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PALAVRAS-CHAVE QUANTIDADE DE PESQUISAS

3.4 Procedimentos de coleta de dados

Após a aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética de Pesquisa da UNITAU, Protocolo nº 347/12 (ANEXO B), foram contatados os locais em que ocorreriam as entrevistas, sendo solicitada autorização oficial à direção do Instituto de Pesquisas para realização da coleta de dados (APÊNDICE I). A Instituição, por sua vez, após análise por parte de seu responsável legal, formalizou a autorização (APÊNDICE II) para prosseguimento do trabalho de coleta de dados.

Na sequência, após serem esclarecidos sobre o objetivo do estudo, os profissionais que atuam na Instituição e que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A) em duas vias; uma via ficou na posse do

94 participante e outra de posse do pesquisador. As cópias dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido assinados pelos entrevistados foram arquivadas. Foi assegurado aos participantes o sigilo de suas identidades, do local onde trabalham, bem como sua saída do estudo a qualquer momento, se assim o desejassem.

Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas durante os meses de abril de 2013 e maio de 2013, tendo sido gravadas em áudio e, em seguida, transcritas. As cópias da mídia digital serão mantidas arquivadas por um período de cinco anos, e, após esse período, serão apagadas. Na primeira etapa, houve transcrição das entrevistas gravadas. A opção do trabalho foi por palavras faladas, incluindo suas características paralinguísticas, ou seja, foram considerados a entonação da voz, os silêncios, a ênfase em palavras ou expressões, dentre outras observações compreendidas como importantes. Aos entrevistados foi garantindo o anonimato e todas as palavras foram transcritas na íntegra; caso o entrevistado mencionasse algum nome de pessoas ou instituições, foram registradas somente suas iniciais como forma de também assegurar o anonimato de terceiros.

Após a análise preliminar dos dados, percebeu-se a necessidade de reformulação de algumas questões do roteiro de entrevista. Isso foi providenciado e os participantes concordaram em complementar os dados fornecidos, o que ocorreu em outubro de 2013.

Adiante, com os dados em mãos, verificaram-se algumas lacunas na pesquisa, havendo necessidade de utilizar um instrumento que complementasse a investigação. Optou-se, então, pelo diário de registro, de maneira que um dos participantes pudesse anotar todas as observações de fatos concretos, fenômenos sociais, acontecimentos, relações verificadas, experiências pessoais do investigado, suas reflexões e comentários sobre os 25 anos de sua atuação no Instituto de Pesquisas.

A proposta de participação com o diário de registro foi feita em novembro de 2013 e um dos participantes concordou em fazer o registro pelo período de dez dias. Os dados colhidos foram transcritos e utilizados na análise. Esse material foi arquivado pelo pesquisador e, após um período de cinco anos, será inutilizado.

A fim de preservar o anonimato dos 11 (onze) participantes da investigação, optou-se por identificá-los pela letra “P”, seguida de um número (P1, P2, P3, ... P11), na transcrição de suas falas durante a apresentação dos resultados. A ordem crescente de identificação obedeceu a ordem cronológica em que as entrevistas foram concedidas. O participante do diário de registro foi identificado na apresentação dos resultados pela sigla “DR”.

95 3.5 Procedimentos de análise de dados

Para a análise qualitativa das narrativas dos servidores públicos foi utilizada a análise de conteúdo (BARDIN, 2009), a fim de estabelecer a compreensão sobre os dados coletados e responder aos pressupostos da pesquisa, procurando articular o conhecimento produzido ao contexto analisado.

O primeiro processo interpretativo foi a leitura flutuante dos dados primários, caracterizando uma das etapas desse tipo de análise. A organização do primeiro processo interpretativo ocorreu mediante três etapas: primeira, preparação e reunião dos dados; segunda, avaliação de sua qualidade; e, terceira, elaboração de categorias de análise de conteúdo de acordo com os dados obtidos. Na medida em que foram lidas as transcrições, procurou-se ressaltar, sempre que necessário, ideias ou pensamentos que “vieram à mente durante o momento em que se lia o texto” (GOMES, 2010, p. 76), o que permitiu as inferências iniciais.

