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2 DESENVOLVIMENTO

2.5 PROCEDIMENTOS DE APLICAÇÃO

Todo o conteúdo foi apresentado aos alunos através das videoaulas que foram postadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle do IFES – Campus Santa Teresa e pelo site “Ciências em Quadrinhos”. Além disso, ocorreram duas reuniões pelo Google Meet, um aplicativo de reuniões on-line do Google; alguns avisos e orientações foram fornecidos pelo Whatsapp. Durante o período em a pesquisa foi aplicada, tive acesso ao Moodle para acompanhar o desenvolvimento das turmas. No Quadro 2 estão as principais datas desse projeto.

Quadro 2: Principais eventos do projeto.

DATA O QUE ACONTECEU

30/03 Postagem dos vídeos sobre o conteúdo de Reprodução, Tipos de Reprodução, Meiose e Gametogênese.

https://drive.google.com/drive/folders/1O0g_L6YDo20zoBl-ayCQmcjan9YWMgF1?usp=sharing

01/04 Postagem dos vídeos-tutoriais sobre a utilização do Pixton.

27

https://drive.google.com/drive/folders/1O0g_L6YDo20zoBl-ayCQmcjan9YWMgF1?usp=sharing

08/04 1° Reunião pelo Google Meet.

12 à 18/04 Prazo para a prova de múltipla escolha.

12 à 23/04 Prazo para criar o quadrinho.

22/04 2° Reunião pelo Google Meet

26 – 30/04 Período de correção dos quadrinhos, orientação quanto as correções que os alunos precisavam fazer e postagem dos quadrinhos no site.

Período em que o questionário da pesquisa foi respondido pelos alunos.

A primeira reunião pelo Google Meet tinha como objetivo apresentar-me aos alunos participantes, revisar o conteúdo dos vídeos, apresentar o site “Ciências em Quadrinhos” e demonstrar como usar o Pixton. Nesse dia já haviam alguns quadrinhos criados por mim no site e eles foram usados como exemplos do que era possível fazer no Pixton. Nesse momento também foi explicado o que eu esperava deles na avaliação usando os quadrinhos, que eles trabalhassem uma parte do conteúdo que foi ensinado usando Pixton. Foi explicado para os alunos que eles deveriam aproveitar o Pixton e tentar criar algo agradável para eles e para o leitor, não sendo exigido um número específico de quadros, nem uma quantidade específica de conceitos. Isso foi dito aos alunos para evitar que eles tentando ganhar mais pontos criassem histórias que tivessem muito conteúdo, mas, que, por outro lado fossem maçantes. A segunda reunião foi uma conversa que funcionou como uma entrevista semiestruturada, já que algumas das perguntas dirigidas aos alunos eram semelhantes às perguntas do questionário. No geral, os alunos participantes mostraram-se positivos ao uso de quadrinhos e isso fica ainda mais claro quando as respostas do questionário são analisadas.

Os principais resultados que embasam essa pesquisa são as respostas do questionário e os quadrinhos produzidos pelos alunos e serão o tema da sessão seguinte.

28 2.6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ACERCA DO QUESTIONÁRIO E DOS

QUADRINHOS.

O questionário contou com 41 participantes. As perguntas e respostas relevantes à pesquisa estão resumidas no Quadro 3:

Quadro 3: Resumo das respostas do questionário

1) Qual a sua turma? 1° ano Meio 2) Antes do projeto, você já leu quadrinhos? Sim

100%

Não 0%

3) Você gosta de quadrinhos? Sim

95,1%

6) Você já escreveu algum quadrinho antes do projeto? 7) Gostou de criar quadrinhos como forma de

avaliação?

29 10) Quanto ao site

(https://www.cienciaemquadrinhos.tk/).

A combinação dos textos explicativos e os quadrinhos ajudaram na compreensão do conteúdo? 12) Existe algo que precise ser melhorado? Resposta longa.

As questões 2 e 3 mostraram que todos os alunos conheciam os quadrinhos e desses, a grande maioria gosta. Esse resultado condiz com Vergueiro (2004) na frase: “há várias décadas, as histórias em quadrinhos fazem parte do cotidiano de crianças e jovens, sua leitura sendo muito popular entre eles”. Vários autores apoiam o uso quadrinhos na sala de aula como Pizarro (2009); Silva e Costa (2015) que apoiam o uso de quadrinhos comerciais ou Lidiane Martins (2015) que estimula a criação de quadrinhos pelos alunos como recurso avaliativo. A ideia de usar quadrinhos também é aprovada pela maioria dos estudantes nas perguntas 5, 7 e 11. É notável que mesmo alunos que não gostam de quadrinhos reconheceram o potencial desse material para o ensino na pergunta 5. Contudo, houve respostas negativas que devem ser analisadas: dos 3 alunos que não gostaram de criar os quadrinhos na pergunta 7, dois afirmaram não gostar de quadrinhos na pergunta 3; isso pode indicar que esses dois estudantes não gostaram de criar o quadrinho por um gosto pessoal, não necessariamente por causa de uma inadequação do quadrinho. Vale lembrar que esses dois também fizeram parte das respostas negativas na pergunta 11.

