2. ANÁLISE REFLEXIVA DA INTERVENÇÃO 17
2.2. Processo de intervenção e avaliação das intenções 23
Neste tópico, apresenta-se uma explicitação do processo de intervenção da PPS em jardim de infância2, evidenciando de que forma planifiquei, intervim e avaliei e de que modo as intenções previamente definidas foram contempladas neste processo. Avaliando toda a prática desenvolvida, contemplando toda a intervenção, é possível, no final da PPS, verificar todo o processo de prática pedagógica vivido no decorrer do período de estágio, bem como, de que forma as intenções previamente definidas foram ou não concretizadas. Pelo que, apresento, assim, seguidamente, a minha análise relativamente a tudo o que foi concretizado.
Começo, então, por referir que, a par com a prática desenvolvida no decorrer de toda a PPS, a reflexão foi uma constante, de forma a que o hábito de refletir, de pensar e de aprofundar conhecimentos sobre determinados temas ou aspetos fosse permanente. Para tal, em registo escrito, foram realizadas reflexões diárias sobre aspetos de destaque de cada dia e reflexões semanais sobre temas selecionados, cujo objetivo foi aprofundar teoricamente o que dizem os autores sobre a mesma.
Outro aspeto de destaque do processo de intervenção vivido, prende-se com o facto de terem sido realizados registos também diários sobre variados aspetos que tenha considerado pertinentes para a minha intervenção a cada dia. Sobre estes registos, destaco, ainda, a sua grande incidência e importância para a investigação realizada e posteriormente apresentada.
No que é referente às planificações semanais, importa começar por referir que a minha participação nas mesmas se iniciou a partir da semana de 23 de outubro de 2017 a 19 de janeiro de 2018. Para a planificação das atividades, foram sempre definidos objetivos pedagógicos, de que forma estas se organizariam em termos de tempo e recursos (espaço, materiais e humanos) e de que forma se procederia à avaliação, em relação aos instrumentos a utilizar e aos indicadores a observar. Nestas planificações, se, inicialmente, comecei por fazer apenas sugestões das atividades que pretendia dinamizar, rapidamente, este cenário se alterou e, a realização das planificações de
2 cf. Anexo E.
todas as semanas em conjunto com a educadora cooperante, se tornou uma constante, independentemente de quem dinamizaria as atividades. Ou seja, este passou, progressivamente, a ser um trabalho cooperativo, em que, todas as semanas, discutíamos o que pretendíamos realizar em conjunto, destacando que estas planificações foram realizadas em conformidade com os interesses e necessidades das crianças identificados por mim e pela educadora cooperante. Neste sentido, posso afirmar que foi desenvolvida uma prática de partilha de ideias e de aprendizagem e crescimento profissional conjunto, em que confrontávamos diferentes pontos de vista e aprendíamos a geri-los de acordo com o que considerávamos mais vantajoso para as crianças.
Também a avaliação e reflexão de cada momento foi realizada entre equipa educativa, de forma a ir ao encontro das intenções definidas para com a mesma, sendo elas: desenvolver um trabalho cooperativo, planeando e dinamizando atividades em conjunto com a equipa;; promover o diálogo, a discussão e a reflexão em conjunto com a equipa sobre as necessidades das crianças e sobre a ação pedagógica. Considero, assim, que as intenções para a equipa educativa definidas foram concretizadas no decorrer de toda a PPS.
Relativamente à intenção definida para com as famílias, considero que esta foi a mais difícil de concretizar no decorrer de todo o estágio, nomeadamente, porque o horário da prática nem sempre possibilitou o contacto com as famílias de todas as crianças. Assim sendo, considero que a intenção de “promover uma participação ativa das famílias, dando continuidade ao trabalho desenvolvido”, apenas foi possível de por em prática com determinadas famílias com as quais foi sendo mantido um maior contacto. Pelo que, tentei, dentro do que foi possível, conversar com cada família sobre diversos aspetos relativos a cada criança, de forma a que se comunicassem todas as informações necessárias de forma mais direta, uma vez que considero que essa prática cria uma relação de confiança também para com as famílias. Ainda assim, embora este tenha sido um aspeto da prática mais dificultado, considero que, dentro do que foi possível, pude estabelecer uma boa relação com as famílias com quem contactei, indo ao encontro da intenção definida para com as mesmas.
