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2.2 Elementos de armazenamento de energia

2.2.5 Processo de carga

Apesar das diferentes aplica¸c˜oes em que se utilizam baterias (c´elulas secund´arias), est´a sempre patente o mesmo princ´ıpio, que ´e a maximiza¸c˜ao da capacidade da bateria.

Como j´a foi referido, num processo de descarga os el´etrodos v˜ao sendo degradados (um dos el´etrodos vai ver a sua ´area ser continuamente diminu´ıda enquanto que o outro vai ver a sua ´

area ser continuamente aumentada). De modo a permitir m´ultiplos ciclos de descarga, a ideia b´asica subjacente a qualquer processo de carga ´e for¸car o antigo agente redutor a reduzir (ver a sua ´area aumentar), e o antigo agente oxidante a oxidar (ver a sua ´area diminuir) de modo a que as ´areas dos el´etrodos se mantenham aproximadamente constantes no final dos ciclos de carga. Isto pode ser conseguido for¸cando a passagem de uma corrente el´etrica cont´ınua entre os el´etrodos, de modo a reverter o processo de descarga (eletr´olise).

Segundo [34]:

“Enquanto n˜ao existe um ´unico m´etodo perfeito para aplicar a todo o tipo de baterias, um conhecimento das carater´ısticas de carga de cada bateria, junto com uma an´alise de requisitos, ´e essencial no momento de projetar um apropriado e confi´avel sistema de carga de baterias. Cada m´etodo possui diversas vantagens e desvantagens, que associado a aplica¸c˜oes e requisitos particulares, determinam o melhor m´etodo a ser utilizado.”

Assim, ao longo desta sec¸c˜ao vai-se explicitar os processos de carga recomendados para cada um dos trˆes tipos de baterias recarreg´aveis:

• Baterias chumbo-´acido; • Baterias de i˜oes de l´ıtio; • Baterias alcalinas.

Aumentar o tempo de vida de uma bateria ´e um processo complicado, principalmente quando a ´unica fonte de energia ´e inconstante e imprevis´ıvel (Solar) e quando as condi¸c˜oes ambientais a que esta estar´a exposta n˜ao s˜ao as recomendadas. Uma tentativa de aumentar o tempo de vida ´e atrav´es da utiliza¸c˜ao de carregadores inteligentes. Estes, possuem como principais fun¸c˜oes: [39][40]

• Fornecer a energia necess´aria ao processo de carga das baterias; • Otimizar o processo de carga atrav´es:

– Escolha do melhor m´etodo de carga, dependendo do tipo de bateria; – Controlo da temperatura no interior das c´elulas;

– Estima¸c˜ao do SOC.

• Finalizar corretamente o processo de carga, baseado:

– Queda na tens˜ao: este tipo de termina¸c˜ao ´e tratado na sec¸c˜ao das baterias alcalinas; – Ponto de inflex˜ao: identificar o ponto de inflex˜ao no perfil de carga;

– Aumento de temperatura: este tipo de termina¸c˜ao ´e tratado na sec¸c˜ao das baterias alcalinas;

– Tempo de carga: medida de seguran¸ca para terminar o processo de carga, ap´os um determinado intervalo de tempo.

• Desconectar a fonte de energia quando a bateria tiver atingido o estado de carga m´aximo; • Desconectar a carga quando o SOC tiver atingido um limiar m´ınimo.

Com base em [30] e [39] existem trˆes regimes b´asicos de carga de baterias secund´arias: • Carga com Corrente Constante;

• Carga com Tens˜ao Constante; • Carga com Corrente Pulsada.

Quanto ao primeiro regime, existe um problema na decis˜ao quanto ao valor da corrente. Por um lado, se for demasiado baixa o processo de carga vai ser demasiado lento, por outro lado, se for muito alta, problemas de overcharging ir˜ao existir. Uma solu¸c˜ao pr´atica consiste em optar por um regime de carga com corrente constante de dois per´ıodos, com elevada corrente no inicio e baixa corrente no fim. Em suma, ´e um bom m´etodo para ser utilizado quando o tempo de carga n˜ao ´e um fator importante.