Na segunda etapa, realizou-se a avaliação dos dados primários coletados. Essa fase é considerada uma pré-análise. Os objetivos do estudo foram retomados, iniciando-se a discussão dos temas centrais da pesquisa, a partir de palavras-chave. A seguir, as narrativas orais foram trabalhadas no sentido de refletir, contextualizar, exemplificar e elucidar as diversas dimensões do estudo que se queria realizar (GOMES, 2010, p. 78).

Na terceira etapa de análise do material foram realizadas construções teóricas, mediante aproximações contínuas, por meio da criação de categorias ou até mesmo criação de subcategorias dentro das categorias, objetivando melhor classificação das informações. O interesse maior dentro do aspecto qualitativo situou-se na busca da diferenciação, por isso, o foco foi centrado nas narrativas dos servidores públicos, considerando tais falas como o material mais nobre do estudo.

Com o objetivo de agrupar ideias, elementos e expressões fornecidas pelos participantes, foram formuladas categorias a partir dos dados coletados. Gomes (2010, p. 74) explica que uma das funções da análise de conteúdo “diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos”. Para tanto, nesta investigação, utilizaram-se como unidades de registro – que, de acordo com Bardin (2009) representam conjuntos de informações que tenham um significado completo em si mesmas e dependem da natureza do problema, dos objetivos da pesquisa e do tipo de materiais analisados – os temas relacionados ao contexto e

96 à problematização da pesquisa, ou seja: envelhecimento, trajetória profissional, cultura organizacional e aposentadoria.

Como o propósito desta investigação qualitativa não era o de quantificar diferentes pontos de vista e ideias sobre uma mesma realidade estudada, mas sim explorar a diversidade delas, não se justificou, portanto, partir de uma considerável amostra formada por um número expressivo de sujeitos. Assim sendo, buscou-se analisar não somente narrativas orais, mas também “ações, inter-relações, categoria profissional, conjuntura na qual estão inseridos, dentre outras variáveis analíticas” (GOMES, 2010, p. 71).

Analisou-se o contexto no qual as informações foram geradas, focando-se, atentamente, as falas apresentadas nas entrevistas semiestruturadas, e também o registro manuscrito do diário elaborado por um dos participantes, buscando-se identificar os motivos que levaram o servidor público a se pronunciar da maneira como o fez. Foi realizada a leitura aprofundada do material selecionado para que o pesquisador pudesse “impregnar-se pelo conteúdo a fim de alcançar uma visão do conjunto e, ao mesmo tempo, apreender as particularidades presentes nessa totalidade parcial”. Posteriormente, a leitura foi “ancorada em referenciais teóricos e contextualizações que orientarão o olhar sobre os dados” (GOMES, 2010, p. 75).

Na discussão, realizou-se uma interpretação e uma construção de síntese mediante diálogo entre a literatura pertinente ao tema e as narrativas orais, textos e contextos, informações coletadas e as categorias de análise estabelecidas, num contínuo movimento dialético. Uma análise que partiu do conhecimento local sobre como os servidores públicos vivenciam os aspectos da cultura organizacional no processo de envelhecimento, permitindo- se que se chegasse, por meio de inferências, a uma aproximação com a realidade observada.

Assim, o aporte teórico para discussão dos dados encontra-se na análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2009), tendo como suporte a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner (2011) e também o proposto por Schein (2009; 2001) e Copetti e Krebs (2004), o que resultou num diagrama do percurso de análise, apresentado ao longo dos resultados e discussões expostos nessa dissertação.

Por fim, partindo-se da compreensão de que os pesquisados são sujeitos históricos e também construtores deste estudo, foi assumida diante deles a postura de responsabilidade, respeito e ética profissional, que transcendeu o contexto da pesquisa. E isso reforça o compromisso do pesquisador no momento da comunicação dos resultados da pesquisa, por meio da devolução do material coletado junto aos profissionais entrevistados.

97 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados coletados permitiram, inicialmente, traçar um perfil dos participantes da pesquisa. Quanto à idade, a faixa etária predominante é de 60 a 65 anos, sendo 8 (oito) do sexo masculino e 3 (três) do sexo feminino. Quanto à escolaridade, 10 (dez) deles possuem nível superior e 1 (um) concluiu somente o ensino médio, 5 (cinco) possuem doutorado e 2 (dois) obtiveram o título de mestre. A relação idade e escolaridade pode ser observada no Quadro 7.

Quadro 7 – Participantes da Pesquisa