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CAPITULO II METODOLOGIA DO ESTUDO EMPÍRICO

1. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

1.4. Procedimentos na análise de dados

“O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói os seus próprios caminhos.”

(Cury, Augusto, 2007)

A análise dos dados, ainda que não se dissocie das outras etapas, tem como objetivo compreender o que foi colhido, confirmar ou não, os pressupostos da pesquisa e ampliar a compreensão de contextos para além do que se pode verificar nas aparências do fenómeno. Entre as diferentes e possíveis formas de análise de dados optamos pela análise de conteúdo, que, comumente, tem sido utilizada nas pesquisas qualitativas em ciências da educação, sendo um recurso técnico para analisar dados provenientes de mensagens escritas ou transcritas, neste caso, das mensagens proveniente dos relatos dos participantes.

O material obtido através das entrevistas foi submetido à técnica de análise de conteúdo, (Apêndice III) usada desde o início do século XXnos Estados Unidos, inicialmente em jornalismo. Como descrevem Vala (2003), Bardin (2004), Minayo (2008), foi na década de 40 na Segunda Grande Guerra, que ao identificarem problemas, aguçaram o seu desenvolvimento. Na década de 50 abriu-se o leque de utilização desta técnica para diversas disciplinas e surgiram novas perspetivas metodológicas vindas da etnologia, história, psiquiatria, psicanálise, sociologia, psicologia, ciências políticas e jornalismo.

Em 1952 Berelson, citado por Bardin (2004, p. 16), definiu epistemologicamente, que “a análise de conteúdo é uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação”. Fazendo uma retrospetiva histórica, Vala (2003, p. 103) refere que em 1953 Cartwrigth “alargou o âmbito desta técnica a todo o comportamento simbólico” e em 1980 Krippendorf definiu-a como “uma técnica de investigação que permite fazer inferências, validas e replicáveis para o seu contexto”.

Os primeiros trabalhos em análise de conteúdo estavam inseridos em pesquisas de caráter predominantemente quantitativo, normativo e limitado. Nesse sentido, os marcos distintivos da técnica desenvolvida nessa época foram as análises estatísticas de valores, fins, normas, objetivos e símbolos. “A preocupação pela objetividade e sistematicidade solidificou-se tendo como foco o rigor quantitativo, para se contrapor ao que os

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cientistas denominavam ‘apreensão impressionista’, numa crítica permanente às escolas etnometodológicas e integracionistas” (Minayo, 1998, p. 305).

Do ponto de vista metodológico, sempre existiu polémica entre os pesquisadores adeptos da análise quantitativa, preocupados com a frequência do aparecimento de determinadas características do conteúdo, e os favoráveis à análise qualitativa, empenhados em estudar a presença ou ausência de uma ou mais características de um fenómeno. Têm surgido algumas mudanças de perspetiva em que a objetividade, antes requerida, tornou-se menos rígida e a combinação entre compreensão clínica e estatística, mais aceitável. Alguns pesquisadores utilizam a análise de conteúdo com o objetivo da inferência e de formalizar categorias standard (Bardin, 2004; Minayo, 1998).

Atualmente ainda persistiram algumas divergências. Epistemologicamente, dois modelos de comunicação confrontavam-se: o ‘instrumental’, em que o essencial não seria o que a mensagem remete à primeira vista, mas a sua relação com as circunstâncias e o contexto; e o ‘representacional’, no qual o relevante da comunicação seria o conteúdo lexical e o pesquisador analisaria a descrição por meio da mensagem que ela transmite (Bardin, 2004).

A análise de conteúdo apresenta a necessidade de descobrir aquilo que vai além das aparências, abordando “um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 2004, p. 33). Nesta perspetiva a análise de conteúdo “não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações” (Bardin, 2004, p. 27).

No campo prático, esta técnica pode, complementarmente, coexistir com duas peculiaridades: a função heurística (para ver no que dá) e a função de administração de prova (para servir de prova), a fim de se interagirem uma reforçando a outra. Sendo a intenção da análise de conteúdo a “inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de receção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)” (Bardin, 2004, p. 34).

