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4.6.1 Primeiro procedimento

A avaliação do diagnóstico clínico do paciente foi realizada por um médico ortopedista especialista em coluna vertebral. Neste diagnóstico, considerou-se que a dor pode ser classificada em relação à: (1) fisiopatologia, (2) duração, (3) localização, (4) etiologia, (5) dependência do sistema simpático, (6) região afetada e (7) síndrome. Nesta pesquisa, os critérios de indicação para participação do estudo restringiram-se as classificações (1), (2), (3), (4) e (6), considerando-se a dor neuropática funcional, crônica, com localização bem definida (próximo à lesão, podendo exacerbar com movimento), de etiologia orgânica devido ao extravasamento do centro do disco intervertebral para fora dos seus limites normais, e tendo como região afetada a coluna lombar.

4.6.2 Segundo procedimento

Assim que o médico ortopedista da clínica especializada no tratamento de doenças da coluna vertebral avaliava em consulta que o sujeito enquadrava-se nos critérios de inclusão desta pesquisa, este era automaticamente convidado a participar do estudo e orientado a conversar com a pesquisadora após a finalização da consulta médica. Neste contato inicial, era visado pela pesquisadora estabelecer um bom rapport com o candidato a participante de pesquisa, a fim de se construir confiança com a pesquisadora e, consequentemente, melhor adesão na pesquisa. Após aceite inicial do participante, era agendado dia e horário disponíveis para ambos para a primeira etapa dos procedimentos.

4.6.3 Terceiro procedimento

A partir da concordância e assinatura do TCLE era solicitado que respondesse a EVA, seguido da entrevista clínica semidirigida de questões abertas (vide instrumentos). Através desta ferramenta, tanto a pesquisadora quanto o sujeito tiveram a possibilidade de propiciar direções para a entrevista, facilitando alcançar os objetivos propostos pelo método clínico-qualitativo (Turato, 2011). O intuito era obter dados que

possibilitassem a análise da história de vida do sujeito e a descrição do participante (através da observação e impressão da pesquisadora), o surgimento da dor e seu desenrolar durante a vida (em quais momentos da vida surgiu a dor, se intensificou e como tornou-se crônica), também, sua história familiar; história laboral; relações sociais e histórico médica. Pretendeu-se abordar as principais condições de vida que o participante vivenciou e os acontecimentos que foram significativos a ele.

4.6.4 Quarto procedimento

Aplicação reduzida do TAT (Murray, 1995), seguida do protocolo de aplicação (apresentado mais a diante).

4.6.4.1 Protocolo de aplicação do TAT

Os pressupostos psicanalíticos que sustentam e foram a base do TAT fundamentaram a interpretação e a análise do teste e do material coletado, organizados a partir das concepções de funcionamento do id, ego e superego. Compreendeu-se o TAT a partir das experiências (conscientes, pré-conscientes ou inconscientes) passadas e presentes de cada um dos participantes (Freitas, 2000).

A pesquisadora optou por uma aplicação reduzida de lâminas, suficientes para atingir os conteúdos psicológicos relacionados à temática do desamparo,. Além disso, a escolha das pranchas passou pela supervisão de 3 psicólogos experientes em teste projetivo. Desta forma, a aplicação das lâminas do TAT seguiu a administração da seguinte sequencia: 1, 3RH, 11, 16, 19 e 20.

 Lâmina 1: Criança contemplando o violino. Demonstrarelações frente às figuras paternas, conflitos de autonomia e submissão, sentimentos de culpa, capacidade de ter êxito na vida, preocupações obsessivas, respostas sexuais simbólicas. É sempre a primeira prancha a ser aplicada, pois, em geral, não representa uma situação muito ameaçadora (Murray, 2005).

 Lâmina 3RH: Curvado (a) sobre o divã, apresenta uma pessoa com sexo indefinido, sentada no chão, com a cabeça inclinada sobre o braço direito, ao lado de uma arma. Esta imagem é um estímulo de grande carga dramática, podendo evocar associações referentes a tristeza, abandono, desespero e depressão (Murray, 2005), além da mobilização do superego (Werlang, 2000).

 Lâmina 11: Caminho em volta de uma montanha de pedras. No caminho há figuras escuras indefinidas e nas pedras, um dragão. É uma das imagens menos estruturadas do teste, propiciando o aparecimento de medos infantis e primitivos. Evoca atitudes frente ao desconhecido, ao perigo e ao instintivo (Murray, 2005).

 Lâmina 16: Em branco. Permite projeção total, costumando aparecer necessidades presentes no sujeito, ou a relação de transferência (Murray, 2005; Werlang, 2000).

 Lâmina 19: Representação de uma cabana em meio a neve. Tema mais frequente são as necessidades de projeção e amparo frente a um espaço inóspito, mobilizando perigo e medo (Murray, 2005, Werlang, 2000).

 Lâmina 20: Induz um clima de expectativa. Pode-se considera-la como o fechamento do protocolo, indicando as principais aflições e perspectivas do sujeito. Nesse sentido, é importante que seja a última prancha a ser apresentada (Murray, 2005).

As instruções utilizadas por Bellak (1979) para a administração do TAT seguem as de Murray (1995), diferindo apenas no inquérito, realizado ao final da administração do teste, e não após cada lâmina. A justificativa para tal foi que caso fosse feito o inquérito após cada lâmina, o material pré-consciente faz-se consciente e interfere negativamente a continuidade da aplicação.

As análises do TAT foram feitas pela pesquisadora e o conteúdo das pranchas e análises submetidas à apreciação de uma psicóloga externa que possui experiência na aplicação do TAT em pacientes com dor crônica, atuando como juíza das análises.

4.6.5 Quinto procedimento

Fornecido por meio da randomização e duplo cego por um médico treinado da equipe um kit de frascos contendo em seus conteúdos soro ou ocitocina. Todas as informações foram registradas, e a pesquisadora não teve acesso ao material até o final da análise dos resultados. O primeiro uso foi feito assim que o sujeito recebeu o material, na presença do médico, garantiu-se a compreensão da importância do uso e de como foi administrada. Foi alertado que a pesquisadora enviaria diariamente mensagem para lembrá-lo do uso do spray nasal, e de mantê-los refrigerados. Solicitou-se que todo

o material fornecido fosse devolvido para a pesquisadora no dia da respectiva reavaliação.

4.6.6 Sexto procedimento

A reavaliação foi composta por uma segunda entrevista clínica semidirigida de questões abertas, levando-se em consideração o que foi discutido na primeira avaliação, além de compreender como foi o uso da substância, se ocorreu algum evento significante durante este período e como estava a sua dor. Em seguida, realizada a reaplicação da EVA e TAT, buscando-se verificar variações decorrentes da intervenção experimental.

É valido ressaltar que todas as etapas foram excludentes e só foi considerado o material coletado do sujeito que tenha cumprido todas as etapas da metodologia desta pesquisa.