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Processo de Integração das TIC no Ensino Moçambicano

1. INTRODUÇÃO

2.4 SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA MOÇAMBICANA

2.4.1 Processo de Integração das TIC no Ensino Moçambicano

O uso das TIC no ensino moçambicano iniciou-se no final da década de 1990. Primeiramente, a integração ocorreu por meio de vários projetos aplicados em diferentes escolas, de forma integrada entre si. Esses projetos foram patrocinados por diversas instituições internacionais e coordenados pelo Ministério da Educação. Eles tinhamcomoobjetivodarumsuportetécnicoematerialàfuturaintroduçãodasTICemMoçambique. Nesta fase, dos projetos implementados, podemos destacar:

a) O Net School, financiado pelo BM, que consistiu na doação de computadores por esta instituição bancaria. Esse projeto visava formar profissionais para a utilização da informática no ensino; incentivar a integração das TIC no processo de ensino- aprendizagem; encorajar as escolas a tornarem-se centros de partilha de informação e comunicação; providenciar oportunidades de formação do quadro docente e promover o uso e acesso da internet como meio de partilha de informação.

b) E o NEPAD eSchools, financiado pela Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), coordenado pela CPLP. Consistiu em equipar um total de seis escolas com laboratório informatizado constituído por 20 computadores, um servidor, uma impressora e um laboratório de mídia. Aos professores foi ministrada formação para a utilização dos computadores em sala de aula. O projeto objetivava desenvolver competências no âmbito das TIC nos jovens das escolas primárias e secundárias.

Com esses projetos, o ministério de tutela perspectivava a introdução das TIC em dois planos: no âmbito da formação de professores nos institutos de formação de professores (professores do futuro), incentivando-os a explorar as potencialidades das TIC, e ainda no âmbito de formação de alunos que contemplava alunos primários, secundários e técnicos profissionais e estudantes do ensino superior.

Decorrido quase 10 anos de integração experimental em algumas escolas nacionais, a oficialização do uso das TIC no ensino moçambicano ocorreu em 2008 com a introdução no âmbito nacional da disciplina curricular designada TIC no Ensino Secundário Geral (ESG).

De acordo com o currículo nacional do ESG, a disciplina das TIC deveria ser lecionada nos dois ciclos2 de subsistema do ensino secundário, nomeadamente: na 10ª classe, primeiro ciclo na 11ª e na 12ª, segundo ciclo, com perspectiva de apropriação de autoria como atesta na citação abaixo:

A introdução desta disciplina inscreve-se na perspectiva de tornar o ESG mais relevante e profissionalizante respondendo, deste modo, aos desafios da globalização.

As TIC neste ciclo serão usadas como meio de ensino para lecionar diferentes disciplinas. Assim, espera-se que sejam explorados os recursos disponíveis tais como a rádio, a televisão, a internet, entre outros.

Os alunos serão encorajados a usar as TIC para resolver problemas, buscar e sistematizar informação, fazer experiências, entre outras atividades oferecidas pelos diferentes meios de comunicação e informação.

A utilização das TIC como meio de ensino, não só permitirão que os alunos as usem para vários fins, como também ajudará na aquisição de conhecimentos de diferentes disciplinas.

Na 10ª classe as TIC serão introduzidas como disciplina. Nesta classe, o ensino das TIC visa desenvolver habilidades relacionadas com a busca e sistematização metódica de informação, com recurso a vários meios de comunicação. (INDE/MINED, 2007a, p. 50).

Por sua vez, no segundo ciclo do ESG (11ª e 12ª classes), perspectiva-se:

2 O ensino secundário moçambicano subdivide-se em dois ciclos de aprendizagem: o primeiro ciclo corresponde

Dar-se continuidade a perspectiva de ensino já iniciada no ESG1: uso das TIC como meio para o acesso aos conhecimentos de diferentes disciplinas curriculares, isto, é o ensino através das TIC lecionar a disciplina de TIC que irá desenvolver nos alunos competências que lhes permitirão:

Aplicar os seus conhecimentos na resolução de problemas.

Desenvolver um conjunto de conhecimentos e técnicas de sistematização, tratamento de informação, aplicações, pesquisa e a utilização interativa das novas tecnologias de informação e comunicação. (INDE/MINED, 2007a, p. 52).

Em torno de todo o ESG é possível constatar que a disciplina procura fazer dela um meio para o acesso aos conhecimentos de diferentes disciplinas curriculares, isto é, o ensino da disciplina de TIC que irá desenvolver nos alunos competências que lhes permitirão:

Desenvolver um conjunto de conhecimentos e técnicas de sistematização, tratamento de informação, aplicações, pesquisa e a utilização interativa das novas tecnologias de informação e comunicação e ainda a resolução de problemas no seu dia a dia. (INDE/MINED, 2007a, p. 54).

Numa análise sobre o processo de integração das TIC no ensino, o PTE até 2011 concluiu que, no Ensino Secundário, 90% das escolas do 2º ciclo possuem salas de informática fornecidas pelo Ministério da Educação, ou por organizações não governamentais (ONGs), sendo que cerca de 40% possuem acesso à internet (no 1º ciclo o número é residual). Relativamente ao Ensino Técnico, o mesmo documento informa que todas as escolas do ensino médio possuem salas de informática com uma média de 15 computadores por unidade, e está para ser iniciada a introdução de salas de informática nas escolas técnicas básicas.

Ao longo de quase sete anos após o início da integração oficial das TIC no processo de ensino, o setor educacional enfrentou diversos desafios. Entre eles, destacam-se dois em particular: a falta de recursos financeiros para a compra e/ou manutenção do equipamento, e a falta de pessoal qualificado para lecionar a disciplina no ESG.

Em face de tais constrangimentos, foram traçadas algumas iniciativas pelo setor. Na vertente financeira, buscaram-se apoios em alguns parceiros nacionais e internacionais que têm colaborado com o setor por meio de projetos que culminaram com a instalação de salas de informáticas, como os casos dos projetos Uma criança, Um computador, e MoRENet. Esses projetos visavam dar suporte material e técnico para a implementação do uso das TIC em algumas escolas.

Mesmo considerando o esforço governamental conjugado com o apoio dos parceiros nacionais e internacionais, o setor continua apresentando inúmeras limitações de ordem material, o que tem provocado a um índice elevado de alunos por computador durante as aulas

e, em casos mais graves, verifica-se a existência de escolas ou turmas que não lecionam a disciplina por ausência de uma sala equipada.

Para além dos constrangimentos acima referidos, o setor enfrenta também a falta de pessoal qualificado para a execução do programa de integração das TIC no ensino. Para uma melhor compreensão do cenário, propõe-se fazer uma abordagem sobre o componente de formação humana. Isto é, no próximo subcapítulo abordamos a formação inicial dos docentes.