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4 MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA

4.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS

De acordo com Eisenhardt (1989), em estudo de caso, os pesquisadores devem combinar múltiplas técnicas de coleta de dados, utilizando-se de arquivos, entrevistas, questionários e observação. Yin (2010) corrobora com a autora e propõe seis fontes de evidências que permitem validar os dados, sendo as mais usadas na realização dos estudos de caso: (i) documentação; (ii) registros em arquivos; (iii) entrevistas (protocolo de questões); (iv) observação direta; (v) observação participante; (vi) artefatos físico ou cultural.

Para esta pesquisa, são adotadas as seguintes fontes de evidências para a coleta de informações, dados e evidências nas organizações (Martins & Theóphilo, 2009):

a) Fonte de dados primários: entrevistas semiestruturadas em profundidade, realizadas com especialistas do setor, compostas de questões abertas;

b) Fonte de dados secundários:

i. Observação participante das rotinas, processos internos e externos pelo pesquisador, que integra o quadro funcional celetista da organização estudada, há mais de doze anos.

ii. Análise de documentos: estatuto social, regimento interno, atas de reuniões, correspondências eletrônicas, processos do Sistema de Gestão da Qualidade, relatórios de pesquisas, documentos administrativos e publicações diversas;

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O título de Utilidade Pública Federal é o reconhecimento da União aos relevantes serviços prestados pelas associações e fundações constituídas no País, que servem desinteressadamente à sociedade. A principal finalidade é o reconhecimento do caráter de entidade de Utilidade Pública Federal (Brasil, 2013).

iii. Registros em arquivos: cadastro de associados, censo oftalmológico 2011, base de dados financeiros e de pessoal, ferramenta fale conosco, organogramas e relatórios de campanhas realizadas.

Para direcionar a coleta de dados e evidências por meio de documentos e registros em arquivos, foi elaborado um protocolo que também contribuiu para contextualizar as rotinas e processos da organização, por meio da observação participante, conforme Apêndice A.

A pesquisa semiestruturada trata-se de uma técnica de pesquisa que é conduzida através de um roteiro, porém, permite ao entrevistador, acrescentar novas questões. Por outro lado as entrevistas em profundidade buscam obter informações detalhadas sobre um determinado tema, a fim de identificar motivações, percepções e atitudes relacionadas ao objeto de investigação (Martins & Theóphilo, 2009).

O roteiro de entrevista semiestruturada para o levantamento de dados foi elaborado com base na análise comparativa dos oito modelos de gestão de portfólio de projetos identificados na literatura e das dimensões comuns entre eles, conforme o modelo conceitual apresentado na Tabela 13, seção 3.3. Por meio do roteiro, foi possível identificar os respondentes e os processos de gestão de portfólio de projetos na AME selecionada. O roteiro para realização das entrevistas com especialistas utilizado na pesquisa é apresentado no Apêndice B.

Deste modo, contando com múltiplas fontes de evidências, os dados convergiram de maneira triangular (Eisenhardt, 1989; Martins & Theóphilo, 2009; Yin, 2010), o que representa uma estratégia de análise de dados (Yin, 2010). Esse autor ainda destaca as vantagens mais relevantes pelo uso de múltiplas fontes de dados, sendo: o desenvolvimento de linhas convergentes de investigação, um processo de triangulação e corroboração.

Para a realização das entrevistas em profundidade, buscando uma sondagem mais intensa, os participantes foram definidos com cuidado por terem algum conhecimento especializado (Hair, Babin, Money, & Samouel, 2007). Foram selecionados quatro participantes ligados ao CBO, dentre eles, dois ex-presidentes e dois prestadores de serviços, todos considerados especialistas no contexto das Associações Médicas e conhecedores das práticas de gestão da organização em estudo.

Malhotra (2006) corrobora com a realização de entrevistas pessoais com especialisatas do setor, e classifica esse procedimento de pesquisa qualitativa como uma abordagem direta, quando o objetivo do estudo é revelado aos entrevistados, ou é evidenciado pelas próprias perguntas formuladas. No contato pessoal com os especialistas na sede da organização, realizou-se uma breve explanação a respeito do estudo e todos se sentiram aptos a responder questões, principalmente, sobre: (i) planejamento e execução de projetos; (ii) atividades estratégicas; (iii) captação de recursos; (iv) portfólio de projetos.