O pesquisador deve ter em conta estes aspetos durante a utilização da técnica de análise nas diferentes modalidades de análise de conteúdo para trabalhar os dados, como refere

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Minayo (1998), podem ser: análise lexical, análise de expressão, análise temática (ou categorial), análise de relações e análise de enunciação.

Nesta pesquisa utilizou-se a análise temática para analisar os dados. Esta modalidade de análise de conteúdo relaciona-se com a afirmação referente a um determinado tema ou assunto, abarcando um conjunto de relações e podendo ser representada por meio de uma palavra, frase ou resumo. Na perspetiva de Bardin (2004), o tema versa sobre a unidade de significação que é enunciada através da análise da transcrição das entrevistas, de acordo com critérios concernentes à teoria que atua como orientação à leitura. A análise categorial temática funciona em etapas, como refere Minayo (1998), por operações de desmembramento do texto em unidades e em categorias para reagrupamento analítico posterior, e comporta dois momentos: o inventário ou isolamento dos elementos e a classificação ou organização das mensagens a partir dos elementos repartidos.

Analisar um texto tematicamente, significa descobrir os núcleos de sentido que integram a conversação, na qual a frequência ou a ausência, de uma característica possuem algum significado para o objeto em estudo. No aspeto operacional, a análise temática divide-se em três fases: pré-análise, exploração do material, tratamento dos materiais obtidos e interpretação, como referem Minayo (2008) e Bardin (2004). Consideramos que o material recolhido nas entrevistas e compilado, não são ainda dados, mas fonte de dados, como referem Hébert; Goyette e Boutin (2005, p. 106) “(…) mesmo as transcrições das entrevistas não o são. Tudo isto constitui material documental a partir do qual os dados serão construídos graças aos meios formais que a análise proporciona”. Para construir os dados submetemos os materiais recolhidos aos seguintes procedimentos:

Formação do corpus da análise em que foi feita a transcrição do material recolhido nas entrevistas em áudio para suporte de papel. “Uma parte importante da preparação deste processo é registar o que foi dito e transcrevê-lo” (Flick, 2005, p.169). As entrevistas foram transcritas de forma integral, seguindo-se a comparação do transcrito com a gravação de forma a garantir a fiabilidade, como recomenda este autor, (ver Apêndice III).

Seguiu-se a leitura flutuante dos relatos transcritos, de acordo com as orientações de Bardin (2004) e a elaboração de mapa dos temas e categorias emergentes, seguindo as orientações da metodologia desta autora, para:

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Formação da unidade de contexto através da leitura por sistematização.

Formação da unidade de registo, feita com escolha de frases que se agrupam de acordo com o significado. Esta operação tem os seguintes procedimentos: recorte e escolha de material; enumeração; classificação e agregação.

As categorias, ou unidades de contexto são formuladas de acordo com os seguintes princípios, como refere Bardin (2004, p. 113-114): exclusão mútua, homogeneidade, objetividade, pertinência ou adequação, exaustão e produtividade.

Na fase de selecionar e organizar o material empírico, tivemos particular atenção ao perigo de nos centrarmos numa estratégia predominantemente interpretativa, como adverte Afonso (2005) esta pode conduzir à tentação de levar a interpretação longe de mais, derrapando para uma deriva especulativa, construindo significados e identificando implicações que os materiais recolhidos não sustentam, mas que o registo interpretativo, centrado na construção de significados e na elaboração de um texto argumentativo, podendo atribuir sentidos novos aos factos e discursos dos entrevistados, numa lógica interpretativa global.

Apesar de pretendermos fazer uma apreciação isenta, sabemos que ao analisarmos somos, usualmente parte do diálogo acerca do tópico que estamos a considerar. “Por isso, podemos analisar e codificar o nosso tópico de várias formas diferentes (…) A análise é moldada pelas perspetivas e posições teóricas do investigador e pelas ideias que este partilha acerca do assunto” (Bogdan & Bilken, 1994, p. 232).

