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2.4 Processo de trabalho em saúde

4.2.5 Procedimento para análise das entrevistas

A análise dos dados das entrevistas foi realizada conforme a técnica de análise de conteúdo temática proposta por Bardin (2009). Esse método corresponde a um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, visando obter indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção-recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

Assim, a análise de conteúdo compreende todas as iniciativas que, por meio de um conjunto de técnicas parciais e complementares, constituem a explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da expressão do mesmo. Procura conhecer aquilo que se encontra subjacente às palavras às quais se pesquisa (BARDIN, 2009).

Para Bardin (2009), a análise está organizada em três polos cronológicos, quais sejam: a pré-análise, a exploração do material ou codificação e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Na primeira etapa, são desenvolvidas as operações preparatórias para a análise propriamente dita, estando subdivida em subfases: leitura flutuante; escolha dos documentos ou definição do corpus de análise; formulação das hipóteses e dos objetivos da análise; elaboração dos indicadores que fundamentam a interpretação final; e preparação do material. Na segunda etapa, os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades de registro que permitem a descrição exata das características pertinentes ao conteúdo expresso no texto. A última etapa é feita sob a ótica do referencial teórico da pesquisa, procurando responder aos questionamentos e aos objetivos propostos na pesquisa, em que são estabelecidas categorias que consistem na classificação dos elementos segundo suas semelhanças e por diferenciação.

A análise de conteúdo das entrevistas foi realizada tendo como referência as três etapas propostas por Bardin.

A pré-análise consistiu da preparação e da organização do material, após a coleta de dados. A pesquisadora realizou a transcrição integral da gravação dos discursos de todos os entrevistados. Boni e Quaresma (2005) mencionam que a transcrição de entrevista não consiste apenas em um ato mecânico de passar para o papel o discurso gravado do informante, pois os sentimentos que não passam pela fita do gravador são muito importantes na hora da análise. O pesquisador tem o dever de transcrever com fidelidade tudo o que o pesquisado falou e sentiu durante a entrevista, com o cuidado de nunca trocar uma palavra por outra, devendo zelar pela legibilidade, aliviando o texto dos tiques de linguagem e redundâncias verbais. E ao realizar o relatório da pesquisa, o pesquisador deve situar o leitor de que lugar o entrevistado fala, qual o seu espaço social, sua condição social e quais os condicionamentos dos quais o pesquisado é o produto.

Em seguida, foi realizada a codificação dos nomes dos profissionais da atenção primária participantes da pesquisa, sendo que os mesmos foram substituídos por códigos alfanuméricos, compostos pela sigla do município seguida de identificação numérica referente à ordem em que foram realizadas as entrevistas. Para identificação dos municípios de Juiz de Fora, Montes Claros e Uberlândia, utilizaram-se, respectivamente, as

seguintes siglas: JF, MOC e UBL. O primeiro profissional entrevistado do município de Juiz de Fora recebeu a codificação JF1, sendo assim, subsequentemente, até o último entrevistado do município, que recebeu a codificação JF18.

Para codificação dos nomes dos gestores municipais, visando não identificá-los, procedeu-se à substituição dos nomes por códigos alfanuméricos, compostos pela sigla G seguida de identificação numérica referente à ordem obtida em sorteio. O primeiro gestor sorteado recebeu a codificação G1, o segundo G2 e o terceiro G3.

Para preservar o anonimato, os nomes de outros profissionais citados foram substituídos pela categoria profissional e os nomes de estabelecimentos de saúde ou bairro foram omitidos.

Na fase de pré-análise foi realizada ainda a leitura flutuante das transcrições das entrevistas para familiarizar com o material coletado, deixando-se invadir por impressões, identificando os sentidos e significados.

Na fase de análise do material, as transcrições das entrevistas foram submetidas a uma leitura aprofundada e foram realizados os procedimentos de recorte, classificação e agregação das unidades de registro.

Em cada entrevista foram marcadas as unidades de registro (frase ou parágrafo) que se destacaram em relação às questões norteadoras e aos objetivos da pesquisa, tanto por recorrência, quanto por relevância. Posteriormente, procedeu-se ao recorte dessas unidades, agrupando-as de acordo com sua unidade de sentido, o que permitiu que emergissem as categorias empíricas.

Após a definição das categorias empíricas, os recortes foram reorganizados dentro de cada categoria, possibilitando que emergissem as subcategorias empíricas apresentadas no QUADRO 5.

QUADRO 5 – Categorias e subcategorias empíricas, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2014

Fonte: elaborado para fins deste estudo. 2014.

Na fase de tratamento dos resultados, inferência e interpretação, inicialmente realizou-se a descrição das características do conteúdo dos recortes de enunciado de cada categoria, buscando articulá-los. Procedeu-se, depois, ao aprofundamento das ideias e ao estabelecimento de relações a partir de uma reflexão acerca do material empírico e da articulação com o referencial teórico.

Cabe destacar que a análise das entrevistas não procurou realizar uma comparação entre os achados dos três municípios, entendendo-se que tais aspectos caracterizam, de forma geral, as percepções dos profissionais e da gestão acerca dos cursos realizados pelo Canal Minas Saúde, apesar de em alguns momentos acabar emergindo aspectos diferenciados entre os três cenários.

As anotações referentes às vivências da coleta de dados registradas no diário de campo foram digitadas e utilizadas para contextualizar os discursos dos entrevistados.

Categorias Empíricas Subcategorias empíricas

1. Interesse pela capacitação

1.1 Busca por qualificação profissional 1.2 Aproximação com o Canal Minas Saúde 1.3 EaD e suas vantagens

2. Necessidade de qualificar o trabalho

2.1 Conhecimento para a prática profissional 2.2 Envolvimento profissional do participante e

seus colegas

2.3 Relação entre o conhecimento adquirido e a aplicação na prática profissional

3. Vivências na prática

3.1 Incorporação do aprendido na prática

3.2 Prática do curso: articular, aprender e trabalhar

4. Melhorando o curso

4.1 Ampliação dos cursos

4.2 Valorização do trabalho e dos trabalhadores 4.3 Aspectos favoráveis da metodologia

5. A gestão nos processos de capacitação pelo Canal Minas Saúde e de Educação Permanente