Quanto ao segundo regime, o n´ıvel de corrente fornecida `a bateria depende da diferen¸ca de potencial entre o carregador e a bateria, o que origina um decr´escimo da corrente `a medida que o tempo evolui e consequentemente, a situa¸c˜ao final da carga da bateria vai ser demasiado lenta. Este regime tamb´em n˜ao deve ser aplicado em baterias completamente descarregadas porque a necessidade de fornecer grandes correntes pode levar a um aquecimento interno da bateria.

O terceiro regime envolve carga com pulsos de corrente de taxa e dire¸c˜ao vari´aveis. A literatura apresenta argumentos muito d´ıspares quanto ao benef´ıcio ou n˜ao deste tipo de carga [41][42]. Alguns autores afirmam a possibilidade de aumentar a energia espec´ıfica e a potˆencia espec´ıfica das c´elulas utilizando este tipo de processo, para al´em de trazer benef´ıcios especificamente no fim da carga e de contribuir para o aumento do desempenho das mesmas, enquanto que outros afirmam n˜ao ter influˆencia nenhuma no desempenho. Alguns algoritmos de carga de baterias de Ni-Cd e Ni-MH com base neste regime encontram-se definidos em [39][42].

Modelos el´etricos das baterias

Aquando do projeto de um novo processo de carga para um determinado tipo de baterias, ou apenas para otimiza¸c˜ao de um j´a existente, ´e normal recorrer a programas de simula¸c˜ao. Para tal, ´e necess´ario obter modelos el´etricos que consigam representar o comportamento dinˆamico das mesmas.

Os modelos el´etricos mais importantes, encontram-se representados na figura 2.42.

Figura 2.42: Modelos el´etricos de baterias durante o Processo de Carga [11]

A figura 2.42 a) ´e o modelo mais simplista utilizado para representar uma bateria durante o processo de carga. ´E na verdade, o equivalente de Th´evenin, constitu´ıdo por uma fonte de tens˜ao ideal Vo, e uma resistˆencia interna est´atica. Apesar de simples, n˜ao ´e um modelo

utilizado para simula¸c˜ao pois n˜ao representa efeitos n˜ao lineares e espec´ıficos das baterias [11].

A figura 2.42 b) possui um condensador Cb que representa a capacidade de carga da

bateria, uma resistˆencia Rp, que tende a modelar o efeito de auto-descarga, e a resistˆencia

interna Rsda bateria. Apesar de apresentar melhores resultados do que o primeiro, continua

a ser um modelo demasiado simplista [11].

A figura 2.42 c), apresenta uma evolu¸c˜ao do primeiro modelo. Ao possuir uma resistˆencia Rp em paralelo com um condensador Cb, tende a modelar a tens˜ao em sobretens˜ao. Ao

considerar todos os outros componentes constantes, continua a ser um modelo demasiado simplista [11].

as sobre-tens˜oes, o processo de auto-descarga e a capacidade da bateria. Trata-se de um modelo mais complexo e com resultados bastante razo´aveis na simula¸c˜ao de circuitos [11]. Baterias de chumbo-´acido

Em cada uma das c´elulas, o p´olo negativo trata-se de uma grelha de uma liga de chumbo, coberta com chumbo esponjoso, enquanto que o c´atodo ´e uma grelha de chumbo coberta com di´oxido de chumbo, P bO2. O eletr´olito ´e uma solu¸c˜ao de ´acido sulf´urico dilu´ıdo [43][30].

A rea¸c˜ao global eletroqu´ımica ´e:

P b + P bO2+ 4H++ 2SO42− Carga

Descarga2P bSO4+ 2H2O

Figura 2.43: Constitui¸c˜ao de uma c´elula eletroqu´ımica de chumbo-´acido [44] Cada c´elula galvˆanica possui uma diferen¸ca de potencial de 2 V [30].

