalo entre séries e exercícios de 2 minutos (Salles et al. 2010). Nas sessões de exercícios os sujeitos foram instruídos a não realizar manobra de valsalva, para isso eram orientados a respirarem durante o movimento. O movimento de realização das repetições foi estipulado em uma cadência de 60 bat.min-1, controlada por um metrónomo conforme utilizado nos testes. As sessões foram todas efetuadas no mesmo horário, em dias diferentes, separados por um mínimo de 72h. Todos os sujeitos foram instruídos, em todas as sessões de exercícios, a evitar o consumo de cafeína ou álcool no dia anterior e no dia da coleta de dados, bem como também a não realização de quaisquer tipos de exercícios.

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Maurício Saldanha 22

3.3.3. PROCEDIMENTO ESTATÍSTICO

A análise de todos os dados foi efetuada utilizando o software de tratamento e análise estatística “StatisticalPackage for the Social Sciences, SPSS Science, Chicago,

USA” versão 20,0. Foi efetuada uma análise exploratória de todos os dados para

caracterizar os valores das diferentes variáveis em termos de tendência central e dispersão. Dessa forma, todas as variáveis foram sujeitas a uma observação gráfica com o objetivo de detectar a existência de outliers e possíveis introduções incorretas dos dados. Foram, calculadas, na análise estatística descritiva, as médias e os respectivos desvios padrão de cada variável em estudo e em todos os contextos de análise planejados.

Foi usado o Coeficiente de Correlação Intraclasse para testar a fiabilidade da medição de 8RM nos exercícios LP45º, SV, FJ, RSF, EJ e DM. Com o objetivo de realizar a análise estatística inferencial, foi necessário avaliar a normalidade da distribuição dos dados recolhidos. Desta forma, e tendo em conta a natureza biológica das medidas que foram efetuadas, foi realizada uma análise do tipo de distribuição através do teste de Shapiro-Wilk, a homogeneidade pelo teste de Levene e, igualmente, assegurado e testado a esfericidade através do teste de Mauchly. Feitos os procedimentos referidos, verificados os pressupostos da utilização de testes paramétricos, foi utilizado para comparar médias dos valores iniciais das variáveis em estudo, entre grupos, foi usado um t-test para medidas emparelhadas. Após este procedimento, e não se tendo verificado diferenças, significativas, nos valores iniciais, entre grupos, foi usado uma ANOVA de medidas repetidas (GLM), com o modelo (32 momentos X 3 intensidades), para a frequência cardíaca, e com o modelo (8 momentos X 3 intensidades) para as variáveis pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e duplo produto. O nível de significância foi mantido em 5%

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4

R

ES

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EFEITO DA INTENSIDADE DO TREINO DE FORÇA NAS RESPOSTAS HEMODINÂMICAS APÓS SESSÃO DE EXERCÍCIOS EM HOMENS

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4. RESULTADOS

Foi observada uma fiabilidade, nos testes de medição de 8RM, nos exercícios do TF de: 96% para o LP45º; 97% para o SV; 83% para o FJ; 91% para o RD; 80% para o EJ; e de 90% para o DM.

Em relação às variáveis hemodinâmicas, PAS, PAD e DP foram observados um efeito, significativo, entre momentos na PAS e no DP (F=10,845; p<0,001; p2=0,287 e F=43,967; p<0,001; p2=0,620, PAS e DP, respectivamente).

Em relação à PAS foi observada uma redução significativa, (p<0,05), nos momentos: 40 minutos após em relação aos 10 minutos antes; e valores, significativamente (p<0,05), superiores, nos momentos logo após a execução dos exercícios em relação ao momento 10 minutos antes e todos os demais momentos após execução de exercícios. Não foram observadas diferenças entre intensidades nesta variável. Embora não encontrada diferença entre intensidades, observa-se um efeito momento (efeito hipotensor): na intensidade de 60% a partir do minuto 40 após, quando comparado com o momento pré-exercício; no minuto 30 após quando comparado com o momento pré-exercício, na intensidade de 80%; e a partir do minuto 20 após quando comparado com o momento pré-exercício na intensidade de 100%. Podemos observar estes resultados na tabela 2 e na figura 1.

Tabela 2 – Médias e desvios padrão da pressão arterial sistólica (PAS), nas diferentes intensidades utilizadas.

