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Inicialmente fizemos contato com a instituição AACD de São José do Rio Preto-SP apresentando a proposta de trabalho da pesquisa e os critérios de seleção de participantes. Essa instituição se disponibilizou a auxiliar no sentido de triar possíveis pacientes que estariam de acordo com os critérios da pesquisa. Foram triados dois alunos, sendo que apenas a família de Francine estava disposta a participar.

O primeiro contato com a família de Francine foi via telefone, ocasião em que foi agendada uma primeira conversa pessoalmente. Neste encontro, a pesquisadora forneceu à mãe da criança todas as informações necessárias a respeito da pesquisa, como implicações éticas, etapas da pesquisa, testes aos quais a criança seria submetida e tempo estimado da coleta.

Após obter resposta positiva da mãe, foi solicitado que ela assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação na pesquisa. Neste dia, apenas pesquisadora e Francine tiveram apenas uma conversa informal. Foi agendado um novo encontro para dar início à coleta de dados. Nos encontros seguintes foram realizadas as entrevistas iniciais (Francine e mãe), aplicação dos testes normatizados (MACS, Gross Motor, Peabody e Raven) dirigidas à Francine, escalas de avaliação (1, 2a e 2b) e checklists (1, 3 e 4), dirigidas à mãe, e as provas de compreensão (1 a 6), dirigidas à Francine. Essas etapas foram realizadas na casa da criança (sala de TV), na presença da mãe, criança, pesquisadora e assistente da pesquisadora. Criança e pesquisadora sentaram-se no chão e o álbum de comunicação ficou posicionado à frente dela. É importante destacar que a prancha de comunicação utilizada pela criança sem fala articulada não poderia ser alterada após o início da pesquisa; este era um dos critérios pré- estabelecidos na Pesquisa Transcultural. Sendo assim, desde que a pesquisa teve início até o seu término, não foi possível inserir novos pictogramas e ampliar o vocabulário da criança.

frequentada por Francine com a finalidade de apresentar a proposta de pesquisa. Neste contato, foram expostas as etapas da pesquisa, os aspectos éticos, o tempo estimado de coleta e quem seriam os participantes da pesquisa no ambiente escolar. A instituição demonstrou interesse em participar da pesquisa e assinou o Termo de Autorização para que a coleta fosse realizada no ambiente escolar. Agendamos um encontro com a professora a fim de convidá-la a participar; ela prontamente aceitou, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os pais da colega de Francine também foram convidados a participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As provas de produção foram aplicadas na seguinte sequência: 1, 3, 4, 2, 5, 6, 7. Todas as provas (exceto as provas 1, 5 e 7) contavam com a participação dos parceiros de comunicação de Francine (mãe, professora e colega de classe). O ambiente de aplicação das provas variava de acordo com o parceiro comunicativo, ou seja, quando a mãe era a parceira, a prova era realizada no ambiente familiar; com a professora e a colega de classe, as provas foram realizadas na sala da direção da escola que Francine frequentava. Durante as provas interativas com a professora ambas ficaram posicionadas em uma mesa com cadeiras de pré-escola. Com a colega, parte das atividades foi realizada nesta mesa e parte realizada no chão da sala. As provas de produção 1, 5 e 7 eram dirigidas apenas à Francine e, portanto, foram realizadas no ambiente domiciliar.

As provas de conversação também contavam com a participação dos parceiros. Consistiam em três situações interativas, sendo que em cada uma o parceiro fazia duas perguntas à Francine. O local de realização destas provas também variou de acordo com o parceiro comunicativo, sendo realizadas no ambiente familiar e escola frequentada por Francine. As entrevistas finais dirigidas à Francine, professora e mãe, foram feitas na casa da criança e na escola respectivamente.