A 3° resposta negativa das perguntas 7 e 11 veio de um aluno que gosta de quadrinhos e o motivo dessa resposta pode ser inferido nas perguntas 8 e 12 que permitiam que os alunos escrevessem as suas dificuldades e o que deveria ser melhorado. A resposta desse aluno na pergunta 8 foi: “Prefiro questionários, tenho dificuldade em formular um HQ”. Assim, observa-se que, para esse aluno, a criação de uma HQ (História em quadrinhos) oferece uma dificuldade a mais que

30 um questionário comum. Essa dificuldade é apresentada por boa parte dos alunos, inclusive os que gostaram, e se chama “criatividade”.

Santos e Pereira (2013) são autoras que já afirmaram que a criação de um quadrinho é uma forma de avaliação que demonstra/necessita de criatividade:

O estudo indicou que o uso de HQs torna o processo de aprendizagem mais significativo e contextualizado e, enquanto recurso de avaliação exige uma maior percepção e correlação de ideias, permitindo que o aluno se expresse de forma crítica e criativa”.(SANTOS E PEREIRA, 2013, p.5)

Criatividade pode ser entendida como a capacidade de criar algo, e é necessário para a criação de um quadrinho, que os alunos utilizem os seus conhecimentos e transforme-os em uma história. Boa parte dos alunos expressaram em diferentes falas que a criatividade foi uma dificuldade na criação dos quadrinhos: 1) Para criar algo que seja agradável aos leitores, como na frase “De pensar em uma história que me agradava” ou “Com a criatividade de desenvolver algo interessante para quem vai ler”; 2) Para conseguir adaptar a matéria ao quadrinho como na frase: “Conseguir encaixar o conteúdo na história, por exemplo, a criatividade para poder criar algo com o conteúdo disponibilizado”. Independente do desejo, de criar algo interessante e/ou que aborde bem a matéria, é necessário que o aluno tenha o mínimo domínio do conteúdo, para então conseguir criar algo com ele.

Todos os quadrinhos foram criados depois da semana da prova, ou seja, todos os alunos, quando produziram os quadrinhos, já haviam estudado a matéria (considerando que eles provavelmente estudaram para fazer a prova) e, mesmo assim, alguns tiveram a necessidade de revisitar o conteúdo para formular ideias para a produção do quadrinho. Isso pode ser percebido nas frases “A dificuldade é que temos que estudar mesmo o conteúdo e entender para escrever um quadrinho, porém isso é muito importante, ajuda bastante...” ou “Minha dificuldade foi apenas no momento de assimilar a matéria como alguma coisa que eu pudesse assimilar no quadrinho.” É claro que existem alunos que preferem atividades/avaliações que não exijam essa “dificuldade”, contudo, para um professor que deseja que seus alunos aprendam significativamente essas atividades de criação, que exigem que os seus alunos transformem o seu

31 conhecimento, são de suma importância e devem fazer parte da metodologia de ensino. Outro ponto que deve ser destacado é que alguns quadrinhos trouxeram conceitos/informações que não estavam nos vídeos ou no site, o que indica que eles foram buscar o conteúdo em outras fontes. Isso pode ser observado na Figura 5.

Figura 5: Exemplo de quadrinho feito por uma aluna.

Fonte: https://www.cienciaemquadrinhos.tk/ (acesso em 21 de maio de 2021).

A Figura 5 é um exemplo de quadrinho feito por uma aluna participante. Ele traz a informação de que os óvulos têm a capacidade de selecionar os espermatozoides, contudo, esse conceito não foi ensinado nem nos vídeos ou no site. O mesmo aconteceu em outros quadrinhos, isso indica que essa atividade estimulou os alunos a buscarem conhecimento em outras fontes. Boa parte das respostas da pergunta 12

32 ou os alunos não indicaram nada para melhorar (inclusive os alunos que não gostaram) ou aproveitaram para elogiar como na frase “Achei tudo muito bom. O site contextualizou bastante e nos ajudou a compreender a matéria, e depois a produção dos quadrinhos foi bem divertida”. As melhorias indicadas pelos alunos são relacionadas às limitações do site Pixton, como o fato dele não permitir que um personagem receba mais de um balão de fala, os animais e as imagens pessoais não podem ter fala também e apesar do site permitir que usuário carregue suas imagens, elas só servem como cenário. Essas limitações, apesar de atrapalharem, não impediram o funcionamento do trabalho e a opinião dos alunos concorda com a visão dos autores que enxergam o quadrinho como um material útil ao ensino.

Quanto a relação entre avaliação por história em quadrinho e a avaliação de múltipla escolha, é necessário relembrar que todos os quadrinhos foram criados depois da semana de prova. A prova de múltipla escolha valia 10 pontos e a maior parte dos estudantes ficaram acima da média, que no caso é seis pontos. Dos 41 alunos participantes somente 4 ficaram abaixo da média e sete alunos ficaram entre 6 e 8.

Contudo, não foi detectado uma correlação entre as notas na prova escrita e os quadrinhos, ou seja, os alunos que tiraram as melhores notas nas provas não necessariamente fizeram os quadrinhos mais interessantes.

