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QUADRO 7: VÍDEOS, DEPOIMENTOS DOS MORADORES

4.3 A PRODUÇÃO DO ACERVO DIGITAL

O acervo digital produzido é composto tanto dos dados brutos adquiridos na etapa de coleta de dados como dos dados resultantes de processamento. No entanto, esta etapa do trabalho compreende não somente o processamento, mas também a organização e o armazenamento dos dados coletados.

Este acervo digital possui caráter preliminar, pois tem a pretensão de ser complementado com dados oriundos da participação e colaboração da comunidade local e acadêmica. Desta forma, foi planejado para ser aberto e dinâmico, apresentando alternativas para inserção de informações pela comunidade.

São considerados dados brutos aqueles coletados e que não foram processados, ou seja, não sofreram nenhum tipo de tratamento, como os dados pré-existentes e os dados coletados no local (medição direta, levantamento fotográfico, coleta de depoimentos e filmagens). Estes dados foram descritos nos subitens anteriores.

Entende-se por processamento o conjunto de técnicas de manipulação numérica nos dados brutos com a finalidade de extrair informações, e obter os dados produzidos que compõem o acervo digital são as ortofotos, as fotos retificadas, o mosaico fotográfico da elevação das quadras, os panoramas, os desenhos técnicos, os modelos geométricos e os textos digitalizados.

4.3.1 Produtos fotogramétricos

Esta categoria abrange o processamento dos dados coletados no levantamento fotográfico específico para fotogrametria, como as ortofotos e fotos retificadas das fachadas e o mosaico fotográfico da elevação das quadras.

As ortofotos são imagens obtidas através de processos computacionais a partir de uma fotografia em perspectiva, na qual os deslocamentos de imagem, devidos à inclinação do eixo ótico da câmara e ao relevo do objeto, foram corrigidos matematicamente (GROETELAARS, 2004). Uma ortofoto deriva de uma restituição fotogramétrica (Figura 67).

Figura 67: Componentes do acervo digital: ortofoto do Fórum Barão de Macaúbas

As ortofotos das fachadas foram produzidas tanto dos edifícios isolados quanto das edificações do conjunto arquitetônico, através da restituição fotogramétrica utilizando o software para fotogrametria digital PhotoModeler, conforme os seguintes procedimentos:

 Descrição dos parâmetros da câmera utilizada;  Escolha das fotografias;

 Marcação de pontos iniciais e identificação dos mesmos em todas as fotografias;

 Pré-processamento para obtenção do modelo geométrico e determinação das superfícies do modelo;

 Determinação dos parâmetros de escala e orientação no espaço do modelo geométrico;

 Determinação dos parâmetros de qualidade70

da imagem, e

 Processamento final: exportação do produto desejado, que podem ser a imagem raster (ortofotos), imagem vetorial (desenho) ou o modelo geométrico.

Os mosaicos das elevações das quadras (Figura 68) é a composição de uma imagem única a partir da justaposição das ortofotos individuais das fachadas das edificações utilizando programas de edição de imagens. Neste trabalho foi utilizado o software PhotoShop e seguiram-se os seguintes procedimentos:

 Definição dos parâmetros de qualidade da imagem a ser construída a partir da junção das ortofotos individuais;

 Importação das ortofotos em camadas (layers) individuais;  Ajuste dos posicionamentos das ortofotos (junção);

 Fusão das camadas em uma única camada (blend);

 Correção da iluminação da nova imagem, através de filtro específico, de forma manual ou automática, e

 Exportação da imagem resultante.

Figura 68: Componentes do acervo digital: fachadas da rua Comendador Souza, Quadra L

4.3.2 Panoramas

Esta categoria de dados é dividida em imagem panorâmica, que é a composição da imagem formada pela sobreposição das fotografias e o panorama propriamente, ou seja, a projeção desta imagem a partir de um sistema de projeção definido. Estas imagens embora bidimensionais e estáticas, quando visualizadas em software específico, induzem no espectador a sensação de tridimensionalidade e movimento.

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Os parâmetros de qualidade de uma imagem digital são a resolução geométrica e radiométrica, bem como o algoritmo de compressão e a taxa de compressão imposta.

Para a produção da imagem panorâmica (Figura 69), pode-se utilizar o mesmo processo descrito para a produção do mosaico. Neste trabalho foram utilizados, após prévia experimentação, os programas Panorama Maker e Autodesk Stitcher. Os procedimentos, semelhantes nestes dois programas, são:

 Importação das fotografias em ordem seqüencial;

 Escolha do sistema de projeção (cilíndrica, cúbica ou esférica);  Processamento das imagens71

, inicialmente realizado de forma automática, mas permitindo ajustes manuais posteriormente;

 Definição dos parâmetros de qualidade da imagem, e  Exportação da imagem panorâmica

Figura 69: Componentes do acervo digital: imagem panorâmica da Igreja Nossa Senhora Santana

Os panoramas (Figura 70) produzidos são na sua maioria baseados na tecnologia

de QuickTime VR desenvolvida pela Apple Computer em 1994. Como visto

anteriormente, após a tomada fotográfica, as imagens são digitalmente “costuradas” através de programas específicos de forma a compor uma única imagem contínua em 360o. Dependendo do tipo da projeção geométrica escolhida (cilíndrica, cúbica ou esférica) para a imagem panorâmica gerada permite ao espectador explorar, examinar e interagir “virtualmente” com esta vista do objeto (BRYAN, 2006). Desta

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forma, a produção de panoramas inclui três fases distintas: a tomada fotográfica, a “costura” e a publicação.