As baterias de chumbo podem-se dividir em dois tipos: as flooded e as valve-regulated lead-acid (VRLA). Nas primeiras, a bateria ´e preenchida com o eletr´olito que se encontra totalmente livre e, durante a etapa de carga, ir˜ao formar-se gases (respetivamente, oxig´enio no eletr´odo positivo e hidrog´enio no negativo), o que leva `a necessidade de existir uma forma de ventila¸c˜ao. A combina¸c˜ao destes gases, principalmente quando se estiver a atingir o estado de carga m´aximo, pode resultar em riscos de seguran¸ca. Estas baterias s´o podem ter uma ´unica posi¸c˜ao de instala¸c˜ao devido `a possibilidade de fuga do eletr´olito pelo abertura da ventila¸c˜ao. Uma vantagem deste tipo de baterias, ´e que o grau de descarga da bateria ´e facilmente mensur´avel com um dens´ımetro, uma vez que na etapa de descarga, a densidade do ´acido sulf´urico vai diminuindo devido `a produ¸c˜ao de ´agua. Nas segundas, o oxig´enio ´e recombinado com o el´etrodo negativo de modo a formar ´agua, enquanto que o hidrog´enio ´e na mesma expelido para a atmosfera. Para esse efeito, existe uma v´alvula de um s´o sentido. Este tipo de c´elulas pode ser colocado em qualquer orienta¸c˜ao, uma vez que n˜ao existe possibilidade de escape do eletr´olito.

Conv´em relembrar que durante o processo de carga as rea¸c˜oes qu´ımicas produzem calor respons´avel pelo aumento da press˜ao e da temperatura no interior das baterias. Esta varia¸c˜ao, tende a alterar os valores limiares de tens˜ao e corrente pr´e-definidos pelos fabricantes, surgindo assim a necessidade de efetuar uma compensa¸c˜ao de temperatura, tendo em conta o coeficiente de temperatura de cada bateria [45].

• Processo de Carga

Segundo [46], apesar de existir uma divis˜ao entre as baterias “flooded” e as baterias VRLA, ambas podem ser carregadas de forma similar. Constata-se que a maior parte dos algoritmos otimizados, baseiam-se na aplica¸c˜ao de corrente de forma controlada

seguida de etapas de tens˜ao constante. O n´umero de etapas de corrente constante ´e vari´avel.

Segundo [45][47][48], este processo pode ser dividido em quatro etapas (ou trˆes se hou- ver uma desconex˜ao da fonte de energia, de modo a evitar over-discharge), conforme explicitado na figura 2.44:

– Est´agio 1 - Trickle Charge

Esta primeira fase s´o ´e necess´aria quando a bateria estiver completamente des- carregada (tens˜ao abaixo de VCHGEN B), ou se n˜ao existir qualquer conhecimento

acerca do estado de carga da mesma. ´E uma fase que serve para prevenir o sobrea- quecimento, no caso da bateria se encontrar em curto-circuito. Enquanto a tens˜ao da bateria n˜ao atinge o limiar de VCHGEN B, a corrente de carga deve ser da ordem

de C10

100 em que C ´e a capacidade nominal atingida num carregamento de 10 horas.

– Est´agio 2 - Bulk Charge

Este est´agio compreende a aplica¸c˜ao de corrente constante `a bateria at´e `a sua tens˜ao atingir o valor VOC. O valor recomendado para a corrente (IBU LK), encontra-

se dispon´ıvel na documenta¸c˜ao da bateria e n˜ao deve ser ultrapassado. – Est´agio 3 - Over-Charge

Durante esta fase, a tens˜ao da bateria deve regulada pelo valor VOC, at´e a corrente

entregue `a bateria ser inferior a um determinado valor IOCT.

– Est´agio 4 - Float Charge

Neste est´agio, deve ser aplicada `a bateria uma tens˜ao constante, cujo valor ´e

VF LOAT e cujo objetivo ´e compensar quaisquer correntes de descarga da bateria.

As vari´aveis supra citadas encontram-se explicitadas na documenta¸c˜ao das baterias. Contudo, devido a serem dependentes da temperatura, para otimizar a vida das baterias, ´

e necess´ario possuir um sensor de temperatura e ir atualizando-as progressivamente.