A seguir, são apresentadas algumas informações que descrevem os especialistas que participaram do estudo.

 Entrevistado 1: médico oftalmologista, reside na cidade de Curitiba e, como presidente do CBO na gestão 2007/2009, foi o responsável pela criação do portfólio de projetos para captação de patrocínios. É integrante vitalício do Conselho de Diretrizes e Gestão da organização, tem atuado em diversas comissões na entidade desde 1999, entre elas, comissão científica, comissão de ensino, comissão de assuntos interinstitucionais, entre outras. Na diretoria ocupou os cargos de vice-presidente e 1º secretário.

 Entrevistado 2: médico oftalmologista, reside na cidade de São Paulo e, como presidente do CBO na gestão 2009/2011, foi o responsável pela implantação do Sistema de Gestão da Qualidade – ISO 9001/2008. É integrante vitalício e atual coordenador do Conselho de Diretrizes e Gestão da organização, tem atuado em diversas comissões na entidade desde 1989, entre elas, comissão de ensino, comissão científica, comissão de assunto interinstitucionais, entre outras. Na diretoria ocupou os cargos de vice-presidente, 1º secretário, secretário geral e tesoureiro.

 Entrevistado 3: como diretora da Alfa no Rio de Janeiro, é especializada em marketing e comunicação para área da saúde. Presta serviços de assessoria a diversas entidades médicas e ao profissional médico. No CBO, presta serviços de assessoria desde 2000, e tem realizado ações de marketing e comunicação, com participação efetiva no planejamento e execução de diversos projetos institucionais, científicos, sociais e políticos. É diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia,

coordenadora do MBA em marketing e professora do MBA em gestão na Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro.

 Entrevistado 4: como diretor da empresa Beta em São Paulo, é especializado em serviços contábeis para entidades voltadas à medicina e ao terceiro setor. Presta serviços de assessoria e consultoria a diversas entidades médicas. No CBO, como assessor e consultor contratado desde 1979, tem realizado serviços especializados de contabilidade e prestação de contas dos convênios praticados entre a entidade e os órgãos públicos. É coordenador da Câmara Técnica do Terceiro Setor do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícia, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo.

As entrevistas foram realizadas no mês de agosto de 2013, durante a realização do congresso do CBO, na cidade do Rio de Janeiro, em sala reservada, por considerar esse um momento oportuno que reuniria os quatro especialistas. Para isso, foi enviada uma carta de apresentação (Apêndice C), com o intuito de formalizar as informações do estudo e agendar o dia e horário de conveniência dos participantes.

Junto com o instrumento de pesquisa o pesquisador levou para as entrevistas um glossário de termos com aspectos mais técnicos, caso fosse necessário retomar conceitos junto aos entrevistados (Apêndice E). Inicialmente, apresentava-se ao entrevistado cópia da carta enviada para o agendamento e um breve comentário era feito sobre o estudo, com o objetivo de situar o entrevistado no contexto que seria desenvolvido a conversa, que foi conduzida de maneira livre, mas com base no roteiro das entrevistas com especialistas (Apêndice B, já referido anteriormente).

As dimensões da gestão de portfólio de projetos eram brevemente conceituadas, e na sequência o entrevistado era conduzido a responder questões do tipo: Como isso se desenvolve/aplica na organização? O que impede isso de se desenvolver/aplicar (no seu ponto de vista)?. Outras questões foram sendo colocadas à medida que a conversa acontecia, com o intuito de buscar mais detalhes de aspectos importantes para a pesquisa.

No entanto, em diversos momentos os entrevistados relatavam situações que caracterizavam outra dimensão que não aquela que estava em pauta, o que corresponde ao tipo de entrevista semiestruturada adotada no estudo. As entrevistas foram gravadas e tiveram

em média 40 minutos de duração. O pesquisador, durante a conversa, também fazia anotações de palavras chaves que identificavam as dimensões. Na etapa seguinte, as entrevistas foram transcritas, ouvidas novamente e validadas pelo pesquisador após certificar-se da veracidade dos dados, para então proceder à análise, descrita na próxima seção.