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Base Teórico-Metodológica

3.4 Procedimentos para Análise dos Dados

Na seção anterior, apresentei a descrição do contexto de pesquisa e os procedimentos utilizados para a reunião e seleção dos dados que seriam analisados. Esses dados foram analisados e categorizados para que pudessem responder à pergunta de pesquisa apresentada na introdução deste trabalho.

Os dados foram organizados e analisados para a elaboração do plano geral do texto, que permitiu perceber os conteúdos temáticos e/ou os sub- temas que se realizaram nas conversas realizadas nas sessões reflexivas presenciais e a distância.

Segundo Bronckart (1999:97), a infra-estrutura geral do texto é o nível mais profundo e se constitui pelo plano geral do texto, que, por sua vez corresponde ao conjunto dos conteúdos temáticos do texto. O plano geral do texto traz todos os temas introduzidos pelos turnos que me permite verificar a relação entre pesquisadora e professora e observar como produzem conhecimento

Embora eu tenha feito a análise do conteúdo temático nas conversas realizadas nas sessões reflexivas, não é do escopo desse trabalho detalhar toda análise. A intenção deste trabalho é dar um panorama geral da atividade e concentrar a atenção nos excertos escolhidos para mostrar como ocorreu a organização discursiva dos participantes na interação, a fim de alcançar o objeto da atividade.

Para a análise comparativa dos diários reflexivos, busquei examinar como a professora, ao descrever sua aula, fazia uso de operadores argumentativos para expor seus argumentos e contra-argumentos, para, assim, articular seu ponto de vista.

A análise das reflexões sobre o diário realizadas via e-mail referem-se à descrição reelaborada do diário de 23/05/2004. As trocas conversacionais foram organizadas seqüencialmente como se fossem turnos de uma conversação face-a-face transpostos para esse ambiente (Jonsson, 1988, Marcuschi, 2002/2005), a fim de possibilitar uma melhor compreensão da

perceber a relação interpessoal e o papel assumido por cada participante durante a interação.

O uso de diferentes cores para a interação foi uma regra estabelecida entre as participantes, conforme revela o excerto do e-mail enviado em 24/07/2005:

Ola Neiva

Estou enviando meus questionamentos sobre esse diário. Sigo os mesmos critérios dos emails anteriores... o que vc escreveu esta em preto. eu estarei escrevendo em azul e vc me responde em outra cor qualquer, ok?

É importante ressaltar que essa regra foi incorporada também nas trocas de mensagens das conversas realizadas nas sessões reflexivas virtuais.

Para a análise das conversas realizadas nas sessões reflexivas (tanto presencial, quanto a distância), elaborei um quadro de cada sessão reflexiva a fim de levantar o conteúdo temático e/ou sub-temas das mesmas. Esses quadros encontram-se exemplificados nos anexos 5, 6, 7 e 8. Sentindo a necessidade de entender como os turnos estavam distribuídos, realizei uma análise observando tanto os aspectos quantitativos, como por exemplo, sobreposição, interrupção, quanto os aspectos qualitativos, como por exemplo, quem fala mais/domina a conversação. Essa análise me propiciou perceber a relação interpessoal e o papel assumido por cada participante durante a interação.

Em seguida, fiz uma nova análise buscando focar características do discurso argumentativo, por meio de operadores e características lingüísticas argumentativas, que me propiciassem perceber, por exemplo, as descrições e exposição de idéias e ações, os suportes explicativos, os pontos de vista, os suportes para a argumentação e contra-argumentação, entre outros. Essa análise me permitiu compreender como os participantes se posicionam discursivamente, como os sentidos são apresentados e questionados, e como os significados são compartilhados.

Este capítulo procurou discorrer sobre os aspectos metodológicos relativos à pesquisa, bem como seu contexto e os procedimentos para análise e interpretação dos dados. No capítulo a seguir, apresento a discussão da análise e os resultados obtidos para responder a pergunta de pesquisa.

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Este capítulo objetiva descrever e discutir os resultados da análise, tendo como suporte os capítulos teórico e metodológico apresentados no decorrer deste trabalho. Como colocado por Smyth (1989), Vasconcellos, Vygotsky (1934/2001), Freire (1979/2001) Magalhães (2004), entre outros, para que o professor possa compreender suas ações, é necessário criar espaços que propiciem o aprofundamento do conhecimento da ação. Nesta tese, as sessões reflexivas (presencial e a distância), os diários reflexivos, bem como a reflexões que ocorreram via e-mail, foram espaços propiciadores de contextos, isto é, de auto-informação (MacLaren & Giroux, 2000). Isso porque permitiram que os participantes se apropriassem de uma organização discursiva e lingüístico-discursiva que os levassem a um processo de desenvolvimento reflexivo. A linguagem, entendida como instrumento maior nesse sistema de atividade, encontra-se materializada em discursos orais e escritos.

Para discutir os dados analisados, organizei este capítulo em três seções que discutem os resultados em diferentes momentos da condução da pesquisa. A primeira seção discute o momento inicial da pesquisa. Refere-se à análise realizada nas sessões reflexivas presenciais, denominadas de SRP, ocorridas em 29/04/2005 e 04/06/2005. A segunda refere-se ao segundo momento da condução da pesquisa. Destina-se à análise comparativa entre a descrição do diário de 23/05/05, a re-elaboração desse diário e à análise do diário re-elaborado realizada via e-mail. Por fim, a terceira seção reflete o terceiro momento e aborda a análise das sessões reflexivas realizadas a distância, denominadas de SRV, ocorridas em 29/10/2005 e 12/11/2005. .

A escolha em organizar a discussão dos resultados em três momentos se deu pelo fato de, além de refletirem o desenvolvimento desta pesquisa e o trabalho de formação desenvolvido com a professora

participante, permitem captar os diferentes ambientes e instrumentos utilizados nesses contextos.

4.1 Produção de Conhecimento e Interação nas Conversas realizadas nas