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Procedimentos para a condução da análise interpretativa

Como vimos na seção da descrição quantitativa, identificaram-se 292 documentos (230 dissertações e 62 teses). Na presente etapa, denominada de Interpretação, faz-se necessário uma redução deste corpo documental a um quantitativo, substancialmente efetivo, para a análise interpretativa. Assim sendo, do mesmo modo que ocorreu no processo de seleção quantitativa, em que foram definidos critérios de inclusão e exclusão; para o desenvolvimento desta etapa, os critérios visam o potencial analítico dos documentos.

Inicialmente é válido discutir os procedimentos que resultaram na seleção dos documentos analisados, etapa primordial para o alcance da metassíntese. Primeiro, ponderaram- se sobre alguns fatores que repercutem na pesquisa em função da opção que se lança nesse momento. Dentre eles, os alcances e as limitações de cada tipo de produção acadêmica e científica enquanto objeto de análise. E, com isso, os ganhos e perdas quando se faz a opção por um tipo de produção em detrimento de outro.

Sobre isso, no caso desta pesquisa, no primeiro momento, os dados quantitativos apontavam as dissertações como opção mais coerente para o alcance da proposta. Em especial, dois aspectos fortalecem essa questão, a constatação de que o mestrado se sobressai em relação ao doutorado e, também, supõem-se tratar-se de produções acadêmicas em que há uma maior centralidade no desenvolvimento do método. Contudo, o elevado quantitativo de dissertações, ainda que seja um importante indicador dos caminhos que o/a pesquisador/a deverá seguir na investigação, também direciona seu olhar aos elementos que poderão inviabilizá-la. Sendo assim, tempo de execução, densidade e complexidade do material analítico, também são aspectos da produção a serem considerados nesse momento.

Durante à etapa da descrição quantitativa, verificou-se que se tratava de um tipo de produção que apresenta diversidade epistemológica, teórica e metodológica, tanto pela natureza multidisciplinar da área do conhecimento da Fotografia quanto em razão da diversidade que caracteriza o campo da Psicologia. Assim sendo, percebeu-se que as perdas seriam maiores caso resolvêssemos adotar as dissertações como objeto de análise, pois, iria requerer critérios de inclusão e exclusão que resultariam em restringir essa diversidade. Por exemplo, delimitar a análise à apenas dissertações de uma única subárea da Psicologia, provavelmente limitaria o alcance qualitativo da metassíntese. Tampouco seria justo refinar o corpo analítico em função da sua vinculação institucional, pois assim privilegiaria o conhecimento produzido em um dado contexto e espaço. Em suma, entendeu-se que a adoção de critérios com base no que foi citado,

descaracterizaria a proposta desta pesquisa que contempla, entre outros aspectos, o processo histórico do uso da fotografia na pesquisa em psicologia no Brasil.

Sabia-se de antemão que o trabalho analítico com teses de doutorado requer uma atuação mais disciplinada e aprofundada, pois são documentos que têm por característica maior nível de aprofundamento, principalmente epistemológico e teórico, do que os trabalhos de conclusão no nível do mestrado. Além disso, apresenta uma configuração mais densa e complexa, por exemplo, maior número de páginas, capítulos, maior tempo de estudo, entre outros aspectos que particularizam a produção de uma tese.

Com relação a seleção da fonte de informação, entende-se que é uma escolha que deve estar criteriosamente fundamentada nos objetivos da pesquisa, pois é o que viabilizará o alcance do estudo, indicando uma leitura dentre outras possíveis. Em função disso, ao ponderar sobre os pontos supracitados, além da tentativa de resguardar a diversidade do material analítico, dois outros aspectos foram considerados para a definição do corpus documental para a análise qualitativa. Primeiro, o indicador numérico, ou seja, o fator quantitativo, em especial, a possibilidade de trabalhar com uma quantidade razoável de documentos em um tempo hábil para a conclusão da pesquisa. Segundo, o aprofundamento teórico e metodológico que, supõem- se, caracterizar os trabalhos de conclusão no nível do doutorado.

Nessa direção, dentre as 62 teses que compuseram a análise descritiva, 50 teses foram localizadas em formato completo, sendo esse o quantitativo analisado nesta etapa final da pesquisa. Nesse momento, busca-se ir além das informações obtidas no âmbito da quantificação e descrição do corpus analítico (OLIVEIRA et al., 2015), com a finalidade de produzir inferências que resultarão na síntese interpretativa.

Nessa etapa, desenvolve-se a compreensão em profundidade do conteúdo de todo o material investigado (BASTOS, 2013; OLIVEIRA et al., 2015). Para tanto, opera-se a articulação, conexão e confronto entre as informações levantadas, efetivamente, de modo intencional, estruturado e produtivo (BASTOS, 2013; OLIVEIRA et al., 2015). Em um sistema, não obstante, ajustado as particularidades da pesquisa, modo de produção e limitações do/a pesquisador/a.

Considerando isso, para o alcance desta síntese interpretativa, iniciou-se com o planejamento do sistema adotado para a condução da análise. Primeiro, buscou-se ajustar os recursos computacionais aplicados na etapa anterior desta pesquisa, a saber: o software de processamento de dados (Excel) e o serviço de armazenamento online (Google Drive), ao novo quadro de informações levantadas nesta etapa qualitativa. Além disso, definiu-se como

proceder à prática da leitura aprofundada das teses, a qual tem sua importância para a metassíntese, justificada por Oliveira e colaboradores (2015, p. 150):

Para um estudo de tipo Metassíntese há uma necessidade clara da utilização de leitura em profundidade, pois esta permite construir uma formulação o mais densa possível a respeito da compreensão de determinado assunto. Esse exercício de leitura pode ser transformado em questões, perguntas para que, à medida que o investigador se impregna do conteúdo do texto, elas sejam respondidas. Considerando a leitura como exercício vivo, dinâmico, questões novas poderão surgir ou, algumas concebidas a priori poderão ser abandonadas. (OLIVEIRA et al., 2015, p. 150).

Para auxiliar a condução da leitura aprofundada das teses, realizada sequencialmente em série histórica, utilizaram-se os seguintes direcionamentos. Primeiro, através do sumário da tese, buscou-se localizar a discussão epistemológica e metodológica a respeito da fotografia (Apêndice B). Segundo, identificação e seleção (uso da ferramenta de realce textual) de cada unidade de registro (capítulos completos, parágrafos, trechos) referente à discussão mencionada (Apêndice C). Em seguida, produziu-se uma ficha catalográfica (Apêndice D) de cada trabalho. E, por fim, produção de textos sínteses de cada tese analisada (Apêndice D). As informações oriundas desses procedimentos foram sistematizas no banco de dados construído no Excel (Apêndice A). Conjuntamente, esses documentos nortearam a produção da análise interpretativa. Apresenta-se, a seguir, uma contribuição importante ao método desenvolvido no grupo de pesquisa.