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Professora Mariana

No documento Casos de ensino e professoras iniciantes (páginas 112-114)

5 PROFESSORAS INICIANTES E PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO

5.1 A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE STEFÂNIA, PROFESSORA DE

5.1.3 Professora Mariana

Em, aproximadamente, cinco anos de profissão docente, Mariana possui experiências bastante diversificadas. Já atuou nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental, na Educação Infantil, em curso Supletivo, em escolas públicas e particulares. Considera-se rica em experiências, apesar de ressaltar que muito ainda deve ser aprendido. Se diz uma “[...] eterna aprendiz, em contínuo aprendizado”. Destaca diversas fontes de aprendizagem da profissão, dentre as quais, os alunos, a vivência cotidiana em sala de aula, outros professores, capacitações, reuniões, planejamentos, especializações e outros cursos relacionados à carreira. Considera a escola como “[...] o espaço que dá base a formação, organiza e auxilia na busca de onde se quer chegar. A escola não é a única fonte de formação, ela está entre a primeira e/ou segunda; mas tudo depende da vontade, dedicação,

competência para permanecer nela, buscar além dela”. Aponta a importância decisiva do curso de formação inicial em seu processo de formação, destacando algumas de suas características:

Felizmente, no magistério encontrei a base de minha formação, com a presença de profissionais maravilhosos que incentivaram com suas experiências, através do real, sem ilusões, ideologias... Estes, além de dividirmos a mesma profissão, dividimos experiências e amizades. Através de estágios: análises, pesquisas, observações e regências, em escolas públicas e particulares, observava a realidade do ensino. O importante é que sempre tive consciência que seria um longo e árduo caminho a percorrer; mas isso me prendia cada vez mais a essa profissão: lido com seres humanos, sentimentos... Sinto que posso contribuir para um futuro melhor. (Mariana)

A iniciação profissional de Mariana teve uma diferença fundamental em relação às demais professoras participantes desta pesquisa: assim que concluiu o curso de magistério, prestou concurso para ingressar como docente de Educação Infantil na Prefeitura Municipal e foi aprovada. A instabilidade no emprego, que marca os primeiros anos das outras participantes – Daniela escreve: “[...] todo final de ano é aquele dilema – o medo de ser despedida” –, não é preocupação de Mariana. Ela considera um ‘privilégio’ ter um emprego efetivo, ressaltando que esse fato não a “fez estacionar, querendo ir além, sem cessar”. Formada em Letras, Mariana também prestou concurso público para lecionar nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Inglês. Infelizmente, por um problema na organização do concurso, ela acabou reprovada para o primeiro cargo, que era seu ‘sonho’. Dedicação, estudo e aprimoramento caracterizam seus primeiros anos de docência. Ao destacar suas principais dificuldades no início da carreira, Mariana elenca preocupações com aspectos diretamente relacionados ao trabalho em sala de aula: prender a atenção da classe em todas as disciplinas, buscar fundamentos teóricos e práticos para convencer e seduzir o aluno, a indisciplina de alguns alunos e, principalmente, “[...] dar conta do conteúdo programático, mas não somente vencê-lo, isso deve acontecer de maneira que o aluno compreenda e assimile”. Acrescenta: “[...] tudo isso em relação a 4ª série; são dificuldades que estão sendo supridas na medida em que o tempo vai passando, a experiência e a troca da mesma vai acontecendo”. Aparentemente, lecionar na 4ª série do Ensino Fundamental traz maiores preocupações em relação ao ensino de conteúdos que lecionar na Educação Infantil. Existe um conjunto de conhecimentos que as crianças precisam aprender para seguir para as séries finais do Fundamental. Em relação a defasagens em determinadas áreas de

conhecimento, notamos que Mariana, assim como as demais professoras participantes, também possui uma tendência a responsabilizar sua escolarização anterior pelas lacunas em seus conhecimentos. É interessante notar que ela localiza suas dificuldades não no domínio dos conteúdos, mas na forma de lidar com eles de modo que os alunos aprendam:

Não possuo sérias dificuldades, só que comparando com as áreas em que me formei (Letras), elas ficam em segundo e/ou terceiro plano. Me esforço ao máximo para aprender e/ou aperfeiçoar-me. A área de maior dificuldade é a de expressão corporal, algumas defasagens na área de geografia, história e por último matemática. Enumerei as áreas, mas realizo-as normalmente, pesquisando em livros, internet e amigos de trabalho. Atribuo essas dificuldades a maneira como “aprendi” essas áreas. Nunca me dediquei a elas, aprendi e apreendi o necessário para o momento; hoje devido a necessidade e até por interesse, busco informações, leio muito, enfim, me amadureci. Em um contexto anterior não tinha porquê me dedicar a elas. Não tenho o que superar, pois o básico eu tinha noção, só corro atrás da didática de como passar aos alunos. (Mariana)

Mariana demonstra uma forte preocupação em melhorar cada vez mais como profissional e em desempenhar seu papel “da maneira mais competente possível”. Parece conceber o professor como alguém que “aprende ao lecionar”, que está em contínuo aprendizado, mas que precisa ter vontade de continuar aprendendo. Vontade e dedicação são características destacadas por ela como essenciais a um bom professor. Mariana se preocupa por não ter tempo para “[...] pesquisar ainda mais quanto a uma aula melhor, como diversidades de atividades, renovando sempre [...] sei que faço isso mesmo sem tempo, mas gostaria de aumentar a dose”. Enxerga as dificuldades, ‘tropeços e obstáculos’ da profissão como ponto de partida para novas aprendizagens.

5.1.4 Professora Joana5

5

A professora Joana deixou de participar da investigação, por motivos particulares, depois de ter analisado os casos de ensino “A trajetória profissional de Stefânia, professora de Educação Infantil” (PADILHA, 2002) e “Um dinheiro, dois dinheiros, três dinheiros...” (TOLEDO, 1999). Mesmo enfrentando muitas dificuldades para permanecer na profissão, aceitou colaborar com essa pesquisa, oferecendo elementos bastante importantes para nossa compreensão em torno dos primeiros anos de docência. Optamos por apresentar e discutir os dados que nos forneceu, mesmo sendo relativos a apenas uma parte da pesquisa, dada sua relevância para os estudos sobre professores iniciantes.

No documento Casos de ensino e professoras iniciantes (páginas 112-114)