No geral a prova de múltipla escolha gerou bons resultados e pode indicar que os alunos aprenderam bem os conceitos de Reprodução, Meiose e Gametogênese, contudo, apenas o resultado da prova não é suficiente como evidência de aprendizagem significativa, pois, para Ausubel (MOREIRA; MASINI, 1982) a evidência de aprendizagem significativa é que o aluno compreenda um conceito ou proposição de forma clara, precisa, diferenciada e transferível em uma questão que exija mais que um conceito decorado (aprendido de forma mecânica), necessitando que esse conceito sofra transformação. Já existem autores (SANTOS; PEREIRA, 2013) e (FERNANDES; COSTA; KOGA, 2018) que afirmam que a criação de quadrinhos pode ser um recurso tanto para a fixação de conceitos quanto um recurso avaliativo adequado com a aprendizagem significativa, essa possibilidade fica mais clara quando se observa os quadrinhos produzidos pelos alunos.

33 A figura 5 é um exemplo de quadrinho que apresenta conceitos corretos associados a situações quotidianas, demonstrando que o aluno consegue apresentar esse conceito em um outro contexto. Houveram também alunos que conseguiram apresentar os conceitos em uma história com humor, como é o caso da figura 6.

Figura 6: Exemplo de quadrinho com humor.

Fonte: https://www.cienciaemquadrinhos.tk/ (acesso em 17 de junho de 2021).

34 Na história da Figura 6 o conceito utilizado foi a Laceração (também conhecido como fragmentação ou fissão). Um fator importante é que desse conceito foram produzidos quadrinhos com enredos diferentes, ou seja, os alunos compreenderam o conteúdo o suficiente para conseguirem criar histórias que iam além de apresentar um conceito decorado, mas sim envolver esse conceito aprendido em enredos individuais. As figuras 7 e 8 são exemplos de quadrinhos com o conceito de laceração, mas com enredos diferentes.

Figura 7: Quadrinho sobre laceração. Wolverine vs Planária.

Fonte: https://www.cienciaemquadrinhos.tk/ (acesso em 17 de junho de 2021).

35 Figura 8: Quadrinho sobre laceração. Guerra das Planárias.

Fonte: https://www.cienciaemquadrinhos.tk/ (acesso em 17 de junho de 2021).

Enquanto que o quadrinho da figura Figuras 7 compara as capacidades regenerativas do Wolverine (um super-herói) com a planária, a Figura 8 apresenta uma guerra em que um dos exércitos é formado por planárias. São histórias diferentes que utilizam o mesmo conceito e que demonstram o domínio desses alunos sobre o termo

“laceração” somado a criatividade de cada um.

36 Esses e outros exemplos de quadrinhos do site “Ciências em Quadrinhos”, são indícios de que a criação de quadrinhos é um bom exercício que possibilita a aprendizagem significativa, além de ser um meio para verificar se essa aprendizagem ocorreu, pois, através dos quadrinhos os alunos demonstraram terem conceitos claros, precisos e que foram transformados em histórias que iam além de apresentar um conjunto de termos decorados, assemelhando-se com a aprendizagem significativa

O uso de quadrinhos também pode fazer parte de uma sala de aula regular, pois, o Pixton é uma ferramenta simples e intuitiva. Quase não foi investido tempo para ensinar aos alunos a “lógica” dos quadrinhos, ou seja, uma melhor discussão sobre as características textuais especificas dos quadrinhos como a informalidade, as expressões faciais mais adequadas para cada situação etc. Talvez esse seja um dos motivos que fizeram que alguns quadrinhos trouxessem um texto muito formal para o que se espera em um quadrinho. Ainda assim, boas histórias foram feitas e a criação de quadrinhos mostrou-se agradável aos alunos e útil em uma metodologia que busca a aprendizagem significativa.

Quanto a outras formas de utilização dos quadrinhos, afirmo que eles podem ser adaptados para uma metodologia interdisciplinar. Por exemplo, o professor de biologia com os de artes e/ou português. Assim, as outras disciplinas podem dar mais foco para as características dos quadrinhos enquanto o professor de ciências desenvolve o conteúdo que deve ser abordado no quadrinho. Há várias possibilidades já que o quadrinho é adaptável a outras disciplinas e conteúdos, tanto que o livro: “Como utilizar quadrinhos em sala de aula” (VERGUEIRO, 2004) ofereceu vários exemplos para a utilização dos quadrinhos em outras matérias como geografia, arte e história.

Na metodologia desse trabalho também foram utilizados um site (para a exposição dos quadrinhos) e videoaulas, mas esses recursos não são obrigatórios. Contudo, é interessante que os quadrinhos dos alunos sejam expostos de alguma forma, seja através de mídias sociais como Facebook, Instagran, Blogs, etc e/ou em um mural da escola. Afinal, a consciência de que os seus quadrinhos seriam expostos foi um fator

37 significativo para os alunos, já que uma das preocupações/dificuldades relatadas por eles no questionário foi a de criar algo que seja agradável para quem vai ler.

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