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No mesmo período que passei no doutorado, fiz a prova para ser professora do Magistério Superior na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UEVA), pois meu desejo era ser docente para formar futuros professores, tendo sido aprovada em 1º lugar nos dois concursos e tomado posse em dezembro de 2015. Em 2016 iniciei minhas atividades como professora efetiva na UFAL, no setor de Práticas Pedagógicas, sendo responsável por ministrar, no primeiro momento (2016.1) as disciplinas de Estágio Supervisionado (ES) no espaço não formal e no Ensino Fundamental e Didática do Ensino de Biologia. Comecei com um grande desafio, pois essas disciplinas são compreendidas como um processo de experiência prática que aproxima o estudante da realidade de sua área de formação e o ajuda a compreender diversas teorias que conduzem o exercício da sua profissão.

É um elemento curricular essencial para o desenvolvimento dos estudantes de graduação sendo, também, um lugar de aproximação entre a universidade e a sociedade, permitindo uma integração à realidade social e, também, no processo de desenvolvimento do meio como um todo, além de ter a possibilidade de verificar na prática toda a teoria adquirida ao longo da vida acadêmica. De modo semelhante, Rosito (2003) enfatiza que as atividades

práticas voltadas para a investigação científica (que não necessariamente são desenvolvidas num laboratório, mas na posse de um, cujo processo é mais dinâmico e efetivo) vão além de aspectos experimentais, encaixando-se na complementação de conteúdos levados para a vida.

Junto a esses objetivos vieram todas as incertezas e angústias, pois logo no primeiro dia de aula me deparei com uma turma sem vontade de ser professor. Integrar teoria e prática é um grande desafio com o qual o estudante de um curso de licenciatura tem de lidar. E, se esse problema não for resolvido ou pelo menos suavizado durante a vida acadêmica do estudante, essa dificuldade se refletirá no seu trabalho como professor. Não é apenas frequentando um curso de graduação que uma pessoa se torna profissional.

As disciplinas ministradas, as orientações de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e a participação em projetos de extensão são momentos muito significativos para um professor do Magistério Superior no início de carreira. Os estudantes criam perspectivas em relação ao que vai ocorrer nesse tempo, uma vez que, após a ênfase nos conhecimentos teóricos, é o momento de colocar em prática o que foi discutido durante o curso associando teoria à prática de sala de aula. Daí a importância não apenas de discutir o uso ou não do laboratório, mas todo o processo de formação acadêmica, ou seja, o embasamento teórico visto na sala de aula é de grande importância para a realização de práticas pedagógicas no momento de formação e na Educação Básica.

Ministrando as disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado e Didática do Ensino de Biologia, vi o quanto são indispensáveis as discussões sobre o uso do Laboratório de Ciências na escola e na formação de docentes nos cursos de licenciatura. É um processo de aprendizagem necessário a um profissional que deseja estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira e deve acontecer durante todo o curso de formação acadêmica, no qual os estudantes são incentivados a conhecerem espaços educativos entrando em contato com a realidade sociocultural da população e da instituição. Além disso, o aprendizado é muito mais eficiente quando é obtido mediante a experiência. Na prática, o conhecimento é assimilado com muito mais eficácia, tanto é que se torna muito mais comum ao estagiário lembrar-se de atividades durante o percurso do seu estágio do que das atividades que realizou em sala de aula.

A Educação é responsável pela transformação e desenvolvimento social, por isso a necessidade e importância de o futuro professor ter entendimento da importância das experiências e atividades práticas para a construção do conhecimento e/ou para a aprendizagem de seus estudantes e, assim, contribuir para o fortalecimento do ensino e aprendizagem de Ciências e Biologia.

Nesse contexto, o professor necessita estar preparado para ensinar e essa realidade se efetivará se ele buscar um comprometimento com sua prática. A organização do Laboratório de Práticas Pedagógicas, vinculado ao Setor de Práticas Pedagógicas do curso de Licenciatura de Ciências Biológicas da UFAL, contribuiu para desenvolver pesquisas e discussões sobre o ensino e a aprendizagem de Ciências e Biologia e melhorar a formação dos futuros professores de Ciências/Biologia da instituição.

Durante esses movimentos realizados na UFAL vi o quanto a metodologia e os objetivos de cada aula são importantes para que se tenha momentos instigantes, explicativos e interrogativos. É necessário que em cada aula o estudante se envolva e possa construir e fortalecer isso em suas ações. A construção do conhecimento mediado pelo professor valoriza a formação docente e amplia sua consciência sobre sua própria prática, a de sala de aula, a da universidade como um todo, o que me propiciou constituir conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade.

O que levo para a minha prática são sonhos, inquietações e responsabilidades sobre o meu papel enquanto professora universitária e como vou contribuir para a formação de futuros professores, pois a docência universitária é um processo contínuo de construção da identidade docente e tem por base os saberes da experiência construídos ao longo da minha vida acadêmica e profissional, articulados com os saberes específicos das áreas de conhecimento e, assim, cumprir com minha missão social que é contribuir com a formação de futuros professores de Biologia. É preciso exaltar e resgatar o valor da docência, mas para isso se faz imprescindível a harmonia entre as diferentes categorias de ensino para, unidas, discutirem e melhorarem o trabalho que se tem em comum: educar, orientar, formar, transformar e, por fim, tornar os estudantes cidadãos críticos e conscientes neste mundo em que estão inseridos.

Consequentemente, podemos considerar que os espaços criados em um curso de formação de professores podem proporcionar uma experiência única e apresenta uma grande importância e significado na formação docente. É nesse momento que o acadêmico se vê professor e avança ou recua, se identifica ou não com a sala de aula e todas as situações nela encontradas. Os estudantes merecem professores que são professores e não professores que estão professores para, assim, fortalecer o ensino e a aprendizagem no curso de licenciatura em Ciências Biológicas.

No decorrer de minha carreira profissional na UFAL estou tendo a oportunidade de exercer praticamente todas as atividades que se espera de um professor da Educação Superior — docência, pesquisa e extensão —, além de contribuir para a gestão universitária. E nesse percurso de estudante da zona rural à professora formadora espero contribuir com as

discussões sobre o Laboratório de Ciências e formação dos professores que irão atuar na Educação Básica para que possam contribuir com o ensino de Ciências/Biologia mais próximo da vida dos estudantes, gerando nestes espaços um grande laboratório de sonhos, de formação de cidadãos críticos. E, no mais, só posso concordar com o escritor russo Nikolai Gogol: “A única coisa que vale a pena é fixar o olhar com mais atenção no presente; o futuro chegará sozinho, inesperadamente”.

Assim, no próximo capítulo, apresentamos o Ensino de Ciências no currículo escolar brasileiro e a importância dos recursos didáticos.

3 ENSINO DE CIÊNCIAS NA SALA DE AULA

Este texto intenciona apresentar como o Ensino de Ciências começa a fazer parte do currículo escolar brasileiro, a importância dos recursos didáticos para os processos de ensino e de aprendizagem e as suas influências nesses.

Inicialmente, apresento o Ensino de Ciências no currículo brasileiro, a legislação e os movimentos científicos que contribuíram com as discussões sobre o ensino de Ciências. Depois, reflito sobre a importância das aulas práticas e outros recursos didáticos do/no espaço escolar como elementos integrantes do ensino e da aprendizagem.