CAPÍTULO 6. METODOLOGIA DO ESTUDO
6.10. Procedimentos
O procedimento de colheita de dados envolve uma panóplia de decisões previamente estudadas e programadas, com o objectivo de maximizar a rentabilidade do trabalho a fim de evitar esforços inúteis.
Segundo Fortin (1999) é importante tomar todas as providências necessárias para proteger os direitos e liberdades das pessoas que participam nos estudos.
Para a realização deste estudo foram tomadas providências no sentido de obter consentimento livre e informado das participantes na investigação, após o conhecimento do estudo em causa. Também foram tomadas diligências para obter autorização e colaboração para a aplicação do instrumento da colheita de dados nas Escolas Superiores de Enfermagem e Hospitais seleccionados pelo investigador.
6.10.1. Procedimentos do pré-teste
O pré-teste do instrumento de colheita de dados foi aplicado a uma amostra dos enfermeiros do serviço de Pediatria do Hospital Infante D. Pedro. Esta decorreu na presença do investigador, que após ter sido explicado aos colegas a que fim se destinava, bem como o contexto e objectivos do estudo. Foi também
explicado que a participação era voluntária, estando o anonimato garantido, bem como a confidencialidade dos questionários.
Após o preenchimento do instrumento de colheita de dados, o investigador registava as alterações propostas pelos inquiridos que praticamente não apresentaram dúvidas quanto à compreensão das perguntas efectuadas. Apenas o item 6, da Escala de Competências para lidar com a Morte de uma Criança, “A
morte é algo a que não fico indiferente mas tento esquecer”, é que necessitou de
reformulação, uma vez que os colegas evidenciaram que apesar de tentarem esquecer a morte não quer dizer que se sintam indiferentes à mesma.
Pudemos constatar que a maioria dos inquiridos preencheu o questionário de uma forma pronta, colaborante e com poucas dúvidas.
De salientar que aquando o preenchimento do instrumento de colheita de dados na fase do pré-teste foram feitos comentários bastante antagónicos. Se por um lado uns inquiridos achavam que era um tema bastante interessante e pertinente, por outro havia os elementos que achavam o tema bastante deprimente e que os fazia pensar na morte, assunto que tentam esquecer.
Quando questionados acerca da sua opinião em relação ao questionário, nomeadamente em relação à dificuldade no seu preenchimento, extensão do mesmo e compreensão das perguntas, de uma forma geral responderam que o questionário era fácil de preencher.
O tempo médio do preenchimento dos questionários foi de aproximadamente 10 minutos.
6.10.2. Procedimentos do estudo
Para a realização deste estudo foram seguidas várias etapas, no sentido de obter autorização e colaboração para a aplicação dos questionários nas Escolas Superiores de Enfermagem e Hospitais acima mencionados.
A primeira fase dos procedimentos do estudo decorreu em Fevereiro de 2009, quando foi pedida autorização formal às Escolas de Enfermagem e
Hospitais. Foi enviado um requerimento por correio, acompanhado de um exemplar do instrumento de colheita de dados, onde eram mencionados os propósitos e objectivos do estudo bem como o curriculum vitae do investigador, ao cuidado dos Srs. Presidentes Executivos da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Instituto Piaget de Viseu, Escola Superior de Enfermagem do Porto e Escola Superior de Enfermagem da Universidade de Aveiro, e aos Srs. Presidentes do Conselho de Administração do Hospital Infante D. Pedro, EPE, Hospital Pediátrico de Coimbra, Hospital de Crianças Maria Pia e Maternidade Júlio Dinis.
Após o envio dos pedidos de autorização foi necessário aguardar algum tempo pela resposta das instituições. O tempo aguardado foi cerca de três meses e não foi obtida resposta do Hospital de Crianças Maria Pia e Maternidade Júlio Dinis.
