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4.2 Procedimentos Metodológicos: Instrumentos de Pesquisa

No documento Construir frondoso :uma herança esquecida? (páginas 65-68)

Os procedimentos metodológicos desta investigação foram aperfeiçoados na disciplina de Avaliação de Pós-Ocupação do Ambiente Construído1. As atividades realizadas para o desenvolvimento desta pesquisa foram as seguintes:

Pesquisa Bibliográfica - A revisão literária incluiu informações acerca do período histórico que antecede a publicação do livro de Holanda, o levantamento dos parâmetros de conforto térmico no interior das edificações situadas em regiões de clima quente e úmido e recomendações projetuais pertinentes a este clima, bem como os resultados obtidos em outras pesquisas. No que se refere à Avaliação de Pós-Ocupação – A.P.O., buscou-se o conceito e a metodologia dessa forma de abordagem sobre o ambiente construído.

Pesquisa de Campo – Na pesquisa de campo foram utilizadas as seguintes técnicas de coleta de dados:

a) Entrevista aos arquitetos projetistas: O tipo de entrevista utilizada foi a semi-estruturada. Antes do encontro com os entrevistados, foi elaborado um roteiro (tópico guia) para uniformizar o desenvolvimento das várias entrevistas. Com a autorização dos arquitetos as entrevistas foram gravadas em fitas cassetes. O tempo médio das entrevistas foi de duas horas.

O tópico guia tem duas partes: Na primeira foram listadas, de forma resumida e “traduzida”, as recomendações do “Roteiro para construir no nordeste”; na segunda estavam dispostos os tópicos a serem desenvolvidos pelos entrevistados (Apêndice I). Vale ressaltar que um dos aspectos mais positivos das entrevistas foi o contato direto com os autores dos projetos. Essa técnica teve como objetivo principal a indicação de até três residências por eles projetadas e localizadas na Região Metropolitana do Recife, bem como informações sobre a aplicação prática das recomendações apresentadas por Armando de Holanda nesses projetos.

Para a identificação dos arquitetos que seriam entrevistados, inicialmente foram contatados os professores mais antigos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco, inclusive alguns já aposentados, que integraram

1Disciplina ministrada pelas Profªs Gleice Elali e Maísa Veloso do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, cursada no 2º semestre de 2003.

as gerações de arquitetos que participaram do debate em torno da adaptação da arquitetura moderna ao clima tropical no Recife e/ou que, de alguma forma, tiveram contato direto com o professor Armando de Holanda e, conseqüentemente, com a elaboração do “Roteiro para construir no Nordeste”.

b) Formulário: Com esse instrumento, buscou-se o registro avaliação dos usuários, inclusive das suas sensações de conforto térmico, durante o desempenho de suas atividades cotidianas, em relação à casa de um modo geral e mais especificamente aos ambientes de permanência prolongada.

As perguntas utilizadas no formulário são classificadas em três categorias: abertas, fechadas e de múltipla escolha (Ver apêndice II). Elas estão dispostas da seguinte maneira:

x Os primeiros espaços do formulário foram dedicados às informações gerais sobre o respondente e a casa;

x Quanto à sensação térmica do usuário, as perguntas 1 e 2 referem-se à casa de um modo geral, e da 3 a 6.2 em relação à varanda, à sala, à cozinha e ao quarto do respondente;

x As perguntas 6.3 e 7 referem-se ao uso, ou não, de aparelhos elétricos que auxiliam a obtenção do conforto térmico;

x Na pergunta de número 8, buscou-se verificar a presença de pequenos animais no espaço interno. Essa questão foi acrescentada após o pré-teste, pois alguns respondentes demonstraram-se incomodados com essa situação. Foi alegado que as aberturas dos “planos vazados” também serviam de acesso a esses visitantes, muitas vezes, indesejados;

x A sensação térmica durante a aplicação do formulário foi registrada nas questões 9 e 10;

x As atividades cotidianas dos usuários e as suas sensações térmicas durantes os dias chuvosos e ensolarados foram abordadas pelas questões de número 11 a 12.7. Isto se deve ao fato de que, no pré-teste também foi detectado que nos dias de chuva praticamente não há uma mudança das atividades cotidianas, porém, há uma variação significativa da sensação de conforto térmico;

x Finalmente as questões 13 e 14 foram disponibilizadas para as observações finais que se fizessem necessárias.

c) Vistoria e Avaliação Técnica: Durante as visitas, foram feitas avaliações técnicas registradas em uma ficha específica (Ver apêndice III). As observações envolveram informações desde o entorno às características técnico-construtivas das casas, com o registro detalhado dos ambientes destacados no item anterior. Na ocasião também se fez o levantamento fotográfico e as medições de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, sendo uma vez no espaço externo e outra no interno. Para tanto foi utilizado um termo-higro-anemômetro.

O fabricante (Instrutherm Instrumentos de Medição Ltda.) afirma que o instrumento oferece a seguinte precisão:

1 - Velocidade do vento: Precisão de ± 2% + 1 dígito, com resolução de 0,1 m/s; 2 - Temperatura: Precisão de 0,8ºC (3%), com resolução de 0,1ºC;

3 - Umidade: Precisão de ± 3% + 1 dígito, com resolução de 0,1% RH.

Figura 23 – termo-higro-anemômetro Fonte: http://www.instrutherm.com.br/produtos.asp

Para uma análise continuada de conforto térmico, seria ideal o monitoramento dessas variáveis ambientais no decorrer de um ano, ou pelo menos, em dois momentos: no período mais frio e no período mais quente. Mas isso não foi objetivo deste trabalho. Caso o fosse, a impossibilidade seria gerada pelos seguintes motivos: todos os instrumentos de investigação foram aplicados única e diretamente pelo pesquisador; a distância entre as casas; e restrição do acesso às casas, limitada pelo respeito à privacidade dos proprietários que gentilmente abriram as portas para esta pesquisa. Enfim, diante de tais restrições, as medições serviram apenas para contrapor a avaliação do usuário com dados objetivos unicamente no momento da aplicação do formulário.

Outro instrumento utilizado nas visitas foi a bússola, que auxiliou na identificação das orientações dos lotes, fachadas e aberturas dos ambientes de permanência prolongada. O Norte Magnético foi o referencial adotado.

O trabalho, em conjunto, com esses instrumentos investigativos, correspondeu à indicação dos multimétodos sugeridos por Sommer e Sommer (1980) e Ornstein (1995). Essa opção demonstrou-se necessária à medida que a pesquisa de campo ia avançando e isso certamente contribuiu para o melhor desenvolvimento da coleta de dados.

No documento Construir frondoso :uma herança esquecida? (páginas 65-68)