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Capítulo 3 – Identidade profissional: o professor que ministra a disciplina de

3.3 Profissão docente

Como já mencionado aqui, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/1996) estipula no seu Art. 21 do capítulo I que “a educação escolar compõe-se de:

I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio;

II – educação superior”.

No tocante a educação básica, suas finalidades são, de acordo com o Art. 22 da Lei citada, “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Ainda de acordo com a Lei, no Art. 29, a “educação infantil [...] tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físicos,

212 No caso desta dissertação trata-se do mundo profano não professoral e do mundo profissional do professor. 213 Destaca-se que essa última frase resume aquilo que insistentemente foi colocado no capítulo anterior acerca da

psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Já no Art. 32 observa-se que o

ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social

O Ensino Médio, nível final da educação básica e onde atuam os professores aqui entrevistados, possui uma duração mínima de três anos e terá como fim

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; Lei n 25 o 9.394/1996

IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (Art. 35)

Além disso, no campo do Ensino Médio, ainda há a Educação Profissional Técnica (Seção IV-A em Art. 36-A; 36-B; 36-C; e 36-D, no interior da Lei nº 9.394/96); e a Educação de Jovens e Adultos (Art. 37 da seção V).

Ademais, ainda temos a Educação Profissional e Tecnológica e a Educação Superior. Destaca-se que a finalidade desta última é

I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;

II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; Lei n 33 o 9.394/1996

V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;

VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.

VIII – atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares (Capítulo IV, Art. 43)

O que se pretendeu com esta exposição é demonstrar que há diversos níveis e modalidades educacionais nos quais cada um é responsável por finalidades específicas no interior de um amplo objetivo. Pode se observar que nessa divisão do trabalho docente o professor age visando atingir, do ponto de vista estipulado por Lei, cada propósito estipulado nestas linhas. Nesse sentido, cada nível requer um tipo de professor. No entanto, o tipo específico de docente se encontra no quadro de objetivo geral, ou seja, que aparece em todas etapas da educação brasileira, a saber, o professor enquanto uma profissão que atua na formação

de pessoas.

Apenas para não deixar de mencionar um clássico nessa discussão, pode-se definir, de uma maneira mais estrutural, que “a educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maturas para a vida social” (DURKHEIM, 2011, p. 53-54). Ou, para outros clássicos, a ação ideológica exercida para adaptação dos sujeitos às divisões e hierarquias socialmente constituídas. Na educação escolar, portanto, é o professor que tem essa missão.

Esta definição se faz necessária em decorrência da amplitude da noção que é ser professor. Ou seja, mesmo esta pesquisa operando um recorte sobre aqueles que ministram a disciplina de Sociologia no Ensino Médio das escolas público-estaduais de Santa Maria, o que se encontrou foram desenhos identitários profissionais no interior da identidade de professor. Com a apresentação das entrevistas esta afirmação se tornará mais clara. Enfim, realizada tal proposição parte-se para a discussão sobre identidade docente.