Não devemos ignorar os adquiridos, a experiência pessoal e profissional do investigador, com o objetivo ingénuo de tentar produzir uma investigação assética, pretensamente mais neutra ou objetiva. Qualquer investigador mobiliza para a sua prática pressupostos básicos, como valores, crenças, preconceitos, atitudes, que foram elaboradas a partir do seu modo de captar o real. Como refere Afonso (2005, p. 49) “As tentativas ingénuas de neutralização do investigador em nome da objetividade acabam por redundar numa involuntária mobilização acrítica, implícita, tácita e não assumida dos pressupostos e valores específicos que enformam o olhar do investigador”. O autor acrescenta que uma mobilização reflexiva da experiência pessoal e profissional do investigador, tendo em conta os seus pressupostos, atitudes e disposições perante a investigação, explicita a especificidade do seu olhar, tornando-o mais transparente e autocritico.

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Numa tentativa de minimizar, ou tomar consciência desta contingência, foi solicitada a colaboração de observadores externos: duas professoras de enfermagem que analisaram em separado as categorias de modo a validar a formação das mesmas, ou a sugerir alterações, o que foi enriquecedor por comparar a nossa perspetiva com outros olhares sobre o mesmo tópico e compreender diferentes focagens e modos de organizar o material empírico.

As categorias constituem o coração da análise de conteúdo das entrevistas, pois determinam as dimensões a analisar, estabelecem a ligação entre os objetivos da pesquisa e os resultados e delas depende o valor da análise, como referem Freitas e Janissek (2000). A definição das categorias consiste na procura do modo mais adequado de organizar os dados para atingir o que se deseja conhecer.

Na categorização, ou seja, na elaboração de classes que reúnem um grupo de elementos sob um título genérico, feito em razão dos caracteres comuns desse elemento, utilizamos tanto o método indutivo, como dedutivo. Isto é, havia algumas categorias definidas à priori e outras formadas à posteriori. As primeiras correspondem às questões formuladas nas entrevistas. “As segundas não foram definidas antecipadamente. Este tipo de análise é designado por procedimento exploratório” (Carmo & Ferreira, 1998, p. 255).

As categorias e subcategorias exploradas após a transcrição e análise das entrevistas, evitou a exclusão de dados não previstos à priori, que surgem nas respostas às questões abertas da entrevista. Houve o cuidado de incluir todo o conteúdo que se definiu analisar nas categorias definidas. Os dados referidos pelos inquiridos, fora do âmbito do estudo, não foram transformados em categorias, (ver Apendice III).

Depois de reanalisado todo o material emergente das entrevistas, consideramos na elaboração das subcategorias o critério da relevância, fugindo de certo modo a uma ortodoxia clássica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Isto é, consideramos uma ideia expressa sem que necessariamente apresente repetição no conjunto do material. “A aplicação deste critério definitivamente não tem sequer ‘sabor estatístico’, sendo este elemento eleito para se transformar numa categoria que deve merecer justificativa” (Turato, 2010, p. 446). Daí que tenham emergido neste estudo (em situações pontuais) subcategorias com baixa repetitividade, mas expressando ideias singulares.

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O título atribuído a cada categoria e às várias subcategorias foi elaborado de forma a ficar explícito o conteúdo em análise que se deveriam incluir em cada uma delas, com a intenção de evitar que um mesmo dado pudesse ser colocado em diferentes categorias, tendo em conta os princípios enumerados por Bardin (2004).

Na transcrição dos conteúdos dos relatos utiliza-se alguma pontuação suplementar cujo significado se clarifica: o código “(…)” para segmentos do discurso que não têm importância para a análise naquele contexto e que foram rejeitadas; o código [ ] formado por parênteses retos com palavras ou frases no interior que ajudam a clarificar o significado do testemunho. As reticencias …. assinalam as pausas ou hesitações.

