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Por volta de 1825, iniciaram-se os primeiros cultivos da cana no RS, nos municípios de Torres e Santo Antônio da Patrulha, cultura introduzida por imigrantes vindos das Ilhas dos Açores. O cultivo alcançou o ápice no período em que a Açúcar Gaúcho S/A (AGASA) esteve em operação.

A área cultivada no Rio Grande do Sul é de aproximadamente 35 mil hectares. Desse total, 10 mil são destinados para aproveitamento comercial. O restante é utilizado para uso doméstico, alimentação animal, adubo ou como matéria -prima para a fabricação de açúcar e álcool, rapadura, açúcar mascavo e cachaça (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2007).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2006), o Estado do Rio Grande do Sul manteve a sua produção de cana-d e-açúcar nos últimos sete anos. O Quadro 7 ilustra a pequena variação havida na área colhida e na quantidade produzida no Estado. A participação do Estado do RS na produção nacional de cana-d e-açúcar é de apenas 0,53%, muito distante de outros centros produtores.

Quadro 7: Quantidade produzida de Cana-de-açúcar no RS (em ton.)

Ano de Produção Área Colhida (ha) Quantidade Produzida

2000 32.076 958.540 2001 31.290 1.044.040 2002 32.165 1.075.300 2003 32.165 1.136.114 2004 31.933 1.025.756 2005 32.439 908.930 2006 33.277 1.166.717

Atualmente, ampliaram-se as pesquisas em relação à utilização da cana-de-açúcar e de diferentes espécies, adaptáveis a outros solos e climas diferenciados. Num primeiro momento, o objetivo consistiu em ampliar a área plantada e melhorar a produtividade, haja vista que o rendimento médio de cana no RS em 2006 foi de 35.060 kg/ha, considerado baixo para os padrões nacionais (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).

Nesse sentido, a EMBRAPA – Clima Temperado (Pelotas -RS), vem desenvolvendo 600 atividades de pesquisa, entre elas, a da agroenergia. A Instituição retomou com força maior a pesquisa no campo da agroenergia e, mais especificamente, em relação à cana-de- açúcar, após protocolo assinado em parceria com o setor empresarial gaúcho (FIERGS) e com a Casa Civil da Presidência da República em 2007. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2007) é um projeto ambicioso de pesquisa em parceria com o setor empresarial gaúcho.

Porém, uma das preocupações dos pesquisadores com relação ao projeto, incide sobre o impacto social e ambiental da produção de cana. O cuidado é o de não repetir o sistema de produção adotado em outros Estados, como é o modelo de São Paulo, em relação às grandes usinas. Segundo a EMBRAPA, a realidade do Estado do Rio Grande do Sul é diferenciada em termos de clima, condições de solo, etc. (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2007).

Por outro lado, também é necessário resguardar a inclusão social da agricultura familiar nessa nova alternativa, na geração de trabalho e renda. Nesse contexto, o fator tecnologia entra como um vetor da inclusão social de agricultores em novos empreendimentos no campo (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2007).

No tocante às áreas potenciais para a produção e mecanização das lavouras de cana, no Estado do RS, podem ser destacadas como propícias ao cultivo, as regiões Oeste, Depressão Central e Litoral Norte. Mesmo após uma primeira fase de pesquisa, onde definiram-se previamente algumas regiões, aguarda-se para maio de 2008 o zoneamento agroclimático para o cultivo da cana no RS, que definirá as áreas mais apropriadas para o cultivo da cultura. Na Figura 11 pode-se verificar a área colhida no ano de 2006 por Mesorregião18.

18

De acordo com a Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul – FEE/RS (2007), me sorregião é entendida como uma área individualizada, em uma unidade da Federação, que apresente formas de organização do espaço definidas pelas seguintes dimensões: o processo social, como determinante; o quadro natural, como condicionante, e a rede de comunicação e de lugares como elemento da articulação espacial. Essas três dimensões deverão possibilitar que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma identidade regional. Essa identidade é uma realidade construída ao longo do tempo pela sociedade que aí se formou.

Noroeste 19.927 ha Nordeste 1.008 ha Centro-Ocidental 3.420 ha Centro -Oriental 3.890 ha Metropolitana POA 4.356 ha Sudoeste 660 ha Sudeste 288 ha Figura 10: Área colhida de cana-de-açúcar no RS Fonte: I nstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2006 ).

Analisando -se a Figura 11 torna-se possível depreender que a região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, tem se destacado na produção de cana-de-açúcar por adaptar-se as constantes mudanças impostas pelo mercado do agronegócio. Essa região busca o desenvolvimento contínuo de ações coletivas e de mobilização dos atores locais e regionais com o objetivo de minimizar os problemas causados pela modernização da agricultura que afetam consideravelmente a agricultura familiar.

De acordo com o Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional – IPD (2003), 95% das propriedades rurais da Fronteira Noroeste, em 1995, possuíam até 50 hectares, sendo que os demais 5% , eram propriedades de 51 a 5.000 hectares. Além disso, as propriedades com até 20 hectares representav am 75% do total (RAMBO, 2006).

De acordo com Rambo (2006), o cultivo da cana na região noroeste do Estado é favorecido pela existência de um micro-clima favorável que data desde a época das reduções jesuíticas em 1600. No início , a cana era utilizada para alimentação humana e animal. Seu cultivo permanece até os dias de hoje e, frente às dificuldades pelas quais passa a agricultura familiar local/regional, a cana vem desenvolvendo-se como uma alternativa à pequena propriedade familiar (RAMBO, 2006).

A seguir, analisam-se as etapas da cadeia produtiva (etapas agrícola e industrial) do álcool combustível.