Variáveis 60% da 8RM 80% da 8RM 100% da 8RM

PAS 10 min antes 123,10±11,01 123,10±11,01 125,80±11,06 PAS Logo após 135,70±14,15** 132,50±17,08** 129,70±11,63** PAS 10 minutos após 122,70±6,54 120,90±10,28 119,50±8,45

PAS 20 min após 120,50±5,99 119,30±5,50 118,70±12,44*

PAS 30 min após 120,40±8,62 118,20±14,63* 118,70±10±69* PAS 40 min após 118,00±7,83* 118,60±5,85* 117,00±7,73*

PAS 50 min após 121,90±3,28 117,50±9,57* 112,80±8,04*

PAS 60 min após 121,50±6,74 117,00±7,38* 115,80±13,82*

Valores dos resultados para as análises nas diferentes intensidades. * - diferença significativa em relação aos 10min antes (p<0,05)

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Maurício Saldanha 25 Figura 1 – Médias marginais estimada da pressão arterial sistólica nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM).

Quanto à variável pressão arterial diastólica não foi observado efeitos significativos entre momentos, entre momentos x intensidades e entre intensidades. Podemos observar os valores médios e as médias marginais estimadas, desta variável, na tabela 3 e na figura 2, respectivamente.

Tabela 3 – Médias e desvios padrão da pressão arterial diastólica (PAD), nas diferentes intensidades utilizadas.

Variáveis 60% da 8RM 80% da 8RM 100% da 8RM

PAD 10 min antes 72,30±3,68 72,30±3,68 73,40±4,70

PAD Logo após 73,90±9,90 75,70±14,34 69,90±10,20

PAD 10 minutos após 72,10±4,75 68,90±6,94 70,00±11,52

PAD 20 min após 71,00±5,72 68,80±5,25 69,20±6,21

PAD 30 min após 70,60±4,88 72,40±6,15 73,10±8,97

PAD 40 min após 71,10±4,86 72,90±5,23 69,60±7,56

PAD 50 min após 72,80±8,28 72,20±6,61 69,30±8,54

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Maurício Saldanha 26 Figura 2 – Médias marginais estimada da pressão arterial diastólica nas três intensidades utilizadas (60%, 80% e 100% de 8RM).

Em relação a variável FC foi observado o efeito momento, significativo, (F=235,843; p<0,001; p2=0,897). Observaram-se valores, significativamente (p=0,002), superiores, de FC em todos os registros até 10 minutos após, quando comparados com 10 minutos antes. Do mesmo modo, são observados valores significativamente (p<0,05), superiores, até o final da 3ª série do exercício DM, em relação aos valores logo antes do exercício LP 45º. Nos valores de FC, logo após o final da 1º série do exercício LP 45º, são significativamente (p<0,001), superiores, do que os observados nos momentos anteriores à realização do conjunto de exercícios, de cada exercício e após o conjunto de exercícios. O mesmo comportamento se observa na 2ª e 3ª séries do exercício de LP45º e de todas as séries de todos os exercícios executados. Havendo, no entanto: valores de FC, significativamente (p<0,05), superiores: nas 2ª e 3ª séries do exercício LP45º e da RSF e nas 1ª, 2ª e 3ª séries do DM, em relação à 1ª série do exercício SV; na 2ª e 3ª série do DM em relação à 1ª e 2ª séries do FJ; no momento logo antes o inicio, da 1ª série do RSF, em relação ao logo antes o inicio do LP45º e do SV; nas 2ª e 3ª séries dos exercícios EJ e DM em comparação com a 1ª série do exercício de EJ; as 2ª e 3ª séries dos exercícios de RSF e DM em relação à 2ª série do EJ; a 2ª e 3ª séries do exercício de DM em relação à 3ª série do exercício de EJ; a 1ª série do DM em relação à 1ª série de SV e a 3ª série do DM em relação à sua 1ª série; a 2ª série do DM em relação à 1ª série do SV, à 2ª e 3ª séries do FJ e às 1ª, 2ª e 3ª séries de EJ; e a 3ª série do exercício DM em relação à 1ª série de SV, à 2ª de FJ, e à 1ª e 2ª série de EJ.

Em relação aos períodos pós-exercícios, o momento logo após, e 10 minutos após exercícios apresentam valores significativamente (p<0,05), superiores, ao momento 10

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Tabela  1  – Médias e desvios padrão das características antropométricas, das variáveis hemodinâmicas  de repouso e de 8RM, usados no TF, da amostra do presente estudo
Tabela  2  –  Médias  e  desvios  padrão  da  pressão  arterial  sistólica  (PAS),  nas  diferentes  intensidades  utilizadas
Figura 1 – Médias marginais estimada da pressão arterial sistólica nas três intensidades utilizadas (60%,  80% e 100% de 8RM)
Figura 2 – Médias marginais estimada da pressão arterial diastólica nas três intensidades utilizadas (60%,  80% e 100% de 8RM)
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