Tânia, a criança verbal, foi selecionada a partir dos critérios de seleção da pesquisa dentre os colegas de Francine que frequentavam a mesma séria escolar da criança. No primeiro contato com os pais da criança foi apresentada a proposta da pesquisa e qual seria a participação de Tânia na mesma. Os pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O parceiro comunicativo de Tânia foi escolhido por ela; os pais desta criança foram convidados a participar de uma reunião onde foi apresentada a proposta de trabalho e a participação de seu filho na pesquisa; eles assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a participação.

Na coleta de dados de Tânia, dos testes padronizados, foi aplicado apenas o Peabody, uma vez que os demais instrumentos avaliam pessoas com dificuldades motoras e percepção visual. As provas de compreensão (1 a 6) e provas de produção (1, 5 e 7) foram aplicadas na casa da criança (sala de TV). As provas de produção 2, 3, 4, 6 e prova de conversação foram aplicadas no ambiente escolar (sala da diretora) uma vez que contavam com a participação do parceiro de comunicação.

previamente estabelecido pelo Professor Doutor Stephen Von Tetzchner, Coordenador da pesquisa transcultural. Os ajustes necessários quanto à linguagem utilizada com os diversos entrevistados da pesquisa foi realizado pela equipe de trabalho da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenada pela Profa. Dra. Leila Regina d’Oliveira de Paula Nunes. Por meio de entrevistas, checklists e escalas de avaliação pilotos, as pesquisadoras da UERJ adaptaram as perguntas que por ventura fossem de difícil entendimento para a população pesquisada. A elaboração final do roteiro de entrevistas, checklists e escalas de avaliação e sua utilização seguiram as orientações estabelecidas na literatura (DIAS; OMOTE, 1990, 1995; MANZINI, 2003, 2004; OMOTE, 2003; VIEIRA; DIAS, 1994). Assim, posteriormente as adaptações realizadas na etapa de investigação da comunicação do usuário de recurso alternativo de comunicação foi dado início a pesquisa aqui descrita.

3.8.1. Entrevista semiestruturada (pais, educadores e Francine):

As entrevistas foram áudio-gravadas para posterior análise. Anotações no roteiro impresso também foram efetuadas para posterior análise. O objetivo das entrevistas foi obter informações acerca da história de comunicação e linguagem do usuário de comunicação alternativa, por meio das seguintes indagações feitas à mãe e educadora da criança: uso da comunicação alternativa pela criança dentro e fora da escola; história da comunicação alternativa da criança na escola; história de ensino e intervenção da criança; trabalho da pré-escola e escola com a família; processo de intervenção. Com o próprio usuário de comunicação alternativa as perguntas versavam sobre preferências e preterências quanto aos parceiros comunicativos, dificuldade em se comunicar com diferentes pessoas, temas que são mais difíceis de estabelecer interação.

3.8.2. Checklist 1, 2, 3 e 4 (familiares e educadores)

Nesta etapa de investigação foram apresentados quatro checklists com abordagens diversificadas. No Checklist 1, intitulado Lar/Casa, as indagações eram dirigidas ao familiar do participante alvo e versavam sobre a comunicação em diferentes situações vivenciadas no ambiente familiar. Para cada pergunta o respondente tinha três diferentes situações para analisar: qualidade da comunicação, uso da comunicação alternativa e mudança na comunicação após introdução do recurso comunicativo. Por meio de uma escala que variava de zero a nove, o familiar atribuía uma pontuação para a determinada situação. No Checklist 2, intitulado Pré-escola ou escola, as indagações eram dirigidas ao educador do participante alvo e versavam sobre a comunicação em diferentes situações vivenciadas no ambiente escolar e atividades da vida diária e prática (quando se despe ou veste, durante refeições). A apresentação das indagações e formas de respostas seguia o mesmo padrão do checklist apresentado ao familiar. No Checklist 3, intitulado Funções Comunicativas, as indagações eram dirigidas tanto para o familiar quanto para o educador do participante alvo. Com o objetivo de obter informações sobre a