Neste tipo de baterias ´e poss´ıvel minimizar os problemas de balanceamento de c´elulas controlando os n´ıveis de overcharging.

Baterias alcalinas

Ao longo das ´ultimas d´ecadas, tem sido efetuado um esfor¸co no sentido de encontrar baterias aquosas com eletr´olitos neutros ou alcalinos, devido a uma grande parte dos metais n˜ao serem est´aveis em solu¸c˜oes ´acidas [30]. Assim, foram desenvolvidas as baterias alcalinas que como o nome indica, possuem eletr´olitos alcalinos. Estas, empregam como el´etrodo negativo um metal como C´admio, Ferro ou Zinco e como el´etrodo positivo um ´oxido de metal como ´Oxido de Mangan´esio, de Zinco ou de Prata. Nesta sec¸c˜ao, referir-se-˜ao apenas os dois tipos de baterias alcalinas mais conhecidas: n´ıquel-c´admio e n´ıquel-hidreto met´alico.

• Baterias de n´ıquel-c´admio:

Este tipo de baterias emprega um ´oxido de n´ıquel no el´etrodo positivo e c´admio no el´etrodo negativo. A rea¸c˜ao global eletroqu´ımica ´e:

Cd + 2N iOOH + 2H2O CargaDescargaCd(OH)2+ 2N i(OH)2 (2.31)

A figura 2.45 apresenta um exemplo da constitui¸c˜ao de uma c´elula eletroqu´ımica de n´ıquel-c´admio.

Figura 2.45: Constitui¸c˜ao c´elula eletroqu´ımica de Ni-Cd [44]

A diferen¸ca de potencial em circuito aberto ´e de 1.3V. Contudo, em situa¸c˜oes de corrente n˜ao nula, o valor m´edio ´e cerca de 1.2V . Este tipo de baterias, apresentam uma energia espec´ıfica de 30 a 60 W hkg−1 (que ´e um valor bastante similar `a energia espec´ıfica das baterias de chumbo), um bom desempenho numa grande gama de varia¸c˜ao da tempera- tura (de -20o at´e +50oC) e a altas correntes de sa´ıda, um perfil de descarga horizontal e apenas abrupto no final, um longo tempo de vida e baixa manuten¸c˜ao. As principais desvantagens s˜ao o seu alto custo, a toxicidade do c´admio, uma caracter´ıstica peculiar designada por “efeito de mem´oria” que faz diminuir progressivamente a capacidade da bateria, no caso de m´ultiplos ciclos de carga e descarga parciais, um processo de carga moroso e uma alta taxa de auto-descarga [30].

• Baterias de n´ıquel-hidreto met´alico:

As baterias de Ni-MH podem ser consideradas como uma vers˜ao “melhorada” das bate- rias de Ni-Cd, em que a massa ativa do el´etrodo negativo (c´admio) foi substitu´ıdo por uma liga de hidrog´enio com carater´ısticas absorsoras, com vista a melhorar a capacidade el´etrica de cada c´elula e a suprimir preocupa¸c˜oes ambientais relativas `a toxicidade do c´admio [50]. A rea¸c˜ao global eletroqu´ımica ´e:

N iO(OH) + M H CargaDescargaN i(OH)2+ M

Onde: MH ´e hidreto de metal e M uma liga de hidrog´enio com caracter´ısticas de ab- sor¸c˜ao.

A figura 2.46 apresenta um exemplo da constitui¸c˜ao de uma c´elula eletroqu´ımica de Ni-MH:

Figura 2.46: Constitui¸c˜ao de uma c´elula eletroqu´ımica de Ni-MH [44]

Neste tipo de baterias, os gases formados durante os processos de carga e descarga s˜ao normalmente reabsorvidos. Apesar disso, existe uma v´alvula que servir´a para prevenir aumentos significativos de press˜ao em condi¸c˜oes severas que poderiam levar `a explos˜ao. O perfil de descarga deste tipo de baterias ´e plano, mantendo-se nos 1.2 V at´e ao SOC de 20%.

