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PROCEDIMENTOS DE VALIDADE DE CONTEÚDO PARA ADAPTAÇÃO CULTURAL DE INSTRUMENTOS

3 ESTRUTURA DO PROCESSO DE MEDIÇÃO

4 PROCEDIMENTOS PARA ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DE INSTRUMENTOS

4.1 PROCEDIMENTOS DE VALIDADE DE CONTEÚDO PARA ADAPTAÇÃO CULTURAL DE INSTRUMENTOS

O processo de adaptação transcultural de um instrumento é em geral apresentado pelos pesquisadores em cinco etapas essenciais: 1. Tradução do instrumento do idioma de origem para o idioma alvo, 2. Realização da síntese das versões traduzidas, 3. Análise da versão sintetizada por juízes ou experts, 4. Tradução reversa para o idioma de origem (back-

translation) e 5. Estudo piloto. (GUILLERMIN, BOMBARDIER, 1993; HARDMAN et al,

1998; REICHEINHEIM, MORAES, 2007). Porém, Reichenheim, Moraes(2007) apresentam a sequência do processo da seguinte forma: 1. Avaliação conceitual e de itens; 2. Tradução do instrumento original, 3.síntese das traduções e retrotraduções; 4. Retradução ou backtranslation; 5. Avaliação pelos sujeitos; 6. Avaliação pelo comitê de especialistas; 7. Pré-teste. No entanto, demais autores apresentam outros aspectos importantes para o processo de adequação da nova versão de um instrumento, como por exemplo, a avaliação conceitual dos itens pela população alvo e a discussão com o autor do instrumento original para realização de ajustes e modificações na nova versão proposta (BORSA, 2012).

Para Herdman et al (2000), Reicheiheim & Moraes (2007) a equivalência conceitual e de itens consiste em ampla revisão de literatura sobre os conceitos que embasaram o instrumento original e investigar se o construto estudado é relevante e pertinente ao contexto no local onde o documento foi utilizado.

A segunda etapa da equivalência semântica, consiste na tradução de um instrumento do idioma original para o idioma-alvo. Esse processo requer um tratamento equilibrado levando em consideração os aspectos lingüísticos, culturais, contextuais, científicos sobre o constructo a ser avaliado (BOMBARDIER, BEATON, 1993; REICHEINHEIM, MORAES 2007; GUILHERMIN, 2009; BORSA, 2012).

Um consenso de pesquisadores, sugerem que para essa etapa sejam convocados tradutores bilíngües de forma independente para realizar a adequação dos itens do instrumento ao novo idioma (BEATON et al, 1998; REICHEINHEIM- MORAES, 2007; GUDMUNDSON, 2009 ITC, 2010). Preconiza-se hoje a utilização de duas versões da tradução do instrumento, realizados separadamente por dois tradutores; para que se minimize os vieses lingüísticos, culturaise de compreensão (CASSEP-BORGES, BALBINOTI- TEODORO, 2010). Os tradutores devem ter pleno domínio em ambos os idiomas que serão trabalhados, no idioma de origem do instrumento e nativos no idioma-alvo (ALEXANDRE, COLLUCI, 2009).

Alguns autores sugerem que um dos tradutores disponham de alguma compreensão acerca do constructo avaliado, enquanto, outros preconizam que os tradutores não estejam informados sobre os objetivos da tradução. Após a realização das duas traduções, a primeira

tradução realizada pelo primeiro profissional fornecerá maior semelhança científica e a segunda tradução apresentaria menor probabilidade de desvios em um termo de significados por itens (BORSA, 2012).