Têm surgido discussões sobre as diferenças que existiriam na análise de conteúdo se fosse enfatizada a abordagem qualitativa ou quantitativa nas pesquisas. Na análise quantitativa, o que serviria de referencial seria a frequência com que surgem certas características do conteúdo. Na análise qualitativa seria a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração. Mas, nem todos os trabalhos de análise de conteúdo implicam a necessidade de quantificação de dados obtidos, porém alguns necessitam saber a frequência com que determinados fenómenos ocorrem.

A análise quantitativa, na opinião de Vala (2003) pode tomar três direções: O

tratamento simples, que é a análise de ocorrências que envolve a mera contabilidade de

frequências. A análise avaliativa, distingue e contabiliza as unidades de registo que refletem um juízo positivo, negativo ou neutro em relação a determinado objeto e a partir da quantificação feita, perceber o valor que tem aquele objeto para o sujeito. E a

análise estrutural que pretende encontrar associações ou dissociações estatisticamente

significativas entre diferentes unidades de discurso, ou entre estas e variáveis relativas aos sujeitos, no intuito de perceber padrões de organização dos discursos e predisposições dos sujeitos produtores dos mesmos.

A análise de conteúdos decorre de perguntas do investigador, ou da natureza dos dados. Diferentes formas de circunscrever o objeto, de formular as questões, diferentes níveis de conhecimento do objeto e do investigador, originam formas diferentes de tratamento do material. Importa porém que tenha validade interna e que possa ser sujeita a crítica e à contestação dos dados obtidos.

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A validade, em estudos qualitativos, envolve vários parâmetros que podem ser: a validade preditiva, de conteúdo, comparativa e interpretativa, na opinião de Ghiglione e Matalon (2001, p. 196), esta pode ser definida como “a adequação entre os objetivos e os fins, sem distorcer os factos”. A validade só se consegue se nas etapas precedentes o investigador estiver atento à adequação de todos os procedimentos, desde a formulação das questões para o guião da entrevista, à escolha da amostra, a escolha das categorias e subcategorias e ao modo de codificação.

A preocupação com a validade é, antes de mais, na perspetiva de Hébert, Goyette e Boutin (2005, p. 68) “a exigência do investigador em procurar que os seus dados correspondam estritamente àquilo que pretendem representar de modo verdadeiro e autêntico”. Os autores (p. 69), citando Van der Maren (1987, p. 10) referem o conceito de ‘coerência programática’ para designar a validade interna de uma investigação e que consiste na resposta ao problema da lógica da argumentação ou da demonstração que ligam as diversas componentes de uma pesquisa entre si, desde a formulação da intenção e dos objetivos, passando pela constituição, análise e tratamento dos dados e culmina na interpretação e verificação dos resultados. Há ainda conceitos como os de validade, consistência e confiabilidade que continuam a ter uma orientação positivista herdada do século XX, quando a metodologia qualitativa há muito segue o paradigma epistémico pós positivista, no qual se assume que não há uma relação direta entre a imagem empírica e a realidade externa, mas que esta é mediada e interpretada pelo horizonte pessoal do investigador, pelos seus valores, interesses, crenças (Miguélez, 2006). No entanto o processo de pesquisa precisa de ter aplicabilidade, consistência e neutralidade de modo a ter valor científico, mas ajustados ao paradigma escolhido. Vários autores pronunciam-se sobre os requisitos de uma investigação qualitativa, como Vieira (1999) e Coutinho (2008), considerando que a confiabilidade permite apreciar o quanto podemos confiar ou acreditar nos resultados da pesquisa; a credibilidade ou validade interna é a possibilidade dos dados serem confirmados; a transferibilidade ou validade externa é a possibilidade do estudo ser aplicado em contextos semelhantes; a fiabilidade ou consistência é a possibilidade de outros investigadores externos poderem seguir o método usado.