Como mencionado anteriormente, a capacidade da bateria varia inversamente com a taxa da corrente de descarga [50]. Usualmente, a capacidade deste tipo de baterias encontra-se definida para uma taxa de descarga de SOC 100% em 5 horas.

Seguidamente, apresenta-se em 2.47 uma tabela de compara¸c˜ao entre as baterias de Ni-MH e de Ni-Cd.

Figura 2.47: Tabela comparativa das baterias de Ni-MH e Ni-Cd [50]

• Processo de Carga

Antes de definir o processo recomendado para a carga das baterias de Ni-Cd, conv´em mencionar que este ´e semelhante ao recomendado para as baterias de Ni-MH. Baseia-se na aplica¸c˜ao de uma corrente constante mas diferente, em trˆes est´agios consecutivos [51].

– Est´agio 1 - Pre-condition Charge

Esta primeira fase s´o ´e necess´aria quando a bateria estiver completamente descar- regada (tens˜ao inferior a 0.9 V), servindo para prevenir o sobreaquecimento, no caso da bateria se encontrar em curto-circuito. Enquanto a tens˜ao da bateria n˜ao atinge o limiar anterior definido, a corrente de carga deve ser da ordem de 0.2 C. – Est´agio 2 - Rapid Charge

Deve ser aplicada uma corrente entre 0.5 C e 1 C quando a tens˜ao da c´elula se encontrar entre 0.9 V e 1.8 V. ´E necess´ario ter cuidado para n˜ao ultrapassar este valor, sob pena de aumentar a temperatura e a press˜ao da bateria a n´ıveis que a danifiquem permanentemente. Este est´agio deve ser terminado abruptamente se a tens˜ao de cada c´elula exceder 1.8V. Case contr´ario, passar´a para o est´agio seguinte. – Est´agio 3 - Top Off Mode

O estado de carga m´aximo pode ser encontrado, utilizando realimenta¸c˜ao de tens˜ao e/ou de temperatura. Essencialmente, atingindo este valor verifica-se um r´apido aumento da Temperatura dTdt e uma pequena diminui¸c˜ao na tens˜ao da bateria −dVdt (ver figura 2.48). Ap´os dete¸c˜ao deste valor, a taxa da corrente deve ser alterada para 0.05 C durante cerca de uma hora.

Cuidados adicionais s˜ao necess´arios relativamente a este tipo de baterias, pois quando a c´elula est´a completamente carregada, qualquer passagem de corrente ir´a desencadear liberta¸c˜ao de oxig´enio no el´etrodo positivo e de hidrog´enio no el´etrodo negativo (processo similar `as “flooded ” de chumbo) levando `a recombina¸c˜ao destes gases com significativo aumento da temperatura e da press˜ao interna, at´e `a abertura da v´alvula de seguran¸ca. Assim, ´e necess´ario ter algum tipo de dispositivo que limite o tempo de carga sob pena de permanentes danos nas c´elulas.

Figura 2.48: Perfil de Carga de baterias de NiCd e NiMH [51]

Neste tipo de baterias, n˜ao ´e necess´ario haver precau¸c˜oes relativas ao balanceamento das c´elulas, pois j´a existem mecanismos naturais que o realizam [35].

Baterias de i˜oes de l´ıtio

Segundo [30], o elemento l´ıtio apresenta algumas propriedades atrativas `a sua utiliza¸c˜ao na composi¸c˜ao de c´elulas galvˆanicas.

• ´E o metal mais leve da Tabela Peri´odica o que potencia o desenvolvimento de baterias mais leves;

• Apresenta um elevado potencial padr˜ao que tem como consequˆencia o valor relativa- mente alto de d.d.p das c´elulas eletroqu´ımicas de l´ıtio (3.7 V);

• Possui uma capacidade espec´ıfica relativamente alta de 3.86 Ahg−1 em contraste com a do zinco de 0.82 Ahg−1.