conduta do participante alvo frente a determinadas situações da vida diária (ex.: cumprimentar pessoas, chamar alguém, expressar necessidades fisiológicas), para cada indagação haveria uma pontuação a ser atribuída. Em uma escala de zero a nove, o respondente deveria assinalar em grau crescente o nível de dificuldade para se expressar naquela situação. No Checklist 4, intitulado Mal entendidos, as perguntas foram feitas tanto para o familiar quanto para a educadora do participante alvo e versavam sobre a conduta deste em situações comunicativas em que não era compreendido pelos outros. Seguindo o mesmo padrão dos checklists anteriores, cada pergunta deveria ser analisada a partir de uma escala de zero a nove por meio da qual o respondente assinalaria a que melhor caracterizasse a conduta do participante alvo naquela situação.

3.8.3. Escalas de Avaliação 1, 2, 3 e 4 (familiares e educadores)

Nesta etapa foram apresentadas quatro escalas com abordagens diversificadas. A forma de resposta era realizada pelo preenchimento de uma escala crescente iniciada pelo numeral um e terminada pelo numeral nove. Na Escala de Avaliação 1, intitulada Comunicação, as perguntas eram dirigidas ao familiar do participante alvo e teve por objetivo conhecer a capacidade de compreensão da criança e a compreensão da comunicação utilizada pela criança por diferentes pessoas. Na Escala de Avaliação 2a e 2b, intitulada Educação, as perguntas, também dirigidas ao familiar tratava-se de questões referentes ao ensino de estratégias de comunicação, linguagem e ensino regular além da relação existente entre os profissionais atuantes direta ou indiretamente com o participante alvo sob o ponto de vista do familiar. Na Escala de Avaliação 3, intitulada Comunicação, a pesquisa era dirigida ao educador atuante com o participante alvo. Nesta escala o objetivo era conhecer como o educador avaliava as habilidades da criança e de algumas outras pessoas do ambiente ao qual a criança pertence. Na Escala de Avaliação 4a e 4b, intitulada Educação, o objetivo era o mesmo da escala de mesmo titulo dirigida aos pais, sendo que esta era dirigida aos educadores.

3.8.4. Provas de Compreensão

Estas provas tiveram o objetivo de avaliar as habilidades de compreensão e de expressão através do uso de sistema de comunicação de Francine. As medidas de compreensão foram baseadas principalmente na múltipla escolha de figuras. Os enunciados elaborados com o sistema gráfico da criança foram organizados em complexidade crescente. Isto significa que o enunciado com um ou mais símbolos gráficos foi apresentado à Francine, que indicava qual dentre os vários objetos ou figuras o enunciado gráfico se refere. O teste envolveu seis tarefas: 1) um símbolo gráfico e quatro figuras; 2) uma sentença gráfica e quatro figuras; 3) uma figura e quatro sentenças gráficas; 4) um vídeo e quatro sentenças gráficas; 5) melhor ordenação de palavras; 6) história.

3.8.5. Provas de Produção

Estas provas tiveram o objetivo de analisar a capacidade do usuário em realizar comunicados diversos para seus parceiros de comunicação (familiares, educadores e colegas de sala). Esta etapa foi composta das seguintes provas: 1) nomeando objetos nas figuras; 2) descrevendo objetos nas figuras; 3) descrevendo cenas em figuras; 4) descrevendo eventos em vídeos; 5) desenho (em quadrinhos) pragmático; 6) instruindo e construindo; 7) entrevista: contando ao pesquisador tópicos especiais.

3.8.6. Provas de Conversação

Constituem situações programadas de conversação natural com parceiros de comunicação conhecidos de Francine sobre tópicos conhecidos e desconhecidos (para o interlocutor).

3.8.7. Entrevistas Finais

Tais entrevistas foram realizadas com os familiares, educadores e Francine. Realizada após toda a aplicação das provas, o objetivo desta etapa foi retratar as impressões que os participantes da pesquisa obtiveram de todo o estudo, além de estabelecer a validade social do estudo.