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OPÇÕES METODOLÓGICAS

4. Procedimentos de investigação

Conforme se tem vindo a referir, o presente estudo pretende investigar os factores que são facilitadores ou não da implementação de programas de saúde oral em instituições para deficientes. Por essa razão, optou-se por uma investigação descritiva, visto que é a área de investigação que permite estudar, compreender e explicar a situação actual do objecto de estudo (Carmo e Ferreira, 1998).

Uma vez que existem poucos estudos de avaliação da implementação de programas de saúde oral e atendendo a que se, pretende aceder às representações que a população alvo tem sobre os programas de Saúde Oral desenvolvidos, optou-se por realizar um estudo de natureza qualitativa aliado a elementos de natureza quantitativa.

A linha de investigação qualitativa permite conhecer e compreender o significado do fenómeno no contexto das experiências vividas pelos participantes do estudo e, assim, identificar os traços qualitativos, as características ou os atributos, que fazem do fenómeno aquilo que ele é (Leininguer, 1988).

Segundo Bodgan e Biklen (1994) a investigação qualitativa é descritiva quando os dados recolhidos são em forma de palavras e não com números. Os resultados escritos contêm citações com base nos dados para ilustrar e substanciar a apresentação.

Saúde Oral na Deficiência Metodologia

Na investigação qualitativa a preocupação central não é saber se os resultados são susceptíveis de generalização, mas sim, se existem outros contextos e sujeitos a que eles possam ser generalizados (Bodgan e Biklen 1994).

Os métodos qualitativos são humanísticos quando os investigadores não estudam os sujeitos em forma numérica mas, tentam conhece-los como pessoas e analisar, o que eles experimentam na sua vida diária (Carmo e Ferreira, 1998).

Com esta investigação tentou-se analisar os factores que contribuem para o sucesso ou fracasso da implementação dos programas de saúde oral na área da deficiência. Esta análise passou pelo conhecimento e caracterização da população investigada. Foram realizadas oito entrevistas semi-estruturadas aos técnicos das instituições responsáveis pelos programas de saúde oral e a vinte e dois jovens com deficiência que participaram nos programas.

De acordo com Fontana e Frey (2003) a entrevista serve para obter um relato rico e

profundo de um determinado acontecimento ou episódio, resultando de uma visão verdadeira e acurada do entrevistado.

A entrevista permite que haja comunicação e interacção humana, podendo o investigador retirar das entrevistas informações muito ricas e variadas. A entrevista facilita a reconstrução de um processo de acção, de experiências ou de acontecimentos do passado, havendo ou não interpretações de situações conflituosas das suas próprias experiências (Quivy e Champenhoudt, 1998: 193).

Outra grande vantagem da entrevista consiste na sua adaptabilidade, pois um bom entrevistador poderá conseguir explorar determinadas ideias, testar respostas, investigar motivações ou sentimentos que outros meios não proporcionam (Bell, 1993).

Assim, “o objectivo de uma entrevista é abrir a área livre dos dois interlocutores no

que respeita à matéria da entrevista, reduzindo, por consequência, a área secreta do entrevistado e a área cega do entrevistador” (Carmo e Ferreira, 1998: 126).

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A opção da entrevista semi-estruturada, orientada por um guião, permite ao entrevistador a possibilidade de explorar e aprofundar os tópicos que sejam mais relevantes para os objectivos da investigação.

A construção do guião, com base no quadro teórico, deve obedecer aos princípios descritos na literatura (Bogdan e Biklen, 1994; Foddy, 1996; Ghiglione e Matalon, 1993) e deve ser elaborado em função dos dados a recolher.

A partir do discurso dos técnicos das instituições abrangidas, procurou-se identificar quais as dificuldades, barreiras ou aspectos positivos para o sucesso da implementação dos programas de SO nas instituições. O estudo do problema será baseado na análise de seis dimensões:

- motivação para o programa; - mudança de comportamento;

- dificuldades na execução do programa; - importância atribuída à comunicação; - avaliação do programa

- sugestões para futuros programas

Pretende-se também, investigar os aspectos mais marcantes para o nosso grupo alvo, o deficiente. Assim, através do discurso dos jovens com deficiência procurou- se identificar a importância das actividades realizadas durante a intervenção, se ocorreram alterações nas suas actividades de vida diária; e quais as recordações mais marcantes do programa de saúde oral.

Para obter um conhecimento mais aprofundado da problemática em questão, quisemos investigar as opiniões das pessoas que cuidam em casa diariamente dos deficientes. Para isso, o presente estudo incluiu igualmente uma investigação quantitativa que visa “a apresentação e a manipulação numérica de observações com vista à descrição e à explicação do fenómeno sobre o qual recaem as observações” (Quivy e Champenhoudt, 1998: 193).

Para Fortin (2003) os questionários são definidos como um conjunto de enunciados ou de questões que permitem avaliar atitudes e opiniões dos sujeitos inquiridos.

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Os familiares foram questionados sobre três aspectos:

- a comunicação estabelecida entre os técnicos de saúde oral e os próprios; - as maiores dificuldades sentidas na execução da escovagem dos dentes;

- a importância atribuída à saúde oral e como considera o estado de saúde oral do seu educando.

O estudo decorreu de Fevereiro a Dezembro de 2007, tendo a recolha de dados decorrido entre Maio e Julho de 2007.

Numa primeira etapa, foi realizada uma pesquisa bibliográfica relacionada com o objecto de estudo; foi elaborado um guião de entrevista semi-estrutura a realizar aos técnicos (anexo 1) e aos deficientes (anexo 2), e um questionário a realizar aos pais (anexo 3), com base nas leituras feitas e no conhecimento empírico sobre o assunto.

Seguidamente, as entrevistas foram testadas respectivamente num psicólogo e num jovem com paralisia cerebral, não pertencentes à amostra, mas que satisfaziam os critérios da mesma. Nas respostas obtidas pudemos verificar que atingia os objectivos pretendidos, não havendo necessidade de mudanças.

No que se refere ao questionário, foi efectuado o pré-teste a 8 pais que têm os filhos em instituições onde já tivesse decorrido um programa de saúde oral, mas que não fizesse parte da investigação. Posteriormente, foi reformulado e adaptado, obtendo- se a versão final.

Numa segunda fase, foi feito o contacto telefónico para as instituições seleccionadas onde foi solicitado o pedido de colaboração, tendo em consideração o objectivo da investigação no âmbito do mestrado de Comunicação em Saúde e feita a marcação do dia e hora da entrevista. Apenas uma das instituições solicitou informação e marcação por escrito.

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