Não é, pelas razões evocadas, intenção do estudo generalizar os resultados a outras populações e a outros contextos, além dos considerados na pesquisa, pelo que não houve intenção em assegurar a validade externa, porque não é geralmente intenção dos

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métodos qualitativos generalizar, mas antes caraterizar um fenómeno concreto de modo abrangente e completo, para posteriormente formular conclusões e sugestões para prover mudanças no contexto, valorizando aquilo a que Miguelez (2006) denomina de ‘verdade local’, no entanto o autor acrescenta que ao realizar e comparar várias investigações da mesma natureza pode-se prever mais possibilidades de generalização. Neste estudo pode-se falar mais em transferibilidade na medida em que os resultados qualitativos obtidos neste contexto podem ser aplicados noutro semelhante. A preocupação com a transferibilidade esteve presente na medida em que ao fornecer a descrição densa e compacta dos dados de modo a caraterizar a diversidade das perspetivas dos participantes, os resultados do estudo podem ser aplicados noutro ambiente escolar. Houve também a preocupação em manter o rigor nas diferentes etapas do processo de pesquisa, começando pela escolha da amostra. Como refere Turato (2010, p. 390) um dos mais importantes passos na manutenção da validade na pesquisa qualitativa “é a seleção da amostra, sendo que por ser proposital e teórica, os entrevistados deverão ser escolhidos em razão da sua real vivência em relação ao tema, para fornecer informações ricas e embutidas da realidade”.

Outro aspeto a ter em conta é a fidelidade que neste tipo de estudo está ligada ao processo de codificação. Seguinos a opinião de Ghiglione e Matalon (2001, p. 195) ao considerarem que esta assenta em dois polos: “a fidelidade do codificador e a das categorias de análise. A fidelidade do codificador deve ser procurada nos planos intercodificador e intracodificador”. Os autores recomendam que no primeiro caso um conjunto de codificadores, operando no mesmo texto devem chegar aos mesmos resultados, no segundo caso o mesmo codificador, analisando o mesmo texto em dois momentos diferentes, deve reproduzir a mesma análise, de modo a garantir que os resultados são independentes dos que os produzem.

Neste estudo a fidelidade do intracodificador foi estabilizada na terceira tentativa, na segunda revisão, houve subcategorias que foram aglutinadas e outras que emergiram, levando a uma reorganização do material em análise. No processo de intercodificação feito por outra professora com experiência em tratamento de dados qualitativos, houve algumas dúvidas sobre a colocação de UR num indicador, ou noutro. Respeitando o princípio da exclusão mutua, “em que cada elemento não pode existir em mais que uma divisão” (Bardin, 2004, p. 113). Foi necessário voltar a ler a transcrição da entrevista

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para validar em que contexto aquela UR foi proferida, para deste modo ajuizar em que indicador melhor se enquadra.

Todo o processo de análise de conteúdo das entrevistas desenvolvido procurou dar coerência com o objetivo principal da pesquisa. Foi necessário definir as categorias de análise. Segundo Bardin (2004), na análise de conteúdo as categorias podem ser definidas a priori ou a posteriori. A categorização elaborada que serviu como suporte da análise de conteúdo dos depoimentos das entrevistas, a priori, esboçava como categorias de análise as palavras-chave contidas nas próprias perguntas. Num segundo momento, após ler e analisar sistematicamente as entrevistas identificaram-se novas categorias de interesse para a pesquisa. Posteriormente delimitou-se o âmbito de cada categoria com outras novas palavras-chave emergentes da exploração das entrevistas que contribuíram para a abordagem da categoria em questão.

Foi necessário em alguns itens proceder na análise do material recolhido, ao método de análise direta. Este é um método simples de proceder e é útil por exemplo para quantificar sentimentos vividos pelos sujeitos: dor, tristeza, saudade, etc. Como referem Carmo e Ferreira (1998, p. 253) “A análise de conteúdo por medida direta pode incluir unicamente a comparação entre o número de vezes que certos temas, palavras ou símbolos-chave aparecem”.

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