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2 OBJETIVO

3.6 Procedimentos de análise dos dados

Os procedimentos de análise dos textos coletados no jornal impresso “O estado de S. Paulo”, foram analisados em duas etapas, a saber: I- Refinamento dos dados e II Análise de Conteúdo.

Etapa I- Refinamento dos dados

Considerando o grande volume de dados houve uma triagem dos textos, na tentativa de filtrar os que apresentavam uma relação direta com a Educação Especial. Primeiro, todos os textos (n=698) foram lidos na íntegra e interrogados, e para passar para a segunda fase de análise precisaram responder positivamente as seguintes questões: “A matéria dá notícias sobre a Educação Especial?”, “Fala sobre a escolarização e formação do público-alvo da Educação?”

Etapa II- Análise do Conteúdo

Esta etapa de análise dos dados está fundamentada na teoria de Análise do Conteúdo proposta por Bardin (2008). Considerando o volume de dados mobilizados para a constituição do corpus documental, foi utilizado o software Atlas.ti. Os dados editados, foram adicionados na lista de documentos primários no Atlas.ti e receberam um código formado pela letra P, seguido de um número, em ordem crescente. Paralelamente foram criados os eixos de análise, o Quadro 2 apresenta os eixos de análise e os códigos que foram criados previamente.

Conforme apresentado pelo quadro 2, em oito eixos de análise os códigos foram estabelecidos previamente e em quatro eixos os códigos foram criados conforme emergiam nos textos. A criação dos eixos de análise e os códigos se deram com base no Guia de Análise e Classificação dos Textos.

QUADRO 2- EIXOS DE ANÁLISE E CÓDIGOS PREVIAMENTE ESTABELECIDOS

EIXO CÓDIGOS PRÉVIOS

Ano 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004.

Âmbito Internacional, Federal, Estadual, Municipal, Estado de São Paulo e Outros Estados.

Condição *

Adequação do termo Adequado e Inadequado. Expressão de busca *

Formato Informativo, Nota, Propaganda e Matéria. Foto Com foto, Com ilustração e Sem foto.

Personagem *

Personagem Foco Figurante, Coadjuvante e Protagonista

Relação com políticas Aprofundada, Superficial, Convergente, Divergente, Convergente/Divergente e Não há.

Tema *

Tema Foco Comentário, Secundário e Principal.

*Sem código Prévio FONTE: Elaboração própria, 2016.

Os eixos de análise Ano, Âmbito, Formato e Foto, bem como os códigos previamente estabelecidos tiveram como objetivo de análise caracterizar os textos selecionados. O objetivo da codificação dos demais eixos estão detalhados a seguir:

A. Condição

A classificação de condição teve como objetivo identificar a qual grupo do público-alvo da Educação Especial os textos se referiam, e se essa referência foi feita de forma adequada ou

inadequada (códigos prévios). Conforme as condições foram identificadas nos textos os

códigos foram sendo criados. Optou-se por nomear os códigos com os termos considerados adequados atualmente.

B. Personagem

O eixo de Classificação do Personagem/Personagem-foco teve como objetivo identificar quem eram os personagens dos textos envolvidos nas publicações do jornal e qual o foco atribuído. Assim, os códigos referentes aos personagens foram adicionados ao longo da análise, e o código referente ao foco foi adicionado previamente como protagonista (aquele a quem a matéria se dedicava do início ao fim), coadjuvante (aquele que estava apenas relacionado ao

personagem central, mas ainda recebia certa atenção no texto) e figurante (aquele que era apenas citado na matéria).

C. Relação com Políticas e Diretrizes

O eixo de Relação com Políticas e Diretrizes teve como objetivo identificar se se havia relação, e qual tipo, entre o conteúdo da matéria com as políticas e diretrizes para a Educação Especial. Foram utilizados os códigos superficial (quando as questões políticas e diretrizes estavam implícitas no conteúdo da matéria) e aprofundado (quando as questões políticas e diretrizes estavam explícitas no conteúdo da matéria) para analisar a profundidade da relação identificada.