Por fim, relativamente às crianças, recordo que foram definidas três intenções: (1) privilegiar uma relação afetiva na ação pedagógica;; (2) organizar o ambiente educativo visando a potenciação de uma aprendizagem ativa;; (3) respeitar e valorizar o direito de participação das crianças no seu próprio processo de aprendizagem.
Para a concretização da primeira intenção referida, não foram desenvolvidas atividades ou planificados momentos do dia para tal. Este é um aspeto que considero estar presente em todos os momentos do dia, em toda a minha atitude e postura para com as crianças. Neste sentido, destaque a forma de falar e de me dirigir às crianças, que ao baixar-me para falar com elas e colocando-me ao seu nível, desenvolvi uma prática de aproximação afetiva, estabelecendo com cada criança uma relação de segurança e confiança. Considero que este é um aspeto muito evidente em toda a nossa ação enquanto educadores, desde a nossa comunicação não verbal, aos momentos de prestação de cuidados. Também neste sentido, considero que, algo que permite fortalecer uma relação afetiva, são os momentos de interação individualizada. No decorrer de toda a PPS, privilegiei estes momentos tanto nos tempos de escolha livre em sala ou no recreio, como nas refeições, como no “simples” momento de ir à casa de banho lavar as mãos.
Considero que este foi um aspeto fundamental a conduzir toda a minha ação pedagógica que se tornou evidente na boa relação que criei com todo o grupo, uma relação afetiva, de segurança, cuidado e confiança, aspetos esses sempre aliados à componente de intervenção pedagógica da minha ação.
Relativamente à concretização da segunda intenção para com as crianças referida, posso destacar que as maiores evidências desta intenção de prendem na forma como os momentos do quadro das mensagens e de planear-fazer-rever, foram intencionalmente organizados e dinamizados de forma a potenciar, como definido, uma aprendizagem ativa. Para tal, estes momentos, nomeadamente, os do quadro das mensagens e de planear ou rever, foram pensados e dinamizados de forma a que as crianças fossem construtoras do seu próprio conhecimento, promovendo também a autonomia neste sentido. Destaco o facto de, por vezes, terem sido as próprias crianças a gerir e dinamizar todo o momento do quadro das mensagens e da aceitação de sugestões de estratégia a utilizar para os momentos de planear ou rever, que foram, por diversas vezes, sugestões das crianças. Ainda neste sentido, destaco que, no decorrer de toda a PPS, procurei que o espaço e os materiais estivessem ao alcance das crianças, procurando que fossem as próprias, por vezes, a sugerir e negociar os locais de arrumação de determinados materiais, de forma a que a manipulação de materiais e a circulação pelo espaço fosse, permanentemente, livre e autónoma.
No seguimento da intenção referida anteriormente, posso afirmar que a terceira e última intenção definida para com as crianças foi também concretizada, uma vez que,
privilegiei ao longo de toda a minha prática dar voz às crianças e escutá-las. Destaco, assim, as tomadas de decisão em conjunto, em grande e em pequeno grupo, a negociação de regras e as votações sobre determinados aspetos, de forma a que fosse assegurada uma prática democrática.
Para terminar, gostaria de realçar um aspeto da prática pedagógica vivida sob a qual refleti ao longo do estágio, principalmente, no decorrer do processo de planificação, que se prende com o facto das atividades de Natal ou Halloween e as diversas celebrações que se realizam, acabarem por constituir-se como uma espécie de “currículo” na educação pré-escolar. Este estágio, permitiu-me, assim, verificar que, sendo este um aspeto espectado pela comunidade e que acaba por “ocupar” tanto do tempo de atividade estruturada, considero que também estas propostas, ainda que com a finalidade de servirem de presente, devam ser pensadas e planificadas, aliando-se a uma intencionalidade pedagógica melhor definida. Assim, apresento esta questão como uma dificuldade identificada e sentida em que destaco o papel fulcral deste estágio nesta reconstrução do meu pensamento no que é relativo a esta temática.