CAPITULO –1 SERVIÇO DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS LEGAIS:
• adotar medidas iniciais que garantam primeiramente a segurança do local e da guarnição;
• nos crimes dolosos como homicídio ou lesões corporais provocadas por agressões, o socorrista deverá preocupar-se simultaneamente com o atendimento da vítima e a segurança da equipe e, em seguida, tomar as devidas providências policiais cabíveis. Se a vítima for autora de crime, deverá ser detida e apresentada ao policiamento ostensivo para as demais providências;
• solicitar apoio do policiamento sempre que a situação exigir, visando a segurança do local, do socorrista ou da vítima;
• alterar o mínimo possível o local da ocorrência durante o atendimento, preservando ao máximo as condições das edificações, dos objetos e dos veículos encontrados;
• todo acidente pode gerar um local de crime, razão pela qual é dever de todo policial militar preservá-lo para a devida apuração, pela autoridade policial competente para adoção das providências decorrentes. Para efeito de exame do local de crime, não deverá ser alterado o estado das coisas, a não ser que seja absolutamente necessário.
Entre as causas que justificam a alteração do local estão:
• necessidade de socorro imediato às vítimas;
• risco à vida para a vítima;
• risco à vida para os socorristas;
• risco à vida para outras pessoas ou risco de novos acidentes;
• impossibilidade física de acesso à vítima; e
• impossibilidade de outra forma de salvamento.
Adotar as seguintes atitudes em situações especiais como:
• crimes de abuso sexual: evitar constrangimento à vítima, respeitando sua intimidade e seu estado emocional;
• violência contra crianças: o socorrista deverá priorizar o atendimento à vítima e, se houver identificação do responsável pela violência, tomar as medidas policiais cabíveis, evitando seu envolvimento emocional. Nesses casos, o socorrista não deve permitir que sentimentos de justiça ou revolta prejudiquem o atendimento à vítima, mesmo que seja o próprio criminoso.
• vistoriar o local da ocorrência após o atendimento à vítima, procurando afastar as situações de risco;
• em acidentes de trânsito com vítima, que geralmente são crimes culposos, o socorrista deve atuar de maneira que haja o mínimo de prejuízo para o local.
Nesses casos, cabe ao Corpo de Bombeiros, o atendimento à vítima e a segurança do local, antes de passá-la para o policiamento ostensivo;
• deixar o local em segurança após o atendimento da ocorrência;
• quando o local estiver em condições de segurança, o policial militar de maior graduação presente do Corpo de Bombeiros é responsável por passar a ocorrência para o policiamento no local;
• fazer croquis do local de crime alterado, anexando uma cópia ao relatório da ocorrência RA/CB.
1.8. RECUSA DE ATENDIMENTO OU TRANSPORTE POR PARTE DA VÍTIMA E/OU FAMILIARES:
O transporte da vítima deve ser sempre efetuado nos casos:
• adulto consciente e mentalmente capaz que não recuse formalmente o atendimento;
• vítima inconsciente ou por qualquer meio incapaz de dar sua concordância;
• criança ou adolescente, cujos pais ou tutores legais, dêem seu consentimento no atendimento ou que não estejam no local da ocorrência; e
• vítima com deficiência mental cujos responsáveis concitam no atendimento ou que não estejam presentes no local da ocorrência.
1.8.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA A RECUSA DE ATENDIMENTO OU TRANSPORTE:
O socorrista tem o dever legal de socorrer vítima de acidentes e emergências clínicas, especialmente se ferida ou em grave e iminente perigo (artigo 135 do Código Penal), adotando os procedimento operacionais de acordo com a situação.
Quando a vítima não apresentar redução da capacidade mental, como nos casos de confusão mental, e, de forma expressa e indiscutível se recusar a ser socorrida, o socorrista deverá verificar se há lesões e se estas podem resultar em agravo à saúde, seqüelas ou morte. Após verificar e certificar-se de que não há lesões, o socorrista poderá liberar a vítima do atendimento e/ou transporte ao hospital, devendo constar, em RACB, a recusa da parte interessada em ser socorrida e sua conseqüente liberação.
Contudo, caso certificar-se de que, embora havendo lesões, estas não resultem em agravo à saúde, seqüelas ou morte da vítima, o socorrista deverá enfatizar a importância da ida ao hospital para recebimento de atendimento médico, esclarecer os eventuais resultados das lesões e a possibilidade de seu agravamento, e se, ainda assim, a vítima mantiver-se inflexível na sua decisão de não ser transportada ao hospital para receber o devido atendimento médico:
• arrolar pelo menos duas testemunhas;
• informá-la de que sua recusa será registrada em BO/PM-TC (Boletim de Ocorrência Policial Militar – Termo Circunstanciado), visando resguardar de ulterior responsabilidade da guarnição e da Instituição;
• comunicar o fato ao Oficial de Operações e Oficial de Área;
• acionar a guarnição de policiamento ostensivo com responsabilidade sobre o local da ocorrência para registro do fato em BO/PM-TC, constando as informações da
vítima, sua recusa, possíveis lesões e complicações, a insistência no atendimento, bem como os dados das testemunhas arroladas;
• constar no RACB a recusa do atendimento e/ou transporte ao hospital, o número do BO/PM-TC e os dados da respectiva guarnição que atendeu a ocorrência.
Caso certificar-se de que há lesões que poderão resultar em agravo à saúde, seqüelas ou morte da vítima ou que há probabilidade de essas circunstâncias ocorrerem em razão de que a lesão (sinal) ou o relato da vítima (sintomas) nem sempre revelam a gravidade do trauma ou a extensão da lesão, o que pode, porém, ser avaliado em função do tipo de acidente, o socorrista deverá providenciar o atendimento e/ou transporte ao hospital mais adequado, indicado pelo Centro de Operações, arrolar pelo menos duas testemunhas e informar a vítima de que o fato será registrado em Boletim de Ocorrência, visando resguardo de ulterior responsabilidade da guarnição e da Instituição.
Deverá ainda comunicar o fato ao Oficial de Operações e Oficial de Área e acionar a guarnição de policiamento ostensivo com responsabilidade sobre o local da ocorrência:
• registro do fato em BO/PM-TC, constando as informações da vítima, sua recusa, possíveis lesões e complicações, a insistência no atendimento, bem como os dados das testemunhas arroladas;
• solicitar aos policiais militares da guarnição que apresentem a ocorrência no Distrito Policial para as providências daquela Instituição; e
• constar no RACB a recusa do atendimento e/ou transporte ao hospital, a necessidade de pronto socorro, o número do BO/PM-TC e os dados da respectiva guarnição que atendeu a ocorrência.
É importante lembrar que, quando necessário, arrolar testemunhas preferencialmente que não sejam parentes da vítima ou pertencentes à guarnição. Não é necessária presença da vítima que recusou atendimento e/ou transporte ao hospital nem das testemunhas para a confecção do Boletim de Ocorrência, podendo ser convidadas a comparecer à Delegacia, se desejarem.
É dever de todo policial militar conhecer a legislação penal vigente, bem como as normas processuais e administrativas, referente ao exercício profissional.
Lembrar que o excesso no exercício das funções legais é punível criminalmente.