Apesar da resposta rápida das Escolas de Enfermagem, os questionários só foram possíveis de ser aplicados em Junho e Julho de 2009 porque os alunos se encontravam em estágio, o que tornava complicado proceder ao seu preenchimento pelos mesmos. Foi então combinado com os coordenadores da disciplina de Pediatria um dia em que os alunos se reunissem nas Escolas e nessa altura proceder ao preenchimento do instrumento de colheita de dados. O investigador esteve sempre presente durante a aplicação do instrumento de colheita de dados nas Escolas de Enfermagem. Antes da sua aplicação o investigador apresentou-se, explicou a todos os alunos os objectivos do estudo, o carácter voluntário do mesmo bem como a garantia do anonimato e da confidencialidade dos dados.
O instrumento de colheita de dados foi aplicado no Hospital Infante D. Pedro entre o dia 29 de Maio e 29 de Junho de 2009 aos enfermeiros do serviço de Pediatria e UCIN que procederam imediatamente ao seu preenchimento aquando a sua entrega.
Após a autorização formal do Hospital Pediátrico de Coimbra, no dia 20 de Julho 2009 o investigador entregou o instrumento de colheita de dados aos chefes, uma vez que é bastante difícil entregar a todos os enfermeiros, dos serviços de Urgência, Medicina e Cuidados Intensivos para que fossem entregues
aos elementos constituintes de cada serviço, após explicação dos objectivos do estudo. Em cada um dos questionários ficou anexado o esclarecimento do estudo bem como o seu carácter voluntário e garantia do seu anonimato. Procedeu-se à recolha dos questionários dias 3 e 17 de Agosto de 2009.
Desta forma foi garantido um tratamento justo e equitativo a todos os sujeitos antes, durante e após a sua participação no estudo. De referir ainda que de uma forma geral tanto os alunos como os enfermeiros se disponibilizaram prontamente a participar neste estudo de investigação, o que garante um consentimento livre e esclarecido, uma vez que o facto de conhecerem o que lhes estava a ser pedido e para que fim a informação iria ser utilizada.
6.10.3. Procedimentos Éticos
A ética trata o estudo e a avaliação da conduta humana nas situações reais, preocupa-se com o Homem enquanto entidade biomédica. Na escala de valores humanos, o direito pessoal do individuo, a sua integridade psíquica e funcional é mais importante que o avanço da ciência, pois por si só não oferece garantias.
A pesquisa que envolve seres humanos requer uma análise especial dos procedimentos a serem utilizados de modo a proteger os direitos dos sujeitos.
Baseado nesta perspectiva, o investigador deve respeitar e preocupar-se com a dignidade e o bem-estar das pessoas que vão participar no seu estudo, sem nunca esquecer as regulamentações legais e a deontologia profissional relativamente à elaboração de investigações com seres humanos.
Conscientes dos direitos fundamentais das pessoas, aplicamos esforços no sentido de as respeitarmos ao longo do planeamento e da realização deste estudo.
“Qualquer investigação efectuada junto de seres humanos levanta questões
morais e éticas” Reynolds citado por Fortin (1999, pag.113).
O tipo de estudo que desenvolvemos enquadra-se no risco temporário, pois consideramos mínimo o risco de sentir desconforto durante a investigação. Por
outro lado, ao elegermos o questionário como instrumento de colheita de dados procuramos minimizar o risco do sujeito sentir desconforto, que pode ser físico (cansaço, cefaleias), psicológico e social (ansiedade, stress, constrangimento) e ainda económico (tempo disponibilizado para a participação no estudo).
Foram cumpridos os seguintes princípios:
Respeitamos e garantimos os direitos de quem participou voluntariamente neste estudo;
Informamos e explicamos aos participantes o estudo e seus objectivos, sendo estes livres de optar ou não pela sua participação;
Mantemos a honestidade nas relações estabelecidas com os participantes;
Aceitamos a decisão dos indivíduos;
Estabelecemos um acordo com os participantes de modo a que fiquem explícitas as responsabilidades mútuas (este acordo foi estabelecido antes do início do preenchimento do instrumento de colheita de dados);
Protegemos os participantes de prejuízos morais e/ou profissionais; Mantivemos a confidencialidade e o anonimato;
Solicitamos a autorização das instituições para a realização do estudo.