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Processos disciplinares instaurados

No documento Os conflitos entre alunos e professores (páginas 175-195)

Relatório de análise de dados Ano lectivo 2009/

6. Processos disciplinares instaurados

153 7. Incidência processos disciplinares 7º A --- 14

8. Observações --- 15

Introdução

Há cerca de 36 anos atrás o problema da indisciplina praticamente não existia. As escolas do passado seguiam um sistema tradicional, exigindo dos alunos um comportamento quase militar. Quando ocorriam atitudes de indisciplina, os castigos, muitos deles físicos, eram aplicados.

Muita coisa mudou nestes 36 anos e hoje a escola já não adopta uma postura repressiva e violenta; estamos numa época de valorização da democracia, cidadania e respeito.

Não existem adolescentes sem comportamentos (pontuais) de indisciplina que ocasionalmente desafiam os limites estabelecidos. Isto porque das tarefas da adolescência faz parte o questionar das regras, o desafiar dos limites e a tomada de decisões cada vez mais individualizadas, tarefas sem as quais a construção de uma identidade saudável e o desenvolvimento de um sistema de valores e atitudes coerentes, não são possíveis. Um adolescente que nunca questiona e contraria as regras é provavelmente alguém que apresentará, no seu desenvolvimento, dificuldades de autonomia.

No entanto, a indisciplina pode tornar-se muito frequente, com comportamentos progressivamente mais graves e com consequências mais relevantes para o bem-estar do adolescente e dos seus colegas, podendo muitas vezes atingir níveis de agressividade que não podem ser tolerados nem de modo nenhum aceites pela família ou pela escola.

154 A indisciplina, como qualquer outro tipo de comportamento, surge num contexto em que o aluno responde de forma indisciplinada a um acontecimento, ou melhor, à sua interpretação do acontecimento. Por isso, importa perceber junto dos alunos, o que pode ter contribuído para esta atitude de indisciplina (e eventualmente de agressividade).

Sozinhos em casa, os jovens fazem do quarto um verdadeiro reino. O problema começa quando tentam reproduzir o ambiente dentro da sala de aula. Muitas vezes as famílias delegam para a escola os problemas de educação que não chegam a ser resolvidos no ambiente familiar. Quando vários alunos se juntam, esses comportamentos que não foram sanados em casa, surgem de uma forma acentuada.

Os pais devem apoiar a escola incondicionalmente perante o filho, falando a mesma linguagem para não confundi-lo ainda mais.

(TIBA, 1996:169) refere que "Há pais que acham que a escola é responsável pela educação dos seus filhos. Quando a escola reclama dos maus comportamentos ou dos actos indisciplinados dos alunos, os pais atiram a responsabilidade sobre a escola."

Um dos maiores desafios para tentar travar comportamentos “desviantes” poderá passar por construir um ambiente cooperativo no qual os alunos tenham voz, sejam respeitados e aprendam a respeitar, levando a que os comportamentos sejam adequados naturalmente e não por medo de sanções.

155 Augusto Cury relata que “a educação passa por uma crise sem precedentes na história. Os

alunos estão alienados, não se concentram, Não têm prazer em aprender e são ansiosos. As causas são profundas; são fruto do sistema social que estimula de maneira assustadora os fenómenos que constroem os pensamentos.”

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Análise gráfica

Comparência de alunos no GID- 7ºs anos

7ºs anos – 1º período

157 7ºs anos – 3º período

Comparência de alunos no GID- 8ºs anos

158 8º anos – 2º período

159 Comparência de alunos no GID- 9ºs anos

9ºs anos – 1º período

160 9ºs anos – 3º período

Comparência de alunos no GID- 10ºs anos

161 10ºs anos – 2º período

162 Comparência de alunos no GID- 11ºs anos

11ºs anos – 1º período

163 11ºs anos – 3º período

Comparência de alunos no GID- 12ºs anos

164 12ºs anos – 2º período

165 Comparência de alunos no GID- Totais

7ºs Anos - totais

166 9ºs Anos - totais

167 11ºs Anos - totais

168 Repreensões registadas

169 Observações:

Os dados apresentados são baseados nas participações / ocorrências escritas entregues no GID pelos Directores de Turma /professores / funcionários / alunos e são referentes ao ano lectivo 2009/2010. Não estão incluídos os relatos orais e parte das ocorrências registadas nos livros de ponto que não deram entrada no GID.

Os casos de indisciplina são notórios no Ensino Básico, nomeadamente no 7º A. Em oposição é de realçar o bom comportamento dos alunos do 12º ano.

É um facto que a indisciplina – um dos maiores obstáculos pedagógicos dos tempos actuais – se transformou num pesadelo para os professores. Foram tratados no GID casos de indisciplina grave e casos que poderiam ser simplesmente resolvidos pelo professor no espaço aula, dado que muitas vezes, estes alunos ditos indisciplinados, carecem apenas de uma oportunidade; necessitam que alguém lhes dê um voto de confiança, que aumente a sua auto-estima, isto é, precisam de uma oportunidade para mostrar que são capazes de viver bem socialmente.

Sem autoridade não se faz educação; o aluno precisa dela, seja para se orientar, seja para poder opor-se (o conflito com a autoridade é normal, especialmente no adolescente), no processo de constituição de sua personalidade.

O problema da indisciplina também está associado à desvalorização da escola por parte dos pais, que dificilmente comparecem na escola, mesmo quando convocados pelos Directores de Turma para reuniões de final de período.

170 A vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento de regras e preceitos capazes de nortear as relações, possibilitar o diálogo, a cooperação e a troca entre os membros da sociedade. A escola, por sua vez, também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência entre os diferentes elementos que nela actuam.

Para haver respeito, a escola necessita de ser clara na apresentação de seu regimento interno e das medidas sancionatórias para cada infracção.

“As Crianças precisam aderir a regras (que implicam valores e formas de conduta) e estas somente podem vir dos seus educadores, pais ou professores. Os limites implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo.”

(LA TAILLE)

Sugere-se que para o próximo ano lectivo sejam destacados mais professores para o GID para que este gabinete esteja aberto o maior número de horas possíveis quer durante o período da manhã, quer durante o período da tarde.

Mesmo que os problemas continuem, os professores não devem desistir, pois a socialização não é um processo que acontece da noite para o dia.

Os professores: A. G.

F. R. F. T.

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ANEXO VII

Relatório Final do GID

No documento Os conflitos entre alunos e professores (páginas 175-195)