Foram adotados, ainda, para analisar se os textos estavam de acordo e contribuindo com a disseminação das políticas, ou não os códigos: convergente (quando o conteúdo da matéria estava de acordo com as políticas e diretrizes para a Educação Especial), divergente (quando o conteúdo da matéria não estava de acordo com as políticas e diretrizes para a Educação Especial) e convergente/divergente (quando o conteúdo da matéria apontava lados opostos da discussão).

D. Tema

O eixo de Classificação do Tema/Tema-foco teve como objetivo identificar as temáticas abordadas referentes à Educação Especial nos textos e o foco atribuído. Os códigos referentes ao tema abordado foram adicionados no decorrer da análise dos textos, e o código referente ao foco foi adicionado previamente, como principal (quando a matéria se dedicava a discutir o tema relacionado à Educação Especial), secundário (quando o tema era abordado mas a matéria não se dedicava totalmente a ele) e comentário (quando o tema era abordado de forma breve e superficial).

O processo de codificação dos textos seguiu a ordem cronológica de publicação das matérias. Na área de trabalho do projeto, os arquivos eram abertos, lidos minuciosamente e codificados. Para fins de análise e melhor caraterização dos dados, todos os textos precisavam ser classificados em todos os eixos de análise, com ao menos um código. A cada trecho selecionado, unidade de conteúdo, um código correspondente foi atribuído, marcando o texto.10

Os pares: Personagem - Personagem Foco e Tema - Tema Foco, precisaram ser marcados concomitantemente no mesmo trecho selecionado. Entretanto, o foco era atribuído ao final, após toda a leitura sistemática e compreensão aprofundada do texto, principalmente nas matérias, em que mais de um personagem e/ou tema foram identificados, o que exigiu mais atenção e cuidado no processo de codificação. O software dispõe de recursos para que comentários e lembretes sejam feitos nos textos, permitindo que as impressões e os insights fossem registrados durante a análise.

Concluída a codificação de um texto, iniciava-se a análise do próximo, até que todos textos selecionados foram devidamente analisados e codificados. Posteriormente, finalizada a codificação de todos os textos, iniciou-se a etapa de categorização. Nesta etapa, os códigos atribuídos aos eixos de análise, que não possuíam códigos prévios (condição, personagem e tema), foram organizados e alguns códigos foram agrupados, de acordo com o conteúdo e transformados em categorias de análise.

Para o tratamento dos resultados, interpretações e inferências, primeiro foi realizado com operações estatísticas (frequência absoluta, frequência relativa, percentagem, coeficiente c e de co-ocorrência).

O cálculo das frequências e a percentagem foram aplicados para identificar os textos selecionados, por edição, por ano, e os que passaram pelo filtro e, também, para identificar as categorias com maior visibilidade, de acordo com os eixos de análise.

O cálculo do coeficiente de co-ocorrência (c:), foi formulado com base na análise de conteúdo quantitativo, para grande volume de dados, como é o caso, e tem como objetivo medir a força da relação entre duas categorias de análise, similar a uma correlação coeficiente. A fórmula utilizada para este cálculo é 𝑐 ≔ 𝑛12

(𝑛1−𝑛2)−𝑛12 sendo 0≥ c: ≤1. Assim, n12 é a frequência

da co-ocorrência entre duas categorias, e n1 e n2 é a frequência de ocorrência de cada código. O índice tem variação entre 0 e 1, e quanto mais próximo a 1 mais forte é a relação. Este cálculo é realizado pelo software Atlas.ti, que armazena as informações sobre a frequência das categorias e das co-ocorrências.

Com base nos dados estatísticos obtidos, considerando, principalmente a significância destas histórias no período investigado, foram selecionados os elementos tema e personagem, para a elaboração de algumas das histórias da Educação Especial em São Paulo [re]produzidas por meio dos textos jornalísticos publicados no jornal OESP.