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4. PSICOLOGIA SOCIAL DISCURSIVA

5.3 Procedimentos

Seguindo os trâmites para a realização de pesquisas com seres humanos, antes de iniciar o trabalho de campo, o projeto da presente pesquisa foi encaminhado para o Comitê de Ética da UFPE. O projeto precisou de alguns ajustes no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no que se refere aos possíveis riscos, ou a falta deles, para os participantes da pesquisa. O TCLE passou pela revisão da pesquisadora e foi encaminhado novamente, obtendo sua aprovação.

Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da UFPE, retornei ao CAPS Casa Forte para o levantamento dos participantes. Como eu já destaquei na introdução a este trabalho, eu já havia estagiado no local no período da graduação e tive uma reunião com os responsáveis para falar do meu desejo de realizar a pesquisa de mestrado na instituição.

Para a realização da pesquisa, foi feito um levantamento das famílias que compõem o perfil dos sujeitos que estávamos precisando. Tivemos como exigência as famílias que participam ativamente do tratamento de seus familiares usuários do CAPS Casa Forte e que esses usuários já tivessem passado por experiência de internamento em clínicas psiquiátricas. Esse levantamento foi feito a partir de reuniões de equipe e de atividades em que usuários e suas famílias participavam juntos na instituição.

Entrei em contato com as nove famílias que se encaixavam no perfil, desses apenas seis concordaram em participar do grupo focal, primeira etapa da coleta de dados, os outros alegaram problemas de saúde e dificuldade no horário. No dia e na hora marcada, apenas três compareceram para a o grupo focal. Os participantes foram: Lúcia, Sérgio e Carlos2. Os outros familiares que haviam se comprometido não ligaram para justificar a ausência e apenas com um eu consegui ter contato posterior (ele alegou motivo de trabalho).

Por termos como primeira etapa o Grupo Focal, elaboramos o foco para ser discutido pelos participantes. A discussão foi planejada tendo como foco família e o tratamento psiquiátrico: a participação da família na vida cotidiana do seu familiar e no tratamento psiquiátrico, no CAPS e nas instituições que trabalham a partir do internamento dos seus usuários. Como a família observa a sua importância nas instituições e no tratamento psiquiátrico e como elas descrevem a importância dafamília para essas instituições.

Para o grupo focal, foram planejadas oito questões (APÊNDICE A) e conseguimos discuti-las durante 57’48”, como havíamos previsto. Para a gravação da discussão do grupo, optamos pela filmagem, já que, além do que poderia ser passado verbalmente entre os participantes, queríamos coletar possíveis gestos, expressões não verbais de modo geral, que pudessem ser importantes no momento da análise.

Foi pedido o consentimento dos participantes através do TCLE. Cada participante recebeu dois TCLE para assinar, um ficava com eles e os outros comigo. No TCLE os participantes eram assegurados quanto ao tema da pesquisa e seus objetivos, além dos riscos e benefícios de participar.

O grupo focal ocorreu no dia 28 de março de 2011, em um consultório do próprio CAPS Casa Forte. Um local fechado, não possibilitando que pessoas que circulavam na instituição pudessem ver o que estava sendo realizado dentro do

consultório e quais os participantes. Do mesmo modo, os participantes também não tinham como ver as pessoas que circulavam na instituição, dessa forma evitando prováveis desconcentrações do grupo com movimentações externas.

Antes de iniciarmos, informei aos técnicos e estagiários que não seria possível intervenção durante o grupo, evitando, assim, que ligassem para o ramal do consultório, entrassem ou batessem na porta do consultório. Assim, pude contar com o apoio de todos os técnicos para uma boa realização do grupo focal.

É importante ressaltar que, em se tratando de um espaço de tratamento psiquiátrico, havia a possibilidade de emergências e/ou urgências e, nesse caso, a equipe estava autorizada a interromper o grupo focal para alguma possível intervenção.

Após a primeira etapa da coleta, foi feita uma segunda para um maior aprofundamento sobre a experiência das famílias com seus familiares com sofrimento psíquico. A segunda parte consistiu, portanto, de uma entrevista narrativa. Os mesmos participantes da coleta foram novamente convidados, desses apenas Lúcia e Sérgio compareceram. Carlos teve dificuldade de horário para participar. Dessa forma, outro familiar, Jorge, foi convidado para essa etapa da pesquisa.

Totalizamos em quatro participantes, dos quais dois, Lúcia e Sérgio, participaram das duas etapas (Grupo Focal e Entrevista Narrativa) e os outros dois apenas de uma delas: Carlos participou apenas do Grupo Focal e Jorge apenas da Entrevista Narrativa.

Elaborou-se um roteiro para a entrevista narrativa (APÊNDICE D) contendo catorze perguntas que tinha como objetivo coletar algumas informações sobre a história da doença do usuário pelo qual cada participante era responsável, como e quando foram percebidos os primeiros sintomas, quais as intervenções propostas e quais as executadas, as dinâmicas familiares, os sentimentos que surgiram frente ao diagnóstico, etc., ou seja, a dinâmica familiar de uma família em que um de seus membros tem algum tipo de sofrimento psíquico.

Para as entrevistas narrativas, precisei remarcar algumas vezes, pois os participantes não compareciam ao local e no horário combinados. Elas ocorreram no mês de setembro. Os participantes alegaram dificuldade por motivo de trabalho para estarem no CAPS Casa Forte, havendo choque de horário de trabalho dos entrevistados com os horários disponíveis do consultório da instituição.