Os panoramas elaborados neste trabalho foram obtidos através dos programas Pano2QTVR e do VR Toolbox VR Vorx. Estes programas foram escolhidos por suas características de authoring72.Os procedimentos para a produção do panorama, são relativamente padronizados nestes programas, variando apenas na ordem de algumas operações e da disponibilidade de recursos interativos. Os procedimentos podem ser sintetizados como:

 Importação do panorama planificado anteriormente produzido;  Definição do plano geométrico de projeção;

 Definição dos recursos de interatividade;

 Definição do meio de publicação (web por exemplo);

 Exportação do panorama em formato apropriado (para web, por exemplo: QuickTime VR ou Flash).

Figura 70: Componentes do acervo digital: Panorama da Igreja Nossa Senhora Santana

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Programas específicos para as publicações eletrônicas em multimídia ou em outros recursos computacionais interativos.

4.3.3 Desenhos

Esta categoria é composta dos desenhos técnicos, plantas, cortes e elevações.

Para a elaboração dos desenhos técnicos das edificações foram aplicados um conjunto de procedimentos comumente utilizados na documentação arquitetônica que consiste na aplicação, individual ou em conjunto, dos seguintes processos:

 Croquis esquemáticos da medição direta: processo tradicional de produção de desenhos técnicos que utiliza um editor de desenho, como o

software AutoCAD (Figura 71)

Figura 71: Componentes do acervo digital: desenhos técnicos a partir da medição direta

 Restituição fotogramétrica do levantamento fotográfico: utilizado para produzir o modelo geométrico do objeto e, a partir deste, os desenhos técnicos (como descrito no item 4.3.1). (Figura 72)

Figura 72: Desenho técnico a partir da restituição fotogramétrica

 Vetorização de ortofotos: (Figura 73) é um método que consiste em converter a ortofoto (imagem raster ou analógica) em um desenho composto por vetores (imagem vetorial). Neste trabalho este processo foi realizado digitalmente com o auxílio de um editor de desenho (AutoCAD) seguindo-se os passos:

 Configuração dos parâmetros básicos do desenho como a unidade de medida e as camadas (layer);

 Definição de uma camada independente para a importação da ortofoto;  Importação da ortofoto e se necessário ajusta-se a escala, e

 Traçar o desenho em camada diferente, registrando as características geométricas do objeto que se deseja representar.

Figura 73: Componentes do acervo digital: desenho técnico a partir da vetorização de ortofoto

4.3.4 Modelos geométricos

A construção de modelos geométricos está diretamente ligada à sua finalidade, enquanto produto. Esta premissa é importante, pois, a partir dela, define-se o seu nível de detalhe73 (LOD) requerido para o modelo e, consequentemente, a técnica para a sua construção. Segundo Pozzer (2007), o LOD é um conceito de otimização que se aplica a toda técnica que altera a complexidade geométrica de um modelo em favor do ganho de desempenho no pipeline74 gráfico, procurando maximizar a geometria “visual do objeto” e maximizar o “custo computacional”. No Quadro 8 estão relacionados os requerimentos de precisão para definição do nível de detalhe, como por exemplo no LOD1, a precisão relativa à posição e altura dos pontos no espaço deve estar entre 5 m ou menos, enquanto todos os objetos que ocupam uma dimensão de 6 x 6 m devem ser considerados. No LOD2 a precisão relativa à posição e altura dos pontos deve estar entre 2 m, ou melhor, todos os objetos que ocupam uma dimensão de 4 x 4 m devem ser considerados. Já, no LOD3, ambos os tipos de precisão são de 0,5 m e a dimensão mínima é de 2 x 2 m. Por fim, no LOD4 a precisão de altura e posição deve ser de 0,2 m ou menos. Por meio destes

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Do inglês: Level of Detail (LoD)

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Pipeline é uma técnica de hardware que permite que a CPU realize a busca de uma ou mais instruções além da próxima a ser executada. Estas instruções são colocadas em uma fila de memória (dentro da CPU) onde aguardam o momento de serem executadas. A técnica de pipeline é utilizada para acelerar a velocidade de operação do algoritmo, uma vez que a próxima instrução a ser executada está normalmente armazenada dentro da CPU e não precisa ser buscada da memória, normalmente muito mais lenta que a CPU. (DICIONÁRIO BABYLON, 2008).

números, a classificação em cinco LOD pode ser utilizada para avaliar a qualidade dos conjuntos de dados do modelo geométrico.