Posto isto, ´e intuitivo que a grande maioria das investiga¸c˜oes na ´area da eletroqu´ımica nas ´

ultimas d´ecadas tenham sido centradas na otimiza¸c˜ao deste tipo de c´elulas, o que originou as baterias de i˜oes de l´ıtio. Estas s˜ao leves, pequenas e possuem alta capacidade. Como desvantagem, apresenta-se o pre¸co elevado e a complexidade inerente ao processo de carga, devido a este tipo de baterias n˜ao suportarem sobrecargas [52].

As baterias de i˜oes de l´ıtio n˜ao possuem uma equa¸c˜ao qu´ımica ´unica que as defina porque se referem a uma fam´ılia de tecnologias. O ponto comum a todas elas ´e a capacidade dos

el´etrodos para hospedar i˜oes de l´ıtio (Li+). A grande diferen¸ca entre as tecnologias encontra- se nas massas ativas dos el´etrodos, variando desde compostos de cobalto, mangan´esio e fosfato de ferro no el´etrodo positivo, at´e grafite no el´etrodo negativo.

O princ´ıpio de funcionamento deste tipo de c´elulas, revela-se bastante simples. No processo de carga, os i˜oes de l´ıtio saem do el´etrodo positivo, passam pelo separador e v˜ao-se localizar no el´etrodo negativo (grafite, por exemplo). No processo de descarga, acontece exatamente o contr´ario.

Neste tipo de c´elulas, o eletr´olito tem que ser uma composto n˜ao aquoso, devido `a alta reatividade do l´ıtio com a ´agua.

A figura 2.49 apresenta um exemplo da constitui¸c˜ao de uma c´elula eletroqu´ımica de i˜oes de l´ıtio.

Figura 2.49: Constitui¸c˜ao c´elula eletroqu´ımica de i˜oes de l´ıtio [44] • Processo de Carga

O processo de carga das baterias de l´ıtio encontra-se dividido em trˆes etapas e encontra- se apresentado na figura 2.50: [34][53]

– Est´agio 1: Trickle Charge

Tal como no caso das baterias de chumbo, esta fase ´e apenas necess´aria em casos que a bateria esteja completamente descarregada (tens˜ao abaixo de 2.8 V). Esta fase destina-se para prevenir o sobreaquecimento, no caso da bateria se encontrar em curto-circuito. Enquanto a tens˜ao da bateria n˜ao atingir o limiar anterior, a corrente de carga deve ser da ordem de 10C. Prote¸c˜oes de seguran¸ca devem tamb´em existir, de modo a terminar o processo de carga se a tens˜ao da bateria n˜ao atingir o valor esperado no espa¸co de uma hora.

– Est´agio 2: Fast Charge

Assim que a tens˜ao da bateria ultrapassar o limiar anterior, deve ser fornecida uma corrente nunca superior a 1 C e a transi¸c˜ao entre etapas pode ser gradual, de forma a prevenir sobreaquecimento. Mais uma vez, prote¸c˜oes de seguran¸ca devem tamb´em existir para terminar o processo de carga se a tens˜ao da bateria n˜ao atingir o valor esperado de 4.2 V no espa¸co de uma hora e meia.

– Est´agio 3: Constant Voltage ´

E usual seguir o est´agio anterior, com uma etapa de tens˜ao constante igual ao limiar anterior (4.2 V), at´e que a corrente entregue `a bateria seja inferior a 0.07 C.

Assim como nas outras etapas devem-se aplicar prote¸c˜oes de seguran¸ca para for¸car o fim da opera¸c˜ao de carga no tempo m´aximo de duas horas.

Figura 2.50: Perfil de Carga de baterias de I˜oes L´ıtio [34]

Neste tipo de baterias torna-se muito importante a realiza¸c˜ao de t´ecnicas de balan- ceamento de c´elulas, pelo facto delas n˜ao suportarem sobrecargas. As t´ecnicas mais utilizadas s˜ao: [36][35] – M´etodos end-of-charge: ∗ Charge shunting; – M´etodos ativos: ∗ Charge shuttling; ∗ Conversores de energia;

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