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3 DECISÃO COM BASE EM MULTICRITÉRIOS

3.3 PROCESSO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA

O Método AHP é um método bastante popular para a análise de decisão multicritério. É amplamente utilizado em todo o mundo. Desenvolvido por Tomas L. Saaty na década de 70, o objetivo desse método é decompor um problema em uma estrutura hierárquica, partindo do inicio de um objetivo global, critérios e níveis sucessivos (SAATY, 1990). Segundo Saaty (1990), a compreensão e avaliação tornam-se mais fáceis, aproximando-se de um valor de

resposta de medição única. É dito que as comparações, resultantes de determinações de prioridades, tornam possíveis as capturas de medidas subjetivas e objetivas, ao mesmo tempo, por envolverem muitos indivíduos que poderão decidir (SILVA, 2007).

A base deste método é caracterizada como uma sequência de aprovações para o apoio à tomada de decisão, envolvendo uma estruturação de multicritérios de escolha em uma hierarquia. O processo avaliativo para aprovações é de acordo com a importância relativa desses critérios, determinando, ao final, um ranking total das alternativas (SILVA, 2006). O uso de experiências do agente de decisão é de extrema importância para a execução da compreensão e estrutura do problema de decisão. É através do capital intelectual e da capacidade humana e que o responsável por decidir avalia um conjunto de critérios e toma decisões.

Saaty (2006) defende que o processo de tomada de decisões é beneficiado com o uso do método AHP, pois minimiza as falhas e aumenta a consistência de uma escolha. Diante de um grande número de elementos, são formados grupos de acordo com propriedades em comum, semelhante ao que acontece no cérebro. Esse processo de agrupamento é repetido quantas vezes forem necessárias até que represente o objetivo do processo decisório, formando uma hierarquia por níveis estratificados (SILVA, 2007). No Quadro 8 estão descritas as etapas do processo utilizado por Saaty (2004).

Quadro 8 - Etapas do processo utilizado por Saaty

Fonte: SAATY (2004), adaptado pelo Autor.

Etapas Referência Ação

Estruturação Elemento de decisão Executa a modelagem formal representando o objeto de decisão ou problema que deseja solucionar. Decomposição do problema

em níveis hierárquicos Decisão Estruturação dos julgamentos dos decisores, comparação por pares e critérios relacionados.

Julgamentos comparativos Escolha Definição dos pesos de cada elemento dentro do nível de decisão.

Determinação das prioridades

relativas Hierarquia Eleger as prioridades hierárquicas (geralmente de baixo para cima).

3.3.1 Escalas de Razão, Proporcionalidade e Escalas de Razão Normalizadas

As escalas de razão normalizadas e proporcionalidades são essenciais para gerar a síntese de prioridades no AHP, por possibilitar a integração de medidas de comparação com sua própria escala (MACIEL et al., 2008). Essas escalas possibilitam a generalização de uma teoria de decisão para o caso de feedback e dependência, pois elas podem ser somadas e multiplicadas quando pertencem a mesma natureza. Porém, caso dois analistas de decisão cheguem a diferentes escalas de razão para o mesmo problema, a compatibilidade das respostas de ambos deve ser testada visando à aceitação ou rejeição da proximidade entre elas. Dessa forma, o problema é estruturado hierarquicamente, seguindo uma escala de alternativas de acordo com o julgamento de um elemento sobre o outro, comparado com determinado critério. Gomes (2009) elenca alguns passos que auxiliam a criação da estrutura hierárquica: a) identificar o objetivo geral; b) identificar os objetivos específicos; c) identificar os critérios que devem ser satisfeitos para atender os objetivos específicos do objetivo geral; d) identificar os subcritérios, abaixo de cada critério; e) elencar as alternativas; f) identificar os atores envolvidos; g) identificar as opções ou resultados; h) escolher o resultado mais aceito em decisões do tipo sim e não; e, i) realizar análise de custo versus benefício, com valores marginais.

3.3.2 Comparações Recíprocas Par-a-Par

Após a criação da hierarquia, a comparação deve ser realizada pelo tomador da decisão. As comparações par-a-par são usadas para expressar o grau de preferência de uma alternativa sobre outra em um determinado critério, correlacionando essa preferência em uma escala numérica (MACIEL et al., 2008). Segundo Gomes (2009), serão utilizadas a experiência, intuição e conhecimento específico sobre o problema como subsídios para o julgamento.

Saaty (2001) acredita que os indivíduos são capazes de dividir suas respostas de forma qualitativa em três grandes categorias: alta, média e baixa. Assim, os critérios são comparados par-a-par, gerando uma matriz quadrada recíproca-positiva conhecida como matriz dominante, que expressa o número de vezes em que uma alternativa domina ou é dominada

pelas demais. A comparação é utilizada através de uma escala linear própria, ou escala razão, que varia de 1 a 9, conhecida como a Escala Fundamental de Saaty, conforme Quadro 9.

Quadro 9 - Escala Fundamental de Saaty

As comparações recíprocas par-a-par correlacionam o grau de preferência, expressa em uma escala numérica de uma alternativa sobre outra, de acordo com um critério (MACIEL et al., 2008). O método AHP possui três maneiras de obter a ordem das alternativas:

• Relativa: comparação par-a-par de alternativas com relação a um dado critério; • Absoluta: classificação das alternativas em uma escala de intensidade para um

determinado critério; e

• Benchmarking: acréscimo de uma alternativa conhecida ao grupo de alternativas, resultando na comparação das demais alternativas a ela.

3.3.3 Sensibilidade do Principal Autovetor Direito

O grau de sensibilidade do principal autovetor direito limita a quantidade de elementos, homogêneos em cada conjunto de comparações. A forma de estruturação do problema deve respeitar os critérios aplicados em cada nível para que sejam homogêneos e

Intensidade de

Importância Definição Explicação

1 Mesma Importância As duas atividades contribuem igualmente para o objetivo.

3 Importância pequena de uma sobre a outra A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade em relação a outra. 5 Importância grande ou essencial A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação a outra. 7 Importância grande ou demonstrada Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação a outra; sua dominação de

importância é demonstrada na prática.

9 Importância absoluta

A evidência favorece uma atividade em relação a outra com o mais alto grau de certeza.

2, 4, 6, 8 Valores intermediários entre os valores adjacentes Quando se procura uma condição de compromisso entre duas definições. Recíprocos dos

valores acima de zero

Importância muito grande ou

demonstrada Uma designação razoável.

Racionais

Se a atividade i recebe uma das designações diferentes acima de zero, quando comparada com a atividade j, então j tem o valor recíproco quando

comparada com i.

Se a consistência tiver de ser forçada para obter valores numéricos n, para completar a matriz.

não redundantes, apresentando o mesmo grau de importância relativa dentro do seu nível. Além disso, o critério de um determinado nível deve ter independência em relação aos critérios dos níveis inferiores (MACIEL et al., 2008).

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