A terceira etapa equivale à síntese das versões traduzidas, que consiste no processo de resumo das duas versões do instrumento traduzido da língua original para o idioma-alvo. Esse estágio tem como objetivo conseguir uma versão comum da tradução, devendo ser realizado para cada item do instrumento (ALEXANDRE, COLLUCCI, 2009). Esse processo de síntese das versões traduzidas podem ser realizadas pelos juízes na área a que o instrumento se propõe a avaliar ou pelos pesquisadores responsáveis pela adaptação do instrumento (BORSA, 2012). O quarto passo é a retro - tradução ou back -translation, que consiste na versão do instrumento novamente para o idioma original, sugerida como uma verificação do controle de qualidade (SIRECI, 2006). Esse procedimento é realizado por dois tradutores bilíngües que tenham esse idioma como língua materna, onde estes não devem ser os mesmos que realizaram a primeira tradução, o objetivo dessa etapa é confirmar se os itens têm em sua essência a mesma idéia conceitual que os itens originais. (BEATON et al, 2000). Porém, Tortte (2014) sugere que a retradução também pode ser realizada por dois tradutores; um com nacionalidade brasileira com fluência no inglês e outro nativo. Após a realização dessa etapa é sugerido que o instrumento possa ser encaminhado ao autor do questionário original para se avalie se os itens traduzidos têm em sua essência, a mesma idéia conceitual dos itens originais (BORSA, 2012). O quinto passo compreende uma nova síntese do instrumento que foi retraduzido, que tem como objetivo avaliar a equivalência entre as duas versões traduzidas obtendo-se uma única versão do questionário. Essa avaliação será independente e deverá ser cega em relação aos tradutores e retradutores, onde o tradutor responsável pela síntese preferencialmente não deverá saber qual o instrumento é o original e qual é o retraduzido. Dessa avaliação, resultará a versão síntese da retradução (REICHEINHEIM, MORAES 2007).

O sexto estágio compreende à avaliação pelo comitê de juízes ou experts, onde analisam a equivalência entre a versão traduzida e o instrumento original em quatros aspectos a saber: a equivalência semântica que avalia se as palavras tem o mesmo ou mais de um significado e se existem erros gramaticais na tradução; a equivalência idiomática avalia se os itens de difícil tradução foram adaptados por uma expressão equivalente que não tenha mudado o significado cultural do item; a equivalência experiencial visa observar se determinado item do instrumento é aplicável em outra cultura e, em caso negativo, deve ser substituído por item equivalente; a equivalência conceitual procura avaliar se determinado termo ou expressão após tradução avalia

o mesmo aspecto em diferentes culturas. Caso a versão traduzida apresente discrepâncias nesses aspectos, os juízes poderão propor uma nova tradução mais adequada às características do instrumento e a realidade em que este será utilizado (BORSA, 2012).

Além disso, Herdman (1998) recomenda a utilização da equivalência operacional que tem como objetivo avaliar o tamanho e tipo de fonte utilizada, o tipo do papel utilizado e a disposição gráfica dos elementos visuais do instrumento.

Posteriormente à realização dessas etapas, a primeira versão do instrumento estará pronta para a próxima fase que é a avaliação do público alvo que tem como objetivo confirmar se os itens traduzidos são de entendimento para eles. Nessa etapa não é realizada ainda nenhum procedimento estatístico, deve-se avaliar apenas a adequação dos itens. Em casos de não entendimento deve-se substituir o item de difícil compreensão por um sinônimo que melhor exemplifique o mesmo. Esta etapa pode ser realizada uma ou mais vezes a depender da necessidade e da complexidade do instrumento adaptado (BORSA, 2012).

Procede-se enfim, a realização do estudo piloto, etapa que se refere à aplicação prévia do instrumento em uma pequena amostra que represente as características da população que será estudada (GUDMUNDSON, 2009). Dessa forma, a versão-síntese do instrumento é aplicada a grupos de indivíduos da população-alvo com vista a uma intensa avaliação de aceitabilidade, compreensão e impacto emocional (REICHEINHEIM, MORAES 2007).

Outra etapa importante relacionado com a validade de conteúdo do instrumento é a escolha dos juízes. Nesse ponto, aliteratura é controversa quanto ao número de profissionais necessários para a realização. Lynn (1986) recomenda um mínimo de cinco e o máximo de dez pessoas participando desse processo; já Hannyes (1995) indica de seis a 20 sujeitos e Reichenheim e Moraes (2007) preconizam a participação de 12 a 20 juízes. Entre os critérios para seleção dos juízes, deve-se levar em consideração a experiência e a qualificação dos membros desse grupo (ALEXANDRE- COLLUCI, 2009). Esse agrupamento pode ser composto por profissionais da área de saúde, professor de línguas, especialista da metodologia pelos tradutores envolvidos no processo (BEATON- GUILLERMIN, 2000). Dessa forma um instrumento é considerado válido quando ele consegue avaliar realmente seu objetivo (ALEXANDRE- COLLUCI, 2009).

4.2 PROCEDIMENTOS DE VALIDADE DE CONSTRUTO (EMPÍRICA) PARA